Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Estava tarde e fazia um grande frio naquela noite, mas não me importei com esses fatos até encontrar a Monalisa. Já havia andando pelas ruas próximas da nossa casa e não tive nenhum sinal. Decidi então seguir para a praça, e para a minha sorte, a encontrei lá. Ela estava sozinha e encolhida num dos bancos, parecendo se aquecer com os próprios braços. Sorri ao reparar seu jeito e me preparei para seguir até a mesma, mas logo parei ao ver o Sandro chegar perto e sentar ao lado da mesma. Ela pareceu falar algo para o mesmo e logo em seguida lhe abraçou. Revirei os olhos com a cena e então senti meu sangue ferver. Respirei fundo e segui em direção aos dois. Assim que cheguei perto o suficiente, eles me encararam e logo afastaram-se.

Bernardo: Pode voltar para a festa, Sandro - Falei, desviando o olhar para o garoto. Ele ia falar algo, mas logo tratei de continuar - Pode deixar que eu cuido dela - Ele então virou seu rosto para a Mona e logo a viu assentir e sorrir, lhe tranquilizando. Ele deu um beijo demorado na testa da mesma, levantou-se e sumiu. Respirei fundo mais uma vez e então sentei ao seu lado. O silêncio reinou de início, mas logo resolvi quebrá-lo - Você não deveria sair assim no meio da madrugada, Monalisa. É perigoso - Falei, olhando-a. Ela revirou os olhos, bufou, e então me encarou.
Monalisa: Como se você se importasse comigo - Disse, balançando a cabeça negativamente, e tentando prender meus olhos nos seus. E conseguiu, afinal, eu era encantado pelos seus olhos... Tão misteriosos e belos. Porém, o transe não durou muito tempo. Logo me recordei do seu comentário e neguei com a cabeça.

Bernardo: Não fala isso, Mona. Eu me importo com você sim, e muito - Confessei, e logo a vi soltar uma risada um tanto irônica e sem graça alguma enquanto dava de ombros. Esperei ela me responder, mas a mesma não fez isso. Parou de rir e olhou para frente - Você acha que eu estaria aqui agora se não me importasse? - Perguntei e logo a vi me encarar novamente, dessa vez parecendo envergonhada. 
Monalisa: Desculpa - Pediu quase num sussurro. Não pude deixar de reparar seus lábios, esses que agora estavam um tanto roxos, talvez por conta do frio. Ela pareceu perceber o meu olhar, e ficou ainda mais sem jeito. Sorri rapidamente e tirei o meu agasalho, lhe passando logo depois.
Bernardo: Veste isso, vai ajudar a aquecer um pouco - Falei e logo a vi sorrir em forma de agradecimento. Ela pegou o mesmo e vestiu-se rapidamente, me deixando um tanto maravilhado com a imagem. Mais uma vez ela pareceu perceber, e então voltou a ficar envergonhada. Sorri novamente e lhe puxei para os meus braços, lhe abraçando apertado.
Monalisa: Obrigada, Bernardo - Agradeceu, me apertando logo em seguida. Encostei sua cabeça entre meu pescoço e meu peito e logo comecei a acariciá-la.
Bernardo: Quer voltar para casa? - Perguntei enquanto ainda lhe acariciava, depois de algum tempo em silêncio.

Monalisa: Não - Falou apressadamente - A galera ainda deve estar lá, e eu não quero que eles me vejam tão fragilizada - Confessou, me fazendo rir alto.
Bernardo: Quer dizer que você está fragilizada? - Perguntei, e recebi o seu silêncio como resposta. Parei um pouco de rir e abri um pequeno sorriso, voltando a lhe perguntar em seguida - Por qual motivo? Posso saber?
Monalisa: Ah, Bernardo - Sussurrou, me apertando novamente - Eu fiquei magoada com você - Confessou, me fazendo ficar imóvel - Eu disse que não queria que você ficasse com a Lívia. E aí você vai e fica, e ainda fica de gracinha com ela na minha frente - Falou, parecendo emburrada. Prendi o riso e então voltei a acariciá-la. 
Bernardo: Desculpa - Me desculpei, ainda prendendo o riso - Mas me conta, por que não queria que eu ficasse com ela? - Perguntei e recebi seu silêncio como resposta mais uma vez - Me responde, Mona - Pedi e fiquei com seu silêncio novamente. Respirei fundo e então abaixei o olhar - Tudo bem, não vou insistir.
Monalisa: Obrigada - Agradeceu mais uma vez, me fazendo sorrir um pouco. Tive vontade de afastar seu rosto para observar sua expressão e seus belos traços, mas não fiz isso. Lhe apertei em meus braços e esperei que ela falasse mais alguma coisa, porém, nada disse.

Ficamos mais um bom tempo abraçados e calados. Quando o frio começou a aumentar, resolvemos voltar para casa. Voltamos abraçados e em passos lentos, no mesmo silêncio de antes. Para a nossa sorte, percebemos que todos já tinham ido embora da república e os meninos já dormiam. Levei-a para o seu quarto e logo em seguida parti para o meu. Tirei apenas a camisa e os sapatos, e então me joguei na cama, encarando o teto logo depois. A Mona novamente tomava conta dos meus pensamentos, me deixando um tanto apreensivo.

Tentei fechar os olhos e afastar a sua imagem, e por um momento até consegui, porém, logo o seu rosto, a sua voz e o seu jeito apareceram, me perturbando ainda mais. E foram com esses pensamentos que cai num cochilo de pouco tempo. Assim que ouvi gritos escandalosos, acordei rapidamente, bastante assustado. Sentei-me na cama, e então ouvi novamente os gritos. Logo que percebi de quem era, levantei apressadamente e segui para o quarto em frente ao meu, da Monalisa.. Assim que abri a porta, pude perceber sua voz calar. Ela estava encolhida na cama, e ainda vestia a roupa de horas atrás, até mesmo o meu agasalho, e chorava, chorava muito.

Fechei a porta e segui de forma apressada para o seu lado, já sentando e acolhendo a mesma. Ela me abraçou apertado e chorou ainda mais.

Monalisa: Ele ia me matar, Bê - Falou entre soluços - Ele ia - Repetiu, chorando ainda mais. Lhe puxei para o meu colo e lhe apertei em meus braços.
Bernardo: Calma, Mona. Foi apenas um pesadelo - Falei, tentando acalmá-la. Não funcionou muito, seu choro aumentou, assim como seus soluços.
Monalisa: Ele... Ele... Ele quer - Tentava falar, ainda entre soluços - Ele quer me matar, Bê. Não deixa - Pediu, me apertando novamente.
Bernardo: Isso foi um pesadelo, meu amor. Fica calma, ninguém vai fazer isso - Tentei tranquilizá-la enquanto ouvia seus soluços mais altos. 
Monalisa: Ele vai sim - Disse, afastando-se um pouco e me encarando com uma expressão medrosa - Ele vai me achar e vai me matar - Falou, deixando mais lágrimas caírem sob seu rosto. Passei a mão rapidamente no mesmo e encarei seus olhos, esses que estavam vermelhos e apertados.
Bernardo: Ele quem, Mona? - Perguntei curioso, e acabei recebendo o seu silêncio como resposta. Ela voltou a me abraçar, e a soluçar mais alto também.

Monalisa: Não me deixa sozinha, Bernardo - Pediu enquanto ainda me abraçava e me apertava - Não me deixa, por favor.
Bernardo: Você não vai ficar sozinha - Me apressei em dizer, ainda lhe abraçando - Não vou te deixar sozinha nunca, prometo - Prometi, tentando acalmá-la. Ela ficou calada, e logo voltou a chorar ainda mais - Já passou meu amor, não chora - Pedi, afastando um pouco para olhá-la - Vou pegar um pouco de água com açúcar para você se acalmar, beleza? Eu volto logo.
Monalisa: Não - Falou rápido, quase num grito - Você não pode me deixar sozinha, Bê. E se ele vier aqui e... - Pausou, sendo completamente interrompida por mais soluços.
Bernardo: Ei, ninguém vai vir aqui - Falei, passando a mão em seu rosto e limpando o mesmo - Fica calma, eu volto logo - Disse por fim, já me levantando. Ela não falou mais nada, então me apressei em sair do seu quarto e seguir para a cozinha. Preparei sua água com açúcar e logo voltei. Ela continuava do mesmo jeito, encolhida e chorando. Me aproximei e logo lhe dei o copo. Ela bebeu um pouco, colocou o copo ao lado da cama e voltou a me abraçar.

E assim ficamos por um bom tempo. Quando percebi a Mona finalmente se acalmar, decidi me afastar. Ela me encarou no mesmo instante, confusa.

Bernardo: Eu vou indo para o meu quarto - Falei, lhe dando um beijo demorado na testa e um sorriso em seguida - Você está precisando descansar - Ela negou com a cabeça rapidamente e segurou minha mão.
Monalisa: Fica aqui comigo - Já ia lhe dizer que não, quando ouvi novamente seu pedido - Por favor, Bê. Eu tô com medo - Confessou num sussurro, me fazendo sorrir um pouco mais.
Bernardo: Com medo de um pesadelo? - Perguntei, ainda sorrindo. Ela mordeu o lábio, parecendo apreensiva, e então abaixou a cabeça.
Monalisa: Tudo bem, pode ir - Sussurrou e logo deitou-se na cama, virando de costas para mim em seguida. Sorri novamente, me deitei ao seu lado e então a abracei.
Bernardo: Vou ficar mais um pouco - Falei, e logo a vi virar-se novamente. Ela deu um pequeno sorriso e então me abraçou. 

Ficamos calados e abraçados. Logo percebi que a mesma havia dormido, e então me afastei, já levantando. Antes de sair, ainda lhe dei um beijo na cabeça e lhe cobri. Ao vê-la dormir tranquilamente, sorri, e em seguida, saí do seu quarto.