Fanfic: antigo amor

Entrei na casa da minha irmã voando. Estava com meus olhos inchados e tão pouco sabia me comunicar com as pessoas de Paris. Era como se rever William Bonner tivesse congelado meu raciocínio lógico. Nem conseguir dirigir eu havia conseguido. Saudades do tempo que eu era feliz, livre e segura de mim mesma!

- Fátima, meu Deus! O que houve? - Vânia, minha irmã, estava preocupada. Eu nunca havia ficado assim, tão irritada em sua frente. E segundo a minha mãe, apenas brigar com o William Bonner me deixava daquele jeito!

Corri em sua direção e a abracei com toda a força que tinha naquela hora. Eu estava mal, muito mal. E eu só queria o William perto de mim outra vez.

- O que houve, Fátima? Fala comigo, por favor.

Alguma coisa na voz dela me fez chorar novamente. Eu ainda não estava controlada, mas já havia parado de chorar. E o pior de tudo é que era só eu fechar os olhos para dar de cara com aquele homem vindo na minha direção.

- O William, Vânia. - Disse entre soluços, mas ela não conseguiu entender e pediu para eu explicar melhor. - O William. Eu vi o William.

- Você viu o William? Como? Onde? Ele está em Paris?

- No Brasil. Ele está no Brasil. Mas eu o vi, Vânia! E eu não consegui suportar essa dor toda.

Ficamos abraçadas por mais um tempo, até que consegui me recuperar. Parei de chorar e controlei meus soluços, mas a dor no meu peito parecia ter piorado.

- Agora me explica direito essa história.

- Você sabe que eu vou voltar para o Brasil no fim desse mês, não sabe? - Ela assentiu com a cabeça. - Pois bem. Hoje teve uma conferência com o pessoal de lá e eu fui obrigada a participar. O problema é que eu não esperava por isso. Não esperava rever aquele homem!

- Mas vocês se falaram?

- Não. Ele, a princípio, não estava na sala. Quando ele chegou o sinal da conferência caiu. Mas ainda assim deu tempo de cruzar meu olhar com o dele. Você sabe, Vânia, a maneira como o nosso relacionamento terminou. Aquele homem ainda mexe comigo.

- O sinal caiu e você fez o quê?

- Caí sentada na cadeira porque estava prendendo a respiração. O ar me faltou e eu só me dei por conta quando estava caída na cadeira. E antes que você pergunte, eu não estava lá quando o sinal da conferência voltou. Pedi pra me retirar e fui chorar escondida.

- Tá, eu só não entendi uma coisa.

- O que foi?

- Por que você não ficou para ver ele de fato?

- Porque nem se eu quisesse eu conseguiria. Vânia, pelo amor de Deus, fazem 6 anos que eu nem se quer falo nesse homem! O nosso casamento terminou quase sem motivo. Eu fui embora e ele não veio atrás. Por mim, eu ainda estaria casada com ele numa boa. Você sabe, melhor do que ninguém, que eu ainda sinto alguma coisa por ele. Por isso que estou aqui em Paris, longe dos nossos pais e dos amigos que eu tinha. Estou longe porque eu sei que quando eu cruzar com ele, cara a cara, eu não vou aguentar e vou me entregar quer ele queira ou não. Nada dentro de mim mudou. - E novamente me vieram lágrimas nos olhos.

- Tudo bem, Fátima. Eu entendo você. Mas você vai voltar para o Brasil e vai acabar cruzando com ele, de um jeito ou de outro. Até porque quem apresenta o Jornal Nacional é ele.

- Me certifiquei de que ele iria embora do Brasil antes de responder à proposta. Jamais aceitaria trabalhar ao lado dele novamente. Já fizemos isso uma vez e não deu certo.

- Dar certo, deu. E muito. O problema é que você é uma cabeça dura e acha que todo mundo é que nem você! Você foi embora porque quis, Fátima. Ele não tinha porquê vir atrás. E outra, você aguenta ficar longe dele faz 6 anos. Se ele tivesse vindo atrás, você o mandaria embora de qualquer forma.

E apesar de tudo, ela tinha razão. Ele era o grande amor da minha vida, mas nem por isso eu facilitava as coisas para os nossos lados. Eu era teimosa e insistente - sempre fui - e com isso sempre achei que as pessoas deveriam ser assim comigo também. Mas nem sempre eu me dava bem...

- Você tem razão... Mas agora já deu. Já se passaram 6 anos e eu não posso simplesmente voltar para o Brasil, bater na porta da casa de William Bonner e dizer que por mim ainda estaríamos juntos. Ele vai me chamar de louca e vai me mandar embora a vassouradas. Além disso, ele deve estar casado e com filhos tão lindos quanto ele. Ele não é do tipo que morre solteiro. E nem dos que fica 6 anos sem ninguém.

- Mas ele é do tipo que ama a minha irmã incondicional e enlouquecidamente. Ele pode até não ter vindo atrás de você, mas eu tenho certeza de que ele não casou novamente.

- Como você pode ter tanta certeza?

- Um passarinho Eunice Verde Bernardes me contou. Ela sempre me deixa informada sobre tudo o que possa nos interessar. E não, ele não está casado.

E de repente comecei a dar pulos internos. Mas também, que diferença faria isso a essa altura do campeonato? Não fomos feitos um para o outro e tão pouco nascemos para construir uma família e morrer abraçados. Ele com a vida dele e eu com a minha.

Levantei do sofá onde estava e comecei a andar de um lado para o outro, pensativa. Ele até podia estar solteiro, mas era óbvio que saía para as noitadas e ficava com várias mulheres num mesmo mês. Quiçá numa mesma semana. Comecei a mexer os meus cabelos com uma força absurda e minha irmã deu um jeito de segurar os meus braços.

- Pare de pensar nele e vamos almoçar! Depois você volta a se martirizar pensando se deve ou não entregar esse coração pra esse homem que você tanto ama! - Ela enfatizou as duas últimas palavras.
Me puxou pela mão e me levou para a cozinha. Eu não estava com fome, mas desmaiar de fraqueza num momento como este não seria nada agradável.