Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Narração por Monalisa

Sem dó nem piedade alguma o Thiago voltou a perfurar o corpo do Aleff de forma mais rápida e intensa, fazendo-o gritar de dor. Fechei os olhos e os apertei com força enquanto pedia para aquela tortura acabar em pensamento. Para o meu azar, o Thiago pareceu me observar e me obrigou a abrir os olhos. Voltei a encarar então a tal cena, sentindo uma agonia enorme a cada nova perfurada que o Thiago dava. Depois de torturá-lo bastante com perfurações e cortes por todo o seu corpo, que nesse momento já estava nú, o Thiago fez algo que me impressionou e me enojou ainda mais. Ele encostou o facão no ombro do Aleff e passou a cortar sua pele, como se estivesse cerrando a mesma. Senti meu estômago revirar com tal cena e sem hesitar afundei meu rosto nos joelhos dobrados enquanto ouvia os gritos do Aleff mais fortes. 

Thiago: Olha para mim - Pediu alto e rude, me fazendo estremecer por dentro enquanto sentia o medo e o nojo ainda maior. Subi calmamente o olhar e pude lhe ver na minha frente. Em uma de suas mãos estava o facão coberto de sangue e em sua outra mão estava um pedaço de pele do Aleff. Senti de imediato toda a reviravolta do meu estômago subir e então virei o rosto para o lado e deixei o vômito sair - Já está vomitando? Mas isso é apenas o começo - Comentou enquanto forçava uma expressão e uma voz cabisbaixa. Não respondi nada, apenas continuei a vomitar e pedi em pensamentos para que ele se afastasse de mim - Deixa de ser fraca, garota. 

Novamente deixei o meu silêncio como resposta enquanto voltava a me sentar do modo de antes, encarando-o em seguida. Ele sorriu satisfeito e logo voltou para perto do Aleff, arrancando novos pedaços da sua pele e fazendo-o delirar de dor. Pude observar ali no rosto do Aleff, além da dor, todo o ódio que ele parecia ter do Thiago. Já esse último parecia não se importar e continuava a lhe torturar de maneira raivosa enquanto suas risadas altas eclodiam e misturavam-se com os gritos de socorro e horror do pai. Era mais uma cena que ficaria registrada em minha memória, mais um grande trauma que o Thiago fazia questão que eu guardasse. Talvez fizesse parte da vingança que falara minutos atrás. A vingança não tão voltada para mim, mas sim para o Aleff, que parecia arrepender-se amargamente por suas maldades e também por transformar o Thiago naquela pessoa.

A tortura aconteceu por mais longos minutos. A voz do Aleff já falhava a cada novo corte do Thiago, apesar de existir ainda em seu rosto um semblante de dor infinita. O Thiago, não muito satisfeito, deixou o facão de lado e partiu para cima do corpo completamente machucado do Aleff. Ele parecia transtornado e um louco com a expressão maléfica que apresentava, e pareceu não se importar com os novos gritos e resmungos do pai. Depois de uma grande sessão de chutes, socos e tapas, o Thiago se afastou novamente e sorriu satisfeito ao ver o Aleff praticamente desacordado, ou já morto. Para finalizar, ele pegou sua sacola e tirou dali a mesma arma que havia visto alguns dias atrás. Sem hesitar e sem muita demora, ele ergueu na altura da cabeça do Aleff e disparou, me deixando completamente imóvel e chocada. A cena se repetiu em minha cabeça e as lembranças vieram à tona, trazendo o último olhar da minha mãe e a risada maléfica do cara que lhe matara naquele dia tão tristonho e sofrido. Podia observar ali uma cena bastante parecida, dessa vez, porém, o cara que havia matado era o que agora morria. E morria pelo seu filho, esse que agia de forma fria e tranquila e que mantinha as risadas e o semblante de satisfação tão parecidas com as do pai no dia da morte da mamãe. Pude sentir um alívio, não por vê-lo morrendo, mas por saber que ele havia pago naqueles últimos minutos de puro sofrimento um pouco de todas suas maldades e que agora iria pagar o restante no inferno. Senti medo também. Um medo absurdo do que poderia acontecer a mim e as pessoas que amava diante daquela expressão transtornada do Thiago. Ele, parecendo observar as sensações que passavam pelo meu rosto, me lançou um sorriso e um olhar maldoso e vingativo, como se dissesse "a próxima vai ser você``. Engoli em seco e afundei meu rosto entre os joelhos dobrados, lutando e pedindo em pensamentos para que aquela tortura acabasse logo. No minuto seguinte pude ouvir novos disparos e então apertei meus olhos fechados e carregados, sentindo meu corpo pesar. Não lutei contra e deixei com que o inconsciente me dominasse de vez.

O meu pensamento sempre fugia para a Monalisa por mais que tentasse evitar. Naquele momento, por exemplo, estava diante de uma das mulheres mais lindas da boate - que os meninos me obrigaram a ir - e, não conseguia me concentrar na sua conversa. Meus olhos observavam aquele rosto, mas minha mente fazia questão de colocar um outro conhecido ali, me deixando completamente agoniado com as lembranças dela. O sofrimento parecia ainda maior e eu estava tentando, durante aquelas duas semanas desde o meu abandono, voltar a minha vida antiga. Na primeira semana fiquei isolado em uma completa solidão. Os meninos continuaram me ajudando e arrumando sempre um modo para me deixar para cima, mas era cada vez mais impossível... Podia sentir até que eles estavam tristes, tanto por me verem daquele modo, como por saudades da Mona. Na segunda semana, porém, resolvi sair daquela rotina de sofrimento e lágrimas, e resolvi voltar para a minha vida antiga. Eu só não imaginava que ia ser tão difícil, afinal, meu pensamento sempre fazia questão de seguir em direção da Monalisa. Era incrível a forma que ela me torturava, mesmo que de longe. Me perdi nesses pensamentos ao sentir as mãos ágeis da certa garota em minha frente sob o meu peito. Respirei fundo e encarei seu rosto. 

-XX-: Você parece tão tenso - Comentou a tal garota enquanto me observava. Ela era realmente linda. Nem tão alta nem tão baixa, corpo e rosto esculpidos e um sorriso de arrancar qualquer suspiro... Menos o meu - Quer que eu te ajude a tirar essa tensão?
Bernardo: Você me faria um excelente favor - Comentei com um sorriso malicioso enquanto tentava disfarçar um pouco a minha falta de jeito diante daquelas lembranças. Ela, sem hesitar muito, se aproximou ainda mais colando nossos corpos e em seguida nossos lábios.

 

O beijo inicialmente foi tranquilo, porém tudo mudou quando meu pensamento foi parar na Monalisa novamente. Lembrei do seu beijo doce, dos seus toques e carinhos tão suaves, do seu jeito de menina fascinante e outras vezes de mulher provocativa... Parecia impossível esquecê-la, impossível tirá-la da cabeça mesmo depois de tanto mal que a mesma havia me causado com o seu abandono. A tal garota que estava comigo, parecendo perceber a minha confusão e minha apreensão, finalizou o beijo e se afastou, me encarando um tanto perdida.

Bernardo: Não é nada com você - Disse de início enquanto sentia seu olhar observador - Eu só não estou muito legal... Me desculpa - Pedi e logo tratei de sair dali como um fugitivo, sem ao menos esperar sua resposta. Segui a festa toda a procura dos meus amigos e logo pude encontrar o Miguel com sua namorada - Estou indo para casa - Comentei rápido enquanto lhe puxava para um canto. 
Miguel: Não está conseguindo aproveitar a festa? - Perguntou cabisbaixo enquanto encarava minha expressão - Está pensando nela, não é?
Bernardo: É - Concordei com um tom baixo, fazendo-o assentir - Eu sei que não devia, mas é impossível. Não consigo nem ficar com outra que logo a Monalisa aparece nos meus pensamentos... Eu realmente não aguento isso, não aguento!
Miguel: Já te mandei ir atrás dela, Bernardo - Comentou com o semblante sério, me fazendo soltar uma risada irônica enquanto negava com a cabeça - É sério. Ainda não engoli essa história que ela te deixou porque não queria mais.
Bernardo: De novo com esse papo? - Perguntei um tanto irritado, revirando os olhos - Acho melhor eu realmente ir para casa... Aproveita a festa por mim - Disse por fim, dando-lhe um tapinha leve no ombro e me afastando dali.