Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Foi complicado tirá-la da minha cabeça naquela noite. E como solução, resolvi dar uma volta na praia para ver se conseguia espairecer um pouco, mesmo debaixo de chuva. Para o meu azar, não consegui avanço. Pelo contrário, o som do mar e da chuva juntos naquele calmo lugar, me fizeram ficar ainda mais pensativo. E por incrível que pareça, era ela quem dominava todos os meus pensamentos. Por volta das dez horas, quando já começava a espirrar, talvez por ter ficado bastante tempo embaixo da chuva, resolvi voltar.

Subi apressadamente para o meu quarto, tentando não molhar muito a casa. Porém, assim que cheguei no nosso andar, a saudade me invadiu. Por mais que eu quisesse, não conseguia mais ficar longe dela. Aproximei-me da sua porta e até abri a mesma, porém, encontrei o quarto vazio. Suspirei e segui para o meu. Assim que abri a porta, me deparei com ela. Minha Monalisa. Em meu quarto. A mesma estava concentrada arrumando o "nosso cantinho", e por isso não tenha notado a minha presença. Mas, assim que espirrei, senti seu olhar voltando-se para mim. 

Bernardo: Pensei que estivesse chateada comigo - Disse baixo, espirrando em seguida. Ela soltou um riso baixo enquanto dava de ombros.
Monalisa: Vai tirar essa roupa antes que acabe pegando um resfriado - Pediu quase num sussurro, ainda me encarando. Sorri sem jeito e espirrei mais uma vez, lhe fazendo soltar uma nova risada - Vai logo, Bê - Assenti, e parti apressadamente para o banheiro.

Depois de um longo banho, me troquei e voltei para o meu quarto. A Monalisa agora se encontrava deitada e tinha o olhar fixo no teto. Sorri ao ver sua expressão tão longe, e me encostei na parede perto da porta. Fiquei lhe admirando por longos segundos até por fim sentir seu olhar em mim. 

Monalisa: Acho que devíamos dormir no meu quarto - Falou, me mostrando um belo sorriso e me fazendo arquear a sobrancelha um tanto confuso - É que lá pelo menos tem as estrelas para ficar admirando - Disse, fazendo um bico em seguida. Soltei uma risada baixa, já me aproximando e deitando ao seu lado. Depois de lhe puxar para mais perto, e acolher seu rosto em meu peito, lhe acariciei.
Bernardo: Aqui também tem uma coisa para você admirar - Disse, lhe apertando em meus braços - Eu - Respondi, lhe arrancando uma risada alta. Ri junto enquanto levava uma das mãos para o seu cabelo e mexia no mesmo - Mas me diz... Por que aquelas estrelas no seu teto? - Perguntei curioso, sentindo seus dedos acariciarem meu corpo. Ela pareceu ficar um pouco inquieta, mas logo respondeu.

Monalisa: Ganhei da minha mãe quando era pequena - Disse de início, parecendo respirar fundo - Ela teve uma vida muito triste - Pausou, apertando seu rosto contra meu peito. Sorri, voltando a lhe acariciar, tentando também lhe passar uma certa segurança - Ela dizia que era muito presa por seus pais, e que vivia trancada em seu quarto, esse que não tinha nem uma janela sequer - Disse, soando triste - E ela adorava admirar a noite, as estrelas, a lua. Mas depois que recebeu aquele quarto, sua vida se transformou em solidão. E por isso resolveu comprar alguns adesivos e colar no teto, para ter pelo menos aquelas "estrelas" como companhia - Pausou, parecendo soluçar. Lhe apertei ainda mais em meus braços e lhe beijei a cabeça - Ela me deu vários pacotes desses adesivos no meu aniversário quando pequena, e disse que aquelas estrelas também seriam minha companhia nos dias tristes. 
Bernardo: Nossa - Foi a única coisa que consegui dizer de início ao perceber seu silêncio - As vezes materiais tão pequenos trazem tanto significado e importância, não? - Ela pareceu assentir, e então afastou um pouco seu rosto para encarar meus olhos. Ao perceber os seus, os vi um pouco avermelhados e úmidos. Sorri e passei o dedo pelos mesmos - Sua mãe parece ser incrível - Disse, lhe arrancando um pequeno sorriso - Assim como você é - E então sua expressão de choro se transformou em uma bela careta, me arrancando risadas. 
Monalisa: Ela era incrível mesmo - Disse, já voltando com a expressão de antes e enchendo seus olhos de lágrimas. Acariciei seu rosto e logo a vi morder o lábio, talvez tentando segurar o choro.

Bernardo: Ela deve sentir sua falta - Pausei enquanto percebia suas lágrimas caírem. Limpei rapidamente as mesmas e voltei a falar - Por que não vai lhe visitar? Eu posso ir com você - Disse, e então a vi desmoronar. Suas lágrimas aumentaram e seus soluços vieram altos. Ela levantou-se um pouco, sentando na cama. Também me sentei e lhe puxei para um abraço apertado. Ela, por sua vez, se encolheu em meus braços e chorou. Chorou muito. 
Monalisa: Ela... Não está... Não - Falou com uma certa dificuldade, soluçando mais alto. Lhe apertei novamente enquanto também tentava lhe acariciar.
Bernardo: Ei, tudo bem se não quiser falar, Mona. Tudo bem - Repeti, lhe acariciando as costas. Ela não disse nada, apenas chorou. Depois de longos segundos, afastou-se um pouco e me encarou. 
Monalisa: Ela não está mais aqui, Bê. Ela morreu - Falou entre soluços, me fazendo ficar um tanto sem reação - E a culpa foi minha - Completou, sendo invadida por novas lágrimas e soluços. Respirei fundo e voltei a lhe puxar, abraçando-a e apertando-a. 
Bernardo: Eu não sei o que aconteceu, mas tenho certeza que não foi por sua culpa, meu amor - Disse, tentando acalmá-la. Porém não teve jeito, seu choro ficou muito pior.

Fiquei longos minutos lhe abraçando e acariciando, tentando tranquilizá-la. Ela de início chorava muito, mas aos poucos foi diminuindo, e por fim, parou. Lhe apertei firme e deitei-me na cama, lhe puxando para deitar perto. Ela me abraçou de lado e encostou sua cabeça em meu ombro. Enquanto voltava a lhe acariciar, resolvi cantar uma música baixa para lhe fazer dormir. Aos poucos senti seu corpo ficar imóvel e sua respiração voltar ao normal. Parei de cantar, e pude então ouvi sua voz quase num sussurro.

Monalisa: É por isso que eu vim dormir com você, Bernardo - Disse, me surpreendendo um pouco, e também me deixando confuso - Porque mesmo brigados, eu sabia que ia ter o seu colo e os seus cuidados - Confessou, dando um leve beijo em meu pescoço, me arrepiando de leve.
Bernardo: É. E me desculpa por ter brigado com você hoje mais cedo - Falei, lhe abraçando apertado - Fiquei muito mal depois - Confessei, dando um leve beijo em sua cabeça.
Monalisa: Eu também. E eu odeio isso de ficar brigada com você, de ficar longe de você - Disse baixo, me arrancando um sorriso bobo. Fiquei calado por um momento e então percebi seu rosto afastar-se e seu olhar voltar para o meu - Pensei que estivesse dormido - Sussurrou, encostando o cotovelo em meu peito e em seguida, deitando sua cabeça em sua mão. Fiquei em pleno silêncio, apenas lhe admirando. Ela logo pareceu ficar sem graça, chegando a ficar corada - O que foi?

Bernardo: Eu não vejo mais a minha vida sem você, Mona - Confessei aos sussurros, lhe provocando um sorriso sem jeito.
Monalisa: Até parece que o garoto mais galinha do universo iria ficar dependente de uma pessoa - Disse irônica, ainda sorrindo. Também sorri, e lhe acariciei o rosto.
Bernardo: E não é que é verdade? Estou começando a me viciar em você. E aí já sabe, não é? Quando a gente vicia numa droga e até fica dependente dela, é super difícil largar depois.
Monalisa: Ih, está me chamando de droga? - Perguntou com um tom revoltado e divertido enquanto também arqueava a sobrancelha. Assenti, caindo na risada. Ela fez o mesmo, fazendo careta em seguida - Não sou uma droga, Bê - Falou dengosa, fazendo bico. Apertei o mesmo enquanto ria ainda mais.
Bernardo: Boba - Sussurrei, acariciando seu rosto de leve - Tudo bem então... Você não é minha droga - Pausei, passei o dedo pelos seus traços e parei em seus lábios. Depois de contorná-los, conclui - Você é o meu vício - Disse, voltando a rir um pouco, e deixando seu rosto ainda mais corado - Melhor assim?

Monalisa: Bobo - Falou baixo, completamente sem jeito. Sorri ainda mais, afastando meus dedos de sua boca - Acho que você está voltando com aquela mania de falar as coisas sem pensar - Tentou dizer divertida, mas pude sentir uma certa vergonha no seu tom de voz.
Bernardo: Pode ter certeza, eu pensei muito bem antes de falar isso - Disse, lhe provocando uma risada baixa sem jeito. Ela logo afastou seu cotovelo e voltou a deitar ao meu lado, voltando também a esconder seu rosto em meu ombro. 
Monalisa: Acho melhor a gente dormir - Sussurrou, envolvendo seus braços ao meu redor. 
Bernardo: Fica tão linda envergonhada - Provoquei, sentindo um tapa de leve em meu braço.
Monalisa: Para de me deixar assim, Bernardo - Pediu, soltando uma risada baixa perto do meu ouvido - Me deixa dormir, vai - Voltou a pedir, me fazendo ficar em pleno silêncio. Lhe abracei ainda mais forte e senti um sorriso nascer em meus lábios. Depois de longos segundos, quando já sentia o sono chegar, pude ouvir sua voz em sussurros - Você também está se tornando o meu vício - Confessou, me fazendo abrir ainda mais o sorriso. Lhe apertei firme em meus braços e fechei os olhos, deixando por fim o sono me dominar.