Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Monalisa: Pensei que já tivesse feito a sua parte - Falou baixo, quase num sussurro, já fechando o sorriso. 

Bernardo: Pois é. Mas os meninos não acharam isso, e meio que me obrigaram a vir conversar com você - Disse mal-humorado, lhe fazendo revirar os olhos. Ela logo levantou-se um pouco, sentando na cama. Aproximei ainda mais para tentar evitar tal movimento, mas ela logo afastou minhas mãos.
Monalisa: Calma, estou bem - Falou, ajeitando-se e voltando a me encarar. Assenti e logo recuei um pouco - Acho que já posso ir para o meu quarto, não? 
Bernardo: Não - Neguei rapidamente, fazendo-a revirar os olhos mais uma vez - Não antes de termos uma conversa.

Monalisa: Eu não quero conversar com você - Disse firme, voltando mais uma vez o olhar para o meu. 
Bernardo: Acontece que prometi aos meninos que teria uma conversa com você, e agora vou ter que cumprir - Falei, dando de ombros - Enfim, por que... - E antes que pudesse terminar, acabei sendo interrompido. 
Monalisa: Você nunca cumpre suas promessas mesmo... Poderia muito bem não cumprir essa também - Comentou, me fazendo arquear a sobrancelha. 
Bernardo: Como assim? Sempre cumpri minhas... - E então me interrompi, lembrando de uma certa promessa não cumprida. Foi inevitável não sorrir - Você está falando daquela certa promessa em que disse que iria cuidar e ficar sempre do seu lado? - Perguntei, ainda com um pequeno sorriso. Ela assentiu rapidamente sem graça. Respirei fundo e logo desfiz o sorriso - Acontece que você me fez quebrá-la quando pediu para ficar longe - Disse um tanto desanimado. Ela assentiu novamente e então abaixou a cabeça, parecendo sem jeito. Ao perceber que ficaria em silêncio, resolvi mudar de assunto - Mas enfim, vamos ao que realmente interessa - Antes mesmo que pudesse continuar, percebi seu olhar voltando para mim.
Monalisa: Eu não quero falar sobre... - Lhe interrompi.

Bernardo: Lembra do dia que um drogado, amigo meu por sinal, te agarrou? - Perguntei, fazendo a mesma arquear a sobrancelha - No dia seguinte, você veio conversar comigo e perguntou toda receosa se eu e os meninos agíamos da mesma forma quando estávamos drogados, lembra? - Ela apenas assentiu e então desviou o olhar, parecendo envergonhada - Você parecia ter um certo medo de pessoas assim e tudo mais, e quando te vi ontem, naquele estado, fiquei completamente atordoado. Eu nunca pensei em te ver daquele jeito, Mona. Sério, você não imagina o quanto me doeu em ver aquela cena, em te ver toda largada, e... - E então pausei, percebendo o que havia acabado de dizer. Ela, por sua vez, abriu um pequeno sorriso, e para a minha surpresa, se aproximou e me abraçou forte. 

De início, fiquei completamente sem reação e paralisado. Mas ao perceber seus soluços, logo saí do "transe" e retribui o abraço. Ela me apertou ainda mais enquanto encostava sua cabeça em meu ombro. Acariciei seus cabelos até o fim das suas costas, lhe arrancando certos suspiros. Os soluços foram diminuindo aos poucos, e quando finalmente cessaram, me afastei para encarar seu rosto, esse que estava bem vermelho. Ela abaixou o olhar e tentou limpar rapidamente algumas lágrimas, mas foi um tanto em vão, logo seu rosto voltou a ficar molhado. 

Monalisa: Como pude ser tão idiota ao ponto de querer a única pessoa que se importa comigo longe? - Perguntou, talvez mais para si mesma, me fazendo sorrir um pouco - Sério Bê, me desculpa - Pediu, tentando limpar as novas lágrimas. Afastei suas mãos enquanto levantava delicadamente seu rosto - Me desculpa por esse jeito tão atrapalhado e as vezes tão explosivo. Me desculpa por ter te tratado mal, e também pelo seu celular - Disse apressada, sendo interrompida logo depois por mais soluços. Logo me manifestei para falar, mas ela não deixou, prosseguindo em seguida - Eu sempre fui sozinha, e talvez por isso, não soube lidar muito bem com alguém querendo cuidar de mim, entende? - Perguntou com um tom choroso, limpando seus olhos.

Bernardo: Entendo - Respondi, afastando novamente suas mãos do seu rosto e segurando as mesmas - E também peço desculpas... Eu não tinha o direito de insistir tanto em algo que te faz mal - Falei receoso, balançando a cabeça negativamente - Eu agi por impulso, como tentativa de te ajudar. Era só isso que eu queria, Mona. Te ajudar. Te ajudar a esquecer isso e fazer com que você superasse - Disse apressado, e logo a vi se manifestar, mas logo continuei - Se eu soubesse que iríamos nos afastar e tudo mais, não teria insistido tanto e... - E então ela me interrompeu. 
Monalisa: Claro que você iria insistir, Bernardo. Você sabe disso. Você chegou até a ligar para o Pietro pedindo o número daquele garoto, tudo isso para investigar minha vida. E pior, nem sequer falou comigo sobre nada - Revirei os olhos, e logo ouvi sua voz novamente, um tanto mais alta - Você sabe que eu não gosto de falar da minha vida, e mesmo assim insistiu. Mesmo depois de eu ter pedido para você esquecer esse assunto - Confessou, soltando suas mãos e voltando a enxugar o rosto.
Bernardo: Tudo bem, é verdade - Concordei, me aproximando um pouco enquanto também passava a mão em sua face - Eu errei e te peço desculpas por isso - Disse, vendo seus olhos voltando-se para mim - Mas por favor, não vamos brigar. Eu quero ficar bem com você, Mona, na boa - Ela assentiu, mordendo o lábio inferior, talvez por apreensão.

Monalisa: Eu também quero ficar bem com você, Bê. Aliás, eu preciso disso - Confessou, me fazendo abrir um sorriso bobo - Sério, você não imagina o quanto eu senti a sua falta esses dias. Nem imagina também o quanto torci para você ir me abraçar durante todas essas noites que tive pesadelos, ou mesmo me lançar um olhar ou um sorriso, que nem esse - Falou, levando uma das suas mãos para os meus lábios, esses que ainda apresentavam o tal sorriso - Que me acalmasse e me desse segurança, me fazendo esquecer de tudo - Disse por fim, me fazendo tremer por dentro com tantas sensações. 
Bernardo: Bem que eu disse que você sentiria falta de mim se ficasse um tempo longe - Falei risonho, fazendo-a revirar os olhos de forma divertida e afastar suas mãos do meu rosto. Mordi o lábio como tentativa de prender o riso, e então continuei - E confesso, também senti sua falta - Disse baixo, quase num sussurro - Toda madrugada acordava com seus gritos e tinha uma enorme vontade de ir te acalmar e afastar os pensamentos negativos. Enfim... - Pausei, mostrando um sorriso torto. Já ela, deu um sorriso tímido e logo levou suas mãos novamente para o meu rosto, acariciando-o - Você não tem noção do quanto me segurei e do quanto lutei contra mim mesmo para não chegar perto - Confessei sem jeito.
Monalisa: E eu pensava que era isso que você faria - Disse envergonhada, desviando as mãos e o olhar - Sempre que acordava com os pesadelos, ficava um tanto confiante e esperançosa pensando que você chegaria ali para me acalmar e me proteger, apesar de tudo. Mas não, você não ia. Não chegava nem perto, e isso acabou me machucando tanto, Bê. Tanto - Confessou, me fazendo sorrir mais uma vez - E depois que começou a ficar com a Manuela, parece que tudo piorou. Você não ligava mais para mim, só para ela. A sua atenção, as suas palavras e os seus sorrisos eram todos voltados para ela, e nada para mim. Nada - Completou, voltando a me encarar, completamente sem graça.

Bernardo: Mas isso tudo só aconteceu porque você quis, Mona. Você quem me pediu para ficar longe, te esquecer e tudo mais, e era isso que eu estava querendo fazer - Expliquei, observando o seu olhar triste.
Monalisa: É, mas mesmo longe, você quis me atingir, não é? - Perguntou, dessa vez com um tom raivoso. Arqueei a sobrancelha no mesmo instante, um tanto confuso - Você quis me provocar ficando com a Manuela - Disse, me fazendo negar com a cabeça rapidamente.
Bernardo: Lógico que não. Por que iria querer te provocar? - Perguntei um tanto alto, observando sua expressão. 
Monalisa: Porque você é um idiota e adora implicar comigo. Sempre quando estou fazendo uma amizade nova, você vai e fica com a pessoa. Agora me diz, você acha que eu não fico incomodada ouvindo essas meninas falando para mim sobre os seus pegas com elas? 
Bernardo: Bom, na minha concepção, não teria motivo para você ficar incomodada - Respondi, dando um sorriso logo em seguida - Ou teria?

Monalisa: Claro que teria - Falou rapidamente, mas logo negou com a cabeça, me fazendo abrir ainda mais o sorriso - Não, não tem motivo. Mas mesmo assim - Disse de forma apressada e confusa, completamente atrapalhada. Soltei um gargalhada alta e logo a vi revirar os olhos - Para Bê, não tem nada engraçado - Falou baixo, formando um bico em seguida.
Bernardo: Tem sim - Comentei risonho enquanto me aproximava. Ela logo desfez o bico, bufou e preparou-se para levantar. 
Monalisa: Acho que agora já posso ir para o meu quarto - Comentou, já levantando. Lhe puxei rapidamente, fazendo-a sentar na cama novamente. 
Bernardo: Não. Ainda não tivemos a conversa principal - Disse, voltando com a expressão séria. Ela mordeu o lábio, parecendo voltar a ficar apreensiva - Me diz Mona, por que você se drogou? - Ela logo abaixou o olhar enquanto parecia respirar fundo.

Monalisa: Eu não queria, Bê - Sussurrou. Segurei em suas mãos e as apertei, tentando passar um certa segurança - Quando você saiu do clube, eu e o Sandro seguimos para a praça, e acabamos encontrando uns amigos dele, sabe? E aí, depois disso, começamos a beber. E muito por sinal. Quando percebi, já estava de frente com a droga e acabei não resistindo - Confessou, me deixando um pouco incomodado. 
Bernardo: Foi o Sandro quem te ofereceu? - Perguntei rapidamente, já ficando irritado.
Monalisa: Não. Foi um amigo dele - Revelou, voltando a me encarar - E eu estava tão fora de mim que acabei aceitando - Disse por fim, envergonhada.
Bernardo: Você não deveria ter aceitado, Monalisa. Aliás, não deveria nem andar com pessoas assim - Disse irritado, e logo a vi revirar os olhos novamente. 
Monalisa: Por favor, Bê. Eu ando com você e os meninos, nem por isso fico me drogando igual vocês - Disse, ficando um tanto irritada também. 
Bernardo: Primeiro, depois que você se mudou para cá, nunca mais nos drogamos. Pelo menos aqui na república. E nunca te forçamos a nada disso, nem a beber, nem se drogar, nem nada - Falei alto e logo vi seu olhar voltando-se para mim.

Monalisa: Ninguém me forçou a nada, Bernardo! - Falou alto, visivelmente irritada - Ele apenas me ofereceu e eu aceitei.
Bernardo: Aceitou porque estava bêbada. E com certeza eles devem ter te embriagado com a intenção de fazer alguma maldade. Isso é, se não fizeram... - Sua expressão mudou, transformando-se em uma completamente assustada. 
Monalisa: Eles não fizeram nada - Disse baixo, também abaixando o olhar - Eu acho... - Sussurrou, parecendo respirar fundo. Fiz o mesmo e logo me aproximei, lhe abraçando apertado. 
Bernardo: Tenta observar melhor suas amizades, Mona - Falei baixo perto do seu ouvido enquanto lhe acariciava as costas - Não quero te ver naquele estado novamente - Completei, lhe apertando ainda mais. Ela me apertou de volta e deixou o silêncio como resposta. Aproveitei a brecha para continuar - Vamos a um médico essa semana, beleza?
Monalisa: Bê, foi só um desmaio - Falou como se fosse óbvio, afastando-se um pouco para me encarar - Eu já estou bem, ok? Não precisa de médico. Aliás, nunca gostei de médico - Disse, fazendo careta e me arrancando risadas.

Passamos mais algum tempo conversando e matando a saudade. E assim ficamos durante todo o domingo.