Fanfic: antigo amor

O horário do meu expediente já tava acabando - e tenho que dizer que foram muito bem aproveitados. Deixando de lado a conversa que tive com o William, foi tudo muito bom, muito aproveitável.

Estava na minha mesa, guardando tudo que era meu na minha bolsa quando senti uma mão quente parar sobre o meu ombro. Fiquei parada, sem respirar, implorando para não ser um homem grisalho de braços fortes. Respirei fundo e me virei calmamente, ainda implorando para não ser o William.

- Como você está? - Ele perguntou, ignorando a tensão da conversa que tivemos mais cedo.

- Bem, obrigada. E você?

- Melhor agora! - E sorriu, fazendo com que eu desabasse sobre meus próprios pés. Seu sorriso sempre fora tão branco, tão brilhoso que sempre me derreteu. Dessa vez eu continuei de pé, mas ele viu que logo eu cairia caso ele não parasse com aquilo tudo. - Ergh... O que você vai... Bem... Você está...

- William? - Tentei dar um incentivo e acabei por segurar seus braços. Infelizmente, braços musculosos e então, desabei de vez. Me apoiei nele e ele sorriu, segurando minha cintura com firmeza. - Ergh...

- Você vai querer uma carona, Fátima?

Assenti com a cabeça e de boca aberta, quase sem respirar. Essa aproximação toda estava me deixando cada vez pior. Ele sorriu e disse que demoraria, mais ou menos, 1 hora e meia para terminar o trabalho devido a transmissão do jornal. Sorri sincera e concordei que não teria problema, mas assim que ele saiu de perto recuperei minha sanidade mental. Não devia ter aceitado a carona, mas estávamos tão perto um do outro que eu não tive como dizer não.

Contei nos relógios para ver quanto tempo mais aquela ansiedade duraria, até que uma das minhas grandes amigas veio falar comigo.

- Aninha! Quanto tempo! - Disse, cumprimentando-a. Ela sorriu, me abraçou com força e perguntou o que eu fazia ali, sozinha. - Estou esperando o William, ele disse que vai me dar uma carona.

- O William? Mas vocês não tinham se separado? - Ela pareceu mais espantada do que eu, assim que ele foi embora e eu me dei conta do que tinha feito.

- Tínhamos, mas eu não vim de carro hoje e ninguém mora perto da casa dos meus pais...

- Ah sim... - Ela sorriu e quando virei o rosto para ver que horas eram, o William estava vindo calmamente, com seu paletó e sua pasta pendurados em seu braço. Ele sorria e seus cabelos grisalham balançavam conforme o vento. - E lá vem ela! - Ela comemorou.

- Olá meninas! - Cumprimentou ele, assim que chegou perto. - Ana, nem nos falamos hoje...

- Tive muito trabalho para fazer hoje... Meu chefe - brincou ela - me deu muita ocupação hoje! - Todos rimos e ela fez questão de me deixar vermelha. - Bem, mas agora eu vou embora. Estou muito cansada e ainda tenho umas coisas pra resolver lá em casa... Além do mais, vocês precisam de um tempo sozinhos!

- Ana, por favor...

- Não, Fa... Seis anos longe um do outro deve ser muito tempo! É claro que vocês tem muita... hã... conversa - ela gesticulou com as mãos - pra pôr em dia. Amanhã nos falamos?

Assenti com a cabeça e baixei a cabeça, completamente desconcertada. William riu e estendeu o braço, indicando que já podíamos ir. Peguei minha bolsa e seguimos juntos até o estacionamento.

Lá, ele abriu a porta do carro para mim como um perfeito cavalheiro e sorriu como nunca quando pôs o cinto e viu que eu estava do seu lado. Discretamente, pôs sua mão em cima da minha e eu fiquei gelada e vermelha, fraca e quase sem conseguir respirar.

- Nem acredito que você está ao meu lado, mais uma vez!

- É... - E então tirei minha mão de baixo da sua. Era emoção demais pra um dia só!

No meio do caminho, ele decidiu perguntar para onde eu iria, então começamos uma conversa um tanto quanto... confusa.

- Para a casa dos meus pais. Você sabe onde fica?

- Sei sim. Todos os Natais eu ia visitá-los. Me mantive afastado somente de você, Fátima.

Oi? Olhei para e ele e, de relance, ele me olhou e sorriu, enquanto eu continuava embasbacada. Uma música romântica começou a tocar e ele aumentou o volume do som do carro, mas eu queria uma explicação.

- Como assim, William? E minha mãe nunca me disse nada porquê?

- Oras, isso eu não sei. Mas nos Natais eu também ligava para sua irmã, Fátima... Ela nunca contou nada pra você?

- Nunca. - E, novamente, estava em uma relação de amor e ódio com a Vânia. Ele me procurou, manteve contato com a minha família mesmo sem falar comigo e ninguém nunca havia me dito nada! Ele não foi atrás de mim em Paris, mas foi atrás dos meus pais no Brasil. Engasguei com meu próprio ar e ele, gentilmente, deu três tapas atrás das minhas costas. Eu olhei para ele e nossos olhares se encontraram, enquanto a voz que vinha do rádio cantava sobre os apaixonados...

Estávamos perto da casa dos meus pais e paramos em uma sinaleira, então ele virou para mim e eu não tive como fugir.

- Eu não fui atrás de você em Paris, porque até agora não entendo o seu motivo de ter ido. De início, pensei que você tivesse fugido com outro homem, mas depois vi que não. Continuei mantendo contato com a sua família inteira, mas mantive o espaço que você pediu. O problema é que agora é diferente. Você está do meu lado e eu ainda não fiz nada. Fátima, pelo amor de Deus, me explica tudo que aconteceu há 6 anos atrás. Por favor.

- Eu não pedi espaço nenhum - e então ouvimos a buzina dos carros que estavam atrás de nós. A sinaleira havia aberto e continuávamos no mesmo lugar. Aproveitei a deixa e me virei para frente, com a cabeça baixa. Ele se virou e tocou a diante com o carro.

Assim que estacionou o carro na calçada da casa dos meus pais, me apressei em tirar o cinto e sair dali, mas ele foi mais rápido e segurou meu braço.

- Você não pediu espaço nenhum e eu nunca quis ficar tão longe de você. E agora estamos perto, um do lado do outro. Se você tá com tanta pressa de ir embora, deve ser porque também nunca quis ficar longe de mim. Por favor, não vá embora.

Respirei fundo e desabei sobre o banco do carro. Aquela proximidade toda não estava fazendo bem para nenhum de nós. Segurei sua mão e olhei em seus olhos, falando baixo, como se fosse um sussurro.

- Me leve pra sua casa, William. Mas não me peça pra repetir...

Ele sorriu, pôs seu cinto de novo e ligou o carro. Eu me ajeitei no carro e comecei a chorar, me lembrando de como era bom estar casada com ele! Mandei uma mensagem para minha mãe, dizendo que não dormiria em casa e outra para Vânia, agradecendo e culpando-a, ao mesmo tempo, por nunca ter me dito nada sobre as ligações de William. Solucei e ele olhou para mim.

- Está tudo bem? Se você quiser, eu te levo pra casa agora.

- Não. Eu quero ir com você. E estou chorando de saudade, William... Você não tem noção!

Ele sorriu e enxugou minhas lágrimas.

- Eu tenho, sim. Até porque sinto o mesmo que você... - Me jogou um beijo no ar e seguimos até sua casa.