Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

O dia seguinte, quinta-feira, chegou apressado. A chuva ainda caia do lado de fora, e o escuro e o frio se faziam mais presentes dentro daquele quarto. Acordei com o despertador, assim como a Mona. 

Monalisa: Bom dia, Bê - Sussurrou perto do meu ouvido, me apertando em seu abraço de lado. Retribui o abraço e lhe beijei a cabeça enquanto ainda mantinha os olhos fechados.
Bernardo: Bom dia, meu amor - Disse e logo ouvi sua risada baixa. Abri os olhos, já soltando uma risada também e lhe encarei. Ela agora me encarava com um belo sorriso. 
Monalisa: Estou começando a achar que você está louco por mim - Falou divertida, me arrancando novas risadas.
Bernardo: Ih, qual é? Só por que te chamei de meu amor? - Perguntei no mesmo tom, e logo a vi assentir - Não se ilude boba, eu falo isso para todas - Disse brincalhão, piscando em seguida. No mesmo instante seu sorriso se desfez.
Monalisa: Ah, claro - Pareceu dizer com um tom irônico, já levantando. Revirei os olhos, me sentei apressado e lhe puxei, fazendo-a sentar em meu colo. 
Bernardo: Ciumenta - Falei, beijando-lhe o pescoço - Não leva a sério, é brincadeira.

Monalisa: Não é brincadeira, Bernardo - Disse com um tom irritado enquanto também tentava se afastar - Você tem mesmo os seus amores e as chama assim, é típico de todo galinha... Mas enfim, não tenho nada haver com isso.
Bernardo: Se não tem nada haver com isso... Por que está tão incomodada? - Perguntei, mas recebi o seu silêncio como resposta - Para de birra, Mona - Pedi, ainda lhe segurando firme. Lhe virei para mim e encarei sua expressão fechada e um tanto irritada - Era brincadeira, beleza? - Comentei, e logo a vi revirar os olhos. Antes que ela pudesse falar qualquer coisa, resolvi mudar de assunto - Sabe o que eu notei hoje? - Voltei a perguntar, levando uma das mãos para o seu rosto e acariciando o mesmo. Ela ficou calada, apenas me encarando com a mesma expressão. Respirei fundo e então continuei - Você não acordou chorando, nem nada. Sinal de que não teve pesadelo - Completei, abrindo um pequeno sorriso. 
Monalisa: Realmente, nem havia reparado nisso - Falou, ainda com a mesma expressão - Pode me soltar agora? - Perguntou fria, me fazendo revirar os olhos mais uma vez. 
Bernardo: Não acredito que você vai ficar bolada por causa de uma brincadeira - Falei irritado, recebendo o seu silêncio como resposta mais uma vez. Bufei e lhe soltei, fazendo-a levantar, se afastar, e por fim, sair do meu quarto.

As horas na faculdade pareciam não passar. E o pior é que eu não conseguia me concentrar em nada, em nenhuma aula. Meu pensamento estava todo voltado para ela e suas maninas bobas, dentre elas a de ficar chateada comigo por besteira. E foi com esse último pensamento que ouvi o sinal tocar. Joguei minha mochila nas costas e desci apressadamente. No meio do caminho ainda encontrei a Manu, e seguimos conversando até a árvore de sempre. Aquele dia ainda estava chuvoso, porém, parecia ter dado uma boa trégua naquele início de tarde. 

Manuela: Hoje não vão precisar me levar - Comentou risonha, assim que chegamos perto dos meninos e da Mona. Ela novamente se encontrava com o Sandro, mas não conversava com o mesmo. Por incrível que pareça, ela tinha o olhar em mim. Um olhar raivoso, irritado. Olhar esse que logo desviou ao perceber que eu lhe encarava.
Miguel: Então, vamos? - Perguntou rapidamente, puxando a Mona, essa que estava ao seu lado. Ela negou com a cabeça, afastando um pouco a mão do Miguel.
Monalisa: Não vou com vocês hoje - Disse, abraçando o ficante de lado. Meu sangue ferveu, mas tentei me controlar - Ah, e acho que vou chegar um pouco tarde.
Bernardo: Então vai sobrar uma vaga para você, Manu - Falei, abrindo um sorriso enquanto tentava disfarçar minha raiva - Topa?
Manuela: Opa, claro que topo - Disse sorridente, agarrando o meu braço em seguida. Ri do seu jeito e logo lhe puxei, já seguindo para a saída.

Eu simplesmente não conseguia fazer nada a não ser pensar nela. Já eram sete horas da noite e nenhum sinal da Monalisa. Nenhum. Como no dia anterior, havia passado no seu quarto diversas vezes, mas nada. Apesar da vontade de tê-la ali o mais rápido possível, acabei também fixando outro pensamento, bem diferente até. O de tê-la longe. Afinal, eu me sentia usado em certos momentos, e talvez para acabar com isso ou pelo menos amenizar, pensava em me afastar. Porém, no fundo, eu sabia que era impossível.

Miguel: Oi? Terra chamando - Falou, passando a mão na minha frente. Balancei a cabeça, soltando uma risada sem graça, e então lhe encarei - Está no mundo da lua, é? Estou te chamando há horas. 
Bernardo: Estava pensando numas coisas aqui - Disse, coçando a nuca sem jeito.
Miguel: E essas coisas seriam relacionadas a Monalisa? - Perguntou divertido, me fazendo revirar os olhos - Ela está caidinha na sua também. E só deve estar saindo com o Sandro para te provocar, vai por mim. 
Bernardo: Qual foi, mané? Não estou nem aí para ela - Disse, tentando soar indiferente. Ele riu, me fazendo bufar - O que você quer, hein? 
Miguel: Só ia avisar da festa da semana que vem - Falou, dando ênfase na palavra festa - Mas pelo visto você não vai conseguir falar nem pensar em nada até a Mona chegar, não é? Tá todo preocupadinho - Falou com deboche, rindo ainda mais.

Bernardo: Para de viajar, Miguel - Desconversei, desviando o olhar para a tv - Esse final de semana nem chegou e você já está pensando no próximo, como pode? - Perguntei, tentando descontrair um pouco. E por um momento até consegui.
Miguel: Acontece que no próximo vai ter a festa. A grande festa na praça, a mais tradicional da cidade, está esquecido? 
Bernardo: Nossa, já é próxima semana? - Perguntei surpreendido, e logo o vi assentir - Estava totalmente desligado disso - Confessei, para o meu azar. Logo ele voltou com os deboches.
Miguel: Claro que estava desligado. Agora só fica pensando na Mona, dá nisso - Disse, voltando a gargalhar. Revirei os olhos mais uma vez e então ouvi a porta abrir - Opa, falando nela... - Gargalhou, me fazendo respirar fundo. Assim que desviei o olhar para a porta, lhe vi lá. Ela agora fechava a mesma e se aproximava do Miguel.
Monalisa: O que estavam falando de mim, posso saber? - Perguntou com um tom divertido, abraçando o amigo.
Miguel: Ih, pergunta ao amor da sua vida - Disse risonho, lhe beijando a bochecha e afastando-se, já saindo da sala. Ela então me encarou com um sorriso sem graça.