Fanfic: Um noivado no caminho | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner

Quando chego no restaurante, William conversa animado com sua mãe. Está um de frente para o outro e sorrio, alisando o meu vestido. Fico nervosa, sentindo-me como se fosse conhecer a família do meu namorado, mas ele não é meu namorado. Apenas gosto dele como se fosse...

Dona Maria Luiza e me vê e faz sinal para que eu me aproxime. Meu cabelo voa conforme o vento e sinto que estou começando a perder a força nas pernas. Já não tenho mais firmeza quando piso com o salto agulha no piso de cerâmica do restaurante, então me apresso para encostar-me à cadeira de uma vez.

Chego perto deles e meu ar falta quando vejo que terei que sentar ao lado de William.

- Senta Fátima, fica a vontade. O William pediu três sucos de laranja, porque disse que você sempre toma um desses. Se não quiser tomar, não faça cerimônia. - Puxo a cadeira envergonhada e sorrio para ela, pondo uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. Seguro o meu vestido e sento.

- Você não devia usar um vestido tão curto. - Repreende William. Olho para ele e então percebo que ainda não parou de olhar para as minhas pernas.

- E você não devia se meter. - Responde sua mãe. - Ela é jovem, bonita e tem pernas lindas. Você devia se preocupar com outras coisas, William. - Sorrio para ela e ela pisca um dos olhos para mim. - Você é solteira, Fátima?

- É. - Apressa-se William. Sua mãe o olha com cara feia e repete a pergunta para mim, enfatizando o meu nome.

- Sou, sim senhora. Faz um tempo que não me envolvo com ninguém...

O garçom chega e serve os sucos e nos entrega o cardápio. Cada qual pega um e escolhemos os pratos. Eu, uma salada leve. William escolhe bobó de camarão e dona Maria Luiza me acompanha na salada. O garçom anota os pedidos e demora a se retirar.

- Pois não? - Pergunta William, pondo a mão no encosto da minha cadeira. Perco o ar na mesma hora e sua mãe ri, achando graça da situação. O garçom pede desculpas e se afasta da mesa, levando consigo os cardápios. - Que cara maluco!

- Se encantou com a nossa Fatinha! - Brinca ela e não tenho como não rir.

Assim que servem nossos pratos, começamos a comer. De início fico constrangida, mas conforme a conversa vai caminhando consigo ficar mais a vontade.

- Então você não se envolve com um homem a um tempo? - Pergunta a mãe de William, claramente curiosa. William me olha intenso, também interessado. Bebo um pouco do meu suco e depois de limpar minha boca, respondo sua pergunta.

- Me envolver, sim. Mas ter uma relação sólida e verdadeira, não.

- Você nunca foi casada? - Pergunta ela.

- Nunca. Acho que nunca amei um homem tanto a ponto de querer me casar.

- Sabe que o William também não? Agora ele está noivo, mas não sinto firmeza... Ele não parece amar a... como é mesmo o nome dela? Enfim. Ele não parece amar a noiva tanto assim...

William engasga-se com a comida e bebe um gole do seu suco. Dou dois tapas leves em suas costas e ele sorri, pondo a mão na minha coxa - tentando indicar que estava tudo bem. Me assusto e acabo levantando um pouco a perna, um pouco excitada com o toque. Ele nunca havia me tocado assim... tão intimamente. Sua mãe arregala os olhos para ele e eu fico envergonhada.

- Desculpe. - Ele tira a mão da minha coxa e eu respiro aliviada.

- Não foi nada... Você está bem?

- Estou sim. - E, aos trancos e barrancos, continuamos a comer.

William vai até o banheiro depois de pagar a conta e eu fico sentada à mesa, conversando com sua mãe. Ela fala baixo e volta e meia olha para trás, certificando-se de que o filho não está vindo.

- Sabe o que é, Fátima? Eu conheço o filho que eu tenho. Ele não está nem um pouco apaixonado por essa mulher. A tal Julia... O olho dele não brilha ao falar dela.

- Mas isso é normal...

- É? E então porque os olhos dele brilham quando ele fala de você?

E antes que eu possa raciocinar, William volta para a mesa. Sua mãe se recompõe e eu fico paralisada, incrédula, boquiaberta, nervosa, sem respirar. Ele toca meu ombro e eu me arrepio com o toque, olhando para ele sem entender o porquê daquilo.

- Você está bem? - Aceno com a cabeça e ele sorri, ainda tocando meu ombro. - Vamos?

Levanto e ele abraça sua mãe, deixando a mão atrás para que eu possa segurar. Pego a minha bolsa e sorrio para ele, que me olha sorrindo também. Dou dois passos e seguro sua mão receosa, então ele me puxa para mais perto e saio trocando os passos. Solto sua mão e ele me olha, mas não consigo lhe encarar. As sensações que sinto são demais para mim!

Me despeço de sua mãe e ela me faz prometer que voltaremos a nos encontrar. Ele dá um abraço apertado nela e lhe entrega as chaves de casa.

- Talvez eu demore um pouco pra chegar em casa, mas quero que a senhora fique a vontade. Hoje a Julia está de plantão, então só volta para casa de manhã cedo. A casa é sua, mas não vai fazer besteira! - Brinca ele.

Os dois se despedem e dona Maria Luiza entra no táxi que chamamos quinze minutos antes.

Eu e William viramos as costas para rua e ficamos de frente para o prédio, caminhando lentamente. Lembro da frase de sua mãe no restaurante, dizendo que os olhos do seu filho brilhavam quando ele falava de mim. Depois lembro dele dizendo que disse meu nome enquanto dormia e da conversa que tive com Nycole. Conforme vou caminhando, sinto que o vento mexe com o meu cabelo lentamente - o que me causa arrepios. William olha para mim e sorri. Eu o encaro e sorrio também.

- Minha mãe adorou você! Disse que você é um amor. - Ele diz quando entramos no prédio.

- A recíproca é verdadeira! Sua mãe também é um amor, William. - Sorrio quando lembro dela.

- Agora você entende porque sou tão assim!?

- Assim como?

- Assim... Encantador, carismático, fofo - e eu interrompo seus auto-elogios.

- Pode parando! Sua mãe é tudo isso, mas você não! - Brinco e vamos rindo até o elevador. Pressiono o botão e ficamos em silêncio. Quando as portas do elevador se abrem, entramos e nos vemos sozinhos lá dentro. - Obrigada pelo almoço! - Digo, tentando quebrar o gelo.

- Eu que agradeço! Sua companhia é maravilhosa, Fátima. Eu me sinto muito bem quando estamos juntos!

Viro a cabeça e o encaro, perplexa. Seus olhos estão brilhando e vivos, como se estivessem tentando comer os meus. Ele dá uns passos em minha direção e eu me encosto na parede do elevador, sem ter pra onde fugir.

- O que você - mas não consigo continuar. Seu olhar me deixa muda e sua proximidade me deixa imóvel. Quase não consigo pensar. Ele dá mais uns dois ou três passos e para de frente para mim, a um passo de me beijar.

- Você é incrível! - E antes que ele possa fazer qualquer coisa, as portas do elevador se abrem. Ele se afasta e eu desabo sobre os meus ombros. Me encosto no canto do elevador e ele se afasta de mim, ainda me comendo com os olhos. É como se eu pudesse sentir uma tensão entre nós dois...