Fanfic: Um noivado no caminho | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner

Já haviam se passado dois meses desde aquele dia na minha casa. Eu e o William nos pegamos de vez em quando, mas não assumimos nenhum compromisso sério, o que é muito ruim para mim. Eu amo aquele grisalho da sobrancelha falha como nunca amei ninguém e as vezes penso que ele também me ama, mas não atamos nem desatamos. Ficar com ele é incrível, mas tem dias que dormimos juntos e tem dias que mal nos encaramos. Vivo em uma montanha-russa diária e a Nycole comenta - até hoje - que eu vou acabar me machucando ainda mais se não sair dessa situação de uma vez. E para completar, Fábio - o irmão da Julia - insiste em tentar me conquistar.

Chego na redação um pouco atrasada e logo na recepção do prédio sou avisada de que há uma reunião de emergência. Me preocupo com a seriedade que sou tratada e subo as escadas voando até a sala de reunião. Quando chego, todos me encaram imediatamente.

- Aconteceu alguma coisa?

- Você demorou, Fátima. - Reclama Fernando, estendendo a mão para que eu sente na cadeira vazia logo ali na frente. William estreita os olhos, já que não dormimos juntos na noite anterior e eu me atrasei hoje. - O mundo está de cabeça para baixo!

- Desculpe, Fernando. Eu não sabia disso. Dormi mais que a cama hoje, perdão. - Digo e sento, um pouco mais tranquila. Olho para o lado e meus olhos cruzam com os de William. Que vontade de sentar em seu colo e lhe dar um beijo de bom dia! - O que aconteceu?

- Aconteceu que você veio de Paris e vai voltar para lá hoje mesmo. - Engasgo e me desespero. Ponho a mão no peito e olho para Fernando, tentando entender o que está acontecendo. Eu não posso voltar para Paris! - Fátima, a Globo de Paris está um caos total e nós sabemos que você é querida por todos lá e além disso tem um dom para resolver problemas de convivência. Você será retransferida para lá.

- Mas ela não pode, Fernando. Eu já te falei que não há ninguém tão competente para ficar no lugar dela. - Resmunga William, do outro lado da sala. Sinto que pela primeira vez ele está me defendendo.

- Nós já falamos sobre isso, William. Os grandões do jornalismo daqui querem um toque brasileiro na Globo de lá e não há ninguém melhor do que a Fátima. Eu estou quase perdendo o meu emprego porque eles também não querem que ela saia daqui, mas é preciso resolver um problema de cada vez.

- Ninguém me quer em Paris, então não tem porque eu ir. Fernando, por favor. Você é ótimo para resolver problemas de convivência também! - Digo tentando convencer, porém não adianta de nada. Fernando me encara com olhos gelados e sei que não há nada para fazer. Olho desesperada para William implorando que ele me ajude, mas ele se cala.

- Você tem um motivo plausível para ficar? Um amor, um filho, alguém da família doente? - Fernando me encara. Droga!

Baixo a cabeça. Tenho um amor, mas não posso revelar. Filhos eu não tenho e graças a Deus não tem ninguém na minha família doente! Dou uma risada abafada. Seria cômico se não fosse trágico.

Espero que William possa se intrometer, abrir o seu coração e dizer que me ama ou qualquer coisa do gênero, mas ele permanece calado e me olhando atentamente. Se eu não gostasse tanto de sua família acho que seria capaz de encomendar sua morte!

- Não tenho, Fernando. Não tenho filhos, todos da minha família estão bem e meu coração está fechado. Além de mim eu não amo ninguém!

- E o Fábio, Fátima? - William grita, não falando coisa com coisa. Maldito homem! - O irmão da Julia, aquele que vive dando em cima de você.

- O que é que tem ele? - Pergunto sem conseguir olhar em seus olhos. Ele não está disposto a assumir nada comigo e nem gritar para o mundo que me ama, mas está disposto a desistir de mim e me entregar para o seu ex-cunhado. Que homem é esse pelo qual me apaixonei?

- Ele não é um provável amor futuro?

- É, pode até ser. Mas não vou desistir de Paris por um provável amor futuro. Não há nada que possa me prender aqui além dos meus pais. - Olho para Fernando novamente, respiro fundo e tento ser sensata. - Eu vou. Volto para Paris e tento amenizar os problemas de lá.

Fernando sorri e desaba sobre a cadeira que há atrás de si. Respira tão fundo quanto eu e ergue as mãos ao céu.

- Obrigada, Fátima. De coração. - Ele senta com modos e me encara. - Eu só preciso que você diga que a escolha foi sua e que a ideia também foi. Tudo bem por você? - Aceno com a cabeça e acertamos alguns últimos detalhes.