Fanfic: A princesa virgem(Adaptada) Anahí & Alfonso TERMINADA | Tema: AyA romance

— Mas o resultado foi o mesmo! O casamento foi cancelado. O acordo entre as famílias em farrapos.

Ele não podia negar a verdade disso. Tinha sido um cenário feio... o primeiro de muitos, quando ele fora chamado para responder por seus pecados, o som acusatório do pai de Elena, os gritos de seu próprio pai o defendendo, sabendo o que estava em jogo e tentando desesperadamente sustentar sua posição antes de perder tudo.

E então seu pai dissera a Alfonso, em um último apelo desesperado contra o boato, para jurar ante de Deus que ele não estivera com outra mulher e que estava livre para se casar com Elena...

— Você a amava?

Ele estava tão perdido em suas memórias, e a pergunta tão surreal, que ele precisou olhá-la para entender de quem estava falando.

— Quem? Elena?

— Quem mais? Você ia se casar com ela. — E ele quase riu com o absurdo daquilo.

— Nunca a amei. Eu nem a conhecia muito bem. Ela era alta e bonita, e ficaria bem nos braços de qualquer um, mas não. Nunca a amei.

— E você não se casou com ela. E isso destruiu sua família.

— Ela voltou a olhar para o mar, lágrimas embaçando sua visão enquanto se lembrava de outro tempo, quando ela tentara dizer que sentia muito, e se lembrou de como isso terminou.

— E, dessa vez, quando digo que sinto muito, realmente sinto. Desculpe, Alfonso. Desculpe por ter feito aquilo com você e sua família. Desculpe pelo que custou a seu pai.

Ela ficou de pé repentinamente, incapaz de ficar sentada por mais tempo, não com o peso da culpa que sustentava. Ela limpou os olhos, enxugando as lágrimas que ela pensara há muito ter esquecido.

— Obrigada por ter vindo. Foi ótimo.

Ele ficou de pé ao lado dela, rapidamente.

— Você acha que estou partindo agora?

— Temos mais alguma coisa para conversar?

— O que acha de falarmos sobre o quanto eu devo me desculpar com você.

— Você não precisa se desculpar por me expulsar. Sei que baguncei tudo. Foi uma coisa estúpida. O que mais você podia fazer? — Ela se virou para ir embora, mas ele a impediu com uma das mãos em seu braço.

— Não! Escute! — E a voz dele continha traços tão convincentes que a fez parar para encará-lo novamente.

Ele respirou. Estivera longe por muito tempo, um longo tempo pensando em tudo, mas mesmo assim, fora apenas naquela noite que tudo começara a fazer sentido. Muito apropriado isso acontecer ali, junto de Anahí novamente.

— Meu pai tinha um grande plano. Ele queria transformar o nome da família em um grande nome do transporte marítimo, e ele tinha um aliado... um magnata do transporte com uma filha, que não tinha interesse nos negócios e menos ainda com quem se casaria. Ele pensou que se ela casasse com alguém que cuidaria dos negócios, resolveria tudo. No meio-tempo, meu pai pôde ver uma oportunidade de expandir seus próprios interesses. Ele fez a corte para esse homem como alguém faz para a esposa, com promessas, presentes e garantias.

— A única coisa que eles esqueceram foi de me contar. Eu soube na tarde antes do meu 21º aniversário. Estava tudo planejado, eles me contaram. O anúncio seria feito e nossas famílias colheriam os benefícios por gerações.

— E então eu fui até o seu quarto.

Ele sorriu, se pudesse chamar aquilo de sorriso.

— Eu não escutei você entrando. Não acredito que consegui acordar naquela noite. Incapaz de fazer meu pai mudar de ideia, eu fui até o bar, escolhendo o uísque, a única coisa que eu sabia que ele odiava. Não tenho ideia do quanto bebi, mas estava morto para o mundo até você chegar. E mesmo então, não achei que era você.

— Você não sabia que era eu?

— Devia saber. Mas bebi além da conta. Cheguei a pensar que meu pai e o amigo dele tinham adiantado a lua de mel. Achei que tivessem enviado Elena. Fiquei nervoso e decidi que não deixaria barato. Que seria eu quem estaria no comando. E então, para meu horror, descobri que era você.

— Para seu horror?

— Não vê? Eu estava nervoso. Não com você, mas com quem eu achei que estava em minha cama. O horror veio quando descobri que não era Elena que estava debaixo de mim, e sim você, quando você merecia coisa muito melhor...

— E mesmo assim você me expulsou.

— Como eu podia deixar você ficar quando eu sabia que ficaria noivo de outra no dia seguinte?

— Por que não me contou? Precisava ser tão cruel?

Ele se virou, lembrando-se da noite e de seus sentimentos. Envergonhado deles.

— Eu precisei expulsá-la.

— Mas por quê?

— Não entende? Porque eu sabia que, caso eu me casasse com Elena, nunca poderia ter você. Mas eu a queria muito. E você estava lá, nua em minha cama. E por um breve momento, achei que podia tê-la, e ainda casar com Elena, e ninguém ficaria sabendo.

— Eu saberia.

— E eu. Por isso não podia fazer. Precisava tirá-la de lá antes que eu piorasse as coisas. Antes que eu a estragasse para qualquer outra pessoa.

— Por que isso importaria?

— Porque você era perfeita demais para ser estragada.

— Mas você fez com que eu sentisse que era minha culpa. Que você me odiava pelo o que eu tinha feito.

— E odiava. — Ele balançou a cabeça. — Pelo menos eu pensava isso. Tinha que culpar alguém. Você era quem me ligava a um casamento que eu não queria e à falência de minha família. Você era culpa, desejo e necessidade, tudo entrelaçado em uma desculpa pronta. Era mais confortável culpar você do que a mim. Sabia que você nunca me desejaria, não após tudo que fiz, então tudo fazia sentido. Eu podia odiar você se você me odiasse.

— Então, você decidiu me odiar. — Ela passou os braços a seu redor, sem saber no que acreditar, sem entender o que tudo aquilo significava. Apenas sabendo que tudo aquilo era demais para ser absorvido. — E foi por esse motivo que você me responsabilizou pela doença de seu pai? É por isso que você praticamente me culpou pela morte dele?

Ela começou a caminhar sem direção pela praia, apenas sabendo que precisava fugir. Como ele pôde fazer isso com ela... e por quê?

Mas ele a pegou e a girou nos braços.

— Eu estava errado! Eu a culpei por tantas coisas. Porque eu não queria encarar a minha culpa. Aquelas coisas eram minha responsabilidade. E apenas hoje eu percebi esse fato.

— Quando todos souberam que alguém tinha visto uma mulher... você, deixando meu quarto, e tudo estava prestes a explodir no rosto de meu pai, ele fez um último esforço para salvar o acordo. Ele pediu que eu jurasse perante Deus que tudo aquilo era mentira. Que eu não estive com outra mulher e que eu não tinha feito nada que pudesse ameaçar meu casamento com Elena. Devia ter sido fácil negar.

— Mas você não negou.

Ele se virou para olhá-la. Balançou a cabeça.