Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Monalisa: Não queria voltar a me aproximar de uma pessoa por interesse, entende? - Comentou, não me deixando tempo de resposta - Mas era por uma boa causa... Era sim - Completou, me fazendo assentir enquanto também lhe mostrava um sorriso. Ela pareceu ficar mais tranquila e então continuou - Eu confiava nela e sabia que não iria contar para ninguém sobre a minha encomenda para a sua mãe... Bom, pelo menos eu pensava assim. Aliás, ela chegou até a oferecer a sua casa para ficar por uns dias depois da fuga - Disse por fim, dando de ombros. 
Bernardo: E deu tudo certo? - Voltei a perguntar, ainda mais curioso. Ela abaixou a cabeça, respirou fundo e ficou calada por alguns segundos. Dali tirei a suposta resposta. 
Monalisa: Como era de imaginar, o Aleff e o Thiago estranham o meu pedido, mas aceitaram. Disseram que poderíamos fazer a festinha, mas dentro do quarto onde mantinham a mamãe presa, e com a mesma algemada. Acabei aceitando - Pausou, parecendo agora recordar-se das lembranças daquele momento - Depois de comer algumas coisas que havia preparado, já com as ervas nas respectivas comidas dos desgraçados, comecei a falar sobre nossa família, como a mesma era unida antigamente e tudo mais, na tentativa de sensibilizá-los. Eles até cederam no início, mas depois deram um ponto final, dizendo que podiam falar e fazer coisas melhores. Senti um medo enorme me invadir naquele instante, mas o mesmo logo passou ao vê-los sonolentos. Poucos minutos passaram-se e finalmente eles dormiram profundamente naquele chão podre. Aproveitei o momento e peguei com cuidado o molho de chaves que o Aleff havia deixado no bolso... Depois disso, tentei descontroladamente e de forma apressada abrir as algemas que prendiam a mamãe num tronco daquele quarto. 
Bernardo: E aí? - Perguntei apressado, bastante curioso - E conseguiu?

Monalisa: Não... Infelizmente nenhuma daquelas chaves serviam - Pausou, desviando os olhos marejados para longe dos meus - Eu até lhe disse que ia desistir, mas ela negou apressada e pediu para fugir sem a mesma. Eu neguei de volta, lógico... Não podia deixá-la ali sozinha de jeito nenhum, afinal, sabia que as coisas poderiam seguir para um desastre se fugisse daquele lugar sem ela - Pausou novamente, parecendo recordar-se da cena que tanto lhe torturava no momento.

Fátima: Vai embora, Monalisa... Por favor - Ela gritava de forma desesperada, fazendo minhas lágrimas caírem ainda mais - Por favor, filha. Por mim. 
Monalisa: Não adianta mãe - Disse em tom mais baixo e choroso, enquanto testava novamente todas aquelas chaves nas algema - Eu não vou deixar a senhora aqui sozinha... Não posso fazer isso, não posso - Sussurrei, observando em seguida as algemas e as chaves embaçadas. Parei, enxuguei rapidamente os olhos e voltei ao serviço - Será que ele guardou a chave em outro lugar? - Perguntei para mim mesma e logo ouvi sua voz grave, tentando soar firme diante ao choro.
Fátima: Não importa, Monalisa. O importante, nesse momento, é você sair daqui - Pediu novamente aos gritos, me fazendo encará-la com os olhos cheios de lágrimas - Por favor, minha pequena. Esses monstros podem acordar a qualquer momento e vão nos torturar mais uma vez... Por favor, filha... Não quero mais te ver sofrendo - Falou essa parte mais baixo, mas ainda de maneira firme, enquanto encarava fixamente meus olhos - Eu preciso que você fique fora daqui, fora do alcance desses monstros - Completou desesperada, fungando em seguida. 
Monalisa: E eu preciso ficar perto da senhora - Disse, gritando de volta - Não vou te deixar aqui sozinha, mãe. Entende isso... Entende que eu não posso deixar esses... esses... - Pausei, olhando de relance para os dois que ainda dormiam - Não... Não posso deixá-los te matarem - Gritei também desesperada, voltando a lhe olhar perdida - O que vai ser de mim sem a senhora? O que vai ser de mim sem a minha base? - Perguntei ainda inconformada, vendo-a dar um pequeno sorriso sem jeito em meio ao choro. 

Fátima: Filha - Sussurrou, parecendo procurar minha mão que estava perto da sua. Peguei a mesma e apertei firme - Um dia todos nós iremos partir... E talvez esteja na minha hora - Disse, me fazendo negar, ainda mais desesperada - Entenda... Esses machucados e as chicotadas que o seu pai e seu irmão me dão, não chegam nem perto da dor que eu sinto ao saber que você está sendo abusada, torturada e humilhada dessa forma. Por favor, minha pequena, atenta ao meu pedido. Não deixe essa chance escapar, não perca essa oportunidade de acabar de vez com minha dor, de fugir daqui e refazer a sua vida. Por favor, por mim - Pediu firme, aos sussurros e entre o choro.
Monalisa: Não vou conseguir refazer minha vida sem você - Sussurrei, controlando em seguida o choro - E por favor, não fala isso... Não chegou a sua hora, ainda vamos viver muitas coisas juntas - Disse confiante e com o tom mais alto, voltando logo depois com o olhar para nossas mãos - Podemos armar uma nova fuga e... - Me interrompeu num sussurro. 
Fátima: Eu vou me matar - Travei, subindo o olhar perdido para encontro do seu - Não posso mais te ver assim, pequena... Toda sem vida, sem forças, machucada, com o olhar amedrontado, com essa expressão assustada - Foi enumerando, fazendo meus olhos arderem - Com a minha morte, eles não vão ter mais como te chantagear, e então... - Lhe interrompi, abraçando-a apertado. 
Monalisa: Você não pode fazer isso, mãe! Não quero te perder, não posso - Dizia inconformada e em pânico, derramando-me cada vez mais em lágrimas - Vamos dar um jeito e... - E então foi sua vez de me interromper.
Fátima: O jeito já está dado, Monalisa. E é essa oportunidade - Disse firme e grave, fazendo-me afastar para lhe encarar - Prefiro morrer sabendo que você está longe e bem, do que perto e com esses monstros - Continuou, sorrindo sem jeito. Abri a boca para reclamar, dizer novamente que não iria lhe deixar, mas ela foi mais rápida - Quero morrer feliz, sabendo que você vai estar longe e reconstruindo sua vida... Então, por favor pequena, atenda ao meu pedido e fuja daqui. Agora! - Disse firme, me fazendo abraçá-la novamente - Não esquece nunca que eu te amo e que estarei sempre te cuidando, mesmo que longe - Completou entre os soluços, me fazendo assentir e falar o mesmo. Depois daquilo, levantei-me mesmo sem muita coragem e fugi dali.