Fanfic: Les amours de Bianca (lésbica) **Terminada** | Tema: Amor entre mulheres

Três meses se passaram desde aquele dia, as duas seguiam firme, porém em um namoro escondido. Inventavam desculpas para se verem, se algum professor passava algo em dupla, faziam juntas, se era individual faziam juntas também. Estavam no quarto de Rafaela, a mãe dela havia acabado de sair, a empregada não tinha ido trabalhar naquele dia, as duas estavam sozinhas e deitadas na cama de solteiro.

Bianca: Sou apaixonada por fotografias...

Rafaela: Sério?

Bianca: Sim. Vamos tirar uma foto nossa, que tal?

Rafaela: Contanto que ninguém veja...

Bianca: Ninguém vai ver.

Começaram a tirar fotos com o celular de Bianca, faziam caretas, poses, e no final tiraram uma em que se beijavam, e então esqueceram as fotos e focaram apenas no beijo. Bianca largou o celular e levou as mãos ao rosto de Rafaela, intensificaram o beijo e a paixão tomou conta de Bianca, que ficou por cima da namorada. As mãos delas já não obedeciam mais a razão, o desejo tomou conta delas. Encerraram o beijo com um selinho e se olharam nos olhos.

Bianca: Você quer?

Rafaela: Sim, eu quero.

Voltaram a se beijar, dessa vez com mais volúpia. Seguiram seus instintos, seus sentimentos, e se entregaram à paixão pela primeira vez. Após momentos de êxtase, Bianca teve que ir embora, e chamou um táxi para leva-la. Para as famílias nada de estranho acontecia, pareciam duas melhores amigas, coisa normal de adolescentes. Mas quem desconfiava de algo era Lucas. Percebia os sumiços da irmã e de Rafaela das aulas, que a irmã havia abandonado as antigas amigas, que tudo elas faziam juntas, que viviam trancadas no quarto, que a irmã havia mudado o comportamento, tanto que mal provocava ele. Estava decidido a descobrir a resposta desse segredo. Uma semana depois, à tarde, Rafaela foi até a casa da namorada e, como sempre, se trancaram no quarto. Namoraram um pouco.

Rafaela: Amor, me traz um pouco de água?!

Bianca saiu do quarto e logo voltou com a água para Rafaela, mas esqueceu de fechar a porta, deixou-a apenas encostada. Rafaela bebeu a água e Bianca sentou-se ao seu lado.

Rafaela: Senti fraqueza... Não sei o que me deu.

Bianca se preocupou.

Bianca: Não se sente bem? Quer comer algo? Ir ao hospital?

Rafaela sorriu.

Rafaela: Não amor, já passou.

Lucas chegou na porta e ficou observando-as.

Bianca: Eu me preocupo bastante com você... Qualquer coisa que sentir me fala.

Rafaela: Eu falarei... Por isso que eu te amo.

Sorriram e se beijaram. Lucas fotografou com o seu celular e, surpreso, saiu dali. Mais tarde mostrou aos seus pais, e diferente do que esperava, nada fizeram. Pareciam já saber da sexualidade da filha, ou simplesmente não se importavam. Isso deixou Lucas com ódio, e no dia seguinte na escola chamou Rafaela em um canto.

Rafaela: Ai garoto!  O que você quer?

Lucas: Que você se afaste da minha irmã.

Rafaela cruzou os braços e o encarou.

Rafaela: Porque eu faria isso?

Lucas: Porque eu quero.

Ela gargalhou.

Rafaela: Você é idiota de nascença ou ficou assim com o tempo? Sua irmã é minha melhor amiga, não vou me afastar dela.

Lucas: E amigas fazem isso?

Mostrou a foto no celular. Rafaela ficou boquiaberta.

Rafaela: Como conseguiu isso?

Lucas: Não importa, só espero que não veja mais minha irmã, ou seus pais ficarão sabendo disso, e se disser a ela que fui eu quem te fez fazer isso, vou fazer muito pior.

Saiu de perto dela, deixando-a sem reação. Conhecia seus pais, principalmente seu pai, dono de uma rede de supermercados muito famosa, que apesar de ser um bom homem, era muito machista, jamais aceitaria uma filha lésbica. Não voltou para a sala depois do ultimato de Lucas, Bianca sentiu sua falta, mas não pode sair para procura-la. Logo chegou um garoto na sala, dizendo ao professor que Rafaela havia passado mal e iria embora. Bianca bem que tentou, mas não pode ir atrás dela. Chegou em casa apreensiva e ligou para a casa da namorada.

Antônia: Alô?

Bianca: Oi senhora, é Bianca. Como Rafaela está?

Antônia: Melhor... Foi só uma queda de pressão.

Bianca ficou um pouco mais aliviada, mas mesmo assim precisava vê-la.

Bianca: Posso falar com ela?

Antônia: Ela disse que não quer falar com ninguém.

Bianca: Pode falar que sou eu.

Antônia: Ela disse ninguém, muito menos você.

Aquilo foi um banho de água gelada em Bianca.

Antônia: Vocês duas brigaram?

Bianca: Não... Eu não entendo...

Antônia: Eu menos... Quer deixar algum recado?

Bianca: Não, obrigada. Tchau.

Antônia: Tchau, liga outra hora, ela deve estar estressada agora.

Bianca: Pode deixar, eu ligo.

E desligaram. Bianca ficou sem entender, pegou o celular e tentou ligar para a namorada, sem sucesso. Mandou vários sms’s, mas nenhuma resposta. Ficou com medo do pior. Resolveu seguir o conselho da mãe de Rafaela e deixou ela ter seu tempo. No dia seguinte, sexta-feira, ficou esperando-a chegar no portão, Lucas ria da apreensão da irmã. Rafaela passou por ela e a ignorou como se fosse uma pessoa qualquer. Bianca foi atrás dela.

Bianca: Rafaela! Rafaela! Espera!

A alcançou e segurou seu braço.

Bianca: Porque não quis falar comigo ontem? Porque não retornou minhas ligações, minhas mensagens.

Rafaela a fitou, pegou seu braço e a puxou em um lugar mais vazio. Bianca pode perceber os olhos dela inchados de tanto chorar.

Rafaela: Acabou.

Bianca ficou incrédula.

Bianca: O que?

Rafaela: Acabou, terminou. Eu não sou lésbica.

Bianca: Você só pode estar brincando. Pode me dizer o que aconteceu pra que de uma hora para outra você tenha feito essa descoberta? E porque estava chorando? Alguém lhe falou alguma coisa?

Rafaela: Entenda, era só um passatempo, um treino, eu não quero continuar com isso, acabou.

Aquelas palavras duras foram como uma facada no coração de Bianca, um soco em seu estômago. As lágrimas corriam pelo seu rosto initerruptamente, a vontade de Rafaela era de abraça-la, beijá-la e dizer que tudo não passava de uma brincadeira, mas seu medo era maior. Havia se preparado para esse momento, mas tudo quase foi pelo ralo quando viu Bianca chorar daquele jeito. Sabia que tinha sido dura demais nas palavras, mas só assim pra não se render.

Bianca: Eu não acredito em você.

Disse entre soluços, e pôs as mãos no rosto. Rafaela sentiu uma lágrima rolar em seu rosto e secou-a rapidamente. Tinha que sair dali senão desabaria em lágrimas na frente de Bianca.

Rafaela: Essa é a verdade, goste ou não.

Saiu em passos largos e foi para o banheiro. Bianca estava desolada, sem chão, sem mundo... Seu peito doía, tinha a sensação de que sua cabeça iria explodir, não acreditava nas palavras de Rafaela, mas não tinha condições de ir para a sala. Rafaela desabou no banheiro, já havia pensado em se assumir para seus pais, mas nunca teve coragem, sabia o quanto o pai era preconceituoso, quantos comentários homofóbicos já tinha ouvido dele para outras pessoas, e seu medo maior era ser mandada para um internato, ou para morar no interior com parentes, ou somente ser expulsa de casa. Se Lucas enviasse aquela foto aos seus pais seria o seu fim, e ela se sentia impotente, covarde por não enfrentar ele e jogar tudo pro ar para ficar com Bianca.