Fanfics Brasil - 2 Manhã de outono

Fanfic: Manhã de outono | Tema: Christopher Uckermann e Dulce Maria


Capítulo: 2

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CAPÍTULO DOIS


Durante o restante da noite, tentou evitar Christopher, grudando-se em Nan e Phillip como uma sombra, enquanto cuidava das feridas emocionais. Christopher parecia nem notar. Estava com Maude e um dos congressistas mais jovens do grupo, imerso em uma discussão.
— Sobre o que será que eles estão conversando agora? — perguntou Phillip, dançando com Dulce pelo salão, embalados por uma das poucas músicas lentas do grupo.
— Sobre salvar cobras — murmurou ela, fazendo bico. Seus olhos estavam repletos de mágoa, escuros como jade.
Phillip suspirou profundamente.
— O que ele fez agora?
— O quê? — perguntou ela, erguendo o rosto corado e fitando os olhos divertidos e pacientes de Phillip.
— Christopher. Não faz nem dez minutos que ele chegou e vocês dois já estão se evitando. Estão repetindo a briga!
Ela cerrou o maxilar.
— Ele me odeia, eu já falei.
— O que ele fez? — repetiu.
Ela olhou para o botão da camisa de Phillip.
— Ele disse... Ele disse que eu não podia ser promíscua.
— Que bom para Christopher — disse Phillip, com incômodo entusiasmo.
— Você não entende. Isso foi apenas o início — ela explicou. — Impliquei com ele por não ser nenhum santo, e ele retrucou dizendo que eu estava me intrometendo na vida dele. — Dulce ficou tensa ao se lembrar da raiva quente e pungente que emanava de Christopher. — Eu não queria dizer nada em especial.
— Você não sabia de Delia? — ele perguntou delicadamente.
Ela o fitou, incógnita.
— De quem?
— Delia Ness. Ele acabou de terminar com ela — explicou.
Seu corpo esbelto foi dominado por uma onda de aflição, e Dulce se perguntou por que pensar em Christopher com outra mulher lhe causava essa reação.
— Eles estavam noivos?
Ele riu suavemente, fazendo-a corar.
— Não. Ela está correndo atrás dele desde que terminaram o namoro, choramingando e enviando cartas. Você sabe como essas coisas podem afetá-lo. — Phillip a segurou e rodopiou-a, acompanhando a música, voltando a abraçá-la levemente. — Isso não melhorou em nada o humor dele. Acho que Christopher ficou contente com a viagem para a Europa. Já faz mais de uma semana que ela não telefona.
— Talvez ele esteja sentindo falta dela — sugeriu.
— Christopher? Sentindo falta de uma mulher? Querida, Você o conhece melhor do que isso. Christopher é o verdadeiro homem auto-suficiente. Nunca se envolve emocional-mente com as mulheres.
Ela estava brincando com a gola do terno de Phillip.
— Ele também não precisa descontar a irritação em mim — protestou, zangada. — Principalmente durante a minha festa de boas-vindas.
— Culpa do fuso horário — defendeu Phillip. Ele parou junto com a música e fez careta quando o rock recomeçou. — Vamos nos sentar um pouco — gritou, tentando fazer-se ouvir. — Minhas pernas se embaralham quando danço isso.
Ele a acompanhou pelo salão, até a varanda, conduzindo-a, amigavelmente pela mão.
— Não deixe Christopher estragar sua noite — disse gentilmente, enquanto se inclinavam sobre a balaustrada de pedra, olhando para as luzes da cidade, que brilhavam como jóias no horizonte escuro. — Ele teve uma semana difícil. Não foi fácil resolver a greve na fábrica de Londres.
Ela assentiu, lembrando que uma das maiores indústrias têxteis da empresa estava instalada lá, e essa situação sequer se assemelhava à primeira greve que havia prejudicado a produção.
— Aquela filial só dá problema — acrescentou Phillip, suspirando. — Não sei por que Blake não fecha essa fábrica de uma vez. Temos indústrias o bastante em Nova York e Alabama para não permitir a queda da produção.
Ela brincava com as folhas enquanto ouvia a voz agradável de Phillip. Ele estava explicando como a empresa seria mais lucrativa se eles comprassem duas outras fábricas de algodão, incorporando-as ao conglomerado. Discorria sobre quantos eixos cada uma teria que operar, e como novos equipamentos poderiam aumentar a produção. E tudo o que ela ouvia era a voz intensa e furiosa de Christopher.
Não era culpa dela que a amante rejeitada dele não aceitava "não" como resposta. E Dulce não precisava investigar a vida particular dele para saber que  tinha muitas mulheres. Seu rosto ruborizou ao pensar em Christopher envolvendo uma mulher em seus braços fortes, com o torso nu e bronzeado, acolhendo um corpo delicado contra seu peito musculoso, recoberto por uma leve penugem escura.
Ela ficou ainda mais vermelha. Estava chocada com os próprios pensamentos. Só tinha visto Christopher sem camisa uma ou duas vezes, mas jamais esquecera aquela imagem. Ele era só músculos, e os pêlos negros que o cobriam todo o tórax enfatizavam sua virilidade. Não era difícil entender o efeito que ele causava nas mulheres.Dulce tentava não pensar nisso. Ela sempre fora capaz de separar o Christopher que fazia parte da sua família do Christopher arrogante e atraente, que cativava todas as mulheres, onde quer que estivesse. Pensou fixamente em seu rosto obscuro, e tentou se lembrar que ele a vira crescer — da infância à adolescência — até se tornar mulher, e sabia muito sobre ela para achá-la atraente. Ele sabia, por exemplo, que ela atirava objetos na parede quando ficava nervosa, que nunca enchia as fôrmas de gelo. Sabia que tirava o sapato na igreja e que subia em árvores para se esconder do padre, quando ele ia visitá-la, nas tardes de domingo. Sabia até mesmo que, às vezes, ela jogava a roupa suja atrás da porta e não no cesto. Dulce suspirou pesadamente. Ele sabia demais.
— Dulce! Ela assustou-se.
— Desculpe, Phil — disse rapidamente. — Meus pensamentos se perderam na noite. O que você estava dizendo?
Ele balançou a cabeça, rindo.
— Não importa, querida. Não era nada importante. Está se sentindo melhor agora?
— Eu não estava bêbada — defendeu-se.
— Não, só um pouco tonta. Três taças de ponche, não? E a mamãe despejou toda a garrafa de rum no drinque, para a alegria de nossos convidados.
— Não percebi que estava tão forte — admitiu Dulce.
— Tem efeito cumulativo. Quer voltar lá para dentro?
— Precisamos voltar? — perguntou. — Não podemos escapar pela porta dos fundos e ir ver o novo filme de ficção científica que está passando na cidade?
— Fugir da própria festa? Que vergonha!
— É, estou envergonhada — concordou ela. —Mas podemos?
— Podemos o quê!
— Ir ver o filme. Por favor, Phil — implorou. — Salve-me dele. Eu minto para a Maude e digo que seqüestrei você, sob a mira de um revólver.
— Você vai fazer isso? — perguntou Maude, rindo. — Por que você quer seqüestrar o Phillip?
— Tem um filme novo de ficção científica e...
— E assim você ficaria longe de Christopher até amanhã de manhã, é isso? — adivinhou a mãe de Phillip.
Dulce suspirou, apertando as mãos.
— É — admitiu.
— Bem, eleja foi embora. Ela ergueu os olhos rapidamente.
— Christopher?
— Sim, Christopher. — Maude riu suavemente. — Reclamando da banda, do ponche, dos políticos, do fuso horário, dos sindicatos, da poluição, das mulheres. Eve quase chorou de alívio quando ele disse que ia se retirar.
— Espero que ele tropece pelo caminho.
— Você é muito maliciosa, não? — perguntou Phillip, implicando com ela.
Maude curvou-se, cansada.
— De novo, não. Sinceramente, Dulce Maria, essa guerra eterna entre você e o meu filho mais velho vai me deixar com úlcera! O que ele fez dessa vez?
— Disse que ela não podia ser promíscua — revelou Phillip. — E ficou zangado quando ela disse que ele a tratava de uma maneira, mas agia de modo contrário consigo mesmo.
— Dulce, você não disse isso para o Christopher! Dulce parecia um pouco desconcertada.
— Eu só estava brincando.
— Querida, sorte você não estar próxima a nenhum poço onde ele pudesse jogá-la — Maude disse. — Ele está completamente mal-humorado desde que Delia, com quem ele se divertia, tornou-se muito possessiva e ele a dispensou. Lembra, Phil? Foi quando Dulce escreveu dizendo que ia fazer um cruzeiro em Creta com Missy Donavan e o irmão dela, Lawrence.
— Por falar em Lawrence — disse Phillip, pronunciando o nome dramática-mente —, o que aconteceu?
— Ele me fará uma visita quando terminar o congresso de escritores — disse ela, sorrindo. — Ele acabou de vender outro livro de mistério e está muito entusiasmado.
— Ele planeja passar alguns dias aqui? — perguntou Maude. — Christopher não gosta de escritores, desde que aquele repórter fez uma matéria sobre seu caso com a garota do concurso de beleza. Como era o nome dela, Phil?
— Larry não é repórter — Dulce rebateu. — Ele só escreve ficção.
— A matéria de Christopher com a garota do concurso era exatamente isso, ficção — sorriu Phillip.
— Você não pode hospedar Lawrence enquanto Christopher estiver aqui. Tenho a impressão de que ele não gosta desse homem.
— Larry não aceita derrotas — respondeu Dulce, lembrando do temperamento difícil e do cabelo vermelho do amigo.
Maude franziu o cenho, enquanto pensava.
— Phillip, acho que você deve dar a Delia e o número de telefone secreto de Christopher, antes que o amigo de Dulce chegue.
— Será apenas por um ou dois dias — protestou ela. Seus traços jovens e suaves se acentuaram. — Achei que Greyoaks também fosse minha casa.
O rosto de Maude ficou mais tranqüilo e ela envolveu Dulce em seus braços.
— Querida, claro que é, você sabe disso! Mas Christopher também está em casa, e isso vai gerar problemas.
— Só porque Larry é escritor?
— Essa não é a única razão. — Maude suspirou, batendo-lhe nas costas carinhosamente. — Christopher é muito possessivo com você, Dulce. Ele não gosta que saia com homens mais velhos, principalmente com tipos como Jack Harris.
— Um dia ele vai ter que me soltar — disse Dulce, com teimosia, afastando-se de Maude. — Sou mulher, e não a criança para quem ele comprava chiclete.
— Se começar uma guerra com Christopher diante de tais circunstâncias, teremos grandes problemas.
Dulce ergueu a mão para afastar a mecha de cabelo que o vento levou até sua boca.
— Não conte a ele que Larry virá — disse, levantando o rosto, desafiadora.
Phillip fitava Maude.
— O seguro de saúde dela está em dia?
— Christopher controla todo o nosso dinheiro — relembrou Maude. — Você pode ficar totalmente sem mesada, e até sem carro.
— Não há nenhuma revolução sem sacrifício — disse Dulce, orgulhosa.
— Que tristeza! — lamentou-se Phillip, virando-se.
— Volte aqui — chamou Dulce. — Ainda não acabei!
Maude começou a rir.
— Acho que ele foi acender uma vela para você. Se planeja enfrentar Christopher, vai precisar de ajuda espiritual.
— Ou talvez seja Christopher riu.
Quando chegaram, a casa estava tranqüila. Maude suspirou, genuinamente aliviada.
— Até o momento, tudo está indo bem — disse, sorrindo para Dulce e Phillip. — Agora, vamos fazer silêncio ao subir...
— Por que vocês estão fazendo tanto silêncio? — perguntou uma voz profunda e irritada.
Dulce sentiu todas as resoluções que tomara enfraquecerem, quando virou-se e encontrou-se diretamente com os olhos negros e zangados de Blake.
Ela baixou o olhar. O coração batia forte dentro do peito, enquanto escutava Maude explicando por que os três estavam tão silenciosos.
— Sabíamos que você estaria cansado, querido — disse ela gentilmente.
— Cansado que nada! — disse, segurando um copo com um líquido amarelo-escuro e bebendo tudo num só gole. Olhou para Dulce. — Vocês estavam a par de minha briga com Dulce.
— Ela estava sob os efeitos do ponche, Christopher — revelou Phillip, sorrindo. — Estava anunciando sua independência e preparando uma revolução sagrada.
— Por favor, cale a boca — conseguiu pronunciar Dulce, em um sussurro torturante.


— Mas, querida, você estava tão corajosa na casa dos Barrington repreendeu Phillip. — Não quer ser uma mártir da liberdade?
— Não. Isso está me enojando — corrigiu ela, engolindo em seco. Olhou para o rosto duro de Christopher. De repente, todas aquelas palavras ásperas voltaram e ela desejou fervorosamente ter aceitado o convite de Nan para passar a noite em sua casa.
Distraído, Christopher brincou com o líquido amarelo que havia sobrado no copo.
— Boa noite, mãe, Phil.
Ao se encaminhar para a escada, seguida por Phillip, Maude lançou um olhar de desculpas para Dulce.
— Você não prefere discutir sobre a fusão com a empresa Banes? — Phillip sorriu para Christopher. — Seria muito mais simples.
— Não me abandonem — urgiu Dulce.
—Foi você quem declarou guerra, querida — respondeu Phillip. — E eu acredito na política de não-interferência.
Ela apertou as mãos, tremendo debaixo de seu casaco de pele, apesar do calor da casa e do fogo nos olhos de Christopher.
— Bem, vá em frente — murmurou ela, deixando os olhos caírem para a gola aberta da camisa de seda dele. — Você já me atacou uma vez, pode arrancar o meu braço.
Ela riu delicadamente e o fitou, surpreendendo-se ao ver divertimento em seus olhos.
— Venha até aqui conversar comigo — disse ele, virando-se para guiá-la até seu escritório. Hunter, o cachorro de porte grande, levantou e abanou o rabo. Christopher afagou-o carinhosamente enquanto se sentava no braço da poltrona, perto da lareira.
Dulce ocupou a cadeira diante dele, observando distraidamente a madeira empilhada no chão.
— O papai costumava usar essa lenha — lembrou ela, referindo-se afetuosamente ao pai de Christopher, embora ele fosse apenas um primo distante. Ele era como o pai que ela havia perdido.
— Também costumo usar, quando preciso me esquentar. Mas hoje não está tão frio — respondeu ele.
Ela analisou aquele corpo grande e bruto e se perguntou se ele jamais sentia frio. Seu corpo parecia irradiar calor, como se houvesse uma fogueira ardendo debaixo daquela pele morena.
Christopher bebericou sua bebida e entrelaçou as mãos atrás da cabeça. Seus olhos escuros pregaram Dulce à cadeira.
— Por que você não tira esse casaco logo, em vez de parecer que está dez minutos atrasada para algum compromisso?
— Estou com frio, Christopher — murmurou ela.
— Então, aumente o termostato.
— Não vou ficar aqui por tanto tempo, vou? — perguntou, esperançosa.
Aqueles olhos escuros e tranqüilos analisaram minuciosamente a pele suave e rosada que aquele vestido branco revelava, fazendo-a se sentir jovem e incômoda.
— É necessário me olhar dessa maneira? — perguntou, inquieta, brincando com a barra do vestido.
Ele tirou o maço de cigarro do bolso e, lentamente, acendeu um.
— Que revolução é essa? — perguntou, com naturalidade.
Ela piscou.
— Ah, isso que o Phil disse? — perguntou, engolindo em seco. — Eu só... Ele riu.
— Dulce, não consigo me lembrar de nenhuma conversa com você em que não tenha gaguejado.
Ela contraiu os lábios.
— Não gaguejaria se não me bombardeasse sempre que tem oportunidade.
Ele ergueu a sobrancelha escura. Parecia completamente tranqüilo, imperturbável. Tal postura a irritava, e a levava a se perguntar se não havia algo que o descontrolasse, o tirasse do sério.
— Eu a bombardeio?
— Você sabe muito bem disso. — Ela analisou as linhas duras de seu rosto, reparando em sua exaustão. — Você está muito cansado, não? — perguntou, de repente, calorosa.
Ele deu uma tragada.
— Estou morto — admitiu.
— Então, por que não vai dormir? — indagou. Ele a analisou calmamente.
— Não queria ter estragado sua festa. Aquela ternura familiar em sua voz despertou certo aborrecimento, e ela tentou não fitá-lo.
— Tudo bem.
— Não, não está tudo bem. — Ele jogou as cinzas no cinzeiro, ao lado da poltrona. Suspirou profundamente, aliviando o peito. — Dull, acabei de terminar um relacionamento. Essa mulher não me deixa em paz e, quando você disse aquelas coisas, eu exagerei. — Ele deu de ombros. — Tenho estado bastante irritado, ou, do contrário, não teria dito tais palavras. Ela deu um breve sorriso.
— Você a amava? — perguntou gentilmente. Ele explodiu em risadas.
— Não seja infantil. Preciso amar uma mulher para levá-la para cama?
As bochechas dela ruborizaram, deixando-a com um nó na garganta.
— Não sei — admitiu.
— Não — disse ele, com o sorriso desaparecendo. — Acho que não. Eu acreditava em amor, quando tinha a sua idade.
— Cínico — acusou-o. Ele apagou o cigarro.
— Culpado. Descobri que o sexo é melhor sem a barreira emocional.
Ela baixou os olhos, mortificada, tentando não ver o divertimento profano no rosto dele.
— Está envergonhada, Dull?— repreendeu-a. — Achei que tivesse amadurecido depois da experiência com Harris.
Ao fitá-lo, lançou-lhe chamas esverdeadas.
— Temos de discutir isso de novo? — perguntou.
— Não, se você aprendeu algo com esse episódio. — Ele olhou para o vestido. — Mas tenho minhas dúvidas. Você está usando algo por baixo dessa maldita camisola?
— Christopher — explodiu ela. — Não é uma camisola!
— Mas parece.
— É o estilo. Ele a fitou.
— Em Paris, a moda é um colete aberto, sem nada por baixo.
Furiosa, ela jogou o cabelo para trás.
— Se eu morasse em Paris, seguiria a moda. Ele limitou-se a sorrir.
— Seguiria? — Christopher fitou-a novamente, concentrando-se no decote, despertando sensações estranhas nela. — Será?
Ela segurou as mãos, pousando-as em seu colo. Sentia-se humilhada e desprezada.
— Sobre o que você queria falar comigo, Christopher? — perguntou.
— Convidei algumas pessoas para nos visitarem. Ela se lembrou do convite que fizera a Lawrence Donavan e conteve a respiração.
— Quem? — perguntou educadamente.
— Dick Leeds e a filha dele, Vivian. Eles vão passar uma semana aqui, enquanto eu e Dick resolvemos esse problema trabalhista. Ele é o chefe do sindicato que está nos dando toda essa dor de cabeça.
— E a filha dele? — perguntou, detestando-se pela própria curiosidade.
— É loura e sensual.
Ela o fitou.
— Do jeito que você gosta — devolveu. — Com ênfase no sensual.
Ele a observou, divertindo-se em silêncio. Estava tão furiosa que seria capaz de jogar algo nele.
— Bem, espero que você não pense que vou ajudar Maude a entretê-la — disse. — Porque também vou receber um convidado.
Alertas de perigo irradiavam daqueles olhos escuros.
— Que convidado? — perguntou resumidamente. Ela ergueu o queixo, com coragem.
— Lawrence Donavan. Algo explodiu no rosto dele.
— Na minha casa, não — disse, num tom cortante.
— Mas, Christopher, já o convidei — queixou-se.
— Você me escutou. Se não quisesse passar vergonha, devia ter me consultado antes — acrescentou secamente. — Como ia agir, Dulce? Encontrá-lo no aeroporto e só depois me contar?
Ela não conseguia encará-lo.
— Mais ou menos isso.
— Ligue para ele e diga que houve um imprevisto. Ela levantou os olhos e fitou-o. Christopher estava sentado com uma pose de conquistador, mandando na vida dela. Se ela cedesse, nunca mais seria capaz de enfrentá-lo. Nunca. Não podia deixá-lo vencer dessa vez. Contraiu o maxilar, teimosa.
— Não.
Ele se levantou lentamente, com delicadeza para um homem tão grande. Aqueles ombros largos a intimidavam, mesmo sem ver seus olhos firmes e intensos.
— O que disse? — perguntou em um tom suavemente falso.
Ela entrelaçou os dedos, indiferente.
— Eu disse não — repetiu, com a voz áspera. Seus olhos verdes o atraíam. — Christopher, essa casa é minha também. No mínimo, passou a ser depois que você me convidou para morar aqui — ela o relembrou. — Não disse que você podia usar essa casa para encontros românticos!
— Você traz mulheres para cá — devolveu ela, relembrando, com angústia, a noite em que, depois de chegar em casa mais cedo que o previsto, acidentalmente encontrou Jéssica King e ele sentados nas mesmas cadeiras em que se encontravam agora. Jéssica estava nua até a cintura, e Christopher também. Dulce quase não reparara na loura. Seus olhos estavam enfeitiçados pela visão do peito nu e forte de Christopher, explorado pelas mãos daquela mulher. Depois disso, não conseguira tirar essa imagem da cabeça; aquela boca sensual, aqueles olhos enegrecidos pelo desejo...
— Trazia — corrigiu ele gentilmente, lendo o pensamento dela com uma precisão perturbadora. — Quantos anos você tinha naquela época? Quinze?
Ela assentiu, desviando os olhos.
— Só isso.
— E gritei com você, não? — relembrou. — Não esperava que você chegasse em casa tão cedo. Estava ansioso, impaciente e frustrado. Quando levei Jéssica para Casa, ela estava chorando.
— Eu não devia ter entrado sem bater — arrependeu-se. — Mas tínhamos ido à festa do colégio, eu havia recebido um prêmio e mal podia esperar para lhe mostrar.
Ele sorriu calmamente.
— Você sempre vinha me falar de seus triunfos. Até aquela noite. — Analisou a aversão que ela demonstrava. — Construiu uma parede entre nós desde então. No momento em que começo a me aproximar, arranja algum motivo para nos afastar. Da última vez, foi Jack Harris. Agora é esse escritor.
— Não estou tentando construir nenhuma parede — disse, na defensiva. Seus olhos o acusavam. — É você que não me deixa ser independente.
— O que quer? — perguntou ele.
Ela analisava os detalhes cuidadosos da lareira, em tons bege e branco.
— Não sei — murmurou. — Mas nunca vou descobrir se continuar me sufocando. Quero ser livre, Christopher.
— Nenhum de nós é livre — disse, filosofando. Seus olhos estavam pensativos, seu tom, amargo. Ele a encarou intensamente. — O que a atrai em Donavan? — indagou, de repente.
Ela deu de ombros e um lampejo iluminou seus olhos.
— Ele é divertido e me faz rir.
— Isso é tudo o que procura em um homem, diversão?
A maneira como ele falou lançou-lhe arrepios pelo corpo. Quando Dulce o fitou, a expressão em seu rosto era enigmática.
— O que mais posso querer? — perguntou sem pensar.
Um sorriso lento e sensual curvou os lábios dele.
— O fogo que um homem e uma mulher podem despertar ao fazer amor.
Sentindo-se incômoda, ela se mexeu na cadeira.
— Hoje em dia, isso é supervalorizado — disse, fingindo ser sofisticada.
Ele jogou a cabeça para trás e gargalhou.
— Silêncio! — Dulce repreendeu-o. — Assim, vai acordar a casa toda.
Ele deixou os dentes brancos à mostra, contrastando com sua pele morena.
— Está vermelha como uma beterraba — comentou. —: O que entende de amor, menina? Seria capaz de desmaiar se um homem começasse a fazer amor com você.
Ela o fitava, ofendida.
— Como você sabe? Talvez Lawrence...
— Talvez não! — interrompeu ele, com olhos confiantes e sagazes. — Você ainda é virgem, Dull. Se eu tivesse alguma dúvida quanto a isso, teria arrancado você de Creta tão rápido que nem teria percebido.
Ela fez careta.
— A virgindade não é nenhum prêmio hoje em dia — suspirou ela.
O silêncio dele durou tanto tempo que a atenção de Dulce voltou-se para o tique-taque do relógio de seu avô, pendurado na parede.
— Não comece a pensar em se livrar da sua — advertiu-a.
— Christopher, não seja tão antiquado — reclamou. —Afinal — acrescentou, com um sorriso travesso —, como você estaria hoje se todas as mulheres do mundo fossem puras?
— Muito frustrado — admitiu. — Mas você não é uma das minhas mulheres, e não quero que se ofereça como uma ninfomaníaca.
Ela suspirou.
— Não corro esse risco — acrescentou, fazendo-se de boba. — Não sei como fazer isso.
— Esse vestido é um bom começo. Ela olhou para baixo.
— Mas cobre meu corpo — protestou. — É muito mais recatado do que o vestido de Nan.
— Reparei — disse ele, divertindo-se.
— Nan o considera o homem mais sensual da Terra. Ela sabia que o encontraria na festa.
As feições de Christopher endureceram.
— Nan é uma criança — resmungou, virando-se. — Sou muito velho para incentivar essa adoração heróica.
Nan tinha a mesma idade de Dulce. Ao ouvir aquilo, seu coração caiu num precipício e ela sentiu vontade de bater nele. Blake sempre a fazia se sentir desajeitada e ignorante.
Fitou suas costas largas. Era muito bom olhar para ele. Christopher era grande e vibrante, cheio de vida. Um homem tranqüilo, carinhoso. Um déspota!
— Se não posso convidar Larry, acho que vou encontrá-lo no congresso de escritores.
Ele virou-se para fitá-la, intimidando-a.
— Está me ameaçando, Dull? — perguntou.
— Não ousaria fazer isso — respondeu, com veemência.
Sua expressão era incompreensível.
— Depois, voltaremos a esse assunto. Fitou-o, zangada.
— Tirano — resmungou.
— Isso é o melhor que você tem?
— Chauvinista! — disse, tentando novamente. — Você me irrita, Christopher.
Ele se aproximou lentamente.
— O que acha que faz comigo, Dulce? — rosnou. Ela olhou para seu rosto arrogante, ele estava muito próximo.
— Devo irritá-lo na mesma medida — admitiu, suspirando. — Paz?
Ele sorriu para ela, indulgente.
— Paz. Venha aqui.
Christopher segurou o queixo dela e ergueu seu rosto. Dulce fechou os olhos, esperando o toque breve e familiar daquela boca. Mas não sentiu nada.
Confusa, abriu os olhos e fitou-o, a uma distância debilitante. Estava tão perto que podia ver as manchas douradas em sua íris castanha e as pequenas linhas que se formavam no canto dos olhos.
Ele tocou no pescoço dela, acariciando-a calorosamente.
— Christopher? — sussurrou, insegura.
Ele contraiu o maxilar. Ela pôde ver o músculo enrijecendo-se por baixo daquela boca sensual.
— Bem-vinda,Dull — disse asperamente, começando a se afastar.
— Você não vai me dar um beijo? — ela perguntou, sem pensar.
Ele ficou totalmente sem expressão. Apenas seus olhos ardiam lentamente enquanto a fitava.
— Está tarde — disse abruptamente, virando-se. — E estou cansado. Boa noite, Dull.
Ele saiu e deixou-a ali, parada, olhando para o vazio.


 comentem bjx da Ray!!



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Autor(a): rayzasavinon

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capitulo 3 Durante os dias que se seguiram, estava extremamente reservado, e Dulce apenas o observava. Era apenas christopher, repetia para si mesma, seu guardião, tão familiar quanto o antigo casarão e os enormes carvalhos que o rodeavam. Mas havia algo diferente nele, e não sabia definir exatamente o que era.— christopher, está za ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • paolla.ponny Postado em 27/07/2014 - 21:55:41

    Arg! Como o Christopher é chato com a Dulce!! Ele acha que ela é uma criança!!

  • paolla.ponny Postado em 26/07/2014 - 01:53:52

    Oii! Primeira a comentar!! Meu trauma é Ponny, mais estou lendo fics Vondy tbm!! Já estou gostando da fic! Bjo! =D


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