Fanfic: Um noivado no caminho | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner

E enfim é chegado o dia! Sábado de tarde, sem nada para fazer. A Nycole - amiga que divide a casa comigo - saiu na sexta e até agora não voltou, não há um canal que me possa me interessar na televisão, os rádios só sabem tocar músicas românticas - e isso não é nada bom - e as horas parecem não passar. Eu tenho um jantar logo mais a noite e não consigo comer de tão nervosa.

Levanto, vou até a cozinha e deixo a televisão ligada. Bebo um copo d`água e decido ir tomar meu banho. Está cedo ainda, mas as horas pode ser que decidam passar mais rápido.

Volto para a sala, desligo a televisão e quando estou saindo da sala, ouço a campainha tocar. Penso comigo mesma que é a Nycole, mas ela teria a chave, então corro para atender a porta.

Quando abro a porta, vejo Sandra Annenberg sorrindo para mim.

- Sandra? O que você faz aqui?

- Posso? - Pergunta, claramente pedindo para entrar.

- Claro! - Dou espaço e ela entra, indo até o meio da sala. - Pode sentar, fica a vontade! - Ela senta e eu sento ao seu lado. - O que você tá fazendo aqui, Sandrinha?

- Acho que precisamos conversar. - Ela diz, séria.

- E sobre o quê?

- Eu vi hoje você e o William, Fátima. Pode me contar tudo, em detalhes.

- Tudo o quê? - Não. Eu não vou falar nada.

- Você está apaixonada por ele, não é mesmo?

E então desisto. É difícil estar apaixonada por um homem que é noivo e que parece não sentir o mesmo por você. E é mais difícil ainda mentir para uma amiga tão querida. Conto tudo para ela em detalhes, não esquecendo do jantar de logo mais.

Ela me olha o tempo inteiro, me encarando sem parar. Hora se mexe, visivelmente desconfortável. Hora fica parada, apenas assimilando tudo.

- E então é isso. - Finalizo. - Estou apaixonada por um homem que talvez nunca vá ser meu. E hoje vou conhecer sua noiva. Talvez eu desista da ideia de ficarmos juntos.

- Ou talvez se machuque ainda mais. Pula fora enquanto há tempo, Fatinha!

- Não posso. Depois desse jantar, até tudo bem. Mas antes, nem pensar!

E ela continua discordando de mim até certo tempo, quando eu olho para o relógio e me sinto atrasada.

- Tudo bem, eu já vou indo. Você tem um compromisso inadiável hoje a noite e eu não quero atrapalhar. - Ela vem até mim e me abraça apertado. - Espero que fiquei tudo bem, amiga. Boa sorte!

Nos despedimos e quando ela vai embora, corro para o meu banho.

E aqui estou eu no meu quarto, com o guarda-roupa inteiro em cima da cama e me encarando pelo espelho. Estou enrolada numa toalha de banho, sem maquiagem, com o cabelo molhado e as horas agora resolveram passar. Onde eu estava com a cabeça quando aceitei ir jantar com o William e sua noiva? Qual é o meu problema?

Me jogo em cima da cama e, como um milagre de uma fada madrinha, olho para o lado e vejo um vestido que parece ser perfeito para a ocasião: preto, frente única, curto e justo. Visto-o, sinto-me confortável e olho-me no espelho: melhor impossível. É com esse que eu vou! Corro para a penteadeira e abro o meu estojo de maquiagem, mas aí está meu problema seguinte: que maquiagem fazer? Preparo a pele, dou uma rabiscada no olho com o delineador, disfarço com uma sombra, passo um blush, um batom e finalizo com um rímel. Acho que está bom! Calço um scarpin preto com detalhes em dourado e fico feliz com o reflexo que vejo no espelho.

Eu estou pronta e ansiosa, prestes a conhecer a mulher que me impede de ser feliz por completo. Corro para a garagem e entro no carro, ligando-o e indo rumo a casa de William.

Quando chego lá, toco a campainha ainda que receosa e um homem lindo, alto e grisalho surge na porta. A abre com um sorriso de orelha a orelha, exibindo aqueles dentes todos. Sorrio de volta e ele fica parado, congelado. Seus olhos fazem um movimento de sobe e desce e sinto um tremor reverberar o meu corpo inteiro. "Ele está olhando para mim! Ele está me admirando!", grita uma vozinha de dentro de mim, mas eu não dou muita bola. Não pode ser possível!

- William? - Pergunto, erguendo as sobrancelhas.

- Ah! Boa Noite, Fa! - Diz, descongelando enfim.

- Boa noite! - Dou uma risada leve e ele faz o mesmo.

- Desculpe... - Ele estende a mão e me convida para entrar. - Fique a vontade!

- Obrigada! - Entro tímida, olhando para a casa em volta. Móveis novos, claros e perfeitamente alinhados no cômodo principal da casa. Tudo muito bonito, porém nada parecido com ele.

Ele entra atrás de mim, fecha a porta e me puxa pelo ombro para me cumprimentar. Damos três beijinhos no ar e encostamos nossas bochechas, porém sinto minhas pernas tremerem e acabo me segurando em seus ombros. Sorrio envergonhada e nos soltamos.

Ele me convida para sentar e eu aceito, então ele senta ao meu lado. Porém antes que possamos começar uma conversa, sua noiva aparece saindo da que parece ser a cozinha e temos que levantar. É uma mulher muito bonita, loira, magra, branca e alta usando um vestido longo com estampa floral e sapatilha, mas que não se parece nada com aquele homem à minha frente. Ela parece ser fria e incapaz de achar graça nas coisas mais simples da vida, ao contrário de William.

- Boa noite e desculpe pelo atraso, mas estava falando com uma paciente. - Diz ela muito bem educada, com uma voz para lá de fina e irritante.

- Julia esta é a famosa Fátima Bernardes e Fá esta é a minha noiva! - Nos apresenta William, formalmente.

- Prazer Julia! - Estendo a mão e ela faz o mesmo, me cumprimentando educadamente. - E obrigada pelo convite.

- O prazer é meu Fátima! - Ela sorri e vai abraçar William.

- Confesso que fiquei surpresa com o seu convite. - Digo, simplesmente.

- O William fala tão bem de você que eu acabei ficando curiosa! - E, de certa forma, acabei percebendo um olhar periférico dela para William. - Fico feliz que tenha aceitado!

Todos sorrimos e tornamos a nos sentar. Desta vez, Julia quem fica ao meu lado.

Num primeiro momento, deixamos ela falar sobre seus assuntos, até que aquilo começou a ficar chato. Eu havia ido lá para conhecê-la, mas também tinha o direito de falar.

- Fá, eu ainda vou fazer você mudar de time! - Diz William do nada, interrompendo sua noiva e olhando para mim sobre ela, já que ela ficara no nosso meio. Ele pisca para mim e eu entendo que o assunto da Julia estava o chateando também.

- Não se eu fizer você mudar antes, Wil! - Brinco e ambos rimos, deixando Julia se encostar por completo no sofá.

- Vou comprar uma camisa do são Paulo para você minha querida, você vai adorar! - Ele ri alto e sua gargalhada sai tão profunda que prometo a mim mesma que a guardarei para sempre.

- Para mim você nunca deu uma camisa do seu time, meu amor. - Diz Julia, completamente fora do assunto.

- Você sempre odiou futebol, Julia. - E então volta a olhar para mim.

- Eu é que vou comprar uma camisa do Vasco para você! O problema será eu acertar o seu numero. - Brinco e posso ver sua noiva revirando os olhos.

- A senhorita está me chamando de gordo, dona Fátima?

- Jamais!

- Não é por nada, mas a senhorita não fica muito atrás, não.

- Claro que não! Você me leva para almoçar todos os dias e insiste em escolher os pratos que vou comer!

E antes que possamos engatar uma conversa ainda mais longa, Julia nos corta.

- Vamos jantar, senão vai esfriar.

Vamos todos para a sala de jantar. Quando chegamos, William puxa a cadeira para mim e eu me sento. Ele faz o mesmo com sua noiva,, que se senta também, e só depois ele senta. Fica de frente para mim ela ao seu lado. Volta e meia ela se esfregava nele e aquilo estava me irritando profundamente. Quem ela pensa que é?

- Fá - Ele me chama e eu olho para ele, tentando não olhar para Julia. - Lembra quando eu quase caí quando estávamos saindo daquele restaurante? - Lembra ele, me fazendo rir.

- William você é muito desastrado!

- Pelo menos eu não tenho pavor de avião, não é mesmo? - Ele provoca.

- Pior ser um homem com medo de altura! - Eu revido.

-O William sempre teve medo de altura, Fátima. Desde pequeno. - Diz Julia, se intrometendo na conversa.
- Eu soube, ele me contou.

-O que mais ele te contou? - E então vejo uma mulher enciumada, pondo sua mão por cima da dele. E, causando espanto nela e surpresa em mim, ele tira sua mão dali debaixo.

- Como eu passo a maioria do tempo com ele, ele me conta muitas coisas! - Digo, sorrindo abertamente.

- É verdade... A Fátima sabe mais da minha vida que eu mesmo! - Brinca William, também sorrindo.

Voltamos a jantar, e de vez em quando eu me pegava olhando para o William. E volta e meia tinha a sensação de que ele fazia o mesmo.

Terminamos o jantar e voltamos para a sala, porém estava com uma vontade tremenda de ir ao banheiro. O nervosismo de antes estava quase estourando a minha bexiga!

- William, aonde fica o banheiro? - Pergunto, educada.

- O banheiro? Vem que eu levo você. - Ele levanta e me acompanha até a porta do banheiro. Quando saio vejo que ele me esperou para não me deixar sozinha e perdida naquela casa enorme. - Não podia deixar a donzela sozinha e em perigo! -Brinca ele, oferecendo o braço para mim. Pego-o e vamos caminhando lentamente até a sala. Começamos a conversar e, sem querer, acabo tropeçando nos meus próprios pés. Sou envolvida por dois braços grandes e fortes, que me seguram e não me deixam cair. Ficamos cruzando olhares até que Julia aparece.

- Está tudo bem?

Nos soltamos e eu o agradeço por ter me segurado. Ele sorri e brinca comigo.

Voltamos todos juntos para a sala e eu vejo que está tarde.

- Estava ótimo o jantar mas já esta na minha hora. Tenho que ir. - Eles me levam até a porta e nos despedimos. - Foi um prazer conhecer você, Julia. Obrigada por tudo - Digo, despedindo-me dela com três beijos.

- O prazer foi todo meu. - Diz, educada.

- Tchau Wil! Estava tudo ótimo! - Vou até ele e nos abraçamos forte. Ele segura minha cintura e sinto um vento próximo a minha bunda. Meu vestido subiu! Minhas pernas tremem e algo me diz que se ele me soltar eu caio.

- Tchau Fá, você tem que voltar mais vezes! - Ele diz acariciando as minhas costas e me soltando em seguida.

- É só marcar!

Nos despedimos mais uma vez e eu entro no carro, indo embora. E, apesar de tudo, esse jantar valeu a pena!