Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Monalisa: Resolvi sumir daquele lugar depois da morte do Leoni, sabe? Não iria aguentar ficar mais naquela cidade... Juntei todo o dinheiro que vinha guardando e segui para uma cidade vizinha. Lá, para a minha sorte, consegui um emprego também como atendente de lanchonete e junto disso, um quartinho. Fiquei por cerca de um ano, juntando novamente mais dinheiro e estudando para o vestibular nas horas vagas. Ah, e como havia parado de estudar, fiz um supletivo por lá mesmo - Pausou, desviando novamente o olhar - E então, depois, tentei o vestibular para algumas cidades vizinhas e enquanto esperava o resultado, procurava algumas repúblicas nessas mesmas cidades pelo jornais. Foi então que acabei encontrando a república de vocês e lá fui parar quando descobri que havia passado também para a faculdade da tal cidade.
Bernardo: Ué, mas você não havia dito que foi parar lá por indicação de um amigo? - Perguntei com a testa franzida, um tanto confuso.
Monalisa: Não - Negou enquanto voltava a me olhar com um sorriso sem jeito - Só falei aquilo para vocês terem uma certa confiança em mim e me deixarem ficar... Afinal, estava precisando muito de um lugar e o anúncio de vocês no jornal parecia ser ideal para mim, tanto na questão do dinheiro como na questão da amizade que eu viria a fazer com esses quatros garotos - Sorriu enquanto falava, me fazendo abrir também um sorriso - Depois da decepção que tive com a menina da escola, passei a confiar mais nos meninos, sabe? E o Leoni também me ajudou nisso, fez minha confiança nos garotos aumentar. E por isso resolvi seguir para uma república apenas de garotos - Disse por fim, ainda sorrindo.
Bernardo: E você nem iria imaginar que ia se apaixonar pelo garoto mais lindo daquela república, não é? - Perguntei risonho e logo a vi fazer uma careta. Nesse mesmo instante, ouvimos seu celular tocar. Nos entreolhamos confusos por um momento, mas logo despertamos com o toque ainda mais insistente. A Mona pegou seu celular, observou o nome que aparecia no visor e então atendeu.
Monalisa: Oi Miguel - Disse meio retraída enquanto me observava. Ele pareceu dizer algo, e grave por sinal, afinal, sua expressão mudou para uma assustada em questão de segundos - Nossa Miguel, isso é sério?

Fiquei angustiado com aquela sua expressão e também com seu silêncio diante ao que o Miguel falava, e então desviei o olhar para o relógio enquanto pensava no motivo daquela ligação às quatro horas e meia da madrugada. Despertei-me somente ao ouvi-lá dizer um tchau num sussurro e então voltei a lhe encarar. Sua expressão continuava assustada, o que me fez ficar ainda mais angustiado. 

Bernardo: O que aconteceu? - Perguntei curioso, não obtendo respostas - Mona, o que aconteceu? Por favor, me fala!
Monalisa: O Thiago... - Sussurrou de início com um tom de voz angustiante - Ele está no hospital, em coma.
Bernardo: Em coma? - Perguntei assustado, relembrando o estado que havia deixado-o no beco - Como assim? Por causa da surra que lhe dei? - Voltei a perguntar, dessa vez mais alto, fazendo-a assentir. 
Monalisa: O Miguel disse que ligaram lá para a república dizendo que encontraram o Thiago desacordado num beco, completamente ferido e já em estado crítico - Pus as mãos na cabeça e logo abaixei a mesma, assustado e perplexo com tudo aquilo - Ele disse também que a polícia foi chamada e que agora estão te procurando. 
Bernardo: Me procurando? Mas o culpado disso tudo é ele! Ele é o errado da história, o assassino, o desgraçado... Ele! - Gritei impaciente, levantando num impulso da cama - Era ele quem deviam prender, e não eu! 
Monalisa: Calma, meu amor - Pediu apreensiva enquanto também levantava e seguia para o meu lado. Neguei, afastando-me para a janela - Por favor...

Bernardo: Você quer que eu tenha calma, Monalisa? Quer que eu tenha calma nessa situação? - Perguntei aos gritos enquanto desviava o olhar da janela para ela - Caramba, apesar de ser a minha maior vontade, eu não faria isso. Não mataria ninguém - Disse confuso com minhas próprias palavras, sentindo meus olhos voltando a arder.
Monalisa: Eu sei, Bernardo - Disse calma, passando as mãos delicadamente pelas minhas que estavam fechadas em punho - Eu sei que mesmo sendo sua vontade, e até mesmo a minha, não faríamos isso. E ele ainda não está morto, ok? Com certeza vai sair dessa e vai pagar por todas as suas maldades vivo, e na cadeia - Disse, me fazendo assentir e abaixar mais uma vez a cabeça, tentando agora me controlar. 
Bernardo: O Miguel falou mais alguma coisa? 
Monalisa: Disse apenas isso. E que algumas pessoas disseram para a polícia que te viram saindo atrás do Thiago e também ao chegar na república com algumas marcas de sangue. E então te colocaram como o principal suspeito - Calou-se, me fazendo assentir. Suas mãos afastarem-se das minhas e logo depois seu corpo. Lhe olhei e a vi andar de um lado para o outro, parecendo amedrontada. 
Bernardo: Mona... Olha, o meu objetivo era apenas de lhe dar um susto, de lhe fazer enxergar que agora você tinha alguém. Eu... Eu não sou igual ao Thiago, beleza? - Perguntei apreensivo, não lhe deixando tempo de resposta - Não sou um matador como ele, e... - Me interrompeu, negando junto com a cabeça.
Monalisa: Você não matou ninguém, Bernardo. E sei que você não é igual a ele - Disse baixo enquanto continuava a andar. Me encostei na janela e fiquei lhe observando, ainda mais apreensivo - Só estou com mais medo... Não de você - Negou apressada com a cabeça, me fazendo suspirar um pouco aliviado - Estou com medo do Thiago, quando o mesmo sair desse coma... E estou com medo também do Aleff, quando descobrir o estado do filho - Comentou, suspirando pesado - Com certeza se o Thiago não se livrar dessa, o pai vai se vingar no lugar dele.

Bernardo: Você acha? - Perguntei também amedrontado e logo a vi assentir tristonha, parando agora de andar. Fechei os olhos e respirei fundo, sentindo uma angústia e uma vontade de chorar me invadir - E se ele não sair vivo desse coma? - Perguntei apreensivo, não lhe deixando tempo de resposta mais uma vez - Que droga! Eu não quero ser igual a esses desgraçados... Não queria matar ninguém - Voltei a gritar, voltando também a abrir os olhos - Na verdade, não imaginei nem que pudesse chegar nesse ponto. Eu pensei que ele iria sair apenas com alguns machucados, mas não em coma... Caramba, que raiva - Gritei ainda mais alto, esmurrando a parede ao lado. 
Monalisa: Ei, meu amor - Voltou a se aproximar, me abraçando forte agora. Senti meus olhos ardendo ainda mais e logo depois as lágrimas em meu rosto - Não fica assim...
Bernardo: Não tem como, Monalisa - Disse com a voz embargada, lhe interrompendo - Estou completamente perdido... - E então ela me interrompeu, afastando-se um pouco e segurando meu rosto entre suas mãos.
Monalisa: O Thiago vai sair dessa, Bernardo! Ele vai sair desse coma e vai direto para a cadeia, ouviu? - Comentou confiante, me fazendo bufar ao mesmo tempo que limpava também os olhos - Amanhã mesmo, logo cedo, irei numa delegacia aqui perto lhe denunciar... E denunciar também o Aleff - Completou, fazendo-me focar com o olhar no seu.
Bernardo: Você vai denunciá-los? - Perguntei sem acreditar muito naquilo e logo a vi assentir um tanto confiante - Mona... - Pausei, sorrindo um pouco - Você tá querendo dizer que finalmente vai enfrentar isso? Vai enfrentar seu passado e... - Me interrompeu, assentindo apressada.
Monalisa: Já passou da hora de fazer isso - Sorriu sem graça, descendo com as mãos pelo meu rosto até o ombro. Lhe puxei mais para perto pela cintura e fiquei observando seu olhar e também sua expressão - E tenho que aproveitar a oportunidade também... O Thiago está em coma e desse jeito será bem mais fácil do mesmo ser preso ao acordar - Voltou a sorrir do mesmo modo de antes. Acariciei sua cintura enquanto ainda lhe olhava e logo sorri - E também não posso te deixar em perigo, nem mesmo me deixar... Sei o quanto o Aleff e o Thiago são maldosos, e com certeza não descansariam até acabar conosco - Completou, desfazendo o sorriso e deixando seus belos lábios numa perfeita linha reta.
Bernardo: Eles não vão acabar com nada nem mais ninguém - Disse confiante, acariciando agora o seu rosto - E pode ter certeza, eu estou junto com você nessa, meu amor - Ela então voltou a sorrir, me abraçando apertado em seguida.
Monalisa: Eu sei, Bê. E obrigada por isso. Obrigada mesmo, por me ouvir, por me ajudar a encarar esse meu medo e também esse meu passado... De verdade, obrigada - Agradeceu, ainda me abraçando.