Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Na manhã seguinte, terça-feira, o som alto dos nossos queridos vizinhos nos acordaram mais uma vez. Aquilo estava funcionando quase como um despertador, na boa. Fui o primeiro a levantar e me arrumar. Assim que desci para tomar café, dei de cara com a Monalisa. A mesma se encontrava quase deitada no sofá e tomava um achocolatado. Respirei fundo e segui em direção a cozinha. Preparei qualquer coisa para comer e voltei para a sala, sentando logo depois num canto um tanto afastado da Mona. Ela me encarou inquieta e se ajeitou um pouco, parecendo que ia começar a falar algo. Porém, nesse mesmo instante, os meus amigos apareceram na sala.

Miguel: Na boa, nunca mais eu bebo daquele jeito - Ele falou, sentando ao lado da Mona.
Monalisa: O que aconteceu, hein? - Perguntou, encarando o amigo com uma expressão preocupada - Você está com uma cara péssima - Falou por fim, deixando essa expressão de lado e soltando uma risada baixa.
Renato: Ué, o Bernardo não te contou? Ele veio para casa super mal, vomitou até no carro - Falou, fazendo uma cara de nojo.
Monalisa: Sério? - Ela perguntou parando de rir e voltando a sua expressão anterior - Eu não fiquei sabendo disso... Mas, você tá melhor agora? - O Miguel assentiu e lhe abraçou de lado.
Gabriel: Que estranho o Bernardo não te contar - Ele falou curioso, fazendo com que todos nós lhe encarassem.

Bernardo: É que aconteceram umas coisas... E aí acabei esquecendo de contar, enfim - Falei, desviando o olhar para a Mona, essa que agora abaixava o olhar, parecendo ficar envergonhada.
Miguel: Hm, que coisas? - Perguntou com um tom curioso e malicioso.
Bernardo: Não pensa besteira, Miguel - Falei, revirando os olhos - É que... - Pausei ao ver os olhos da Mona se voltando para mim. Ela parecia apreensiva e um tanto perdida. Respirei fundo e logo continuei - Bom, quando fui procurar pela Mona, acabei achando ela caída no chão, com a roupa rasgada e com aquele malhadinho, o tal do Ítalo, quase em cima dela - Os meninos me encaram espantados e logo depois encararam a Monalisa, essa que agora já voltava a abaixar a cabeça - Ele queria estuprá-la - Falei, já ficando irritado com a lembrança da cena - Mas acabei resolvendo com a ajuda de uns seguranças. Enfim... - Conclui, dando de ombros. 
Renato: É nisso que dar ir andar com quem não conhece - Ele falou, repreendendo a Mona. 
Monalisa: Eu não sabia que ele iria fazer isso - Ela sussurrou enquanto escondia seu rosto no ombro do Miguel.
Gabriel: Você tem que tomar mais cuidado, Mona - Ele disse, também repreendendo-a - Sério, imagine se esse cara resolvesse levar você para outro lugar? - Ele perguntou meio irritado, e antes mesmo dela responder, continuou - Eu te disse para não sair de perto da gente, mas você não me escutou.

Miguel: É, a Mona nunca escuta ninguém - Falou meio risonho enquanto revirava os olhos.
Bernardo: Pois é... Mas enfim, vou mandar a real. Não estamos aqui para servir como babás e ficar cuidando de você, beleza? Viemos com a intenção de nos divertir e não te livrar das suas confusões - Falei, lhe encarando sério - Tenta amadurecer mais um pouco e confiar menos nessas pessoas que você nem conhece antes de sair por aí... - Ela me interrompeu enquanto já levantava.
Monalisa: Eu não estou pedindo para vocês cuidarem de mim, aliás, eu nunca pedi isso - Ela falou meio irritada enquanto passava seu olhar triste por cada um de nós - E desculpem se eu estou atrapalhando a diversão de vocês - Ela concluiu com a voz baixa e se dirigiu a escada, subindo logo depois. Os meninos desviaram o olhar dela para mim, com expressões nada legais em seus rostos.
Gabriel: Não precisava disso, não é? - Dei de ombros e me joguei num dos sofás.
Renato: Pois é... Não precisava ser tão duro - Ele disse com a voz séria enquanto me encarava com um olhar repreendedor.
Bernardo: Qual é? Ela estava precisando ouvir isso - Falei, desviando o olhar para a televisão.

Os meninos calaram-se e ficaram assim por bastante tempo. Eu também fiquei assim e tentei prestar atenção no certo programa que passava, porém, meu pensamento voou para a Mona. Talvez eu realmente tenha sido duro... Mas se bem que ela estava precisando ouvir aquilo, afinal, era a verdade. Não queríamos uma pessoa para ficar vigiando e cuidando, éramos jovens e queríamos diversão, apenas. 

Miguel: Ei, fiquei sabendo que hoje vai ter uma festa top na casa ao lado - Ele falou, quebrando o silêncio e me despertando um pouco dos pensamentos.
Renato: Na casa dos nossos queridos vizinhos? - Ele perguntou, soltando uma risada logo depois - Hm, então vai ser top mesmo!
Miguel: Pois é - Ele assentiu sorridente - A Vitória convidou todos nós - Ele concluiu, fazendo com que todos os nossos olhares se voltassem para ele - Qual foi?
Gabriel: Vitória né? Hm, tá apaixonadinho - Ele falou, zoando.
Bernardo: Pois é, agora tá de romance com ela - Comentei rindo e logo o vi soltar uma gargalhada alta, parecendo se divertir.
Miguel: E eu lá sou cara de me apaixonar e ficar de romance? - Ele perguntou entre risos, nos arrancando outros - Estamos apenas nos curtindo, nada de mais. 
Renato: É assim que começa - Ele disse, já caindo na risada também - Mas, acho que ela não vai gostar nada de saber que o mocinho bebeu e pegou todas num certo cabaré não, só acho.
Miguel: Deixa comigo, ela não vai saber de nada - Ele piscou e mostrou seu sorriso travesso, nos arrancando risadas mais uma vez.

Depois da nossa longa conversa, resolvemos preparar o almoço. Os meninos haviam até chamado a Mona para nos ajudar, porém, ela disse que não estava muito bem e que ficaria no quarto mesmo. Com isso, acabamos preparando uma comida um tanto... diferente. Comemos aos prantos e logo depois lavamos nossa louça. Depois disso, cada um resolveu fazer uma coisa. O Miguel foi na casa vizinha, ficar com a Vitória. O Gabriel seguiu para a praia e o Renato resolveu ir dormir um pouco. Quanto a mim, resolvi ficar assistindo um pouco de televisão mesmo.

Coloquei um filme legal e tentei prestar atenção, porém, só consegui isso no começo. Logo depois, vários pensamentos me invadiram e praticamente todos eles envolviam a Monalisa. Com eles, também vieram um certo arrependimento e uma consciência pesada. Depois de tudo que a Mona havia passado mais cedo, tudo o que ela menos queria e precisava, eram pessoas a julgando e repreendendo. E além do mais, ela não merecia isso. Balancei a cabeça no mesmo instante e tentei tirar esses pensamentos da cabeça, porém, não consegui, mais uma vez. Logo lembrei que a mesma ainda não havia almoçado, e isso me fez levantar e ir preparar seu prato. Aliás, eu também precisava de uma desculpa para poder falar com ela, e talvez essa fosse uma forma. Depois de preparar tudo, segui rapidamente para o seu quarto. 

Bernardo: Posso entrar? - Perguntei enquanto batia de leve e já abria a porta. Ela tinha seus olhos na janela, mas logo desviou o olhar para mim ao ouvir minha voz.