Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Acordei no dia seguinte, sábado, com o carinho das mãos macias da minha namorada em meu peito. Sorri de imediato e fui aos poucos abrindo os olhos enquanto soltava um suspiro baixo. Senti o leve peso da metade do corpo da Monalisa sobre o meu, e logo apertei o mesmo em um gesto lento, fazendo-a suspirar de forma pesada.

Monalisa: Bernardo - Meu nome saiu tão sensível e ansioso naquele sussurro que me fez descer com o olhar para encontrar o seu. Porém, o seu parecia não querer esse encontro. Seus belos olhos pareciam focar em todas as partes do meu rosto, menos nos olhos - O que você faria se eu morresse? 
Bernardo: Acho que já deveria estar velhinho e não iria aguentar o impacto naquela altura do campeonato, e então provavelmente iria ter um infarto ou coisa do tipo e morreria junto - Respondi divertido, sentindo finalmente seus olhos nos meus. 
Monalisa: E se eu morresse hoje ou amanhã? - Voltou a perguntar, ignorando um pouco a minha resposta. Respirei fundo, deixando aquele ar divertido de lado - O que você faria?
Bernardo: Que conversa é essa, Mona? Por que está falando disso? - Perguntei, também ignorando em partes sua última fala.
Monalisa: Não é nada, só estou curiosa - Comentou, escondendo em seguida o rosto entre meu pescoço e meu ombro - Me responde... 
Bernardo: Não sei - Suspirei, beijando delicadamente o topo da sua cabeça - Eu realmente não sei o que faria, não sei nem o que iria ser de mim... - Continuei, desviando o olhar para o seu teto estrelado e deixando as lembranças dos nossos momentos me dominarem.
Monalisa: Você me esqueceria? - Voltou a perguntar, dessa vez com um tom medroso e trêmulo. Sorri e beijei mais uma vez o topo da sua cabeça.
Bernardo: Nunca - Sussurrei firme, sentindo seus dedos frágeis apertarem em meu peito - Posso saber agora o motivo dessas perguntas?

Monalisa: Tive um pesadelo essa noite - Disse de início, me fazendo sobressaltar um pouco.
Bernardo: Ué... Não ouvi os seus gritos - Comentei e logo a vi assentir com a cabeça enquanto levantava, sentando na cama. Sentei de frente e fiquei observando sua expressão distante.
Monalisa: Talvez seja porque os gritos dessa vez não ecoaram no externo, mas sim dentro de mim... De forma mais dura e pesada, entende? E talvez o susto do pesadelo tenha arrancado minhas forças e me deixado sem voz - Completou, desviando os olhos tristonhos para longe dos meus. 
Bernardo: Foi tão pesado assim? - Perguntei preocupado enquanto segurava uma de suas mãos e apertava. Ela apenas assentiu e então deixou cair algumas lágrimas que logo foram secadas por meus dedos - Quer me contar o que acontecia nesse pesadelo? 
Monalisa: Minha morte - Sussurrou, piscando seguidas vezes para não derramar-se em novas lágrimas. Apertei firme sua mão que ainda estava sob a minha, tentando lhe passar segurança - Estava lá, exatamente no mesmo cantinho dela, no quarto escuro e sombrio daquela casa, onde fui obrigada a me despedir da minha mãe - Continuou, respirando fundo em seguida - Mas agora existia mais sangue, existia mais violência, mais sofrimento... Minha mãe estava ao fundo juntamente com o Aleff, o Thiago e você. Todos, todos vocês riam de mim e da minha dor - Comentou, me fazendo negar apressado - E por fim, veio o que todos daquele quarto esperavam: a minha morte - Completou, parecendo travar nessa última parte. Seus soluços vieram fortes assim como seu choro. Sem hesitar, lhe puxei para perto e tratei de envolver seu corpo em um abraço caloroso e reconfortante.
Bernardo: Foi apenas um pesadelo, meu amor. Isso nunca vai acontecer. Nunca - Tentei ser firme enquanto ainda me recuperava do terror daquele seu pesadelo - Estou com você, ouviu? E não irei deixar que nada de ruim te aconteça.

Foi difícil recuperar a calma naquela manhã. A Monalisa continuava atordoada, parecendo sofrer na mesma intensidade daquele seu novo pesadelo. Quanto a mim, também atordoado, tentava a todo custo acalmá-la e confortá-la. Aos poucos tudo amenizou e por fim a tranquilidade voltou. Ao longo do dia tentei distrair a Monalisa com um passeio pela cidade. Seguimos para um bosque que havia ali e preparamos uma tarde romântica com direito até a piquenique. Já durante a noite, quando voltamos animados e já esquecidos de qualquer tipo de problema ou lembranças ruins, fomos surpreendidos pela notícia de que o Thiago havia finalmente sido preso.

Monalisa: A melhor notícia que eu poderia receber hoje - Comemorou enquanto me abraçava apertado. 
Bernardo: Mais um passo para a sua vitória final - Comentei animado, lhe apertando firme naquele abraço. 
Monalisa: Para a nossa vitória - Corrigiu, abrindo ainda mais seu sorriso enquanto se afastava para me encarar. Retribui o sorriso de imediato e logo a vi se virar para os meninos, partindo para abraçá-los também. 
Miguel: Acho que isso merece uma comemoração - Disse risonho, nos fazendo assentir - Vamos farrear!
Renato: É o quê? Quer dizer que o nosso querido amigo voltou a ser cafajeste? - Perguntou perplexo para o amigo enquanto acabava de abraçar a Mona, essa que logo lhe encarou também surpresa. 
Miguel: Ué, e quem disse que a Tereza não vai farrear junto? - Comentou com um sorriso malicioso, nos arrancando risadas.
Gabriel: Pois bem... Hoje tem!

E realmente teve naquela noite... Teve de tudo: Muita dança, bebida, diversão e, para variar, os ciúmes de sempre. Tirando esse pequeno detalhe, a festa para qual seguimos naquele sábado foi bastante agitada e animada. Os dias e as semanas seguintes pareceram trazer esses mesmos aspectos. O Miguel e a Tereza viviam saindo ou então ficavam agarrados em algum lugar da república... Eles pareciam realmente estar levando a relação a sério, e isso era bom, muito bom, principalmente para o Miguel que parecia finalmente criar um pouco de juízo. Talvez a surpresa daqueles dias passados fosse as conversas que a Mona andava tendo com a Tereza. Elas não haviam virado amigas, mas uma espécie de colegas, levando a Monalisa a amenizar com alguns ciúmes que ainda eram tidos em minha relação com a Tereza. Quanto a mim, continuava cada vez mais focado no estágio, nos estudos e principalmente na Mona. Depois daquele seu pesadelo, alguns outros se repetiram durante as semanas seguintes, porém logo tudo foi amenizado.