Fanfic: Um noivado no caminho | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner

O tempo passou e eu e o William ficamos cada vez mais amigos, cada vez mais próximos. Tínhamos uma relação de confiança e, da minha parte, até sentimentos fortes envolvidos. Porém, em uma de nossas muitas conversas, eu senti como se o meu chão tivesse parado sobre a minha cabeça.

Estávamos tomando um café em sua sala e conversa vai, conversa vem, descobrimos coisas determinantes um sobre o outro.

- Por que você saiu de Paris, Fátima? Além, claro, da proposta de vir apresentar o Jornal Nacional com esse bonitão aqui! - Brincou ele. Rimos e eu dei um leve tapa em seu braço.

- Ah William! Eu me sentia muito sozinha lá, muito solitária. Tinha poucos amigos e sempre faltava alguma coisa. - Comentei, saudosa.

- Mas a sua irmã não é de lá?

- É sim, mas os meus pais não. E eu também já estou velha e ainda não encontrei... bem... o meu grande amor! - Sorri e baixei a cabeça, mas senti como se ele fizesse o mesmo.

- Velha nada! Tá na flor da idade! - Voltamos a nos encarar e eu vi um brilho todo especial em seus olhos.
- Vim para o Brasil procurando por isso: vida nova. E, quem sabe, um amor!

Ficamos um tempo em silêncio, até que ele falou um pouco sobre ele mesmo.

- Sabe, eu acho que já encontrei o meu! - Eu engasguei com o café e ele fez menção de me socorrer, mas eu estendi a mão indicando que estava bem.

- Já?

- Sim, minha noiva. - Noiva? - Você não sabia?

- N-não... - Sussurrei.

- Você nunca reparou na minha aliança, Fátima? - Ele a mostrou para mim e eu a olhei de relance.

- Não... - Mas na verdade, já havia reparado. Porém eu nunca tive oportunidade de perguntar sobre, e como ele nunca falara disso, achei que não fosse nada. - Não sou muito de reparar.

E todos os meus problemas estavam ali, numa mesma mulher: Julia Ferreira - se não me engano-, uma médica renomada e noiva de William.

Quando eu descobri que ele era noivo, pensei em desistir e me contentar com sua amizade, mas sempre que aqueles seus olhos cor de mel e seu cabelo grisalho me vêm à mente, não consigo ficar contente em ser apenas sua amiga. O William mexe muito comigo, me deixa bamba só em olhar para mim e, de certa forma, estou muito envolvida para desistir assim.

E aqui estou eu novamente na sala do café perdida em meus pensamentos. Pego uma xícara, encho-a de café e sento à mesa, implorando para ficar sozinha. Porém ninguém me ouve!

- Oi Fá – diz Sandra entrando e me dando um susto ao falar meu nome. Estava com a cabeça longe...

- Oi Sandrinha! Que susto! - Digo, levando a mão ao peito.

- Estava pensando em quem para se assustar tanto assim? – Brinca ela, pegando uma xícara e enchendo-a de café.

- Pensando na vida, minha amiga. As vezes sinto falta de Paris. – Ela senta ao meu lado e me encara como se soubesse que eu estava mentindo. - O que foi?

- Sei... Na vida.

E, de repente, outro susto. Desta vez um homem alto, forte, lindo e grisalho quem entra. De certa forma, ele entra e o meu ar sai.

- O que estas lindas mulheres tanto conversam em horário de expediente? – Brinca ele, servindo-se de café. Lentamente vem até nós e meus lábios se abrem em um sorriso escancarado.

- Nada que vai ser do seu interesse meu querido chefe. – Diz Sandra, irônica. William senta à minha frente e a vontade que tenho é de roçar minha perna na sua, mas me controlo.

- A curiosidade matou um gato. – Digo, simplesmente. Ele ergue uma sobrancelha para mim e então ficamos nos encarando.

- Desculpe. – Diz, abrindo aqueles seus lábios em um sorriso, mostrando claramente seus dentes.
- Está desculpado. – Brinca Sandra, observando nossas reações.

Conversávamos animadamente até que Felipe chamou Sandra que teve de se retirar, deixando eu e William a sós. Estávamos sozinhos, apenas eu e ele, um de frente para o outro e meu café já estava terminando. Ele baixa a cabeça e eu fico com a impressão de vê-lo corar.

- Fátima, a Julia quer te conhecer. - Diz ele, simplesmente.

- A sua noiva? Porque ela quer me conhecer, William? – Pergunto receosa, entrelaçando as mãos no meu colo e formando um nó nos meus dedos.

- Ela disse que eu falo tão bem de você que quer conhecer a famosa Fátima Bernardes. – diz, voltando a me encarar. Talvez isso não seja bom, mas talvez seja. Estou em uma corda bamba, mas algo me faz pensar que, se eu cair, ele estará lá embaixo para me segurar.

-Será um prazer conhecer sua noiva! – Digo, com uma falsa animação estampada. Ah William! O que eu não faço por você!?

- Então vamos marcar um jantar na minha casa no sábado. Tudo bem pra você? – Ele me pergunta e, ainda que eu tenha algo marcado, garanto a mim mesma que eu vou à sua casa.

- Por mim tudo ótimo. No sábado, então!

Ele sorri e dou graças a Deus por ainda estar sentada. Tomo os últimos goles do meu café, peço licença e vou lavar a xícara. O celular dele toca e quando ele atende, sinto como se estivessem me ferindo pelas costas.

- Alô, amor? - Ele fica em silêncio por um instante, mas depois volta a falar animado. - Tudo combinado para sábado! Ela confirmou que vai... - Ele se cala novamente e então volta a falar. - Está ótimo, depois eu ligo para você. Um beijo meu amor.

E então saio apressada daquela sala. Será que ele não se toca? Será que ele não me viu ali naquela sala? Qual é o seu problema? Mas então paro pra pensar: Fátima, qual é o teu problema? Respiro fundo, massageio o meu peito que claramente começa a doer e vou caminhando para onde todos estão.