Fanfic: A princesa virgem(Adaptada) Anahí & Alfonso TERMINADA | Tema: AyA romance

Ele empurrou a cadeira para trás e caminhou até a beirada do terraço, desejando colocar um fim naquilo, precisando de espaço mental e físico. No andar abaixo, uma grande piscina se estendia até o penhasco, fundindo-se com o brilhante mar azul. Um mar interrompido por nada mais do que um navio ocasional e pela pedra afiada que descansava a quilômetros da costa. Mesmo àquela distância, parecia uma montanha, com aves marinhas formando nuvens em seu pico. E algo que Christopher mencionara abrandou a resistência que sentia e o impeliu a estender seu relacionamento com aquela mulher.

— Diga-me, foi ali que o helicóptero de Dulce caiu? Anahí seguiu o olhar dele e estremeceu, apesar do sol, lembrando-se do dia em que chegara ali em Montvelatte, e a ansiedade que sentira para conhecer a noiva de Ucker, apenas para descobrir que ela quase morrera antes mesmo de terem se conhecido.

— Pirâmide de Iseo? Isso mesmo.

— O que aconteceu? Christopher disse que ela teve sorte de estar viva.

Ele não se virou, apenas continuou olhando o oceano, e por isso ela estava grata. As lembranças daquele dia, o medo de não saber se Dulce estava viva ou morta, e a expressão angustiada do irmão quando ele pensara que tinha perdido a mulher que amava, tudo isso já era o suficiente para ela enfrentar, sem contar agora o olhar penetrante de Alfonso para lhe deixar ainda mais desestabilizada.

Então, ela endereçou suas palavras ao homem que estava de costas para ela.

— Houve uma tempestade de verão anormal naquele dia. Esteve se formando durante horas, mas quando caiu, foi feroz e devastadora. Dulce era uma passageira no helicóptero quando um raio atingiu a pedra, dispersando as aves marinhas e as enviando em pânico para todas as direções. O piloto não teve como evitá-las. O helicóptero foi atingido, uma das aves atravessou a cabine e derrubou o piloto.

Ele se virou tão repentinamente que ela pulou de susto.

— O que ela estava fazendo em um helicóptero, no meio de uma tempestade?

Anahí desviou o olhar, fazendo seu melhor para esquecer a respeito do tecido espalhado firmemente contra aquele corpo firme dele, e se lembrar daquele dia sombrio e da angústia que tinha levado Dulce a fugir, uma angústia que Anahí apenas soubera no dia seguinte, quando as duas mulheres tiveram a chance de conversar. Claro, parecia loucura alguém entrar em um helicóptero no meio de uma tempestade, mas, na época, Dulce fora deixada sem escolha, tendo que encarar um casamento com um homem que ela amava, mas que ainda assim se recusava a reconhecer seu amor por ela. Um homem que apenas dissera a verdade quando ela foi embora.

Mas como falar sobre amor para um homem como Alfonso, que sabia mais a respeito de ódio do que de amor?

— Dulce simplesmente não teve escolha. Precisava ir. Desse jeito, o piloto teve sorte de ela estar lá. Dulce conseguiu controlar o helicóptero tempo suficiente para levá-lo a uma pequena praia do outro lado da rocha. Não foi um pouso bonito, aparentemente, mas salvou aos dois.

— E Ucker estava aqui na ilha durante todo o tempo?

— Foram horas difíceis. Para todos, mas especialmente para Ucker. Ele foi um dos primeiros a fazer a procura com a guarda costeira, e ele estava lá quando o helicóptero foi encontrado com Dulce dentro. Ela teve cortes e contusões, mas ela e os bebês saíram milagrosamente ilesos. Dulce manteve a sobrevivência deles, provando que a Besta de Iseo está oficialmente morta.

Ele assentiu e voltou sua atenção para o oceano. Ele vagamente se lembrava da lenda da Besta de Iseo que dizia que, uma vez por mês, a besta da rocha acordaria, caçando pelas águas da redondeza, faminta por viajantes rebeldes e por marinheiros perdidos.

Era engraçado como algumas pessoas gostavam de definir seus monstros pelo calendário. Ele aprendera que a vida não era tão simples. A vida lhe mostrara que monstros e perigos estavam presentes em todos os dias de sua vida. E não ditados pelo calendário. Mas facilmente ditados por uma mulher. E no caso de Alfonso, a mulher que estava atrás de si.

Apenas um dia, ele prometeu a si mesmo, quando suas mãos se fecharam em punhos, apenas mais um dia e ele iria embora. Estaria longe dela.

— Parece que você leva a sério os costumes de Montvelatte -disse ele, finalmente se virando e se forçando a voltar a sentar de frente para ela enquanto seu café da manhã era servido. — Isso significa que você ficará aqui, agora que é uma princesa?

Ela riu, sabendo que ele estava falando sério.

— Você fala como se ser uma princesa fosse uma escolha de profissão.

— Você tem algo melhor a fazer?

Ela lhe lançou um olhar, mas ele havia desviado os olhos de qualquer maneira, seria um desperdício, afinal ele obviamente já tinha uma ideia formada a seu respeito.

— Você não sabia que sou designer de joias?

— É um trabalho de período integral?

Ela escolheu responder uma pergunta diferente.

— Na verdade, Xavier, meu parceiro, e eu estamos prestes a embarcar em uma expansão, com uma galeria e uma sala de exposição que vamos inaugurar em Honolulu, e estamos realmente animados com isso. Então, obrigada, mas sim, tenho algo de "melhor" para fazer.

Xavier? Ele ignorou a correção que ela fez e focou na elemento surpresa em suas palavras. Ele não tinha percebido que ela era comprometida, especialmente pelo comentário que fizera a respeito de ser muito ocupada. Claramente, ela não era tão ocupada. Porém, isso era realmente uma surpresa? Com a facilidade que ela tinha se oferecido para ele, Anahí devia ter encontrado alguma pessoa disposta a aceitar sua oferta. Provavelmente, muitas pessoas.

— Então, onde está esse Xavier? Por que ele não está aqui com você?

— Porque a inauguração é em menos de duas semanas. E por que ele deveria ser convidado?

— Foi você quem disse que ele é seu parceiro.

Ela piscou, lenta e decididamente, e ele imediatamente se arrependeu de passar a impressão de que se importava com isso. Não lhe importava, claro, seu interesse era apenas em lançar lacunas nos argumentos dela.

— Xavier Delajunty — ela começou após uma respiração calculada — é meu parceiro de negócios, e juntos nós possuímos o Paua International, uma empresa pequena, mas em expansão. Xavier cuida dos negócios e eu sou a chefe de design. 

Estivemos trabalhando com peças em paua e prata em Auckland por alguns anos, mas lentamente incorporamos pérolas à equação.

— Quando a nova galeria abrir em Honolulu — ela continuou — vamos lançar a nova coleção. Se for bem, temos planos de expandir para os Estados Unidos e Europa.

Poucas coisas surpreendiam Alfonso Herrera. Poucas pessoas. Mas não pela primeira vez, aquela mulher o surpreendeu.

— Não sabia que você tinha um trabalho.

— Não? Suponho que tenha imaginado que estive sem fazer nada, esperando me tornar princesa durante esses últimos anos. Enquanto você, estava acumulando tanto dinheiro que não teve tempo de respirar. Por que você é tão compulsivo, Alfonso? Dinheiro é tão sexy que você preferiu ter uma fortuna a uma esposa?

Qualquer sinal de remorso por tê-la interpretado mal foi consumido pelo calor que se espalhou dentro de si, pela onda de ressentimento que o deixou satisfeito. As coisas eram mais desse jeito, era mais o que ele esperava de alguém como ela.

Nenhuma surpresa.

— Talvez — ele replicou — tivesse sido bom ter tido escolha.

Ela o olhou com os olhos semicerrados, procurando pelo significado por trás daquele comentário enigmático, a pergunta já se formando nos lábios. Uma pergunta que nunca foi feita porque a empregada os interrompeu para oferecer mais café, e ele voltou sua atenção para a refeição, repentinamente se lembrando de sua fome e do motivo por estar ali no terraço. Não para ajustar velhas contas nem para reviver circunstâncias que as formaram, mas simplesmente para acabar com seu jejum. Para saciar sua fome e sede matutina.

E essa fome não tinha nada a ver com ela!