Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Atravessei o pequeno espaço da cozinha e da sala e logo pude observar no centro da improvisada pista de dança uma grande roda formada por uma multidão que parecia vibrar com a apresentação de algo. Me aproximei rapidamente enquanto abria espaços e ouvia xingamentos até por fim me jogar desgovernado dentro da roda e observar a grande surpresa da noite.

A Monalisa estava praticando uma velha brincadeira conhecida por mim na minha época de solteiro: o Body Shot, onde o corpo de uma pessoa serve como estrutura para outra beber. E era exatamente isso que acontecia ali. A Mona, minha namorada, parecia empolgada em lamber o sal que encontrava-se no pescoço do Vinicius, virar de forma rápida o copinho de tequila que segurava e, por fim, chupar o limão que encontrava-se na boca do amigo... Isso tudo sob vibrações e gritos animados de todos presentes. Em seguida, pude ver a mesma, que nessa altura já estava até sem blusa, deitando-se no sofá que o Vinicius estava antes apoiado. 

Miguel: Está esperando o que pra tirar sua namorada dali? - Perguntou alto enquanto me sacudia pelo ombro, despertando-me um pouco. 

Fechei os olhos com força, lutando para que aquilo fosse apenas um pesadelo e para tudo estar diferente quando abrisse, porém, para o meu sofrimento, vi a cena piorar num quadro explícito de realidade. Agora o Vinicius jogava o sal pelos seios da Monalisa enquanto a mesma soltava risadas altas, chamando ainda mais a atenção das pessoas. Fechei as mãos em punho e sem pensar muito corri em direção aos dois, não dando tempo ao menos do Vinicius encostar um dedo nela. Puxei o querido amigo da minha namorada para longe e lhe bati sem dó alguma. Eu estava fora de mim, completamente fora de controle. Apenas relembrava das cenas nítidas em minha memória e socava-lhe com mais força. Por fim, ao vê-lo caído no chão, sagrando e resmusgando de dor, me afastei furioso e desviei o olhar para a Monalisa, essa que agora carregava a expressão surpresa, mas ao mesmo tempo risonha. Me aproximei num impulso, lhe peguei no colo de qualquer jeito enquanto ouvia alguns moleques reclamando e soltando piadinhas, e lhe tirei dali, seguindo num ritmo apressado para o seu quarto.

Bernardo: Qual é a sua, garota? - Perguntei irritado enquanto lhe jogava na cama, soltando seu braço, esse que já tinha a marca avermelhada das minhas mãos. Me arrependi de imediato, e antes mesmo que pudesse desculpar-me, lhe vi soltar uma risada alta, parecendo nem se importar.
Monalisa: Você também quer, Bê? Também vai ter, meu amor - Comentou aos risos enquanto tentava fazer uma pose sexy. Revirei os olhos e me aproximei, segurando firme seus ombros, fazendo-a me encarar - O que foi, baby? Tem para você também - Gargalhou enquanto jogava a cabeça pra trás, me fazendo firmar as mãos em seus ombros para que ela também não caísse junto - Aliás, tem para todos!
Bernardo: Como é? Repete - Pedi furioso, mas logo tratei de me acalmar mentalmente ao lembrar que ela estava bêbada e falando aquelas coisas da boca para fora - Droga Mona, por que você tinha que inventar de beber tanto? 
Monalisa: Sabia que eu adoro essa sua carinha de bravo? - Perguntou risonha, me ignorando completamente. Respirei fundo e tentei me acalmar mais uma vez.
Bernardo: E eu odeio ser feito de palhaço, Monalisa. Odeio - Comentei, soltando-a rapidamente quando percebi que ela me puxava. Ela fez bico e logo voltou a gargalhar alto enquanto se jogava por completo na cama e deitava - Eu juro que nunca mais deixo você beber. Nunca mais.
Monalisa: Beber? - Gritou animada enquanto levantava num impulso, cambaleando no mesmo instante para o lado, voltando a deitar desajeitada - Vamos beber mais. Vamos, vamos! 
Bernardo: Você não tem condições nem para ficar em pé, Monalisa - Gritei, observando seu estado. Ela agora desviava a cabeça para fora da cama e parecia fixar o olhar no chão. Suas gargalhadas cessaram e logo seu rosto ficou bastante pálido - Ei, o que foi? Tá sentindo algo? - Perguntei preocupado enquanto me aproximava num impulso rápido. Ela gesticulou algo incompreensível e logo abaixou ainda mais a cabeça, deixando por fim o vômito vir.

Levei longos minutos para conseguir dar um banho na Monalisa e colocá-la para dormir enquanto os meninos me ajudavam limpando a bagunça que a mesma havia feito. Depois de finalmente sair do seu quarto segui para o meu, onde passei o restante daquela madrugada sem conseguir pregar os olhos, relembrando dos lamentáveis episódios. Mesmo sabendo que a Monalisa estava completamente bêbada e fora de si, ainda sentia meu sangue ferver de fúria ao lembrar daquelas cenas e podia sentir uma certa raiva dela. Os meus amigos, claro, tentaram a todo custo falar que ela estava bêbada, que não sabia o que estava fazendo ou coisa do tipo, mas estava tão magoado que acabei nem dando muita atenção.

Já durante a manhã, depois de uma completa madrugada em claro e com os nervos a flor da pele, consegui finalmente dormir. Porém, para o meu azar, fui acordado ainda pela parte da manhã pelo Miguel.

Miguel: Por que trancou a Monalisa? - Perguntou enquanto me jogava algo parecido com um travesseiro, me despertando ainda mais. Revirei os olhos assim que pude abrir os mesmos e encarei o meu amigo - Ela está lá batendo na porta feito uma desesperada.
Bernardo: Acho que acabei trancando-a sem querer - Passei a mão pelo bolso da calça, tirei rapidamente a chave e joguei para o Miguel - Aproveita e diz que preciso ter uma conversa séria com ela, por favor.
Miguel: Bernardo, esfria essa cabeça antes de ir conversar com a Monalisa, beleza?
Bernardo: Já esfriei, muito até - Comentei irônico mas sem humor algum enquanto levantava - Mas tudo bem... Vou tomar um banho bem frio, quem sabe eu não esfrie mais, não? 
Miguel: É sério! Você sabe que a Mona estava bêbada e... - Lhe interrompi.
Bernardo: Deixa comigo, Miguel - Comentei firme enquanto seguia rapidamente para o banheiro.

Deixei a água morna cair sobre o meu corpo enquanto deixava as cenas da madrugada passada me atormentarem mais uma vez. Ver a Monalisa naquela situação e ainda mais com o Vinicius me fez estremecer, criar uma certa raiva, essa que parecia não querer mais diminuir. E não era para menos. Acabei despertando-me daquelas sofridas lembranças ao ouvir baterem na porta, me fazendo apressar. 

Bernardo: Tá livre - Resmunguei enquanto abria a porta do banheiro do corredor geral e secava os cabelos com uma toalha ao mesmo tempo - Pode... - Pausei ao notar quem se encontrava ali, perdida em pensamentos. Porém, pude perceber sua expressão mudar de imediato ao desviar o olhar para mim, parecendo surpreender-se. 
Monalisa: Er... O registro do seu banheiro também está com problemas? - Perguntou com uma expressão envergonhada enquanto mexia na toalha que segurava de forma nervosa.
Bernardo: Sim. As vezes dá esse problema - Disse frio, agilizando para sair dali. Ela, por sua vez, voltou a puxar conversa.
Monalisa: Poxa... Era bom chamar alguém para consertar isso de vez, não? - Perguntou enquanto parava na porta do banheiro e me encarava. 
Bernardo: No momento já estou com muitos problemas para me preocupar com isso - Pisquei, sorrindo irônico. Apressei-me para voltar para o meu quarto, mas logo ouvi sua voz mais uma vez.
Monalisa: Bernardo... - Iniciou dengosa, mas logo foi interrompida por mim. 
Bernardo: Vai tomar seu banho, beleza? Depois conversamos - Disse de forma rápida e ainda mais fria, sumindo rapidamente e de vez dali.