Fanfic: A princesa virgem(Adaptada) Anahí & Alfonso TERMINADA | Tema: AyA romance

 Ilha de Montvelatie, 13 anos mais tarde.

Ele estava perto, ela podia sentir.

Foi o arrepio na nuca e a sensação no estômago que fizeram Anahí Portilla ficar em alerta máximo. Era o jeito como o ar parecia ficar repentinamente mais escasso, como se as velas espalhadas pela enorme sala de jantar do Castello tivessem consumido cada molécula de oxigênio da atmosfera, deixando um vácuo que precisava ser preenchido.

E então, do outro lado do cômodo, as antigas portas de madeira se abriram, e até o ar em seus pulmões foi arrancado.

Alfonso Herrera, o homem que ela jurara nunca ver novamente estava finalmente ali, em Montvelatte. Vestido todo de preto, ele preenchia a grande entrada como uma nuvem escura. Intencionalmente, os olhos dele vasculhavam a multidão reunida para o ensaio do jantar de casamento, enquanto uma onda de adrenalina a acertava, prendendo-a à cadeira e ameaçando libertar treze anos de velhas lembranças que tinham sido enterradas nas profundezas de sua mente.

A princípio não tão profundamente.

Ainda assim, um dilúvio de memórias indesejadas não se comparava à sensação de vê-lo pessoalmente. O Alfonso de seus sonhos não se comparava àquele homem, que se parecia mais com um guerreiro que estava prestes a ir a uma batalha do que um velho amigo da família. Ele sempre fora tão alto? Ele sempre fora capaz de preencher um espaço apenas com sua presença? E, apesar da postura ameaçadora, ele sempre fora tão bonito?

Ela engoliu a massa que se formou em sua garganta. Ela não precisava que ele fosse tão bonito. Não queria que ele fosse. Ela devia ir embora agora. Deslizar pela confusão de garçons que serviam as refeições antes que ele a visse, antes que precisasse encará-lo novamente e reviver a humilhação do último encontro deles.

E então, seu irmão ficou de pé ao seu lado, gritando para a outra extremidade do cômodo, e Anahí soube que era tarde demais. Os olhos negros que ela esperava conseguir evitar foram na direção dela quando se focaram em Chris, a boca de Alfonso se revirando em um sorriso até que aqueles mesmos olhos se recaíram sobre ela, demorando-se tão friamente que Anahí estremeceu, qualquer semelhança com um sorriso desapareceu antes de voltar a atenção para Chris.

Libertando-se daquele olhar gélido, Anahí se sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. Ela sabia que Alfonso Herrera não era o tipo de homem que esqueceria e perdoaria, mas era claro que ele também não tinha problemas em guardar rancor. E pela expressão dele, como se praticamente a tivesse queimado com o olhar, 

Alfonso não estava muito entusiasmado em vê-la, assim como ela também não queria vê-lo.

Certo. Quanto mais cedo o casamento acabasse, mais cedo eles poderiam voltar a nunca mais se verem. E mais felizes os dois seriam.

Então, ela estava ali, exatamente como ele tinha sido avisado. Seus punhos se abriram e fecharam ao lado do corpo no mesmo ritmo das batidas de seu coração, uma raiva arraigada obscurecendo sua visão. Ele sempre acreditara no princípio de que se prevenir era estar preparado. O provérbio tinha lhe ajudado ao longo dos anos, tanto em sua vida particular quanto profissional, mas ainda assim, agora, encarar a mulher que tinha feito mais para destruir a segurança financeira de sua família do que qualquer outra corporação com que ele precisara lidar em seu tempo de trabalho, o velho provérbio não estava ajudando muito. Porque foi apenas agora que ele conseguiu perceber a profundeza de seu ressentimento. Era como se vê-la tivesse reacendido cada fagulha de raiva e amargura, reativando velhos machucados e aumentando as chamas.

Ele não queria estar ali, mesmo que fosse o casamento de seu melhor amigo... não se isso significasse vê-la novamente, e certamente se significasse ser levado de volta àqueles dias obscuros.

Ele respirou profundamente, o ar pesado com a combinação de aromas de alho, alecrim e algo mais na mistura... obrigação. Ele não tinha outra escolha a não ser estar ali. Uma coisa que aprendera ao longo dos anos era que a vida nem sempre era do jeito que a gente quer. Ele estava ali, e, de alguma forma, era esperado para ser o par dela na festa de casamento, para ser o parceiro no decorrer das festividades, até tomá-la nos braços para dançar. Nenhum tipo de prevenção o deixaria preparado para isso.

Ele devia ter trazido uma mulher. Podia ter escolhido qualquer uma, mesmo após terminar seu breve caso com Susannah, ele se arrependeu da decisão de ter chegado sozinho... apesar de ainda simpatizar com a lógica da ideia. 

Levar uma mulher a um casamento era muito perigoso. Colocava ideias na cabeça das mulheres, ideias que não tinham lugar em seus relacionamentos.

— Alfonso! — Ela escutou o cumprimento do irmão acima da música e do burburinho das conversas dos convidados quando os dois se encontraram, apertando as mãos e se abraçando. Ela observou, incapaz de se mover, compelida a olhar, esperando pelo inevitável momento quando Chris puxaria Alfonso para apresentá-lo a sua noiva, e para o momento em que ela teria que olhá-lo nos olhos e cumprimentá-lo, e fingir que o passado de treze anos nunca acontecera.

Então, esse é Alfonso Herrera — disse Dulce, inclinando-se sobre a cadeira vazia de Chris que estava entre elas, a cabeça ainda angulada em direção à reunião dos dois homens. — Ele é muito bonito, não é?

Quase tão bonito quanto Chris.

Melhor.

O perigoso pensamento veio de maneira espontânea e indesejada. Por mais que ela tentasse reprimi-lo, a verdade não poderia ser negada. Tendo herdado o melhor dos genes do pai, seu irmão era muito mais do que bonito, sobretudo vestido de noivo. 

Mas Alfonso, com a mistura do sangue montvelattiano da mãe e do sangue grego do pai, era singular, era como se ele tivesse sido abençoado com o melhor que os genes do mediterrâneo podiam oferecer, uma combinação de cabelo escuro, olhos insondáveis e feições bem definidas. Aos 21 anos, ele tinha sido o homem mais bonito que ela vira. 

Treze anos mais tarde, como um homem em seu auge, ele era completamente impressionante.