Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Bernardo: Ela era realmente incrível - Disse emocionado e perdido naquela cena que ela acabara de me descrever enquanto lhe apertava firme em meus braços. Nesse momento, a Monalisa derramava-se em lágrimas e me apertava firme no abraço - Uma verdadeira guerreira... - Completei, vendo-a agora se afastar com os olhos marejados.
Monalisa: Quanto a mim, fui fraca e tola em deixá-la naquele momento... Eu não podia, Bê! Eu... - Lhe interrompi, segurando firme em seu rosto enquanto enxugava também algumas lágrimas.
Bernardo: Você atendeu o pedido da sua mãe, meu amor. Você a livrou da imensa dor que sentia ao te ver sofrer - Sorri, ainda enxugando seu rosto - Tenho certeza que ela ficou muito orgulhosa e muito feliz por você ter tomada essa atitude - Disse por fim e lhe vi dar um sorriso sem jeito.
Monalisa: Deve ter ficado - Sussurrou, desfazendo o sorriso logo depois. Soltei seu rosto e continuei a lhe observar, vendo-a agora voltar com a expressão decepcionada - Acabei fugindo para a casa da tal menina, a da escola, que jurou manter segredo. Depois de uma semana praticamente presa num quarto, resolvi sair pela casa e me assustei ao ver o meu irmão aos beijos com a menina na sala - Arqueei a sobrancelha confuso e bastante assustado também - Ele lhe pedia informações sobre mim enquanto ainda lhe beijava, já a garota, respondia tudo. Eu, desesperada com aquela situação, tentei fugir, mas já era tarde. O Thiago me viu e me bateu ali mesmo - Pausou, mordendo firme o lábio, talvez para prender o choro - Ele foi me batendo até em casa, ou melhor, até o quarto do quintal. Lá, quando finalmente me soltou jogada no chão, pude avistar minha mãe completamente machucada e cortada, cheia de sangue, e com um esparadrapo que lhe tampava a boca. Eu não aguentei aquilo, vê-la naquela situação, e então acabei desmaiando. 
Bernardo: Nossa, Mona - Disse surpreso enquanto analisava cuidadosamente todos os detalhes. Já sentia meu coração apertado, assim como o seu deveria estar ao lembrar-se de tudo aquilo - Eu... Eu não sei nem o que dizer - Ela suspirou, enxugou as novas lágrimas e então continuou.

Monalisa: Aquele, sem dúvidas, foi o pior dia da minha vida! - Confessou, tentando de forma inútil controlar o choro - Assim que acordei, cerca de um minuto depois, já pude avistar o Aleff ali, junto com o Thiago - Pausou, parecendo mais uma vez recordar-se da cena.

Aleff: Se tem uma coisa que eu odeio é ser contrariado e enganado dessa forma - Gritou rude, estendendo a mão para o Thiago em seguida. O mesmo foi numa mesinha que se encontrava perto, pegou uma arma e voltou, entregando sorridente na mão do pai - Pensei que já soubesse o que sou capaz de fazer... Mas pelo visto, não sabe, não é mesmo? - Apontou a arma na minha direção, fazendo-me encolher e já chorar de maneira desesperada - Quem sabe hoje você aprenda - Sorriu cínico e então virou-se para a mamãe, apontando em seguida a arma para a mesma.
Monalisa: Pode me matar, Aleff - Gritei desesperada e entre os soluços altos, fazendo-o soltar uma risada irônica - Por favor, não mate a mamãe. Eu prometo que... - Me interrompeu, virando apenas o rosto para me encarar. 
Aleff: Guardei sua mãezinha direitinho durante toda essa semana para poder ter o gostinho de ver sua expressão tão sofrida hoje - Disse irônico, desfazendo um pouco o sorriso - Você não imagina o quanto sonhei em ver esse seu sofrimento desde que você fugiu daqui e resolveu brincar com o perigo - Pausou, negando em seguida com a cabeça - Pena que não sabe fazer as coisas direito, não? Na próxima vez, foge para mais longe - Piscou e soltou uma nova risada - Ou melhor, não haverá próxima vez - Completou com um tom assustador e um olhar pesado, me fazendo tremer de medo - Pode dando adeus para sua querida mãezinha.
Monalisa: Não - Gritei, mas foi em vão. Ele simplesmente começou a atirar, primeiro ao redor da mamãe, sem atingi-lá - Por favor, para - Gritei nervosa, vendo a expressão e os olhos tão medrosos da mamãe voltados para mim pela última vez. Ele então lhe atingiu na cabeça, me fazendo chorar ainda mais. Desviei rapidamente o olhar e pus as mãos nos ouvidos enquanto chorava descontrolada, querendo não ouvir mais aquele som tão terrível e muito menos suas risadas maléficas. Ele, por sua vez, pareceu não se importar com isso, com meu trauma, nem com nada, e continuou a atirar.

Bernardo: Canalha - Disse raivoso enquanto lhe apertava novamente em meus braços. Ela não conseguiu dizer mais nada, apenas chorou de maneira descontrolada, fazendo até mesmo seu corpo tremer a cada soluço que dava.

Ficamos cerca de dez minutos daquele modo, abraçados e sem falar nada. Meu rosto, assim como o dela, já se encontrava cheio de lágrimas. Afinal, foi inevitável não deixar o choro vir ao imaginar todas aquelas cenas e ao vê-la ali, sofrendo e chorando daquele jeito nos meus braços. É como se eu pudesse sentir toda aquela sua dor, sua angústia, seu medo. Ela, aos poucos, foi se afastando e enxugando as lágrimas, parando de fazer tal ato ao me ver.

Bernardo: Desculpa... Eu, er... Não aguentei - Disse envergonhado, atropelando-me nas palavras enquanto passava urgentemente as mãos no rosto. Ela sorriu, afastou minhas mãos e então passou as suas em minha face, limpando-a delicadamente. Ficamos assim por mais alguns minutos em silêncio, até ela finalmente quebrá-lo. 
Monalisa: Lembra dos pesadelos? - Perguntou, ainda com as mãos em meu rosto, me fazendo assentir apressado - Essa era a cena que fazia parte da maioria deles, dos meus temidos pesadelos - Confessou, entortando os lábios. 
Bernardo: Agora entendo o porquê de você acordar tão assustada com todos aqueles pesadelos - Disse, voltando a acariciar seu rosto - E não é para menos. Esse desgraçado foi terrível ao fazer isso... Que nojo eu estou desse cara!
Monalisa: E não foi só isso, Bê - Disse cabisbaixa, me fazendo arquear a sobrancelha confuso - Depois dos tiros, eles tiraram seu corpo do quarto, jogaram um pouco afastado do quintal e... E puseram fogo - Disse com dificuldade essa última parte, tentando mais uma vez controlar o choro. 
Bernardo: Idiotas - Gritei inconformado com aquilo. Minha raiva aumentava ainda mais, a cada minuto, a cada palavra sua, a cada revelação - Quanta crueldade - Disse, dessa vez mais baixo, e logo a vi assentir cabisbaixa. Afaguei seu rosto e fiquei lhe observando, tentando transmitir a tranquilidade que ela tanto precisava - E... E o que aconteceu depois? - Perguntei, referindo-me a morte de sua mãe.