Fanfic: A Cegueira AyA - Adaptação | Tema: Ponny - RBD

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Eu fui para o outro lado do quarto para dar espaço para o médico e me encostei na parede. Eu

não tinha noção do que poderia acontecer, meu coração parecia que ia pular do meu peito.

Ruth e Roberto estavam na outra parede de frente para Alfonso, mas ainda distante o

suficiente para dar espaço para ele. Os olhos de Ruth estavam cheios d‟água e eu me

perguntei se eu também estava assim.

Eu sabia que o médico estava falando com Alfonso mas eu não conseguia ouvir nada. Eu

sentia o sangue pulsar nas minhas orelhas, minha respiração pesada no meu peito.

Eu vi quando as últimas bandagens foram retiradas e vi as cicatrizes ainda recentes em seus

olhos. Ele piscava freneticamente, como se ele quisesse tirar algo dos olhos.

“Então. Me diga o que você vê.” – o médico perguntou. As palavras pareciam ecoar por todo o

quarto.

“E-e-eu não sei... Mas não é o mesmo. Não está escuro.” – Alfonso falava lentamente. Meu

coração pulou. Foi a garganta e voltou. Eu ia explodir. Não está preto. Isso era bom. Muito

bom.

Dr. Pedro bateu palmas – “Excelente! Vou checar um outro paciente e voltarei em uma hora. Aí

faremos alguns testes.”

Alfonso olhou para baixo. Pela expressão de seu rosto notava-se o grande fluxo de informação

fazendo efeito. Suas mãos tremiam levemente.

“Eu vou conversar com o médico. Volto já.” – Ruth falou limpando as lágrimas do rosto. Eu não

tinha certeza se ela estava indo conversar com o médico ou se sua intenção era se recompor.

Roberto deu dois tapinhas no ombro de Alfonso – “Voltamos já, filho.” – e então saiu nos

deixando a sós.

Os olhos de Alfonso continuaram a vagar pelo quarto – e seus objetos – até que ele olhou para

as próprias mãos. Ele levantou as mãos a frente do rosto e começou a flexionar os dedos. Eu

observava enquanto ele, atentamente olhava as costas e as palmas das mãos.

“Então isso é uma mão.” – ele falou para ele mesmo, finalmente descansando as mãos no colo.

Eu não consegui conter uma pequena risada acompanhada de um pequeno soluço proveniente

do meu choro. Gelei ao perceber que ele começou a se virar na minha direção. Ao pousar os

olhos em mim ele piscou e concentrou os olhos para conseguir foca-los – “Anny?”