Fanfic: Uma Noite no Deserto AyA adaptada (finalizada) | Tema: AyA, Ponny

ALFONSO SENTOU-SE no avião, olhando cegamente pela janela. Era como a última vez, quando ele fora a Harrat Salma da Inglaterra depois da frenética chamada telefônica. Quando tinha ido para cumprir seu dever. E encontrara o irmão mais velho morto.

Desta vez... seria o mesmo? Teria a saúde do pai piorado enquanto Alfonso viajava? Chegaria a tempo?

Por favor, Deus, deixe meu pai esperar, rezou.

Desejou ter pedido a Any que fosse com ele. Que estivesse ao seu lado, apoiando-o com sua força tranquila, enquanto ele encarava seus profundos medos.

Mas sabia que isso seria injusto. Any tinha compromissos. Não podia esperar que ela decepcionasse seus clientes, quebrasse suas promessas, perdesse sua integridade. Ademais, precisava contar a sua família sobre ela primeiro. Embora aquela não era a hora certa.

A viagem de avião parecia durar para sempre. Mas havia um carro oficial esperando no aeroporto e um chofer o levou direto para o hospital. Ele mandou uma mensagem de texto para Any, avisando que chegara seguro em Harrat Salma, então desligou seu celular quando entrou no hospital.

Sua mãe e sua irmã estavam no quarto do pai. Alfonso abraçou ambas: depois sentou-se na cama ao lado do pai e tomou-lhe a mão.

-Meu filho. Você veio. – O velho homem fez um esforço para sorrir.

-É claro, no instante em que soube. – Alfonso esfregou a mão do pai. –Como está se sentindo?

-Melhor – disse Faisal. – Os médicos dizem que vou melhorar.

-Ele exagera as coisas – falou Johara com uma careta.

Alfonso sorriu para a mãe.

-Como ele sempre fez nos últimos trinta anos. – Mas a doença do pai era um lembrete para todos que Faisal estava ficando velho. Que estava alcançando a idade para entregar o reinado para seu filho. Se fosse acometido por outro infarto, poderia não ter tanta sorte da próxima vez.

-Perdoe-me – disse Faisal suavemente.

-Não há nada para perdoar. Mas você precisa descansar. Abuya. E obedeça aos médicos. – Alfonso abraçou o pai. – Estou tão feliz por você não parecer tão mal quanto eu esperava.

Mas parecia mal o bastante para preocupa-lo.

Alfonso teria de ficar em casa para sempre. Esse era o fardo que aceitara a cinco anos atrás.

Somente não esperava que fosse tão pesado. Ou que acontecesse tão breve.

E a ideia de ter que encarar tudo isso sem Any...

Alfonso passou o resto da noite no hospital e retornou ao palácio com sua irmã, Farah. Sua mãe, como ele esperava, recusou-se a deixar o leito de Faisal. No palácio, Alfonso conversou com Farah, assegurando-lhe que tudo ficaria bem... mesmo que não sentisse isso... E eram 3 h quando finalmente ficou sozinho. Olhou para o relógio. Mesmo com a diferença de fuso horário, Any estaria dormindo naquele momento. Mas pediria que ligasse quando pudesse.

Ele pegou o celular e discou.

Ela atendeu prontamente.

-Alfonso? Como está seu pai?

-Um pouco calado e triste. Os médicos garantem que ele vai se recuperar. Mas terei que ficar aqui por enquanto, habibti.

- É claro. Sua família vem em primeiro lugar. Há algo que possa fazer por você aqui?

-Não. Mas obrigado por perguntar. – Ele pausou. – É bom ouvir a sua voz, Any. Sinto sua falta.

-Ahã.

A resposta era neutra. Não um bom sinal. Any já estava se afastando. Tentando fazer o que pensava que ser certo, talvez?

Mas ele precisava dela. Amava-a. A vida sem Any era impensável.

-Any?

-Sim?

-Quero lhe contar algo que deveria ter contado antes de partir. – Ele pausou. – Eu amo você, Any.

Houve o que pareceu ser um pequeno soluço do outro lado da linha.

- Habibti, você está chorando?

-Não.

Não era verdade, e ele sabia disso.

-Alfonso, eu... – Desta vez, ele a ouviu conter as lagrimas.

-Eu te amo também.

-Tudo vai ficar bem – murmurou ele, mesmo sabendo que era uma promessa vazia. – Durma, agora. Telefonarei amanhã. Eu te amo.

-Também amo você – sussurrou ela.

Alfonso desligou e olhou para as estrelas do deserto. As estrelas das quais sentia tanta falta em Londres. Preferia a poluição de Londres se significasse ter Any ao seu lado.

-Tem que haver uma saída para isso – disse ele as estrelas.

E iria aos confins da terra para encontrar a solução, se fosse preciso.

comentem...

reta final, pessoal!