Fanfic: Uma Noite no Deserto AyA adaptada (finalizada) | Tema: AyA, Ponny

A mesa ficava diante de janelas que iam do chão ao teto, com vista para o parque... Um móvel de arte damascena em madeira clara localizava-se no centro do cômodo, com talheres de prata, porcelana branca e copos de cristal. Novamente, havia ricas pinturas abstratas nas paredes.

-É um lindo cenário –disse Any.

-O que você estava esperando... uma mesa baixa, almofadas de seda e um teto de barraca? –provocou ele.

-Talvez não um teto de barraca, mas, considerando o aroma da cozinha, sim, estava esperando o resto.

Alfonso sorriu.

-Isso pode ser arranjado. Como diz o ditado, tudo o que preciso fazer é estalar os dedos.

-Engraçadinho.

Alfonso olhou para cima, pensativamente.

-Não. Um teto de barraca não estaria aqui, porque eu não poderia ir ao lado de fora e ver as estrelas do deserto.

-Você não pode ver estrelas em Londres – disse Any, entendendo exatamente o que ele queria dizer. – Esse é um dos motivos reais pelos quais adoro visitar a mamãe e Yves na França...

Posso sentar ao ar livre o observar as estrelas.

Sua mãe e seu irmão, eles não moram na cidade?

- Minha mãe e meu padrasto. Eles moram em Provença, no meio do nada. Bem, o aeroporto de Marseille fica a trinta minutos, e há uma cidade aproximadamente 15 quilômetros, mas o lugar é afastado o bastante. A vida transcorre em um ritmo bem lento e você pode relaxar ao sol.

-Como no deserto- murmurou Alfonso. – Mas aposto que você nunca viu nada parecido com as estrelas de Harrat Salma.  

-Você sente falta de seu país?

-Sim e não. Tenho vivido na Inglaterra por mais da metade da minha vida.

-Então você estudou aqui?       

-Desde os 13 anos.

-Deve ter sido difícil deixar sua família.

-Eu não estava completamente sozinho. Meu ir... – Alfonso parou de repente, a expressão se fechando. – Bem, hora do almoço. Sente-se habibti.

O que ele ia dizer? Irmão? Contudo. Não havia nenhuma referência de irmão nas notícias de jornal sobre Alfonso al – Hassan.

Apenas modelos e atrizes, todas loiras de pernas longas.

Ele levou diversas travessas a mesa, então se sentou diante dela.

-Você teve muito trabalho. Obrigada.

Alfonso deu de ombros.

Como falei, gosto de cozinhar. Posso servi-la?

Eles conversaram sobre os pratos... tabule e falafel, Any conhecia, mas não hashweh... berinjelas recheadas com carne de carneiro e shakshouka... pimentões assados com alho, tomate e coentro.

-Fabuloso- disse ela quando provou cada prato. – Você é realmente corajoso por cozinhar para mim. A maioria das pessoas entra em pânico com a ideia de cozinhar para um chef treinado.

-Não entro em pânico facilmente. E prefiro ouvir sua opinião á opinião de algum convidado bem-educado.

Ela o olhou.

Há um bom equilíbrio de sabores e texturas. Está tudo delicioso. A única coisa que pergunto é: estes pratos são feitos para serem servidos mornos, em vez de quentes?

Alfonso inclinou a cabeça.

-Estamos fazendo do jeito tradicional. Mas é como no Mediterrâneo... os gregos também servem pratos não quentes.

Se você um dia decidir que não quer ser mais sheik, faça um curso de culinária e obtenha um certificado de gastronomia – murmurou Any com um sorriso.

-E ser seu aprendiz novamente?

Não. Cozinhando bem assim, você conseguiria uma parceira em uma semana.

-Parceira. – Os olhos dele brilharam. – Manterei isso em mente habibti.

Any sabia que ele estava falando de outro tipo de parceira... sobre uma amante.

E também sabia que aceitaria a oferta de Alfonso. Talvez até instigá-la.

Suas mãos tremeram levemente quando levou o copo de suco de laranja á boca.

A sobremesa foi sorvete com aroma de água de rosas, salpicado com sementes de romã.

-Esta é uma boa combinação – elogiou ela. – Gosto, textura e cor. – Dando uma colherada no sorvete, sentiu o sabor explodir em sua boca. –humm, maravilhoso.

-Romãs representam desejos proibidos- disse Alfonso.

Algumas culturas acreditam que Eva foi tentada com uma romã, em vez de com uma maçã.

Tentação.

Uma palavra que podia definitivamente associar com Alfonso.

Visualizou- o alimentando – a com uma romã, semente por semente, enquanto ela estava deitada no colo dele, e o pensamento fez sua temperatura corporal subir. Porque a imagem se tornou mais ousada... com Alfonso abaixando-se para lamber o suco da fruta em seus lábios, então...

Habibti? Você está bem?

-Não. Ela o queria. Agora.

-Foi um esforço recuperar o controle.

Estou bem- mentiu.

Ele permitiu que ela o ajudasse a tirar a mesa, mas se recusou a deixá-la lavar a louça.

E agora vou fazer o café.

comentem...