Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Já era a vigésima vez que a Monalisa molhava um paninho e passava com certa delicadeza em minha barriga tentando limpar cuidadosamente o sangue vivo que encontrava-se ali, esse que, até minutos atrás, transbordava sem parar, parecendo não ter possibilidade de estancar. No momento estávamos os dois sozinhos em casa, especificamente no meu quarto, e em pleno silêncio. Ou quase isso. Podia ouvir a sua respiração acelerada junto com alguns murmúrios misturados com o completo silêncio que aparentava fazer. Era notável também a sua expressão preocupada e cabisbaixa, sua aflição diante ao que havia ocorrido. Depois da fuga do Aleff, a polícia nos assegurou que faria uma ronda por perto para tentar encontrar o desgraçado. Quanto aos meninos, assim que me viram entrar com dificuldade junto com a Mona e logo depois os meus ferimentos, resolveram também procurar pelas redondezas o Aleff. A Monalisa implorou para que eles não fossem, mas eles eram teimosos demais para isso. 

Monalisa: Sou um problema para vocês - Disse com o tom falho, parecendo segurar o choro. Suspirei pesadamente, sentindo o paninho novamente em minha barriga, provocando-me um certo incômodo - Agora, por minha culpa, todos vocês vão correr perigos - Continuou a falar, nitidamente abalada. 
Bernardo: Não fala mais isso, beleza? Você não é e nunca será um problema pra gente - Ela negou apressada, desviando por fim a atenção e o olhar da minha barriga para o meu rosto. Foi então que pude notar seus olhos vermelhos e cheios de água - Você foi o melhor presente que a vida me deu. E aposto que os meninos também pensam assim - Disse baixo, passando delicadamente a mão em seu rosto, agora molhado.

Monalisa: Não percebe que eu só estou trazendo riscos para vocês? - Perguntou cabisbaixa, deixando mais lágrimas virem à tona - E eu não quero isso. Se for para correr riscos, quero correr sozinha. Por isso... - Pausou, desviando mais uma vez o olhar para a minha barriga, me deixando um pouco inquieto - Decidi sumir daqui. Sumir de verdade, de vez - Pausou novamente, dessa vez para voltar a encarar meus olhos de forma intensa. Senti meu coração apertar naquele momento, e então a vi respirar fundo e por fim concluir - E preciso ir sem você. 
Bernardo: Você sabe que eu não vou te deixar ir, não é? - Perguntei firme e logo a vi sorrir sem graça em meio as lágrimas - Mona - Sussurrei, deslizando levemente minha mão até chegar na sua, atraindo também sua maior atenção - Você não precisa mais fugir. Não viu o quanto foi forte hoje em enfrentar o seu pai? Não percebe que você está conseguindo lidar e lutar contra isso? - Perguntei-lhe, fazendo-a assentir ainda sem graça - Para que fugir agora então? 
Monalisa: Acontece que não vou conseguir agir sempre assim, Bê - Confessou cabisbaixa, deixando novas lágrimas caírem - Realmente fui forte naquele momento, mas foi porque estava com tanta raiva acumulada que acabei criado coragem para agir daquele modo, entende? 
Bernardo: E o que te faz pensar que você não vai ser forte novamente? - Perguntei enquanto voltava a limpar seu rosto, não lhe dando tempo de resposta - É claro que vai, boba. Por que além dessa raiva acumulada, sinto que você também está decidida a lutar pela justiça, e é isso que vai te fortalecer quando estiver de frente com esses monstros.

Monalisa: E se eu fraquejar como antigamente, Bernardo? - Perguntou tristonha e já com novas lágrimas, me fazendo negar um tanto apressado enquanto abria um curto sorriso. Ela mordeu seu lábio inferior, mostrando sua clara apreensão, e então continuou a falar - Eu não sou tão forte assim... Sou uma fraca, uma besta, uma... - Lhe interrompi, atacando seus lábios com os meus. Depois de um selinho demorado a vi abrir um breve sorriso e se derramar em lágrimas. Estendi meus braços, vendo-a se aproximar ainda mais e encolher-se no segundo seguinte entre os mesmos, com um certo cuidado para não bater no meu corte. 
Bernardo: Você sabe que não é, meu amor - Disse baixo, afagando seus cabelos enquanto beijava-lhe o topo da cabeça e sentia seus braços em volta do meu corpo. Ficamos assim por mais algum tempo, até finalmente ela se acalmar um pouco - Vamos enfrentar isso juntos, minha pequena. 
Monalisa: Já te falei que sou a mulher mais sortuda do mundo por te ter ao meu lado? - Perguntou enquanto levantava um pouco a cabeça para me encarar e esboçava um sorriso perfeito, me arrancando também um. Neguei apressado e tentando segurar o riso, e logo a vi fazer careta - Pois sou. Muito sortuda até. 
Bernardo: Disso eu tenho certeza. É uma honra para você ter uma namorado assim, tão carinhoso, tão legal, tão inteligente, tão carismático, tão gostoso e tudo mais. Realmente, é muita sorte sua - E então sua risada gostosa invadiu aquele lugar que antes estava tão triste, vindo junto com um aperto em meu corpo, provocando-me uma certa onda de dor ao bater em meu corte - Ai, Mona! 
Monalisa: Desculpa - Apressou-se em dizer enquanto já se afastava e observava o lugar ferido - Deixa eu cuidar logo disso - Completou baixo e ainda aos risos. E em poucos minutos suas mãos macias já faziam um curativo em tal local.