Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Seguimos em silêncio durante o curto caminho. As vezes acabava apressando o passo para alcançar a Monalisa, mas ela sempre dava um jeito de seguir mais rápido, me deixando cada vez mais irritado. Assim que chegamos na casa, demos de cara com os nossos amigos saindo todos arrumados.

Bernardo: Vão para onde? - Perguntei curioso enquanto arqueava a sobrancelha. 
Miguel: Farrear - Respondeu animado, dando de ombros.
Monalisa: Ei, eu quero ir.
Bernardo: Eu também - Falei logo depois, fazendo com que a Mona revirasse os olhos.
Gabriel: Já estamos atrasados - Ele disse, anotando algo em um papel qualquer e me entregando logo depois - Está aí o endereço, estaremos lá - Ele piscou e logo encarou nossa amiga - E Mona, acho que esse lugar não é muito apropriado para você - Disse por fim, soltando uma risada maliciosa, e partindo para o carro junto com os meus amigos.

Assim que saíram, pude sentir a Mona pegar o papel da minha mão. Quando já ia reclamar, vi a mesma entrar rapidamente em casa. Bufei e entrei em seguida, partindo para um dos banheiros.

Como já sabia que a Monalisa demorava bastante para se arrumar, decidi prolongar o meu banho. Enquanto me banhava, deixei com que os pensamentos e as imagens de poucos minutos atrás me dominassem. E era inevitável não sorrir ao lembrar disso... Ao lembrar do seu jeito tão delicado, dos seus toques e até mesmo das suas palavras duras depois do beijo. No fundo, eu sabia que ela não estava arrependida. Podia ver isso em seus olhos, aqueles que mesmo sendo tão misteriosos para mim, não deixaram de transparecer essa tamanha certeza. Acabei me perdendo nesses pensamentos ao ouvir uma porta bater. Desliguei rapidamente o chuveiro e me apressei com minha arrumação. Assim que fiquei pronto finalmente, desci para esperar a Mona. Sentei em uma das cadeiras e logo liguei a televisão. O tempo passou rapidamente. Já fazia cerca de uma hora que eu esperava pela minha querida amiga e nada dela aparecer. Decidi então ir chamá-la, porém, não a encontrei em lugar nenhum daquela imensa casa. Me irritei com aquilo e peguei meu celular, discando logo depois o celular do Miguel. Não demorou muito e o mesmo atendeu.

Miguel: Diz, mano - Ele pareceu gritar por conta do alto som que ali tocava.
Bernardo: A Monalisa está por aí? - Perguntei enquanto respirava fundo, tentando controlar um pouco a minha raiva.
Miguel: Tá sim, chegou faz tempo - Senti meu sangue ferver e segui em direção a porta, saindo logo depois - Por que você não veio? - Ignorei a sua pergunta e segui em direção a uma pista que havia ali perto, bastante movimentada por sinal. 
Bernardo: Me diz o endereço daí, rápido! - Pedi enquanto já pedia parada para um táxi qualquer.

Acabei chegando meia-hora depois no certo lugar. Havia várias pessoas do lado de fora, bebendo e se pegando. Tentei desviar o olhar para a tal casa de festas, porém uma bela ruiva não deixou. Ela me agarrou em frente umas das filas para comprar ingressos e me tascou um beijo delicioso. Acabei me envolvendo e quase a puxei dali para um lugar mais tranquilo, porém, o meu consciente pareceu me alertar e me lançar outros pensamentos, envolvidos com a Monalisa. Me despertei rapidamente e me afastei da certa ruiva, enquanto já dava passos mais longos em direção ao bilheteiro. Depois de comprar meu ingresso, segui para a entrada do local, um tanto ansioso pelo que me esperava lá dentro. Durante o caminho ainda troquei beijos com algumas atiradas e até me assustei um pouco com tudo isso, normalmente, as mulheres não eram tão atiradas assim. "Que lugar era aquele afinal?", perguntei para mim mesmo. E assim que pus meus pés naquele negócio, pude finalmente responder a minha própria pergunta, e entender, por fim, o motivo do Gabriel ter avisado que aquilo não era lugar para a Mona. Aquilo era um cabaré. Cabaré de alto nível por sinal. No palco se apresentavam mulheres e homens quase nus, enquanto garçons e garçonetes, quase nus também, serviam bebidas e até outras coisas para seus clientes. Respirei fundo ao pensar nas maldades que alguns caras poderiam fazer com a Monalisa naquele lugar e logo me apressei em procurá-la. Não consegui lhe achar de imediato, mas pude ver meus amigos numa mesa um pouco afastada, ao lado da parede. Segui rapidamente até a mesma e logo vi os garotos me encararem.

Gabriel: Conseguiu demorar mais do que a Monalisa se arrumando? Como pode isso? - Perguntou entre risos, arrancando risadas dos meus amigos também.
Bernardo: Ela que se arrumou rápido demais e veio para cá. E para completar, não me avisou nada - Comentei irritado enquanto colocava uma bebida num copo qualquer e já tomava.
Renato: Falando nela... - Disse, e logo olhamos na mesma direção que a sua. A Mona se aproximava da nossa mesa com um garoto um tanto alto e malhado. Ela segurava uma garrafa de ice e conversava animadamente com ele, porém logo parou ao chegar na mesa.
Monalisa: Gente, quero apresentar meu novo amigo para vocês - Disse animada enquanto fazia gestos indicando o garoto. Revirei os olhos com a cena e bebi mais um gole da minha bebida - Então, esse é o Ítalo.
Ítalo: Opa, prazer conhecê-los - Ele falou, abraçando a Mona de lado e sorrindo para a gente. Bebi mais um gole e tentei desviar o olhar, porém a voz da Monalisa me fez voltar a lhe olhar.
Monalisa: Ah sim, esses daqui também são os meus amigos. Amigos novos também - Ela sorriu e logo apontou para cada um de nós enquanto nos apresentava - Bom, esses são o Gabriel... Renato... Miguel... E o Bernardo - Concluiu por fim, desanimando com o tom de voz ao me ver ali e abaixando um pouco o dedo que apontava em minha direção. Talvez ela só tenha reparado na minha presença naquele momento e isso me deixou ainda mais irritado. Balancei a cabeça negativamente enquanto lhe encarava e logo a vi revirar os olhos. Também revirei os meus e bufei enquanto já saía dali.

Rodei aquele cabaré atrás de alguma coisa que esfriasse a minha cabeça, e até que acabei encontrando. Encontrei belas mulheres que levaram-me ao paraíso por demorados minutos em um dos quartos daquele delicioso estabelecimento. Confesso que já havia ido em outros cabarés antes, mas aquele dali parecia bem diferente e um tanto melhor também. E realmente era bem melhor, afinal, conseguiu me fazer esquecer dos pensamentos que me perturbavam anteriormente. Quando meu relógio marcou quatro horas da manhã, resolvi voltar para a mesa onde meus amigos estavam. Porém, antes mesmo de chegar a certa mesa, esbarrei com o Gabriel. Ele parecia preocupado.

Bernardo: Cadê os meninos? - Perguntei enquanto pegava uma bebida no balcão, esse que estava ao lado e já bebia um grande gole.
Gabriel: O Miguel está passando super mal e o Renato acabou de levá-lo para o carro. Está apenas nos esperando - Ele falou, parecendo procurar algo - E eu estou procurando a Monalisa. 
Bernardo: Ué, ela não estava com vocês? - Perguntei, já começando a ficar preocupado. Ele deu de ombros e logo ouviu seu celular tocar. Pegou o mesmo rapidamente e logo atendeu.
Gabriel: Encontrei o Bernardo, só falta a Mona - Respondeu, ainda passando o olhar por aquele lugar - Tudo bem, espera mais um pouco que já estamos indo - Ele disse por fim e logo desligou seu celular, me encarando logo depois - O Miguel está muito mal, tá vomitando o carro todo - Ele bufou e logo voltou a falar - Eu vou procurar por ali - Disse, apontando para o seu lado direito e logo depois apontou para o esquerdo - E você procura por aqui, beleza? 
Bernardo: Ei, deixa que eu procuro a Mona sozinho e volto com ela de táxi - Falei, tentando acalmar um pouco o meu amigo - Vai com os meninos... O Miguel deve estar precisando de um bom banho e de uma cama - Ele assentiu e bateu de leve nas minhas costas.
Gabriel: Beleza, vou indo nessa então. Valeu aí - Disse, afastando-se.

Procurei a Monalisa por toda parte e não tive nenhum sinal da mesma. Aquilo estava muito estranho, afinal, a Mona por mais doida que estivesse ou fosse, não iria querer sair de perto dos meninos. Alguma coisa devia estar acontecendo e isso me matava de preocupação por dentro. Eu já podia ver as pessoas saindo daquele cabaré e mesmo assim não conseguia vê-la. Decidi com isso procurar pelas ruas que haviam ao lado do estabelecimento, porém, antes de seguir para a saída do local, pude ouvir uma voz abafada pedindo ajuda. Me desesperei um pouco mais ao pensar que pudesse ser ela e logo tentei seguir sua voz. Porém, a voz se calou, e o meu desespero aumentou bem mais. Segui para um lugar onde havia alguns seguranças e chamei os mesmos para ver se encontrávamos algo.

Não demorou muito e eu pude ouvir novamente a certa voz pedindo ajuda, dessa vez um tanto mais alto e mais claro. Pude notar então que era ela, era a minha Monalisa. Respirei fundo e tentei seguir o caminho da sua voz, assim como os seguranças. E por fim acabamos num lugar um tanto escuro, perto do palco. E lá estava ela, encolhida no canto, com a blusa rasgada, com o short no meio dos seus joelhos e com o rosto completamente vermelho por conta do choro, tentando gritar e sair dos braços de um idiota. Idiota esse que tinha uma das mãos por dentro da sua calcinha que estava à mostra, e que tampava sua boca com a outra mão. Senti meu sangue ferver com aquela cena e parti para cima dele. Assim que lhe puxei pela camisa para encará-lo, pude notar que era o Ítalo, o certo carinha alto e malhado que ela havia nos apresentado.

Bernardo: Filho da mãe - Resmunguei, já dando um soco em seu rosto - Nunca mais encoste nela - Falei, já lhe dando outro soco, dessa vez bem mais forte - Ouviu? - Perguntei enquanto dava mais um soco. Ele não respondeu, apenas cambaleou para trás e caiu no chão. Quando já ia partir novamente para cima dele, senti um dos seguranças me puxando pelo braço.
-XX-: Deixa ele com a gente - Falou enquanto me soltava um pouco e apertava o meu ombro como forma de me controlar - A sua amiga deve estar precisando de você - Disse por fim e então desviei o olhar para a Mona, essa que se encontrava um pouco atrás dele.

Meu coração apertou ao vê-la daquele jeito. Ela chorava muito e continuava da mesma forma de segundos atrás. Respirei fundo e antes de seguir até a mesma, pude ver o olhar de alguns curiosos em cima do seu corpo, esse que estava praticamente nu. Senti meu sangue ferver mais uma vez e tirei minha camiseta enquanto já me aproximava dela. Me abaixei para que ficasse a sua altura, coloquei minha camisa em cima do seu corpo e então lhe abracei forte. Ela retribuiu o abraço e pareceu chorar ainda mais. Meu coração apertou mais uma vez e eu me senti totalmente perdido, sem saber exatamente o que fazer. Minha vontade era matar aquele idiota ali mesmo, mas não poderia deixar a Mona sozinha, de jeito nenhum. Me afastei aos poucos e encarei seus olhos, esses que estavam cheios d`água.

Bernardo: Agora está tudo bem, Mona - Falei calmo enquanto tentava tranquilizá-la e passava a mão em seu rosto - Vou cuidar de você, prometo - Prometi, e logo a vi assentir e abaixar o olhar, parecendo um pouco envergonhada.
Monalisa: Me tira daqui - Pediu em um sussurro, ainda entre as lágrimas.

Assenti e logo me levantei, levantando-a logo depois. Ela subiu seu short e tentou ajeitar a minha camisa em seu corpo, enquanto ainda olhava para baixo. Franzi a testa, um tanto confuso por ela ainda estar olhando para baixo e então, ao virar-me um pouco, percebi que os curiosos ainda lhe observavam. 

Bernardo: Estão olhando o que? Perderam alguma coisa aqui? - Perguntei irritado enquanto ficava na frente da Monalisa e me virava para eles - Acabou a festinha, podem saindo - Falei, quase aos gritos. Logo começaram a se espalhar e depois saíram.

Voltei o olhar para Mona e vi a mesma colocando a minha blusa, cobrindo assim boa parte do seu corpo. Sorri meio sem jeito ao vê-la tão linda vestida com a minha camisa, mas logo tentei disfarçar ao perceber seus olhos voltando-se para mim e a sua expressão confusa. Mordi o lábio para prender o sorriso e lhe puxei dali em seguida, levando-a logo depois para a rua. Nossa sorte foi que assim que colocamos os pés na calçada, demos de cara com um táxi vazio.