Fanfic: Uma Noite no Deserto AyA adaptada (finalizada) | Tema: AyA, Ponny

Ele meneou a cabeça.

-Não posso fazer isso agora. Não agora que sei o que é amar Any. Não posso fazer promessas, sabendo que estou mentindo para minha noiva, para meu país e para mim mesmo. Eu me sentiria desonrado. Errado.

 Johara parecia pensativa.

-Você passou metade de sua vida na Inglaterra. Absorveu a cultura deles. E outros monarcas têm desposado mulheres do Ocidente. Talvez o problema não seja tão insuperável.

Alfonso fechou os olhos por um momento. Tão perto, todavia tão longe.

-Não lhe contei tudo, ommi. Any é divorciada. Não por culpa dela. Por culpa de um marido que eu queria torcer o pescoço.

-Violência não resolve nada.

-Eu sei. – Ele olhou para a mãe. – Reinarei Harrat Salma bem.

- É claro que sim, habibti. Você é um homem bom. Forte.

Mas acha que conduzirá nosso país melhor se ela estiver ao seu lado.

Alfonso mordeu o lábio.

-Eu a pedi em casamento, e ela recusou.

Johara arqueou o cenho.

- E você ainda diz que ela o ama?

- Sim. E por isso mesmo recusou. Ela acha que não será aceita aqui como minha esposa. Não tem sangue real, não é árabe e, ainda por cima, é divorciada. – Ele suspirou. – Diz que já fiz muitos sacrifícios... não quer que eu faça outros por ela.

-Você lhe contou sobre seus vulcões? – Johara parecia surpresa.

-Ela entende. É o mesmo com as comidas de Any... Ela cozinha – explicou ele. – É uma chef maravilhosa. – Ele fez uma careta. –Exceto que como minha esposa não podia continuar trabalhando em seu negócio próprio... Ela seria necessária em um papel diplomático, ao meu lado.

-Então você está pedindo-lhe para desistir de tudo – disse a mãe. – Um lar, uma família, amigos, profissão. A vida inteira. Para viver a centena de quilômetros, aos olhos do público, em um lugar onde ela pensa que muitos não a aceitarão. É muito para se pedir a alguém, habibti.

Alfonso estudou a mãe. Então, perguntou:

-Você aceitaria Any?

Johara não disse nada, claramente avaliando a pergunta.

E suas próximas palavras o surpreenderam:

-Adivinhei que havia alguém. Notei quando você ligou para ela.

Ele arregalou os olhos.

-Como?

-Porque, por um momento, havia um sorriso nos seus olhos. – Ela pausou. – Como monarca de nosso país, você terá muitas responsabilidades. Muitos fardos. E a mulher que acabou de descrever não é uma noiva adequada.

Alfonso sabia que sua mãe, estava falando em nome do marido também. Ele tinha de aprender a conviver com isso. Viver meia vida, pelo resto de seus dias. Não se casaria... Se não pudesse ter Any, não queria compartilhar sua vida com ninguém... Mas seria um bom monarca. E rezaria para Any encontrasse a felicidade que ele queria lhe dar, mas não podia.

Então ele percebeu que sua mãe ainda estava falando:

-Ommi? Desculpe-me, eu estava longe.

-Eu sei. – Ela lhe acariciou o cabelo. – Eu estava dizendo, você precisa de uma esposa para apoiá-lo, que porá um sorriso nos seus lábios quando os dias forem duros. E, se sua Any pode fazer isso por você, então, apesar de tudo, eu lhe darei as boas-vindas como minha nova filha.

Ele não podia acreditar no que estava ouvindo.

-Você a aceitará?

Johara inclinou a cabeça.

- Não direi que será fácil. Haverá falatório, murmúrios. Ela precisará comprometer-se com algumas coisas, aprender nossa cultura. Mas, se a aceitarmos, então nosso povo a aceitará também. Eles aprenderão a amá-la como você a ama.

-Uma barreira derrubada – disse Alfonso.

- E ainda há tantas a derrubar, eu sei – disse sua mãe. – Mas, se sua Any o ama, verá que seu destino envolve mais do que a vida de uma pessoa. E ela o ajudará nisso. Estará ao seu lado o tempo todo.

-Como você esteve com meu pai?

-Exatamente. Ajudaria se eu falasse com ela?

-Provavelmente não.

-Então volte para Inglaterra, filho. Converse com ela. Mostre-lhe o que há realmente no seu coração. E, se o destino de vocês for a união, ambos saberão.

Alfonso acariciou- lhe a mão.

-Isso terá de esperar. Você precisa de mim aqui.

-Podemos nos virar sem você por alguns dias. Siga seu coração. E você tem um coração bom, meu filho. Fará a coisa certa.

Comentem...