Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Narração por Monalisa

O meu cansaço era grande e o que mais precisava era de uma boa dormida. Porém, as lágrimas, as lembranças e as revelações pareciam querer me fazer companhia por mais uma madrugada. Era doloroso e sentia-me cada vez mais perdida no mundo em que o Aleff e o Thiago me colocaram... Ainda mais depois de saber de tais segredos, de saber como eu era vista por ambos desde pequena. Era agoniante e enfraquecedor. E era desse modo que me sentia, agoniada e enfraquecida por saber de tamanhas crueldades e por imaginar também que o Bernardo e os meus amigos corriam perigo. Se antes ainda havia alguma dúvida, dessa vez poderia me sentir convicta de que eles eram realmente capazes de tudo. Principalmente o Aleff. Ele poderia pensar que estava me enganando com todo o seu teatro, mas não estava. Sabia que diante de tanto acolhimento e bondade, ele queria dar o bote... Só não sabia exatamente do que se tratava esse bote. E foi com esse pensamento e com diversas especulações que acabei adormecendo. Porém, para o meu azar, não consegui dormir muito pois o Thiago fez o favor de me acordar, e do pior modo: me batendo. 

Thiago: Acorda, vadia - Gritou enquanto dava tapas em meu rosto. Abri os olhos com dificuldade, engoli em seco e logo me ergui sentada - Hoje o seu dia está lotado - Comentou risonho enquanto dava mais um tapa em meu rosto e seguia logo depois com a mão para o meu queixo, segurando e apertando firme - Você está me rendendo uma boa grana... Estou gostando de ver - Continuou a falar, fechando um pouco a expressão - Porém, ouvi algumas reclamações que a senhorita anda um pouco travada... Posso saber o motivo? - Perguntou rude, me fazendo fechar os olhos e respirar fundo, deixando-lhe o silêncio como resposta. Depois de bater em meu rosto mais algumas vezes, abri os olhos com a expressão assustada e lhe encarei ofegante - Lhe fiz uma pergunta!
Monalisa: Estou sendo obrigada a me deitar com diversos homens e também a deixar eles fazerem o que quiser comigo! Você acha mesmo que eu não travaria numa situação dessas? - Perguntei em bom tom, vendo-o surpreender-se com a minha resposta - Eu tenho sentimentos!

Thiago: Pois não deveria ter - Disse firme, me puxando no mesmo instante para ficar em pé. Antes mesmo que eu pudesse pegar impulso para me levantar, senti seus braços apressados me colocando firme no chão - E é bom não falar nesse tom comigo, ouviu? - Perguntou aos gritos enquanto me encarava fixamente - Eu acabo com você!
Monalisa: E está esperando o que para acabar então? - Voltei a perguntar, dessa vez com o tom ainda mais elevado - Por que não acaba de vez com essa vida medíocre que você me deu? - Perguntei no mesmo tom, sentindo o nó na garganta se formando. O tapa que veio como resposta foi tão grande que chegou a estralar alto naquele quarto vazio, onde ouvia-se apenas os ruídos dos ratos. Senti meu rosto arder como nunca. A dor era enorme, mas não me deixei abater. Virei a cabeça aos poucos e supliquei com os olhos cerrados - Me mata de uma vez! 
Thiago: Não vou fazer isso - Sorriu, encarando de forma assassina os meus olhos - Você me dá muito dinheiro, mocinha. Não posso acabar com o meu banco, não? - Perguntou irônico, me fazendo ferver de raiva - Mas se você continuar tão ingranta, vou ser obrigado a acabar com uma vida sim... E você já sabe de quem estou falando - Sorriu por fim, fazendo questão de enxugar logo em seguida algumas lágrimas que caíram em meu rosto.
Monalisa: Me desculpe - Pedi, vendo-o sorrir mais abertamente - Vou me comportar e prometo não travar quando estiver com os clientes - Conclui, sentindo o nojo por mim mesma aumentar. Me sentia enojada ao saber que estava fazendo exatamente o que o Thiago queria, porém, sabia que não poderia agir de outro modo, afinal, existiam pessoas queridas no jogo. 
Thiago: Espero mesmo - E sem dor nem piedade alguma, ele me jogou de forma brusca no chão, me fazendo bater com o corpo e a cabeça de mau jeito. Fechei os olhos ao sentir tamanha dor, mas logo fui obrigada a abri-los com o seu pedido - Abre os olhos garota, deixa de ser frouxa... Ah, e se arrume direitinho, ok? O seu primeiro cliente já deve estar chegando.

O meu azar parecia aumentar ainda mais. Além do dia realmente lotado, como dissera o Thiago, ainda fui violentada por certos ``clientes`` que pareciam estar fora de si, completamente loucos. Eles não se importaram com o meu corpo já dolorido e manchado, e resolveram deixar suas marcas com objetos cortantes e pesados. Ao final do dia não conseguia nem ao menos andar. Fui jogada no quarto de sempre e recebida mais uma vez pelos ratos. Me encolhi completamente e deixei as lágrimas me fazerem companhia novamente. Porém, naquele dia, o Aleff também resolveu fazer o mesmo. Mais uma vez.

Aleff: O Thiago está insuportável - Comentou enquanto me entregava um prato. Desviei a atenção para a comida e tratei de me alimentar rapidamente. A fome naquele dia me consumia, afinal, havia passado muitas horas sem comer - Ainda bem que agora deu uma saída.
Monalisa: E você? O que quer de mim? - Perguntei apressada enquanto subia o olhar até o seu, vendo-o dar de ombros - Estou tentando entender todo esse seu teatro - Comentei entre uma garfada e outra enquanto ainda lhe encarava. Ele abriu a boca para falar, mas logo foi interrompido pela a porta que se abria de forma brusca. 
Thiago: Então é aqui que você está passando as noites? - Perguntou com um tom alto e furioso em direção ao Aleff - Achou que eu não iria descobrir?
Aleff: Não tenho nada a esconder... E só estou tentando cuidar da minha filha - Respondeu no mesmo tom, levantando-se apressado - Não posso?
Thiago: Cuidando da filhinha? Nossa, como ele é bondoso - Comentou irônico e aos risos, me encarando logo depois. Ao notar o prato em minhas mãos, ele se aproximou em um passo rápido, pegou rudemente o prato e jogou contra a parede, assustando-me - Quem mandou dar comida para essa vagabunda?
Aleff: Não fale assim da minha filha - Gritou, apontando um dedo em seu rosto. O Thiago tentou agir rápido em se aproximar e quase dobrar o dedo do pai, porém o Aleff foi mais rápido e o empurrou, batendo-o logo em seguida - E não ouse tocar em mim. 
Thiago: Pode parar com o fingimento - Comentou furioso enquanto se afastava um pouco - Já sei dos seus planos e a Monalisa, que não é burra nem nada, já deve saber também.

Aleff: Não existe plano nenhum - Disse de forma rude enquanto encarava o filho com o olhar do mesmo modo - Estou realmente arrependido e pretendo cuidar da Monalisa agora.
Thiago: Cuidar de que modo? Levando-a para outro lugar para você fazer coisa pior? - Perguntou para o pai com um sorriso irônico e logo depois desviou o olhar para mim - Aliás Monalisa, você sabe o que o papai pretendia? - Neguei rapidamente enquanto me encolhia. Ambos pareciam furiosos um com o outro, e eu podia jurar que dali não sairia boa coisa - O Aleff está agindo desse modo apenas para ganhar a sua confiança e te colocar contra mim. Ele ia armar um plano para vocês fugirem e depois trancá-la - Encarou o pai de forma fria enquanto maneava com a cabeça em sinal de negativo - Você diz que sou louco por dinheiro, mas você consegue ser pior! Você queria arrancar a Monalisa daqui para vender o corpo dela e ficar com todo o dinheiro, já que por aqui a maioria da grana vem para mim, não é? - Encarei o Aleff, perguntando-me se aquele seria o seu plano. Ele balançou a cabeça apressado e me encarou urgentemente.
Aleff: Filha, não acredite em nada que ele fala - Pediu, agachando-se ao meu lado. Me encolhi ainda mais enquanto deixava novas lágrimas caírem e logo o vi sendo puxado pelo Thiago de form bruta. 
Thiago: Vai negar? Não adianta, papai - Disse de forma irônica a última palavra, mas logo voltou a ficar sério e ainda mais furioso - Quando trouxemos a Monalisa para cá, você a abusou da mesma maneira que eu. E agora, durante esses dias que brigamos por causa da divisão do dinheiro, você vem querer dar uma de bom pai? - Perguntou irritado, negando apressado - Que mudança repentina, não?
Aleff: Cala a boca, Thiago - Gritou transtornado, partindo para cima do filho, já batendo-o. Depois de lhe dar alguns socos, o Thiago pareceu criar forças e tratou de revidar. Me senti ainda mais perdida e medrosa, sem ao menos saber o que fazer.