Fanfic: Um noivado no caminho | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner

Dois dia se passaram desde então. Eu tentava, de todos as formas me afastar de William, mas algo muito mais forte que eu me impedia. A sorte é que a rotina na redação andava a mil por hora...

Estou na minha mesa, respirando fundo antes de me concentrar e fazer a próxima matéria quando Fernando chega batendo palmas ao lado de um homem - muito bonito, por sinal.

- Hey vocês! Larguem tudo o que estão fazendo e olhem para nós. - Começa ele e imediatamente todos obedecemos. - A maioria das pessoas que aparecem no vídeo estão um pouco travadas, então tomei uma decisão. Aqui comigo está o Marcelo, professor de dança formado para dar uma aula para vocês. Todos topam? - Ele pergunta e ouvimos alguém perguntar qual a intenção da aula. Ele respira funda e aumenta o tom de voz. - Bem, foi como eu acabei de explicar: a maioria das pessoas que aparecem no vídeo estão muito travadas, com certo medo da câmera. Eu conversei com algumas pessoas e todas concordaram que nada melhor que uma aula de dança para destravar! Topam? - Ele pergunta mais uma vez e agora, todos concordamos.

Sinto que os meus olhos estão brilhando, já que faz muito tempo que não danço. Somente a ideia me deixa excitada, então olho em volta para ver se há mais alguém no mesmo estado que eu. Todos estão atentos ao professor de dança, então viro meus olhos para ele também. Alto, moreno, o cabelo bem cortado e um sorriso muito branco. Ele é lindo e algo me diz que dança muito bem.

Marcelo se apresenta e pergunta e sua voz é bem marcante.

- Olá, prazer! Meu nome é Marcelo e sou formado em dança há bastante tempo. Fui convocado às pressas e não deu tempo de trazer ninguém para dançar comigo, mas ouvi dizer que tem jornalistas aqui que já foram bailarinos. Alguém que possa me ajudar?

- A Fátima! - Grita Sandra Annenberg, do outro lado da sala. Imediatamente todos olham para mim e já não sou mais capaz de desatar o nó dos meus dedos. Olho para o chão e sei que estou vermelha como uma rosa. - Ela foi bailarina há um tempo atrás e tem uma desenvoltura enorme para dançar! - Anima-se ela.

- Então a nossa apresentadora do Jornal Nacional é, na verdade, uma bailarina enrustida? Mas que ótimo! - Marcelo vem caminhando até mim e eu ergo a cabeça. Ele me estende a mão e eu levanto, ficando cara a cara com ele. - Você sabe dançar de tudo?

- Um pouco. - Digo, moderada. - Mas faz muito tempo que eu não danço nada, então não sou a pessoa mais indicada e - porém ele me interrompe.

- Estou aqui para dar aula de dança, então não se preocupe caso não souber determinado passo. Eu só preciso de uma ajuda e adoraria que você me ajudasse. - Ele fala e eu pisco sem parar, um pouco tonta com a proximidade entre nós. Sua voz é encorpada, firme e seus olhos brilham quando encontram os meus. Sua mão ainda segura a minha e a vontade que eu tenho de dançar é maior que tudo.

- Claro. - Digo, simplesmente. Ele abre ainda mais o seu sorriso e me puxa.

Me leva até o meio da redação e percebo que Fernando já tratou de arrastar todos os móveis da sala em que estamos. Marcelo vai até o aparelho de som e aperta o play, então as primeiras notas começam a tocar.

- Vamos começar de leve, dançando juntos. - Ele ergue um pouco a voz. - Depois eu solto você e vejo do que é capaz. - Ele se aproxima e segura minha cintura, depois ergue meu braço e segura uma das minhas mãos. Apoio a outra em seu ombro.

Assim que nos aprontamos, começamos a ouvir Ana Carolina balbuciar qualquer coisa. Segundos depois, a música para.

E começa outra vez.

- Vamos lá! - Ele encoraja.

Um passo para lá, outro para cá. Dois para lá, dois para cá. Ele solta minha mão, aperta minha cintura e eu dou meia volta - depois volto para seus braços. Sorrio e me sinto segura. Dois para lá, dois para cá e desta vez ele solta a minha cintura - depois volto novamente. A perna direita para frente e sua perna esquerda para trás, depois invertemos. Ele me aperta e minha blusa sobe.

Dois para lá, dois para cá e ele me solta.

- E agora? - Eu pergunto, assustada.

- Vou ensinar você! - Ele explica sorrindo, completamente animado.

Ele dá a volta em mim e eu fico parada no meio, ouvindo uma voz grave sair do aparelho de som e vendo aquele homem rodando à minha volta. Sinto que todos olham para mim e lembro de quando eu dançava. Começo a me balançar e ele se aproxima.

- Sinta o ritmo da música, Fátima. Mexa-se conforme você deseja!

Começo a me mexer timidamente, balançando as pernas devagar. Ele se aproxima e toca minha cintura. Me arrepio por inteiro e ele sorri, com a boca grudada na minha orelha. Mexo os quadris e ele gruda sua perna na minha. Arrastamos ambas as pernas até o chão e depois voltamos. Ele me puxa e me vira para si, sorrio e grudo minhas mãos na sua nuca. Um passo para frente, um passo para trás, outro para frente e outro para trás. Dois passos para a minha direita, dois passos para a frente, dois giros e paramos, um olhando para o outro. Dois passos para a minha esquerda, dois passos para trás, dois giros e paramos novamente. Meus quadris me movem conforme as minhas pernas e meus ombros vão junto, todos no mesmo compasso. Ele me vira e dobra as minhas costas, abaixando um pouco e levantando lentamente, com a boca grudada no meio peito e pescoço. "Minha garganta arranha" e entendo o porquê daquela música.

Ficamos de um lado para o outro bem grudados, enquanto vamos girando pelo salão improvisado. Ana Carolina cansa de tanto repetir a música e quando ela acaba, ele dobra as minhas costas e todos batem palma. Me recomponho e faço a révérence. Batemos palmas um para o outro, sorrindo bobos.

- Obrigada! - Agradeço, ofegante.

- Eu que agradeço, mas só essa dança não vale!

Sorrio e Fernando se aproxima.

- Vejo que vocês dois se deram muito bem! - Comemora. - Antes de dançar novamente e começar a aula, deem uma parada pra uma água, um ar, ou algo do gênero. Cinco minutinhos de descanso! - Sorrio e peço licença.

Vou até onde Sandra se encontra e vamos juntas até a sala do café.

- Ah Fatinha! Você dança muito bem! - Ela elogia e eu bebo um copo d`água.

- Obrigada, Sandra. Mas foi o Marcelo quem me conduziu, eu só acompanhei.

- E como! Ele é muito bonito e dança incrivelmente bem! Senti uma espécie de clima entre vocês, não? - Ela brinca comigo e William entra na sala.

- Clima entre quem? - Ele se intromete e meu corpo arde. Lindo, grisalho e irresistível. Mordo o lábio inferior e Sandra ri baixo.

- Fátima e o professor de dança. Os dois combinam, né William?

- Não acho. - Ele diz simplesmente e me encara. - Tem clima entre vocês, Fátima?

- Creio que não. Nós só dançamos. - Digo e fujo do seu olhar. Minhas pernas tremem e a vontade que eu tenho de dançar agora é maior. - Vamos voltar? - Dirijo-me a Sandra.

- Vamos sim. Há uma aula de dança para nós! - Ela comemora e nós saímos da sala, deixando William sozinho lá dentro. Olho para baixo e enquanto vamos caminhando, ela suspira. - Você precisava vê-lo! De início ficou admirando, mas depois seus olhos ferviam de raiva.

- O quê? - Não entendo o que ela fala e ela ri.

- O William. Você mexe muito com ele, Fátima. Ele mudou de excitação à irritação de uma forma muito rápida. Tenho certeza de que ele adoraria estar dançando com você e também tenho certeza que ele odiou ver o Marcelo com a boca encostada no seu pescoço. E ele, assim como todo mundo, viu que você ficou toda arrepiada enquanto dançava e não gostou nada disso. Ele pode até estar noivo, mas sente alguma coisa forte por você.

E então chegamos no "salão", onde estavam todos. Sentamos uma do lado da outra e eu permaneço calada, apenas processando tudo o que ouvi.