Fanfic: A princesa virgem(Adaptada) Anahí & Alfonso TERMINADA | Tema: AyA romance

— Acho que sim — replicou ela finalmente, enquanto procurava por sua taça, por algo palpável e real para se agarrar, dizendo a si mesma que ele era apenas um homem, um mero mortal como qualquer outro.

E então, ela ergueu os olhos novamente.

Sob a iluminação do salão, o cabelo negro dele brilhava grosso e saudável, as fortes feições complementadas pelas luzes e sombras enquanto se movia.

Um mortal? Então, por que ele precisava parecer tanto com um deus? Era de se espantar que ela um dia pensara estar apaixonada por ele? Que garota não seria ingênua o suficiente para se deixar pensar que, talvez, existisse algo a mais na relação com aquele homem que era o melhor amigo de seu irmão, e quando ele a tratava como se fosse especial, do jeito que sempre fez...

Que garota não teria cometido os mesmo erros que ela? Marietta respirou fundo, os dedos apertados ao redor da taça de vinho. Naquela época, ela fora apenas uma adolescente facilmente impressionável. Graças a Deus não era mais tão ingênua. E graças a Deus que aquele suplício logo chegaria ao fim. Um dia, talvez dois, e o casamento e as formalidades terminariam, e os dois iriam embora da ilha.

Ela mal podia esperar.

— Vejo por que ele é tão popular com as mulheres — Dulce continuou — embora eu não consiga acreditar que esteja sozinho agora. Esperava que ele trouxesse uma acompanhante.

Anahí não se importava. Alfonso tinha a reputação de ser um playboy, o mesmo rótulo que seu irmão carregara até seu mundo se conectar ao de Dulce. Se Alfonso estava sozinho, ela estava certa de que era apenas uma situação temporária.

— Talvez ele tenha tomado juízo — murmurou ela, não tão baixo.

A outra mulher virou a cabeça.

— Você não gosta dele? Achava que vocês tinham crescido juntos, uma família grande e feliz. Pelo menos é assim que Chris faz parecer.

Anahí encolheu os ombros e forçou um sorriso.

— Você sabe como é, dois é companhia, três é multidão. Eles sempre foram melhores amigos, e eu sempre fui a irmã caçula de Chris.

Fosse pela ênfase que ela colocara nas duas últimas palavras, ou pela pista de amargura que demonstrara, Dulce a observou por um momento, como se estivesse ponderando sua resposta. Então, ela balançou a cabeça e esticou o braço para apertar sua mão livre.

— Acho que entendo. — E Anahí sentiu uma explosão de afeição pela mulher australiana que logo se tornaria sua cunhada.

Os dois homens, então, viraram-se. Enquanto Chris gesticulava em direção às mulheres, algo se revirou no estômago de Anahí. Ela soltou a taça que estava segurando, deixando-a cair sobre a mesa e derramar o vinho. Ela lutava para colocar um sorriso falso no rosto enquanto eles se aproximavam.

— Você se lembra de Anahí, claro — disse seu irmão, enquanto guiava o caminho, e a nuvem negra pairou perigosamente diante dela antes que tivesse a chance de encontrar seus pés, mesmo se ela estivesse capaz de lembrar como fazer isso; ele estava tão próximo que ela não se atreveu a tentar. Não quando o olhar dele a amaldiçoava completamente, sem nenhum sinal amistoso por vê-la novamente.

Ela tinha feito isso, percebeu rapidamente. Tinha banido qualquer boa lembrança que ele pudesse ter dos anos deles juntos com um ato tolo e imprudente. E agora, exatamente como fizera treze anos antes, ele ainda a estava fazendo pagar por isso.

Tantos anos mais tarde. Ela fora uma adolescente naquela época. Cometera apenas um tolo engano. O que fizera fora tão imperdoável?

— Alfonso — disse ela, precisando fazer algo para quebrar o silêncio — faz muito tempo.

O olhar faiscante que ele lançou em reposta lhe disse que não tinha passado tempo suficiente antes de inclinar a cabeça e assentir.

— Princesa — disse ele. O jeito que ele disse fazia parecer como um insulto, mas antes que ela pudesse forçar suas cordas vocais a relaxarem o suficiente para dizer que ele podia lhe chamar de Anahí, como sempre fizera, Chris já tinha se virado para apresentá-lo a sua noiva, e Alfonso tinha interrompido o contato.

Dulce claramente tinha mais presença de espirito do que Anahí, ou talvez fosse apenas pelo fato de que os joelhos da outra mulher ainda estavam funcionando, quando ela se ergueu da cadeira para cumprimentar o amigo de longa data de Chris, o sorriso largo e acolhedor enquanto ele dava um beijo nas costas de sua mão.

— Christopher sempre insistiu que me ganharia em tudo. No quesito encontrar a esposa perfeita, temo que eu já tenha perdido.

Dulce riu um pouco, o sorriso se alargando.

— Chris me disse que você era um encanto. Fico surpresa de que não tenha encontrado a mulher dos seus sonhos até agora.

Anahí enrijeceu em sua cadeira enquanto esperava a resposta de Alfonso, apesar de não ter certeza do por quê. Anahí se desfizera há muito tempo da ideia de que ela era a mulher dos sonhos dele ou de se preocupar com quem estava ao lado dele.

— Alfonso nunca se casará, estou certo disso — Chris respondeu pelo amigo. — Nenhuma mulher é boa o suficiente para ele.

Especialmente Anahí. Ela não fora nem boa o suficiente para dormir com ele.

Dulce balançou a cabeça para o noivo e sorriu delicadamente.

— Conte, Alfonso, como está seu pai? Chris disse que ele está muito doente.

— Ele esteve, apesar de, felizmente, não estar mais em estado crítico. Ele sofreu outro derrame no mês passado. Minha mãe pediu desculpas por não ter vindo ao casamento, mas ela não podia deixá-lo.

— Sinto muito que eles não possam estar aqui, mas é muito bom finalmente conhecê-lo — disse ela. — Chris me falou muito a seu respeito.

— Nada de bom — acrescentou Chris, encorajando todos a se sentarem quando os garçons apareceram com outra refeição, taças de vinho e de água. Alfonso tomou seu lugar ao lado de Dulce, e com um suspiro de alívio, Anahí se acomodou na sombra do irmão, feliz com a barreira que o casal estava fazendo.

— Porém, agora — continuou Chris — terei de voltar atrás. Você perdeu o ensaio. O que o atrasou? Devia ter chegado aqui há dias.

Alfonso encolheu os ombros e pegou a larga taça de vinho, agitando o conteúdo e o levando casualmente até o nariz, e Anahí pensou que ele nunca responderia, até finalmente falar.

— O mercado americano estava turbulento, assim como alguns de nossos clientes. Pareceu imprudente ir embora muito cedo. Nessas circunstâncias, precisarei ir embora logo após o casamento.

O rosto de Chris se escureceu, a testa se enrugou.

— Você nunca disse que estava tendo problemas com clientes nos seus emails.

— Você está se casando — Alfonso reagiu — há algumas coisas das quais não precisa saber. Aliás, você já tem muita responsabilidade cuidando das finanças de Montvelatte.

— Então por que não deixar Kernahan cuidar disso? Afina de contas, você mesmo escolheu o novo gerente. Por que não pôde deixar isso com ele?

Os olhos do outro homem incandesceram com um brilho artificial enquanto ele encarava silenciosamente a multidão, a linha do maxilar tensa e rígida.

Anahí escolheu esse momento para pegar um pouco de água, pois precisava sentir algo gelado na garganta, que parecia muito apertada e seca. Não era uma ação muito ousada. O erro que ela cometeu foi virar a cabeça, apenas para ter os olhos conectados mais uma vez com o homem que estava a três cadeiras de distância e que a estava encarando. Ela sentiu um frio na espinha enquanto a conexão era feita e mantida.

— Ah, eu tive meus motivos — murmurou ele, com a voz baixa, os lábios tensos e os olhos ainda presos aos dela, a fim de Anahí ter certeza de que ele tinha esperado até o último momento para comparecer ao casamento do melhor amigo apenas para evitá-la.

A seu lado, Chris fez um movimento para protestar, mas sua noiva o interrompeu colocando uma das mãos em seu punho.

— Chris, Alfonso está aqui agora, com bastante tempo para o casamento. É tudo o que importa.