Fanfic: Um noivado no caminho | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner

Estou na minha mesa recolhendo alguns objetos pessoais e alguns porta-retratos quando William se aproxima. Ele chega de mansinho e senta na beirada da mesa, colocando entre as mãos a rosa que me deu dias atrás. Está de cabeça baixa e eu continuo recolhendo minhas coisas.

- Eu não acredito que você aceitou ir embora. Até ontem estávamos nos amando dentro do meu carro.

- Pois é, isso é pra você ver como as coisas mudam de um dia para outro. Até ontem estávamos nos amando dentro do seu carro. - E hoje você me joga para os braços do Fábio, incapaz de dizer que me ama na frente de todo mundo!

Ele levanta os olhos e tenta encarar os meus, mas continuo recolhendo as minhas coisas como antes. Não paro de fazer o que estava fazendo por William. E juro para mim mesma nesse exato momento que jamais pararei!

- Não entendi.

- Não importa. Se você me dá licença, eu quero terminar de recolher as minhas coisas em paz. Outra hora nos falamos. - Arranco a rosa da sua mão, pego a caixa com a maioria das minhas coisas e quando passo pelo lixo, jogo a flor ali dentro. Continuo caminhando sem olhar para trás, mas sou incapaz de segurar o choro. Aquela rosa valia como uma prova do amor daquele homem, mas não há prova de amor sem um amor paraprovar.

Três dias depois e cá estou eu, no meio da redação. Detesto despedidas, detesto chorar em público e detesto a ideia de sair do Brasil e de voltar a morar longe dos meus pais. Além disso tudo detesto a ideia de amar um homem que não me ama e me afastar dele de uma vez por todas.

Me despeço dos meus colegas um por um com abraços, beijos e palavras carinhosas e de conforto. Lembro das grandes amizades que fiz ali e me dói pensar que me afastarei de todos. Quando chega a vez de William, sinto minhas pernas fraquejarem. Eu amo muito esse homem!

- Você tem certeza?

- Não há nada que possa me prender aqui, William.

- E eu? - Nos abraçamos e ele fala em meu ouvido. - Eu sei que você me ama e eu amo você! - O aperto com força e nos soltamos. Acaricio suas bochechas e ele fecha os olhos.

- Tem muito espaço dentro de mim pra guardar esse amor. E se um dia nós nos encontrarmos de novo e se ainda houver esse amor todo, talvez eu deixe ele escapar.

- Não precisa ser assim. Você tem que ficar aqui comigo. - Ele abre os olhos.

- Não é você que decide isso.

Me afasto dele e corro para onde estão minhas melhores amigas. Sandra está no meio delas e sei que ali posso chorar a vontade. Olho para onde William estava e já não mais o vejo. É impressionante como ele sempre foge.

- Como você está?

- Mal, Sandrinha... Você, meus pais, a Nyc... Não quero ir embora!

- E quanto ao William? - Ela indica com a cabeça e vejo que ele conversa seriamente com Fernando. Nossos olhares se cruzam mais uma vez e meus olhos enchem de lágrimas.

- Até agora não moveu uma palha para que eu continuasse aqui. Ele diz que me ama, mas não prova isso. Eu estou muito confusa quanto a nós dois.

- Eu te entendo... - Nos abraçamos e choro.

Estou com as meninas há um tempo e quando menos espero, sinto alguém tocar em meu ombro. Sinto um perfume bom e familiar misturado com um toque que - meu Deus! - me faz bambear as pernas e tremer por dentro. Ah William!

- Fátima - ele sussurra perto do meu ouvido - você pode me acompanhar, por favor? - Aceno com a cabeça e ele puxa minha mão.

Saímos de mão dadas e vamos até sua sala, com todos olhando para nós dois. O que ele quer?

Assim que entramos, ele tranca a porta e fecha as cortinas de sua sala para que ninguém nos veja.

- O que foi? Por que tudo isso? William, se você tá pensando que eu vou - mas sou calada com um beijo. Ele segura meu rosto com as duas mãos e gruda nossos lábios, enfiando a língua dentro da minha boca. Nos beijamos de forma intensa e eu só consigo apoiar minhas mãos em sua cintura. Eu o quero, mas não posso.

Nos soltamos e continuamos relativamente próximos. Ficamos nos encarando em silêncio, até que William abre a boca.

- Por que você botou aquela rosa que dei pra você fora? Por que você aceitou ir para Paris? Por que não conversou comigo?

- Por quê? Ah! William, por favor! - Altero minha voz e começo a gesticular com as mãos, andando de um lado para outro. - Você diz que me ama e me dá uma rosa de presente, mas não é capaz de me deixar dizer para todo mundo que foi você quem me deu aquela rosa. Você diz que me ama mas não é capaz de dizer isso para todo mundo e pedir para que eu fique aqui. E conversar com você? Para que, exatamente?

- Podíamos estar juntos, agora. Namorando. Você não precisaria estar voltando para Paris e indo embora daqui!

- E você se dá conta disso dois meses depois? Por que você não me pediu em namoro logo em seguida?

- Porque você não quis. Eu terminei o meu noivado pra ficar com você, Fátima.

- Eu sei disso, mas por que não me pediu em namoro no dia daquela reunião? Por que está falando isso tudo agora, quando estou prestes a ir embora?

- Porque o Fernando me abriu os olhos. - Ele baixa a cabeça e sua voz vai junto. - Ele comentou comigo que sabe que nós nos amamos e ele também não acredita que eu não tenha dito nada aquele dia na reunião. Conversei com a minha mãe por telefone agora há pouco e ela me disse a mesma coisa. Eu não quero te perder. - Ele me encara com os olhos molhados, mas fico com mais raiva ainda. - Fica.

- Não posso ficar por um homem que não é capaz de dizer pra todo mundo que me ama.

- É isso que você quer? Eu vou lá agora e - ele tenta continuar, mas o interrompo.

- Só por que eu pedi? Ou foi porque sua mãe lhe disse? Ou será que foi o Fernando? Ou então, foi quem? William, eu não posso ficar aqui por um homem que depende de terceiros para tomar qualquer atitude. Eu te amo sim, e também não quero te perder, mas você nunca foi meu. O que é uma pena.

- Eu sou seu. - Ele afirma, decidido.

- Mas só entre nós dois. Fora isso, você é de ninguém. O problema não está em nós dois ficarmos juntos. O problema está em você não tomar nenhuma atitude sem ninguém se meter. Eu não quero isso pra mim. Não quero isso pra nós dois.

- O que você quer?

- Ser feliz. E de uma vez por todas!

- E com "ser feliz" - ele gesticula - você quer dizer o quê?

- Apenas ser feliz. Agora me dá licença porque essa conversa pra mim já deu.

Saio de sua sala apressada, com o coração na mão e o peito em chamas. Seguro algumas lágrimas e sei que William vem atrás. Corro e chego onde está todo mundo, então sei que William não vai fazer nada.

Porém quando ele passa reto por mim, meu chão desmorona e choro copiosamente. Eu sabia que ele não ia fazer nada, mas ainda tinha esperança. O meu amor foi embora e me deixou sozinha, livre pra ir também.