Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

A tarde foi bastante tranquila. Passei boa parte estudando e outra dormindo. Já a noite, quando procurava por um canal legal na televisão, pude notar a Monalisa descer com uma roupa um tanto arrumada. Ela estava linda, para variar, e tinha uma expressão envergonhada no rosto. Assim que desceu o último degrau, seguiu para o meu lado.

Bernardo: Vai pra onde? - Perguntei curioso, sentindo seu cheiro me invadir.
Monalisa: Passear - Pausou, deu um sorriso sem graça e então continuou - Com o Sandro - Disse por fim, me fazendo revirar os olhos.
Bernardo: Vê se não vai fazer nenhuma besteira - Pedi, voltando a atenção para a televisão. No mesmo instante, o telefone da casa tocou. 
Monalisa: Deve ser ele - Disse animada, correndo para atender o telefone - Alô? Quem é? - Perguntou e segundos depois me encarou - Ah, oi Manu! Está sim, um minuto - Falou um pouco sem graça, erguendo o telefone. Levantei-me rapidamente e peguei o mesmo. A Monalisa voltou para o seu lugar no sofá, e encarou a televisão, com uma expressão um tanto irritada.
Bernardo: Manu? - Perguntei, abrindo um sorriso em seguida.

Passamos cerca de meia-hora conversando. De início, ela disse que sentia a minha falta e que queria pelo menos manter uma relação de amizade. Logo depois engatamos num papo com diversos assuntos. Quanto a Monalisa, ela continuava na mesma posição de antes. Às vezes desviava o olhar discretamente em minha direção, mas sempre que notava o meu olhar nela, a mesma desviava rapidamente. Já perto das dez horas, parei de falar com a Manuela. Voltei apressadamente para o meu lugar e lhe encarei.

Bernardo: Acho que o seu pretendente te deu um bolo - Disse, prendendo o riso. Ela pareceu perceber isso e então me encarou. 
Monalisa: Pois é, também acho - Fez bico, me arrancando uma risada - E você ainda ri - Completou, desfazendo o bico e revirando os olhos. Ri ainda mais e logo me aproximei enquanto lhe puxava. 
Bernardo: Desculpa - Pedi, abraçando-a de lado. Ela retribuiu o abraço e encarou a televisão. 
Monalisa: O que a Manuela queria? - Perguntou com um tom baixo e um tanto curioso enquanto me apertava de forma leve.

Bernardo: Ah, ela disse que estava sentindo minha falta e que queria ter uma relação de amizade comigo - Respondi, também lhe apertando. 
Monalisa: E tinha acabado o tal lance de vocês, foi? - Perguntou, afastando-se um pouco e encarando meus olhos. Apenas assenti, fazendo-a manifestar novamente - Por quê?
Bernardo: Porque... - Pausei, procurando uma boa resposta. Infelizmente, não consegui encontrar de início. Aliás, era difícil pensar em alguma coisa com aqueles olhos presos nos meus - Ah Mona, eu só não queria ter nada sério, por isso resolvi acabar logo antes que ela criasse alguma expectativa.
Monalisa: É - Concordou com a cabeça, me observando - Você parece ser desse tipo mesmo - Arqueei a sobrancelha, um tanto confuso, e logo a vi sorrir - Desse tipo... Que não quer nada sério com ninguém, entendeu? 
Bernardo: Não é bem assim - Respondi, negando com a cabeça - Quando gosto de uma pessoa, quero algo sério com ela sim - Completei, também lhe observando. Ela assentiu, deixando seu silêncio como resposta. Respirei fundo e voltei a lhe puxar, abraçando-a. 
Miguel: Nossa, que romântico - Comentou, nos fazendo encará-lo. Ele descia as escadas e tinha um sorriso malicioso, o que nos fez soltar boas gargalhadas.

Monalisa: Não tem nada de romântico, bobo. Só estamos nos abraçando, não pode? - Perguntou risonha, erguendo o outro braço para lhe abraçar também. Ele riu e logo aproximou-se, abraçando-a. 
Miguel: Vamos amanhã mesmo, não é Mona? - Perguntou, me deixando um tanto curioso. Afastei um pouco para encará-los, e logo a vi assentir sem jeito para o Miguel enquanto também fazia um sinal de silêncio, fazendo minha curiosidade aumentar ainda mais.
Bernardo: Vão pra onde? - Perguntei, e então percebi seus olhares voltando-se para mim. O meu amigo sorriu malicioso, enquanto ela pareceu ficar ainda mais sem jeito. 
Miguel: Segredo - Respondeu, abraçando-a ainda mais. A Mona, por sua vez, ficou corada e desviou o olhar para a televisão. 
Bernardo: Hm, quer dizer que estão de segredinhos agora? - Perguntei, aumentando um pouco o tom de voz, já ficando irritado. O Miguel logo pareceu perceber e então soltou uma risada, me fazendo revirar os olhos - Já para mim, não contam nada... Beleza - Disse irritado, já levantando - Aproveitem o passeio - Completei, já seguindo em direção a escada e subindo a mesma. Ainda pude ouvir algumas risadas dos dois, mas tentei ignorar.

Já passavam das duas da manhã e eu ainda não conseguia dormir. Primeiro, por conta da insônia e dos pensamentos voltados para a Monalisa, e segundo, por conta dos gritos da mesma. Fazia poucos cinco minutos dos gritos. Eles começaram altos, mas foram abaixando, e em seguida, voltaram a ficar altos. Tive vontade de ir acalmá-la mais uma vez, mas o meu orgulho não deixou. Porém, quando eles ficaram mais nítidos e ainda maiores, levantei-me apressado e segui para a porta. Assim que abri a mesma, dei de cara com ela. A mesma chorava descontroladamente, e tentava de forma inútil limpar as lágrimas. Foi aí que percebi seus braços. Eles estavam vermelhos e apresentavam alguns arranhões.

Bernardo: O que foi isso, Monalisa? - Perguntei apressado e preocupado. Ela não me respondeu, apenas chorou. Chorou ainda mais, chegando a cair de joelhos no chão. Me aproximei rapidamente e lhe puxei, pegando-a no colo em seguida e levando-a para a minha cama. Assim que lhe deitei, senti seus braços me puxando.
Monalisa: Você não pode, Bernardo... Não pode... - Falou entre soluços, me puxando ainda mais para perto - Me deixar sozinha... Não pode - Repetiu, soluçando alto. Ignorei e peguei rapidamente seus braços, observando os arranhões.
Bernardo: Por que você fez isso? - Perguntei sério, recebendo seus soluços como resposta de início - Foi aquele pesadelo de novo? - Voltei a perguntar, e logo a vi assentir.

Monalisa: Foi pior, Bê. Pior... Muito... - Falou de forma confusa, me fazendo assentir apressadamente e acariciar seus cabelos.
Bernardo: Tudo bem, mas agora passou, meu amor - Disse, já me levantando. Ela puxou meus braços mais uma vez, parecendo ficar ainda mais apreensiva - Calma Mona, só vou pegar um copo d`água para você. Volto logo, prometo - E antes que pudesse levantar por completo, senti suas mãos me apertando o braço.
Monalisa: Não... Não, Bê. Não me deixa aqui sozinha - Pediu chorosa, me fazendo assentir mais uma vez. Me aproximei e logo a puxei para mais perto, acolhendo-a. Ela deitou a cabeça em meu peito e desabou.
Bernardo: O pesadelo já passou, Mona - Disse, tentando tranquilizá-la enquanto também lhe acariciava - Passou, meu amor. Passou - Repeti, descendo as mãos para os seus braços. Depois de passar o dedo pelos arranhões, voltei a perguntar - Por que se arranhou?
Monalisa: Não sei - Sussurrou, ainda me apertando e já voltando a soluçar alto. Lhe acariciei os braços e beijei sua cabeça.

Bernardo: Você vai dormir aqui comigo até acabarem esses pesadelos, ouviu? - Perguntei, e logo a senti me apertar enquanto amenizava aos poucos os soluços - Aliás, amanhã vamos procurar ajuda para esse caso. Isso não está normal, Mona. Não está - Repeti, fazendo-a se afastar no mesmo instante.
Monalisa: Não, Bernardo. Não quero... - Pausou, voltando a ficar nervosa - Não quero contar... Não, não quero... - Pausou mais uma vez, tentando enxugar as novas lágrimas - Pra ninguém - Completou por fim, já soluçando alto. Respirei fundo e lhe puxei novamente para o abraço. 
Bernardo: Tudo bem, tudo bem - Disse apressado, voltando a lhe acariciar - Agora tenta dormir, meu amor. Eu vou ficar aqui com você e te proteger de tudo. Fique tranquila - Falei, tranquilizando-a. 
Monalisa: Não deixa ele... Ele... - Gaguejou, me sufocando em seu abraço - Ele chegar perto... Não deixa - Pediu com a voz trêmula, me apertando ainda mais. Respirei fundo e voltei a beijar sua cabeça, ainda lhe acariciando.
Bernardo: Não vou deixar ninguém chegar perto. Ninguém - Repeti com um tom baixo, acariciando agora seus cabelos. Ela ficou em silêncio, e eu também. Logo seus soluços foram diminuindo e por fim cessaram.