Fanfic: Um noivado no caminho | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner

Eu juro que se eu soubesse que a minha vida estaria de cabeça para baixo como ficou nesses últimos dias, jamais teria voltado para o Brasil, principalmente para trabalhar com quem trabalho. Minha vida mudou de uma hora para outra e eu não tive como fazer nada, mas confesso gostar um pouco da adrenalina que isso tudo me causa.

Estou deitada assistindo televisão - um filme romântico - toda coberta. Não que esteja frio, mas é preciso de algo a mais para aquecer meu coração de gelo, como bem diz Nycole. Pisco os olhos e então vejo uma cena de amor entre os personagens principais.

- Ah William! - Suspiro.

Lembro que brigamos dias atrás e que ontem a noite não terminamos nossa conversa. Sinto uma dor no peito e aproveito que o expediente hoje só começa depois da 1 da tarde.

Ligo no hospital em que Julia trabalha e eles me informam que ela estará trabalhando até as 7 da noite, então decido visitar William. Ele, que sempre vem atrás de mim, terá uma surpresa hoje!

Me arrumo em menos de 15 minutos e parto para a sua casa. Mal toco a campainha e William surge na minha frente com uma camisa polo vermelh e uma bermuda preta. Sua canela peluda me dá um calor enorme e agradeço por estar de vestido. Endireito meu rabo-de-cavalo e sorrio para ele.

- Fátima!? - Diz ele claramente surpreso ao me ver. - Entra - Estende a mão para que eu passe e abre um sorriso discreto.

- Desculpa vir sem avisar, mas acho que precisamos conversar. - Digo calmamente, fitando o chão e cruzando meus dedos.

- É... - Ele concorda. Fecha a porta e me convida para sentar, mas digo que tenho pressa.

- Fátima, eu não mordo. Não precisa fugir de mim. - Diz ele, olhando fundo nos meus olhos. O encaro de volta e solto o ar com força dos pulmões.

- Certo. Sua esposa não gosta de mim e ontem eu e você fomos juntos ao shopping, como se você não fosse comprometido. Eu e sua mãe conversamos no domingo e eu entendi que não podemos fazer o que estamos fazendo. Somos colegas de trabalho e acabamos tornando-nos amigos e isso é ótimo, mas para por aí. Nos beijamos aquele dia e acho que estou confundindo tudo entre a gente.

- Fátima - ele tenta protestar, mas eu o impeço.

- Não, William. A partir de agora, somos apenas colegas de trabalho. E até podemos ser amigos nas horas vagas, mas chega de sair juntos e de um visitar o outro em casa. Eu preciso disso. E você também. - Digo decidida e baixo a cabeça, engolindo as lágrimas.

-Ei, olha para mim. - Ele ergue o meu rosto e me encara. - Não estou me importando com a Julia no momento, Fátima. Temos coisas mais importantes para nos preocupar e precisamos conversar sério. Mas pra isso, precisamos molhar o bico! Vou pegar um suco pra gente. - Ele me puxa pela mão e me leva até a cozinha. Me força a sentar em uma cadeira de fronte a um balcão e pega uma jarra de suco - aparentemente de laranja - na geladeira. Pega dois copos e o serve, mas quando senta ao meu lado, fico nervosa e acabo batendo no seu copo, derramando o suco todo em sua camisa.

-Ai meu Deus! - Pego um pano de prato que está em cima da pia e tento limpar a sua camisa, mas acabo piorando a situação.

-Fá, você sempre derrubando algo em mim...! - Brinca ele, rindo um pouco e me deixando mais aliviada.

-Desculpa William, sou uma desastrada mesmo! - Relaxo e começo a rir. - Certo - me recomponho - mas e agora?

- Calma, eu dou um jeito! - Ele diz e eu congelo ao vê-lo tirar a camisa na minha frente. Seu peito, sua barriga, seus braços nus. Pisco sem parar e sinto que estou ficando vermelha. Passo as mãos pelo meu rosto e ele sorri.

- Acho melhor eu ir embora. Depois nós conversamos..

- Não, agora você não vai. - Ele puxa a minha mão e eu dou dois passos em falso, colando meu corpo no dele. - Agora você fica, até porque estou todo molhado. - Ele respira pesado perto de mim e eu fraquejo. Sinto o calor do seu corpo perto do meu rosto já que sou menor que ele e sei que não aguentarei por muito tempo. Ele segura a minha cintura e vai puxando o meu vestido para cima. Seguro seus braços timidamente e ele escancara seu sorriso. Levanto a minha cabeça e nossos olhares se cruzam. - Eu já disse isso, mas vou dizer novamente. - Ele para, puxa o meu vestido mais para cima e repousa sua mão no fim da minha coluna. - Você fica linda com as pernas descobertas! - Ele puxa um pouco mais o meu vestido e trava sua mão na minha cintura, enquanto eu aperto seus braços com força. Ambos sorrimos e eu fecho os olhos automaticamente. Sinto que meus lábios se abrem e é por ali que a minha respiração passa com dificuldade. Mordo o lábio inferior e meu coração tenta pular para fora do meu corpo, mas em algum lugar ele cruza com o meu sangue quente e acaba queimado. Baixo as minhas e enfio os meus dedos no cós da calça de William, ainda com os olhos fechados. Ele roça nossos narizes e então tocam a campainha. Ele xinga baixo e nos afastamos de repente. - Desculpe - Murmura.

Ele veste sua camisa mesmo suja e eu entrelaço as minhas próprias mãos. Olho para todos os lados, mas não junto coragem para olhar para ele. Sento no balcão novamente e ele vai até a sala para abrir a porta. Rezo profundamente para que não seja a Julia...

William demora um pouco para voltar, mas quando volta, traz Fabio com ele.

-Fátima, que prazer revê-la - Diz Fabio, abrindo um sorriso sincero. Levanto e vou cumprimentá-lo, lembrando do jantar desastroso daquele dia, em que acabamos nos beijando.

-Olá Fabio! - Digo e lhe devolvo o sorriso. Nos soltamos e ele me encara, quieto. - Bem, já vou indo. - Quebro o silêncio e fujo do seu olhar, porém fico presa no de William.

-Você já vai? - Pergunta Fabio, um pouco desapontado.

- Já sim. - Digo olhando para William, que estreita os olhos e cruza os braços.

- Então vamos dar um volta! - Fabio me puxa e eu só consigo pegar minha bolsa e ir com ele.

Começamos a andar e conversar, mas não consigo tirar da minha cabeça o momento anterior com William. Fora tão bom estar nos braços dele mais uma vez! Seu cheiro, suas mãos, sua respiração, seu corpo nu diante do meu...

- Fátima, eu estou falando com você. - Fabio me traz de volta à realidade.

- D-desculpa, eu estava um pouco longe...

- Percebi. - Ele dá dois passos e acaricia a minha bochecha. Tento me afastar, mas ele segura minhas costas e não permite que eu me mexa.

- Fabio, eu acho melhor não. - Ele finge que não me ouve e me puxa para mais perto. Ele segura minha nuca e eu me sinto mal, então ponho a mão no meu estômago. Ele puxa meu braço com força e o gruda atrás de si próprio. Estamos grudados um no outro e ele rouba outro beijo.

-Fátima! - William grita e eu tento me soltar de Fabio, mas ele continua me segurando. - Fabio! - William se aproxima e afasta Fabio de mim.

- O que foi, William? Não está vendo que nos atrapalha? - Pergunta Fabio, claramente irritado. Ele pega a minha mão e me abraça pela cintura.

- Não acho que esteja atrapalhando tanto assim. - William olha para mim e eu baixo a cabeça. - Minha mãe quer falar com você, Fátima. Vem comigo. - Ele estende a mão e eu tento pegar, mas Fabio me segura.

- Agora ela não vai. Diga a sua mãe que ela está ocupada.

- Não digo, porque ela vai ir comigo agora. - William pega minha outra mão e me puxa. Fabio me solta e eu vou caminhando ao lado de William um pouco tonta. Ele me põe dentro do seu carro que está em frente a sua casa e eu fico sem entender nada.

- Sua mãe não quer falar comigo?

- Não. Sou eu quem quero. - Ele diz simplesmente. Liga o carro e dá partida.

Vamos até a minha casa em silêncio. Quando estaciona na calçada, tira o cinto e vira completamente para mim.

- Ele beija melhor que eu? - Pergunta, me olhando nos olhos, impassível.

- O quê? - Fingo que não entendo a pergunta e ele revira os olhos.

- O Fabio. Ele beija melhor que eu, Fátima ? - Ele insiste e eu não consigo responder.

Prefiro não responder a pergunta e tiro o cinto que ainda me prende. Me despeço dele e tento sair do carro, mas ele segura meu braço.

- Você não respondeu a minha pergunta - Diz ele.

- A Julia beija melhor que eu, William? - Pergunto e ele baixa o olhar. - Pois é. Quando você decidir quem beija melhor, você vai saber a minha resposta. A questão não é o beijo e nem o jeito de beijar, mas é o que está envolvido na hora do beijo. Quando você decidir quem beija melhor, vai entender tudo o que quer saber.

Me solto dele e saio do carro, sem nem me despedir. Entro em casa dando as costas para William e só sei que ele vai embora quando ouço o barulho do arranque do carro.