Fanfic: Um noivado no caminho | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner

Marcelo estava sentado na mesa à minha frente conversando comigo
quando William se aproxima - do nada. Ele sorri, põe a mão no ombro do
Marcelo e lhe parabeniza pela dança de agora há pouco. Olha para mim e
estreita os olhos.

- O que foi? - Pergunto, sem medo.

- Nada, ué. - Ele ri e eu não entendo seu riso.

- Bem - Marcelo levanta e me puxa -, vamos voltar para a aula?

- Claro! - Sorrio e William finge uma tosse. - Você está bem? - Ele
assente com a cabeça e eu e Marcelo nos retiramos, com as mãos
entrelaçadas. Meu coração dispara e Sandra pisca para mim, de longe.
Ele me leva até o aparelho de som novamente e, desta vez, todos estão
de pé.

- Eu preciso que todos estejam muito afim de dançar! Só vai dar certo
se todos aqui se empenharem. - Ele começa e eu me agarro em seu braço,
um pouco envergonhada. É como se eu fosse superior aos outros e eu não
gosto dessa sensação. Ele me abraça pela cintura e eu me aninho no seu
abraço. - A Fátima vai dançar comigo, mas eu preciso que vocês formem
pares também. Conforme eu vou fazendo com a Fátima, façam vocês
também. Tudo sem pressa. - Ele dá play e a música começa a tocar.

A voz de Mia Rose surge no salão e sou envolvida pela cintura com o
braço de Marcelo. Ele puxa minha mão e eleva o meu braço de leve. Nos
aproximamos um pouco mais e vejo Sandra e William formando um par
atrás de mim. William me come com os olhos e grudo meus olhos no homem
à minha frente - que sorri para mim.

- É uma música americana - Marcelo ergue a voz para ser superior ao
som - então nada de rebolar. Se soltem, controlando seus movimentos.
Pronta? - Ele dirige-se à mim e aceno com a cabeça. Começamos
calmamente, com um passo para lá e dois para cá. A voz doce começa a
se elevar e eu e Marcelo começamos a rodar pelo salão. - Se mexam!
Deem uma volta inteira no salão e só parem quando voltarem para seus
lugares inicias. - E lá vamos nós. Dois passos para a direita, dois
para a esquerda e estamos saindo do lugar.

A música agita e Marcelo não se controla. Me gruda em seu corpo e
começa a dar passos de valsa, rodando pelo salão. Os outros casais se
afastam de nós e eu já não sinto o chão embaixo de nós dois. Tudo é
tão leve, tão limpo... De repente me dou conta de como sentia falta
disso. William e Sandra se perdem no meio do salão tentando nos
imitar, mas estamos em um nível mais avançado. Vamos dançando e
dançando, como se não houvesse mais ninguém ao nosso redor. Marcelo
ergue a minha mão e começa a me girar, dando-me impulso através da
minha cintura. Me puxa novamente e saímos valsando mais uma vez. Mia
canta sobre um amor perdido que ninguém se preocupou em recuperar e
então penso que isso talvez aconteça comigo, lamentando ao mesmo
tempo.

A música se encaminha para o final e vai se acalmando. Marcelo e eu
voltamos ao nosso lugar e enquanto vamos nos embalando, grudo meus
olhos nos de William. Eu simplesmente não quero que essa música
traduza um sentimento futuro em relação a nós dois. Marcelo sorri e me
solta.

Todos batemos palmas, uns para os outros. Apesar do nosso show
particular, todos dançaram e se arriscaram. Eu apoio minhas mãos nos
joelhos e respiro com muita dificuldade. Sei que todos estão tão
cansados quanto eu e esse é o meu consolo.

- Muito bem! Fico feliz que todos tenham dançado conforme conseguiram!
Peço desculpas pela maneira que dancei com Fátima, mas me empolguei e
ela respondeu imediatamente. - Ele olha para mim e sorri. - Bem, mas
agora vamos para uma dança mais calma, mais romântica. Preciso ver um
brilho no olhar de vocês.

Gelo imediatamente. Uma música romântica é a última coisa que quero ouvir.

- Que música será essa, Marcelo? - William pergunta, curioso.

- Segredo, William. Mas vocês vão adorar... Ela é pra dançar colado!

- E o que você acha de trocar os pares?

- Ah! Vocês que sabem... Podem trocar caso vocês se sintam melhores...
- Ele vira-se e caminha até o aparelho de som, mas William insiste.

- Eu digo você. Eu quero trocar de par com você. - Marcelo vira-se
novamente e encara William. Ambos à minha frente.

- Como é? E por que isso agora?

- Porque eu faço par com a Fátima diariamente e talvez seja bom para
nós essa proximidade... Ou simplesmente porque eu quero dançar a
próxima música com ela. - E de repente um silêncio enorme instala-se
no salão. Cruzo os meus dedos e mordo os lábios. - Vamos trocar de
par?

- Eu não sei. - Marcelo me olha. - O que você acha, Fátima?

- E-eu também não sei - murmuro. - Vocês que sabem.

Marcelo vira-se novamente para William e é como se os dois se
intimidassem ao mesmo tempo.

- E então? - Insiste William.

- Tudo bem. A Fátima é toda sua.

William sorri e vem até mim, puxando a minha mão e abraçando a minha
cintura. Cola a boca no meu ouvido e sorri.

- Eu sei. - Sussurra.

Marcelo vai até o aparelho de som, enquanto eu e William nos
encaminhamos para o meio da pista. Sandra se aproxima de Marcelo e
assim que ele aperta o play, os dois se arrumam para começar.

- Respirem fundo e dancem conforme a música. Sintam o ritmo! - E logo
Juanes começa a cantar.

William me puxa para mais perto e inspira o perfume dos meus cabelos,
deixando minhas pernas bambas. Ele segura minha mão com firmeza e eu
ponho minha mão em seu ombro, timidamente. Ele sorri e me abraça um
pouco mais. Começamos calmos, um passo para lá e outro para cá, mas
logo Marcelo pede para que todos caminhem pelo salão. William e eu
giramos juntos e ele segura minha cintura com as duas mãos, me fazendo
pousar as minhas em sua nuca. Ele sorri e baixa a cabeça, parando seu
olhar no meu.

Juanes respira fundo e vai para a segunda parte da música. "Para tu
amor" e então deixo de ser dona do meu corpo. William vai me
conduzindo à medida que a música avança e eu não me importo com mais
nada além de nós dois. O puxo para mais perto e ele faz o mesmo, então
paramos com os rostos colados quando Juanes faz uma pausa para começar
o refrão. William tira minha mão direita de sua nuca e a segura. Logo
começamos a valsar.

- Eu não sabia que você sabia dançar! - Balbucio.

- Eu também não, mas me esforço por você. - Ele sorri e tropeço nas
minhas próprias pernas. William me ergue do chão e me segura pela
cintura, então nada pode nos atrapalhar. Ele me levanta mais um pouco
e balanço minhas pernas no ar, enquanto ele gira pelo meio do salão. A
música acalma novamente e William me põe no chão, passando a mão pelo
meu rosto.

Voltamos ao nosso "um para lá e outro para cá" quando ele me aperta
novamente. Ele roça seu nariz no meu e Juanes continua cantando o amor
sem restrições. William me balança um pouco e dobra a minha coluna,
indo comigo e voltando lentamente. Não há atração física, mas há um
sentimento enorme envolvido. Pouso minha cabeça em seu ombro e ficamos
nos balançando, quando ele me puxa novamente e saímos valsando.
Fazemos a volta no salão e fico inebriada de tanto amor. A música
acalma novamente e William me gruda junto a ele.

- William. - Tento alertá-lo que tem mais gente nos olhando, mas é
como se ele não se importasse. Antes da música para completamente, ele
põe suas duas mãos no meu rosto e aproxima nossas bocas, mas a música
termina no exato momento em que Marcelo toca seu ombro.

- Muito bem! - Nos soltamos rapidamente e eu olho para o chão, confusa
e nervosa. - Vocês foram incríveis. - Parabeniza Marcelo.

Minha respiração está um pouco falha, mas minha maior preocupação é
até onde todos viram. Abraço a mim mesma e Sandra chega ao meu lado.

- Fátima, o que foi isso? - Ela sussurra ao meu lado.

- Pausa para a água! - Comunica Fernando e eu fujo para a minha sala.



Na hora de ir embora, corro até o estacionamento e estou satisfeita
por não ter cruzado com o William em nenhum momento posterior à nossa
dança. Foi tudo tão bom, tão carinhoso entre a gente... - mas ao mesmo
tempo tudo tão proibido e desconcertante que eu quase não sei o que
pensar.

Chego na porta do meu carro e ouço uma voz rouca e grossa gritar meu
nome. Viro para trás e William vem correndo na minha direção com sua
pasta pendurada em seu ombro.

- Fátima! - Ele diz, por fim, quando chega perto de mim. - Que bom que
você ainda não foi embora! - Ele comemora ofegante, apoiando o braço
no meu carro.

- Ainda não... O que você quer? - Pergunto, com medo da resposta.

- Conversar com você. - Ele olha para mim e sorri, se recompondo em
seguida. - Depois daquela dança nós não nos falamos mais...

- Pois é... A aula estava fluindo tão bem que eu não parei pra
conversar. Desculpe. Mas sobre o que você quer conversar?

- Você vai amanhã no aniversário da minha sobrinha, não é? Toda a
minha família vem de Ribeirão para essa festa e minha mãe e eu
contamos com a sua presença...

- Eu não sei, William. A Julia não vai gostar.

- Mas eu vou. - Ele apoia sua mão no meu rosto e eu instintivamente o
giro em sua direção. - Eu quero você lá.

- E por quê?

- Porque você me faz bem. - Ele diz e eu me apoio no capô do carro,
sem forças nas pernas. Ele sorri e se encosta em mim, grudando suas
pernas nas minhas. Acaricia meu rosto e vai se abaixando na minha
direção.

- William, não. Isso não é certo. Não aqui. - Repreendo-o, mas ele não
parece ouvir. Ergue o meu queixo e se abaixa mais um pouco. Abro os
meus lábios para deixar o ar correr e fecho os meus olhos, implorando
por um beijo seu. Ele segura a minha cintura e gruda nossos corpos.

- Deixa eu te levar em casa?

- Ahã - Murmuro, quase sem conseguir falar. Ele ergue uma parte das
minhas costas e cola nossos lábios. Sinto um misto de sensação, então
ouço um barulho e o empurro para longe. - Não! - Digo, recuperando o
controle da situação. - Eu vim de carro e você também.

- Fátima, por favor. - Ele se aproxima, mas eu faço a volta e entro no
carro. - Fátima! - Ele me chama, então abaixo o vidro do carro e ele
vem até mim. - Antes de ir embora, me responde uma coisa.

- O que é?

- Foi tão bom dançar comigo quanto foi pra mim dançar com você?
Sabe... Eu pisei nas nuvens e queria saber se - mas eu o interrompo.

- Se fosse possível, eu adoraria dançar com você todos os dias. Foi
incrível. - Ligo o carro e saio dali o mais rápido possível, sem olhar
pra trás.