Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Passamos mais algum tempo conversando e matando a saudade. E assim ficamos durante todo o domingo. Já na madrugada da segunda, enquanto tentava dormir, pude ouvir seus gritos mais uma vez, como todas as passadas. Dessa vez, me pus de pé e logo segui para o seu quarto. Assim que abri a porta, os gritos cessaram. Sua expressão era de medo misturada com tristeza, e seu rosto se encontrava completamente molhado. Me aproximei rapidamente e me sentei ao seu lado, abraçando-a em seguida. 

Bernardo: Esses seus pesadelos não estão normais, Mona - Lhe acolhi em meus braços e enquanto também lhe acariciava lentamente. 
Monalisa: É sempre a mesma coisa, Bê. É sempre ele - Disse entre soluços de forma confusa - Ele ainda vai me matar. Va-vai sim - Gaguejou, voltando a soluçar mais alto. Respirei fundo e lhe apertei, meio confuso quanto as palavras que diria. Porém, antes mesmo de falar algo, ouvi sua voz - E se... - Pausou, afastando-se do meu abraço e encarando meu rosto - E se eu me matar antes? - Perguntou, me deixando boquiaberto. Assim que ia lhe responder, fui interrompido - Desse jeito ele não vai me matar, Bê. Não vai - Disse assustada, deixando novas lágrimas caírem.

Bernardo: Que ideia é essa, Monalisa? - Perguntei alto, levando as mãos para o seu rosto e erguendo o mesmo - Você está doida? - Voltei a perguntar, ainda com o mesmo tom. Ela soluçou ainda mais alto e voltou a me abraçar. 
Monalisa: Não grita comigo, Bê - Falou dengosa e com voz de choro - E não estou doida. Só estou com medo... - Pausou, tentando controlar os novos soluços - Ele vai fazer comigo a mesma coisa que fez com... com... - E então calou-se, sendo interrompida por soluços mais altos, e me causando uma curiosidade enorme. Tive vontade de perguntar, mas não poderia prolongar no assunto e deixá-la ainda pior, então deixei minha curiosidade de lado e voltei a lhe acalmar. 
Bernardo: Esquece isso, meu amor - Falei apressado, puxando-a para o meu colo e encostando sua cabeça em meu peito - Ninguém vai te fazer mal nenhum, por que eu não vou deixar, beleza? - Perguntei, e recebi seu silêncio como resposta. Ou melhor, seus soluços. Lhe apertei novamente e beijei sua cabeça enquanto acariciava levemente suas costas - Agora tenta dormir, Mona - Pedi, ainda lhe acariciando e ouvindo seus soluços mais fracos. 
Monalisa: Você vai ficar aqui? - Perguntou com o mesmo tom de antes, e um tanto apreensiva também. 
Bernardo: Vou - Respondi rapidamente, lhe apertando forte - Agora dorme, meu amor. Dorme - Repeti, recebendo seu silêncio como resposta novamente.

Segunda-feira. Acordei ao sentir um carinho no meu rosto. De início, abri um sorriso bobo já imaginando de quem seria aquele toque, mas logo em seguida abri os olhos e me levantei um tanto assustado. 

Bernardo: Não acredito que dormi aqui! 
Monalisa: Por mim você dormiria aqui todos os dias - Falou sorridente, mas logo desfez a expressão - Er, quer dizer... Não, não é isso... Eu... - Pausou, completamente atrapalhada e já ficando corada. Voltei a abrir o sorriso de antes, percebendo seu olhar envergonhado desviando do meu - O que eu quis dizer foi que fiquei melhor depois que você veio me acalmar e dormir comigo. E por isso seria bom te ter aqui todos os dias, entende? - Perguntou tímida, voltando a me encarar - Me faz bem ter você por perto - Confessou com uma expressão sem jeito, me deixando surpreendido e totalmente sem palavras. Ao perceber, voltou a sorrir, mudando de assunto em seguida - Enfim, acho que estamos atrasados - Disse, desviando o olhar para o relógio que se encontrava ali perto - É, estamos bem atrasados - Completou, se preparando para levantar. Antes que pudesse levantar-se por completo, lhe puxei rapidamente para perto de mim. 
Bernardo: Lembra do que você me disse ontem antes de desmaiar? - Perguntei, fazendo-a arquear a sobrancelha. Ela pareceu pensar, e ao perceber suas bochechas avermelhadas novamente, pude concluir que ela havia lembrado - Pois é, eu também gosto de você, Mona. Muito - Sussurrei, me aproximando mais um pouco e lhe dando um beijo demorado na testa. Assim que me afastei pude notar um belo sorriso em seus lábios. Abri ainda mais o meu, e logo me levantei, saindo do seu quarto em seguida.

O dia na faculdade foi bem tranquilo, tirando o fato da Manuela não ter trocado uma palavra comigo. Pelo meu ver, ela estava chateada, mas não havia motivos para isso. Ou havia? Enquanto esperava a Mona para irmos para casa, tentava responder a minha pergunta. Porém, logo me perdi em pensamentos ao ver a Monalisa cercada de quatro garotos, incluindo o Sandro. Ela conversava e ria divertidamente com todos, mas logo que nos avistou, parou a conversa e despediu-se apressadamente de cada um com um beijo na bochecha. Já no último, o Sandro, além do beijo no rosto, também deu um demorado selinho, me fazendo revirar os olhos. Poucos segundos depois, ela parou perto de nós e então lhe encarei. 

Monalisa: Vamos? - Perguntou sorridente. Os meninos logo assentiram e seguiram em direção ao carro. Iria fazer o mesmo, mas logo senti suas mãos frias me puxando. Recuei um pouco enquanto dava passos mais lentos. Ela me abraçou de lado e andou no mesmo ritmo que o meu - Como foi o seu dia? 
Bernardo: Bom - Respondi seco, sem abraçá-la. Percebi seu olhar voltando-se para mim, mas continuei com o meu focado na frente. 
Monalisa: Não parece - Pausou, e logo voltou a continuar - Aconteceu alguma coisa? - Perguntou com um certo tom de preocupação. Parei de andar no mesmo instante, fazendo-a parar também. Me virei para observar seu rosto e pude notar sua expressão preocupada e curiosa.

Bernardo: Foram esses garotos que te embebedaram e te drogaram? - Perguntei um tanto furioso, ainda observando sua expressão. Ela logo revirou os olhos e negou com a cabeça.
Monalisa: Eles estavam comigo, mas não me deram bebida, nem droga - Apressou-se em explicar enquanto parecia observar minha expressão - Eu conversei com eles, e segundo os mesmos, eu bebi e me droguei por conta própria.
Bernardo: Conta própria? - Perguntei, soltando uma risada irônica em seguida. Ela negou com a cabeça mais uma vez, parecendo começar a ficar irritada. 
Monalisa: Sim, Bernardo. Eles não me oferecem nada, e... - Lhe interrompi rapidamente.
Bernardo: Você tinha dito ontem que um amigo do Sandro havia te oferecido uma droga, e agora tá dizendo que foi por conta própria? Qual é, Mona? Que contradição é essa? - Sua expressão fechou-se e o silêncio reinou. Porém, não durou muito - Só vou repetir uma vez, beleza? Toma cuidado - Disse, já virando e seguindo para o carro. Ela me seguiu rapidamente, já andando ao meu lado.
Monalisa: Eles são boas pessoas, Bê - Falou, parecendo me olhar. Ignorei e apressei os passos - Aff, chato - Resmungou, dando passos ainda mais longos.