Fanfic: Um noivado no caminho | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner

Acordo com uma cabeça infernal e continuo deitada por uma meia hora. O jantar de ontem a noite fora o pior de toda a minha vida, além do que fui humilhada pela noiva do Willian na minha frente e ele não fora capaz de fazer nada. E tudo isso sem contar no beijo do irmão da Julia - e também no aparente ciúmes do William. Em um dado momento, age como se não estivesse nem aí para mim e, em outro, age como se estivesse apaixonado por mim.

Um mesmo homem, completamente inconstante e eu, completamente apaixonada.

Finalmente, levanto da cama e hoje - especialmente hoje - não estou com a minha clássica camisola curta e preta. Ainda estou com a mesma saia e blusa de ontem a noite. Corro até o guarda-roupa e visto um short e uma regata. Hoje é domingo e não há nada para fazer, felizmente

Vou até a cozinha e preparo um café quente para mim. O sol entra rachando pelas janelas, mas preciso tirar forças de algum lugar. Fico quieta por um instante e não ouço outros barulhos vindo de nenhum lugar, então provavelmente estou sozinha em casa. Tomo meus primeiros goles de café e deito no sofá, procurando algum filme bom na televisão. O tempo está úmido e sei que vai chover.

Dou uma cochilada com a xícara na mão no sofá, mas sou acordada pelo som da campainha. Levanto assustada e abro a porta.

- Dona Maria Luiza. - Surpreendo-me ao vê-la parada em frente à porta e a cumprimento. - Que surpresa a senhora aqui. Entre, por favor. - Estendo a mão, dou espaço e ela entra. Entro em seguida. - Sente-se, fique a vontade!

Ela senta e eu lhe ofereço água ou café, mas ela recusa e diz que precisa conversar comigo. Surpreendo-me com seu tom de voz e sento ao seu lado.

- Aconteceu alguma coisa? A senhora está tão séria... - Ela segura minhas mãos e ficamos nos olhando, um de frente para a outra.

- Você promete que será sincera comigo, em todos os aspectos? - Aceno com a cabeça e ela começa, depois de engolir em seco. - Ontem, assim que você saiu do jantar, o William ficou furioso. Ele estava transtornado, gritou com a Julia e a xingou de todas as formas possíveis e impossíveis também. Além do que, depois que soube que o Fabio, irmão da Julia, havia beijado você, ele só não bateu naquele rapaz porque eu e a Julia o seguramos. - Ela faz uma pausa e eu quase não consigo assimilar tudo que ouço. Apenas imagino as cenas, uma a uma... - A Julia perguntou a ele se ele tinha ciúmes de você com outro homem e ele confirmou. Lembrei daquele almoço e daquele jantar e vi, nos olhos do meu filho, que ele está amando alguém e não estou falando da Julia. Estou falando de você. - Paro, respiro fundo e tento desviar o olhar, mas algo não permite que eu faça isso. Eu via o William naquela mulher e sentia um carinho enorme por ela, que nunca seria capaz de explicar. Ela soltou o ar com força dos pulmões e eu já não sabia onde estava. - E então?

- Dona Maria Luiza, eu não sei o que dizer. Eu só sei que o William ama a Julia, caso contrário não estaria noivo dela. - Olho para baixo e ela levanta meu queixo.

- Se amasse, não teria beijado você.

- A senhora sabe? - Gaguejo, incrédula e boquiaberta.

- O William me contou. E contou também que sempre que vai beijar a noiva, lembra de você e congela. - Ela ergue os braços. - Fátima, pelo amor de Deus, você nunca olhou nos olhos do William? - Ela se altera.

Levanto do sofá e começo a chorar. Esse sentimento todo está me fazendo um mal terrível.

- Mas é com ela que ele vai casar! - Levanto a voz e ela põe a cabeça entre as mãos.

- Você lembra daquele almoço no restaurante? Fátima, ele ficou com ciúmes de você. E ficou com mais ciúmes ainda quando viu você e o irmão da Julia se beijando.

- Mas ele não tem porque sentir ciúmes. Eu não sou nada dele!

- Mas ele quer que seja. - Ela levanta e me encara. - E você também. Você o ama, não é?

- Amo. - Corro até ela e nos abraçamos.

- Ele está com medo, sem saber para onde ir e para onde correr. Apesar de te amar muito, ele sente um carinho especial pela Julia. Ele gostava muito dela, tanto que noivaram! - Ela afaga os meus cabelos e eu choro mais ainda. - Mas é você quem ele ama.

E quando paro para respirar, ouço uma buzina de carro. Nos afastamos e eu olho para ela, que também não sabe de quem se trata. Enxugo as minhas lágrimas e tento me recompor. Peço licença e dona Maria Luzia senta-se no sofá enquanto vou até a porta.

Quando abro, vejo um carro extremamente familiar manobrando e estacionando em frente a minha casa. William Bonner desce do carro e vem sorrindo até mim. Eu paro, encosto-me no marco da porta e vejo duas lágrimas pulando para fora dos meus olhos. Tento enxugá-las, mas congelo quando William chega perto de mim.

- Fátima? - Ele para em minha frente e vejo seu sorriso desmanchar. - O que aconteceu? - Ele enxuga minhas lágrimas, acaricia meu rosto e sinto que vou chorar descontroladamente caso ele não pare. - Me conte.

- Não foi nada. - Respiro e afasto-me do seu olhar. - O que você quer aqui?

- Precisamos conversar. - Ele me abraça e eu não me controlo. O abraço com mais força ainda e choro copiosamente. Ele segura minha cintura e me puxa para mais perto. Eu seguro seu rosto com as duas mãos e estamos, mais uma vez, prestes a nos beijar. Ele roça seu nariz no meu, aspira o cheiro que exala do meu pescoço e ficamos cara a cara, a centímetros de distância. Eu soluço e ele vem para me beijar, mas dona Maria Luiza finge uma tosse. Nos soltamos em um pulo e ele entra dentro de casa, um pouco zonzo. - M-mamãe?

Os dois se cumprimentam e eu fecho a porta, enxugando minhas lágrimas. Agradeço mentalmente a mãe de William e sorrio para ela, que sorri para mim de volta.

- O que você veio fazer aqui, meu filho? - Ela pergunta, quebrando o silêncio.

- Vim para conversar com a Fátima. Fiquei receoso de que ela estava brava comigo.

- E estou, William. Você tem noção do que fez ontem? Você colocou sua mãe e sua noiva numa posição de uma contra a outra, e tudo por minha causa. Você poderia, muito bem, ter pedido para a Julia parar. - Desabafo na frente de sua mãe, que sorri para mim o tempo inteiro. Algo me diz que ela concorda comigo.

- Mas eu falei. O problema é que a mamãe tomou partido de você e não me deu chances de - porém o interrompo.

- Ah, por favor. E além do que, você me deixou ir embora. Se o Fabio não tivesse ido atrás de mim - e, desta vez, é ele quem me interrompe.

- Ah o Fabio! - Ele zomba. - O Fabio, aquele que é tão gentil, tão cavalheiro, aquele que beija tão bem! - Ele faz poses e caretas e me controlo para não rir.

- Estúpido! É isso que você é. Um estúpido! Mas se não fosse ele, eu teria ido embora sozinha, envergonhada, humilhada e completamente irritada. William, você não foi capaz de se levantar da mesa e pedir para que eu ficasse!

- Mas ele foi atrás de você e ainda lhe beijou! Essa é a parte que você mais gostou, aposto.

- Está me chamando de vagabunda, por acaso?

E começamos a erguer as vozes.

- Você não, mas ele é um conquistador barato! Eu fiquei impressionado com o fato de você cair na paquera dele!

- Não caí em paquera nenhuma. Ele me beijou e eu não tive como fazer nada. Fui pega de surpresa!

- E adorou o beijo! - Exclamou, erguendo os braços.

- Adorei, sim. Adorei e sonhei com o beijo. Queria que ele estivesse aqui agora, me beijando, me abraçando - e paro, quando lembro que a mãe de William está ao nosso lado, ouvindo e vendo a briga numa espécie de "camarote". - Eu queria que ele tivesse me levado embora! E ele teria, se você não tivesse aparecido. - Digo tudo de uma vez só e William senta, olhando para o chão. Aquele gigante desaba na minha frente e eu fico sem saber o que fazer, já que estava contando a maior mentira de toda a minha vida. - D-desculpa. - Tento me redimir.

- Desculpar o quê? - Ele ergue o olhar. - Você gostou dele e eu atrapalhei a sua noite. Quem deve desculpas aqui sou eu. É que eu nunca imaginei você interessada em outro homem que não - mas ele para.

- Que não? - Tento o estimular, em vão.

- Nada. Mamãe, vamos embora? Lhe dou uma carona.

- Acho que eu vou ficar aqui com a Fátima, William.

- Não dona Maria Luiza, não precisa. Eu estou bem, obrigada. Prefiro ficar um pouco sozinha...

- Tudo bem. Qualquer coisa, me ligue.

- Certo! Obrigada por tudo. - Nos despedimos e ela vai na frente, deixando William e eu sozinhos.

- Desculpe mais uma vez, Fátima. Não imaginava que você queria ficar com aquele... Com aquele... Com o Fábio. - Ele diz, por fim.

- Você sabe bem o que eu quero! - O encaro, mas ele vira as costas e vai embora.

Fecho a porta e corro até o sofá, caindo deitada. Acabei de ter a primeira briga com o homem que eu amo, no mesmo dia que tenho revelações incríveis sobre a mesma pessoa. Talvez ele sinta o mesmo que eu e só de pensar, meu coração corre rápido pelas minhas veias. Lembro do nosso beijo, do nosso quase beijo de hoje e da nossa briga. Ele foi embora e eu não tenho a menor ideia de como vai ser daqui pra frente. Eu menti, mas acho que dei a entender que menti. Ele não pode estar acreditando até agora! Imploro aos céus para dona Maria Luiza me ajudar e, sem perceber, pego no sono com lágrimas nos olhos.