Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Depois da revelação da Manuela, pedi para a mesma me deixar sozinho, e ela logo atendeu ao meu pedido. Passei a caminhar pela praia enquanto recordava dos acontecimentos das últimas semanas, desde a chegada do Thiago na república, passando por nossa briga, pelas revelações da Monalisa e em seguida nossa primeira vez, e também pela minha prisão e aquela semana intensa de muitos conflitos, até comigo mesmo. Minha cabeça girava, estava em mil com tanta informação, com tantas lembranças, e era ali, observando o mar, que tentava de alguma maneira colocar tudo em sua ordem. Mas era complicado, e não era para menos. Eu havia levado um infeliz para o hospital, e mesmo que a culpa não fosse totalmente minha, sentia-me perdido em relação aquilo. Era óbvio que já havia brigado diversas vezes, mas em nenhuma delas agi com tanto ódio e com tanta sede de justiça. Justiça essa que me levou para a cadeia e me deixou longe por uma semana da pessoa que passei a amar e proteger, que me fez acreditar em outros ideais, e que me fez crescer também.

Ninguém poderia imaginar a falta que aquela garota me fazia, e pior de tudo era saber que outra pessoa estava em meu lugar, talvez até tentando conquistá-la. E saber que ela havia, de certa forma, dado trela para tais acontecimentos, me deixava furioso. Poderia ser ciúmes, ou apenas coisa da minha cabeça, realmente. Mas era, antes de tudo, medo. Era um medo enorme que ela pudesse se apaixonar por outra pessoa e simplesmente me esquecer, me largar. E era esse mesmo medo que me impulsionava a agir de forma, as vezes, tão bruta. Perto das sete horas da noite resolvi voltar para casa depois de tantas reflexões e lágrimas, e logo pude notar o lugar aparentemente vazio. Ao entrar no meu quarto tive a surpresa de encontrar a Monalisa no mesmo, entretida com algumas coisas que arrumava. Ao notar a minha presença, a mesma parou imediatamente e me encarou firme.

Bernardo: Ótimo que você está aqui - Suspirei, fechando em seguida a porta atrás de mim - Precisamos conversar!

Monalisa: Precisamos mesmo - Assentiu, levantando-se da cama e aproximando um pouco de mim - Por que saiu daquele jeito? E onde estava durante todo esse tempo? - Perguntou apressada, não me deixando tempo de resposta - Caramba, Bernardo... Eu e seus amigos preparamos um almoço e uma festa bem bacana de boas vindas e você simplesmente some por toda a tarde? Que consideração - Reclamou, me fazendo negar enquanto mantinha a expressão séria.
Bernardo: Por que você não me contou que dormiu com o Vinicius? - Perguntei quase num sussurro, ignorando suas palavras de segundos atrás, e observando sua expressão transformar-se em surpresa e confusão - Me fala, por quê? 
Monalisa: Quem te falou isso? - Perguntou num tom alto e firme.
Bernardo: Então é verdade?
Monalisa: Não - Negou apressada e num quase grito, mas logo respirou fundo e pareceu tentar controlar a voz - Na verdade, eu dormi... Mas não nesse sentindo que você deve estar imaginando. 
Bernardo: Não estou imaginando nada - Respondi de volta, encarando-a sério ainda. 
Monalisa: Calma, deixa eu te explicar - Pediu enquanto respirava fundo e sentava na cama. Continuei em pé e com o olhar fixo em seus olhos - Naquele dia que fui te visitar, recebi duas horas de folga, e para compensar, teria que trabalhar até um pouco mais tarde naquele dia. Na saída, o Vinicius se disponibilizou a me levar para casa, o que já vinha fazendo dias atrás, e eu aceitei - Pausou, talvez para esperar que eu falasse algo.

Bernardo: Continua - Pedi, um tanto seco. 
Monalisa: Então, viemos aqui para a república e eu comecei a lhe contar sobre a nossa conversa no meio daquela tarde de quinta, e em poucos minutos, comecei a chorar - Pausou novamente enquanto prendia seus olhos de uma forma intensa nos meus - Ele me consolou e achou melhor que eu fosse para o quarto, pois se os meninos vissem minha situação, poderiam ir querer brigar com você ou coisa do tipo - Neguei com a cabeça, sorrindo incrédulo e sem nenhuma graça ao ouvir aquilo - E então ficamos em meu quarto, apenas conversando, até por fim eu cair no sono. No dia seguinte foi que percebi que ele havia ficado ali, dormindo ao meu lado - Completou um tanto baixo, me fazendo fechar os olhos e respirar fundo enquanto tentava manter a calma.
Bernardo: Ele pediu para vocês irem para o quarto por esse motivo? Qual é? - Perguntei, voltando a abrir os olhos - Eu conheço os amigos que tenho e sei que, claro, eles iriam brigar comigo, mas seria de boa e numa tentativa de me ajudar, e você deveria saber disso. Deveria saber também, que pela conversa que tivemos naquele dia, eu não permitiria sequer que aquele garoto entrasse no seu quarto, e ainda mais que dormisse ao seu lado na cama - Comentei, aumentando cada vez mais o tom de voz - Mas enfim, como você mesma me disse, eu não tenho que me meter, não é? A vida é sua - Completei, sorrindo irônico. 
Monalisa: Bernardo - Praticamente resmungou meu nome, levantando-se apressada - Para de agir assim, com toda essa ironia. Você sabe que eu te respeito e que não deixaria o Vinicius tocar em mim com outras intenções, se bem que comigo é nítido que ele quer apenas a amizade - Neguei com a cabeça, voltando a fechar as mãos em punho.

Bernardo: Me respeita tanto que dormiu na mesma cama com o cara que eu odeio - Continuei irônico e logo a vi bufar, negando junto com a cabeça também.
Monalisa: Para com isso, Bernardo - Gritou incrédula, me fazendo respirar fundo e desviar o olhar para longe - E olha pra mim - Bufei, revirei os olhos e por fim lhe encarei - Você não confia em mim, é isso?
Bernardo: Em você eu confio, Monalisa - Respondi sério enquanto encarava seu olhar pesado, me fazendo abaixar a guarda aos poucos - Eu só não confio nele - Ela então manifestou-se para falar, porém continuei, voltando a me irritar - Sabe-se lá se ele não aproveitou do seu corpo enquanto você dormia e...
Monalisa: Para com isso! Que ideia é essa? - Comentou, me interrompendo perplexa - Foi a mesma coisa que dormir com o Miguel, o Renato e o Gabriel - Disse apressada, me fazendo lembrar da última vez que ela me confessou ter dormido com os meninos depois de um pesadelo - Foi exatamente a mesma coisa. E assim como os meninos, ele também não fez nada.
Bernardo: Claro que não, Monalisa! - Quase gritei, socando de leve a parede ao meu lado - Os meninos, apesar de tirarem brincadeiras e tudo mais, me respeitam e, acima de tudo, te respeitam também. Tenho certeza que eles não fariam nada, ao contrário desse idiota que deve ter adorado dormir com você e que deve também, ter se aproveitado bastante do seu corpo enquanto você dormia. Isso é lógico! Você estava inconsciente e aquele idiota deve ter se aproveitado dessa oportunidade - Continuei, já com o tom de voz bastante elevado - Será que não percebe?

Monalisa: Você está ficando doido, Bernardo! - Gritou de volta, parecendo inconformada - Para com essas ideias, para com isso - Continuou a gritar, me fazendo respirar ainda mais fundo, tentando ao máximo me controlar - Ele não faria isso. Para de julgar o garoto, ok? Ele foi um bom amigo, me ajudou bastante, e te ajudou com a fiança também - Concluiu, me fazendo assentir enquanto abria a porta atrás de mim. 
Bernardo: Você está conseguindo me deixar irritado novamente, parabéns - Disse seco enquanto segurava a porta e lhe encarava com a expressão raivosa - Agora já pode sair - Apontei para a porta e logo a vi se aproximar, também irritada - Se for para ficar aqui, defendendo o idiota do teu amigo, é melhor sair e me deixar sozinho - Disse, vendo-a me encarar ainda raivosa - Vai Monalisa, sai. 
Monalisa: Não me trata assim, Bernardo - Gritou, mas logo pareceu tentar controlar-se. Depois de parar ao meu lado e respirar fundo, voltou a falar, com um tom um pouco mais baixo e também tristonho - Caramba, não percebe que você está fazendo uma tempestade num copo d`água? Não percebe que está me magoando?
Bernardo: E você não percebe que desde que sai daquela prisão, eu queria apenas ouvir as suas palavras carinhosas, receber os seus beijos e abraços? Não percebe que eu estava precisando do seu conforto e acolhimento depois de ter passado por essa semana complicada? - Perguntei emburrado, recebendo o seu silêncio e sua expressão tristonha como resposta. Respirei fundo e apontei para a porta mais uma vez - Por favor, sai - Ela manteve o silêncio, desviou o olhar e então saiu apressada, puxando até a porta e batendo a mesma com uma certa força.