Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Confesso que não consegui falar nada, ou mesmo pensar em algo. Sensações estranhas me invadiam enquanto eu tentava digerir tudo aquilo. Porém, seus novos socos me fizeram despertar. Encarei seus olhos, esses que estavam cheios d`água e avermelhados, e sorri. Ela, por sua vez, me socou ainda mais forte. "Como se eu sentisse alguma dor naquele momento", pensei comigo mesmo enquanto abria ainda mais o sorriso. Ela me encarou confusa e quando pareceu que ia falar algo, me aproximei, deixando nossos lábios a poucos centímetros. Ela pareceu ficar inquieta, e até voltou a me bater, porém não liguei.

Encostei nossas testas enquanto já fechava os olhos e em seguida passei meu nariz pelo seu, lhe fazendo soltar um suspiro baixo. Sorri, e logo depois acabei com a certa distância dos nossos lábios. De início, rocei os mesmos enquanto sentia suas mãos descendo pelos meus braços, se entregando finalmente, e em seguida, os colei. E assim iniciamos um beijo apaixonado e prazeroso, transbordando de desejo de ambas as partes. Além disso, havia bastante intensidade, como todos os outros. Porém, naquele, havia um toque especial. O que não poderia ser diferente depois de tantas revelações. Havia também um som diferente. O som das batidas dos nossos corações, que por incrível que pareça, se sobressaiam naquela sala silenciosa.

Aos poucos, fui sentindo suas mãos seguindo para as minhas costas nuas, me deixando completamente arrepiado com cada toque. Enquanto isso, eu ia lhe apertando em meu corpo, já afastando-a do corrimão. Ela pareceu sorrir, mas logo voltou com os intensos movimentos de sua língua pela minha boca. Lhe apertei ainda mais, diminuindo um pouco o ritmo do beijo. Ela logo me acompanhou enquanto ainda acariciava minhas costas. Levei uma das mãos para os seus cabelos, e lhe apertei com a outra a cintura, enquanto sentia ainda meu coração pulsar forte.

E assim ficamos por mais alguns segundos, até finalmente o fôlego faltar. Assim que aconteceu, afastamos os lábios, mas não os rostos. Respirei fundo, enquanto descia a mão e já lhe envolvia a cintura. Fui abrindo os olhos vagarosamente, enquanto sentia seus carinhos, agora em meu rosto. Encarei seus olhos, esses que também se abriam e já se encontravam com os meus, e sorri. Ela também sorriu, parecendo tímida. Porém, logo desfez o pequeno sorriso, me deixando confuso. Depois de um suspiro pesado, ela afastou um pouco o rosto.

Monalisa: Você não precisa mais fazer isso, Bernardo. Você já conseguiu o seu objetivo de me conquistar. Já pode partir para a próxima da sua lista - Disse desanimada, me fazendo sorrir. Ela, por sua vez, pareceu entender como uma ofensa, e voltou a me bater enquanto tinha os olhos tomados por água - Olha aí, e você ainda debocha! Eu sou mesmo uma burra por me apegar a você. Logo você - Gritou, deixando as novas lágrimas caírem sob seu rosto. Neguei com a cabeça enquanto lhe apertava ainda mais em meus braços. 
Bernardo: Estou sorrindo das suas asneiras, Monalisa - Disse risonho, parecendo lhe deixar ainda mais irritada. Ela passou umas das mãos em seu rosto, limpando algumas lágrimas, e voltou a me encarar, com o olhar pesado e raivoso - Você acha mesmo que eu tinha isso como objetivo? Acha mesmo que eu ia querer conquistar a garota mais chata, mais mimada, mais boba e mais irritante da face da terra? - Perguntei brincalhão, e logo vi surgir um belo bico em seus lábios - Não, Mona. Não queria nem de brincadeira isso. Acontece que o destino me pregou uma bela peça. E veja só, aqui estou eu. Encantado por você e seus mistérios - Disse por fim, percebendo seu olhar suavizar, e um pequeno sorriso se formar em seus belos lábios.

Pensei que ela falaria algo. Mas não. Ela me surpreendeu. Depois de abrir ainda mais o sorriso, aproximou-se do meu rosto e em seguida dos meus lábios, selando-os. Ficamos cerca de alguns segundos com os lábios colados, sem dizer nada. Seus dedos estavam novamente sob o meu rosto e passeavam pelo mesmo de forma delicada. 

Monalisa: Não devia confiar tanto no que você diz - Sussurrou, ainda com os lábios nos meus. Afastei um pouco os mesmos, lhe encarando nos olhos.
Bernardo: Acha que é tudo mentira minha? - Perguntei um pouco incomodado, e logo a vi suspirar, parecendo sem graça.
Monalisa: Só tenho medo. Hoje de manhã mesmo, você disse que não era para eu me iludir, nem nada, que falava as coisas para todas, enfim... - Pausou, soando triste - Agora fico aqui, confusa, me perguntando se isso também não é dito para todas as outras.
Bernardo: É lógico que não, Mona. O que eu te disse hoje cedo foi apenas uma brincadeira - Disse, lhe acariciando o rosto - Nunca cheguei para garota nenhuma para dizer que estava encantado por ela, ou dizer que estava com ciúmes, ou coisa do tipo. Nem mesmo com a Nathália, que era minha namorada, eu agia assim. Na verdade, eu nunca gostei dela. Apenas senti uma atração. E com você... - Pausei, soltando um breve suspiro - Eu sinto que é diferente - Pausei novamente, levando uma de suas mãos para o meu peito, fazendo-a sentir o pulsar descontrolado do meu coração - Você acha que ele já bateu assim por alguma pessoa? - Perguntei, negando em seguida, abrindo ainda mais o sorriso - Não, Mona. Só você consegue deixá-lo assim. Só você.

Monalisa: Nossa - Disse surpresa enquanto abria um sorriso pequeno. Sua mão ainda se encontrava em meu peito, assim como seus olhos - Nem parece aquele galinha que eu conheci - Completou, voltando com o olhar para o meu. 
Bernardo: E talvez eu não seja mais aquele galinha - Confessei, fazendo seu sorriso desfazer. Em seguida, ela puxou sua mão, afastando-se um pouco também. Franzi a testa, confuso.
Monalisa: Um garoto que fica com uma diferente a cada dia não merece tanta confiança - Disse seca, me lançando um olhar pesado. Revirei os olhos, bufando. Assim que ia rebater, ela continuou - Para mim, um sentimento não nasce de um dia para o outro. E... - Lhe interrompi.
Bernardo: E não nasceu de um dia para o outro... Isso foi com o tempo, Monalisa.
Monalisa: Que tempo, Bernardo? - Perguntou apressada, negando com a cabeça - Você ficou com várias desde que eu cheguei... Não tinha como você se prender a mim, não tinha.

Bernardo: Claro que tinha. Tanto é que eu me prendi - Disse, já ficando um tanto irritado - E depois que você me conquistou e que eu me vi totalmente louco por você, eu perdi o querer pelas outras. Eu dormi com muitas, beijei muitas, confesso... Mas não era a mesma coisa, Mona. Eu ficava as vezes para te provocar, e as vezes por causa do momento mesmo. Com a Cristal foi assim, com a Lívia, a Vanessa, a Manuela... Com todas elas - Disse, sentindo seus socos novamente.
Monalisa: Vai me lembrar de todas as suas amiguinhas agora? - Perguntou enciumada, ainda me batendo. Segurei seus pulsos enquanto abria um sorriso.
Bernardo: Desculpa - Pedi, lhe dando um selinho demorado, e já me afastando - Só queria dizer que apesar de ter ficado com todas elas, as vezes até sem vontade e sem tanto ânimo como antes, era você quem eu pensava depois ou até mesmo quando estava com as mesmas. E as vezes, te ver com aqueles idiotas me machucava tanto, que preferia fazer o mesmo, sabe? Vezes para te esquecer, vezes para te provocar - Confessei, soltando o ar pesado - Me desculpa por isso.

O silêncio reinou. Ela desviou o olhar enquanto parecia respirar fundo. Já eu fiquei meio paralisado, sem saber ao certo o que fazer. No mesmo instante ouvimos a voz do Gabriel lhe chamando. Nos afastamos rapidamente, e por fim, o vimos descer junto com o Renato e o Miguel.

Gabriel: Que história é essa que você está trabalhando na nova lanchonete perto da praça? - Perguntou animado, abraçando-a em seguida.