Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Narração por Monalisa

A gritaria, os socos e a confusão aumentou ainda mais e apenas cessou quando alguns homens entraram naquele quarto. Depois de separados, ambos se encararam raivosos e com sangue escorrendo pelo rosto. Respirei fundo enquanto abraçava meus joelhos dobrados e fiquei a encarar os dois monstros que pareciam analisar os movimentos um dos outros, mesmo que estivessem imóveis. 

Thiago: JJ, pega as minhas ferramentas preferidas. Agora - Pediu a um dos homens que ali estavam. O tal JJ, um moreno alto e forte, logo tratou de sair dali rumo algum lugar. No segundo seguinte o Thiago fez menção para que lhe soltassem e logo foi atendido. Dali tirei que ele era o mandante de tudo, era o chefe - E quanto a você... - Pausou, apontando firme para o Aleff - Vai se arrepender por ter tocado em mim. 
Aleff: Pode ter certeza que o meu arrependimento maior foi ter colocado no mundo uma pessoa como você - Gritou, fazendo o Thiago se aproximar rapidamente e lhe socar o rosto. O Aleff remexeu-se e tentou se livrar dos homens que ainda lhe seguravam, mas foi em vão.
Thiago: Você foi o culpado por ter me transformado nessa pessoa, papaizinho - Ironizou na última palavra enquanto encarava firme o Aleff - E você quem traçou seu próprio fim. 
Monalisa: Você vai matá-lo? - Perguntei com um tom falho enquanto observava os dois.
Thiago: Vou - Respondeu no mesmo tom firme de antes, desviando logo em seguida o olhar para o pai - Aliás, já devia ter feito isso - Comentou, fechando as mãos em punho.
Aleff: Louco - Gritou furioso enquanto negava com a cabeça - Não acredito que vai fazer isso com a pessoa que mais te ajudou. 
Thiago: Você queria me passar a perna, isso sim - Gritou de volta ainda mais furioso. Antes mesmo que pudesse falar mais alguma coisa, o tal JJ chegou com uma cadeira e uma sacola preta, entregando rapidamente para o seu chefe, esse que logo sorriu abertamente - Agora a festa vai começar!

O medo que sentia do Thiago pareceu triplicar diante das cenas que observava perplexa e medrosa. O que eu mais queria era tampar os ouvidos e fechar os olhos para que mais uma cena não ficasse gravada em minha memória, mas fui impedida pelo meu irmão, esse que me obrigou a observar tudo. Depois de ter sentado e amarrado completamente o Aleff na tal cadeira, o Thiago pediu para os homens saírem e logo iniciou a tortura contra o corpo do pai com um facão bastante afiado. Podia sentir em mim toda a dor causada pelas pontadas e perfurações que a faca fazia naquele corpo, transtornando ainda mais o Aleff, esse que gritava desesperadamente e até chorava. Talvez aquela fosse a primeira vez que observava o Aleff, homem tão frio e que apresentava uma valentia tremenda, se contorcendo, gritando e chorando de dor. Ali, vendo-o daquele jeito, recordei-me de todas as torturas que o mesmo já havia feito, tanto comigo como com a mamãe, e pude pensar que ele estivesse pagando por tudo... E no fundo, sentia que realmente estava. 

Thiago: Sabe que sempre senti um ódio extremo por você? - Perguntou com um sorriso maléfico enquanto enfiava mais uma vez a faca na barriga do pai, remexendo com a mesma ali dentro, torturando ainda mais o Aleff, esse que contorceu o corpo e gritou ainda mais alto - Sempre não, confesso... Mas desde o dia em que te vi abusando da Monalisa - Confessou, me fazendo encará-la chocada - Você me proibiu de tocá-la e depois passou a fazer isso. Como ousava? - Pausou, deixando para trás o seu sorriso e adquirindo logo em seguida um semblante enfurecido e assassino - Como ousava tocar na minha pequena? Como? Ela era para ser minha desde o início - Gritou, retirando e enterrando mais uma vez a faca de forma rápida em seu corpo, fazendo o Aleff falhar no grito e me deixando completamente chocada e ainda mais traumatizada - Você reprimiu o meu maior desejo e tomou-a de mim. 
Monalisa: Como assim? - Perguntei baixo e com a voz falha enquanto encarava os dois. Já havia escutado a versão do Aleff, e apesar de me sentir desapontada quanto toda aquela situação, me via curiosa para também saber a versão do Thiago - Você me desejava?

Thiago: Sim - Respondeu de forma direta enquanto se afastava do Aleff, colocava a faca um tanto distante e já se aproximava de mim. Depois de ficar perto o bastante, o Thiago abaixou e me encarou sorridente - Eu sempre tive um carinho enorme por você desde criança. Sempre quis estar perto, brincar contigo e te proteger... Você era tão linda - Pausou, levando sua mão completamente suja de sangue para o meu rosto. Fechei firme os olhos, primeiro por sentir medo e depois pelo cheiro enjoado de ferrugem que invadira minhas narinas - Aliás, você ainda é linda.
Monalisa: Eu pensei que você me protegeria naquele dia - Sussurrei com a voz falha enquanto me recordava das cenas de anos atrás. Eu realmente não imaginava, naquela época, que o Thiago pudesse me fazer tanto mal e agir como o Aleff... Eu acreditava que tudo poderia mudar com a descoberta dele, mas estava enganada - Pensei que você ficaria do meu lado ao ver o Aleff me abusando - Abri os olhos e os desviei rapidamente para a cadeira ocupada ali perto, observando um ``pai`` atento na nossa conversa apesar das remexidas na cadeira e da dor tremenda que parecia sentir. Respirei fundo e voltei o olhar para o rosto do Thiago, esse que tinha a expressão perdida. Confesso que me surpreendi com aquele semblante, afinal, nunca tinha visto naquele rosto - Pensei que você cuidaria de mim. 
Thiago: Mas eu cuidei - Respondeu apressado enquanto erguia meu rosto com sua mãos completamente ensaguentadas - Cuidei do meu jeito, Monalisa - Completou, me fazendo negar com a cabeça.
Monalisa: Você acabou com a minha vida, Thiago... Aliás, você e o Aleff acabaram - Gritei inconformada enquanto lhe observava ainda mais perdido. Ele parecia tão frágil daquele modo que até me assustava - Eu poderia até me considerar a criança mais feliz do mundo antes de toda essa tragédia... A propósito, eu realmente era a criança mais feliz. Eu era risonha, espontânea e me orgulhava por ter nascido na família perfeita... Quanta ingenuidade da minha parte!

Thiago: E foi justamente por aquela sua inocência, sua espontaneidade e toda aquela sua felicidade que me senti atraído - Confessou, apertando meu rosto em suas mãos - Eu tinha o prazer de machucar os outros, tinha o prazer de ver o sofrimento estampado no rosto de todos eles, era como um passatempo para mim. Mas isso era apenas com os outros, com você nunca foi assim. A coisa parecia ser diferente, eu não tinha a minima vontade de te machucar... Eu apenas a queria por perto e bem - Continuou a falar, soltando em seguida meu rosto - Acontece que esse meu querer acabou se transformando em desejo e eu me odiei bastante por isso... Afinal, como eu poderia desejar minha própria irmã? - Senti as lágrimas misturando-se com o sangue em meu rosto enquanto ouvia suas palavras atentamente - E o desejo pareceu aumentar quando os hormônios de um pré-adolescente cresceram dentro de mim. Esses hormônios, inclusive, foram despertados mais cedo por causa dos puteiros que o Aleff passou a me levar desde cedo - Pausou, desviando o olhar para o pai que continuava a contorcer-se de dor, mas que ainda nos observava - Eu não podia entrar ali, era proibido, mas o Aleff sempre dava um jeito... Talvez eu tenha herdado essa parte dele - Comentou, voltando a me encarar - Fui ensinado e incentivado a praticar coisas que nem imaginava desde cedo naquele puteiro e então quis trazer isso para casa. Até fiquei te observando dormir em um certo dia e não resisti em te tocar... Pena que o Aleff chegou bem na hora e me repreendeu - Contou, me fazendo recordar da conversa da noite passada com tais revelações - Passei a guardar aquele desejo comigo até chegar o dia em que vi nosso pai te abusando... De início fiquei surpreso, mas depois veio a raiva. 
Monalisa: E por que não usou a raiva para brigar com o Aleff e acabar com aquilo? - Perguntei alto e inconformada, vendo-o negar com a cabeça. Apesar de já saber o motivo pelas revelações do Aleff, preferi me manter firme e tirar dele sua versão para toda aquela história que parecia torturá-lo tanto... E essa parecia ser a força que me levava a querer saber, afinal, era bom vê-lo tão perdido e atormentado com as cenas que parecia reviver - Por quê?
Thiago: Por que a minha raiva não iria passar de nada naquele momento... Ele no mínimo me chantagearia se eu quisesse brigar ou falar para alguém. Então deixei a emoção de lado e fiz com que a razão sobressaísse. Logo ele me puxou para o canto e disse que eu poderia finalmente ter o seu corpo. O desejo que sentia por você voltou com tudo depois daquela conversa e então tive forças para realizar o meu grande sonho - Pausou, deixando um sorriso escapar - Mesmo que ainda estivesse com grande raiva de você.

Monalisa: Raiva de mim? - Gritei ainda mais inconformada - Você me viu sendo abusada e torturada e ainda teve raiva de mim?
Thiago: Sim - Respondeu enquanto dava de ombros e desfazia o sorriso - Você não havia me contado nada e eu me senti traído, me senti abandonado. E além disso, já vinha também carregando a raiva do meu desejo reprimido, então, deixei tudo misturar e garanti que aquela raiva não seria passageira, seria transformada em vingança - Arqueei a sobrancelha, sentindo em seguida seus dedos em meus lábios - Prometi a mim mesmo atormentá-los o tanto quanto estava sendo atormentado com toda aquela história. Preferi não judiar do Aleff de imediato, pois sabia que ele seria útil no futuro... Mas quanto a você, não perdi tempo - Apertou meus lábios e logo pude sentir o gosto do sangue, me deixando ainda mais enjoada - E por incrível que pareça, me surpreendi ao perceber que te torturar era bem melhor do que te proteger.
Monalisa: Você é louco - Gritei perplexa com aquelas palavras. "Como alguém poderia achar melhor torturar uma pessoa ao invés de protegê-la?", perguntava-me em pensamentos enquanto lhe observava sorrir divertido com minha expressão - É de outro mundo!
Thiago: Não sou - Respondeu risonho enquanto voltava a passar a mão em meu rosto - De outro mundo foram as sensações que tive ao ver todo o sofrimento estampado em seu rosto... Foi um verdadeiro prazer.
Monalisa: Como pode sentir prazer em fazer outra pessoa sofrer? Como consegue ser tão insensível? - Voltei a gritar, vendo-o apenas sorrir satisfeito. Sua expressão e seu olhar já não estavam perdidos, estavam sorridentes assim como os lábios - Me pergunto todo dia como pode existir uma pessoa tão ruim como você.
Thiago: Tem gente pior, meu anjo - Piscou enquanto levantava e me encarava de alto - Mas chega de papo furado e vamos ao que realmente interessa - Voltou a piscar, desviando por fim o olhar para o Aleff que continuava com a expressão de dor.