Fanfic: Um noivado no caminho | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner

Acordo atrasada para o começo da semana. Meu celular não despertou e a Nycole saiu mais cedo de casa hoje. Era uma segunda-feira comum para todos, mas para mim já não estava sendo. Levanto em um pulo da cama e vou correndo para o banheiro. Tomo o meu banho, escovo os meus dentes e troco de roupa. Não vai dar tempo de tomar um café, então deixo para tomar na redação. Olho em volta e está tudo organizado, então já posso ir.

Chego no Jardim Botânico e quando saio do carro, dou de cara com William Bonner. Quando olho para ele logo na minha frente, lembro que não o vejo desde o jantar de sábado. Me vem à mente as emoções daquele jantar: ele me admirando na porta de sua casa, sua noiva pálida e magra, nossa conversa sobre futebol, ele puxando a cadeira para que eu pudesse me sentar à mesa e depois nossa ida até o banheiro. Muita coisa para uma noite só.

- William? - Ele passara reto, como se não tivesse me visto saindo do carro. Penso comigo mesma que há algo estranho acontecendo.

Ele vira-se para mim, quieto, impassível. Encaro os seus olhos e eles estão vazios, sem brilho. Agora tenho certeza de que há algo estranho.

- Oi Fátima! Não tinha te visto, desculpe... - Ele me estende o braço, mas eu recuso e fico parada onde estava. - Você não vem?

- O que está acontecendo, William? Tem algo muito errado com você.

- Não foi nada, vamos entrar.

Vou até ele e ponho a mão em seu queixo timidamente, com medo de uma recusa. Ele sorri e eu aproximo meu corpo do seu. Encaramo-nos um ao outro e tenho a sensação de estar caminhando em direção a um precipício sem fim.

- Vamos. Me conte o que aconteceu. - Ele suspira e desaba sobre os próprios pés. Seus ombros caem e ele me abraça repentinamente. - Eu prometo que não conto para ninguém! - Ele me solta e eu me desequilibro.

- Não consigo esconder nada de você... Vamos fazer assim: hoje almoçamos juntos, pode ser? Então eu conto tudo pra você!

- Ótimo. Busco você na sua sala, então. - Ele ri e eu sorrio, envergonhada. - O que foi?

- Acho que eu que teria que ir buscar você! - Brinca ele.

Na hora do almoço, vou correndo para minha sala me olhar no espelho e, quando menos espero, ouço três delicadas batidas na porta.

Respiro fundo e já sei quem é.

- Entra.

Ele entra e eu levanto as mãos, como se pedisse desculpas.

- Vamos? - Ele ri.

Aceno com a cabeça, pego a minha bolsa e vamos até o restaurante.

Quando chegamos, William escolhe nossos pratos e eu peço um suco de laranja para acompanhar. Quando o garçom se retira, pergunto mais uma vez o que lhe aconteceu.

- Eu e a Julia brigamos no sábado, assim que você foi embora. Ela teve uma crise de ciúmes e desde então não nos falamos mais. Passamos o domingo inteiro quietos e hoje ela não estava mais em casa quando eu saí.

- Ciúmes de quem?

- Eu e você. Ela disse que queria conhecer você pra ter certeza do que imaginava. Juro que não entendi!

- Como assim? O que ela falou? - Meu coração começava a palpitar.

- Ela disse que esses dias eu estava dormindo e falei o seu nome durante o sonho, acredita?

Oi? William Bonner sonhando comigo e dizendo o meu nome? Que sonho ele sonhou? E comigo? Sinto minhas pernas começarem a tremer e agradeço por estar sentada. Sinto meu rosto quente e apoio meu queixo em minhas mãos.

- Ahã... - Mas eu não consigo raciocinar. Não penso em nada além do sonho. Não imagino nada além do sonho que ele sonhara. Balanço a cabeça e pareço voltar à realidade. - E você lembra do sonho?

- Não, o que é mais estranho.

E antes que possamos falar ou pensar mais nada, o garçom surge trazendo nossos pratos.

Voltamos para a redação e seu humor está aparentemente melhor. Ele volta a fazer brincadeiras, volta a rir e seu sorriso começa a aparecer. Ele me deixa à porta da minha sala e nos despedimos.

- Muito obrigado Fá, por tudo. Você é uma grande amiga! - Ele vem até mim, me abraça e me dá um beijo carinhoso na bochecha. Retribuo o abraço, mas mais por ter um ponto de apoio do que por abraçá-lo, de fato. Sinto um arrepio na espinha e o abraço ainda mais forte, grudando nossos corpos.

Ele abre a porta atrás de mim e vai caminhando para dentro da sala comigo. Levanto as minhas mãos e toco sua nuca, roçando nossas bochechas. Ele aperta ainda mais a minha cintura e vai me conduzindo para o sofá da minha sala. Caímos sentados e nos soltamos, ofegantes e envergonhados.

- D-desculpa, Fátima.

- Não foi nada! - Sorrio e baixo a cabeça. Ele levanta, sai da minha sala e me deixa sentada no sofá, ofegante, tonta, vermelha e com um calor percorrendo o meu corpo de maneira insana.

O que foi isso?