Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Monalisa: Não posso, Bê... - Disse baixo, entregando-se por fim ao choro. Confesso que não soube o que fazer na hora, afinal, aquilo nunca havia ocorrido comigo. Passei longos segundos apenas lhe observando, até perceber seus soluços aumentarem. Sai rapidamente de cima dela, sentando-me na cama e lhe puxando para sentar em meu colo - Eu n-n-não vou ficar conseguir... Não vou - Sussurrou com dificuldade, entre soluços.

Bernardo: O que foi, meu amor? Por que está chorando? - Perguntei preocupado, observando sua expressão sem graça e limpando seu rosto - E não vai conseguir o quê? - Ela não me respondeu, apenas chorou ainda mais. Seus soluços ficaram altos e incontroláveis. Lhe apertei ainda mais em meus braços, enquanto também abaixava sua blusa e lhe acariciava - Ei, tudo bem... Não vamos fazer nada, tá? Se acalma, pequena - Pedi, ainda preocupado, sentindo me apertar forte. Lhe apertei de volta, dando-lhe um leve beijo na cabeça. Aos poucos seu choro e seus soluços foram diminuindo.
Monalisa: Não é nada com você - Disse, afastando um pouco o rosto para me encarar. Sorri, limpando algumas de suas lágrimas enquanto também assentia - É que... - Pausou, soltando um suspiro pesado - Eu... Eu... - E então mordeu o lábio, tentando segurar o choro, talvez. Mas não adiantou, logo já estava chorando de forma incontrolável de novo. Lhe puxei novamente, lhe apertando.
Bernardo: Você está me preocupando, Mona - Falei, ainda lhe apertando firme em meus braços. Ela nada disse, apenas continuou a chorar. Depois de se controlar mais uma vez, voltou a me encarar - O que foi, hein? - Perguntei, e logo a vi balançar a cabeça em sinal de negativo.
Monalisa: Eu não vou conseguir fazer isso, Bê. Não vou - Repetiu quase num sussurro, observando minha expressão. Levei uma das mãos ao seu rosto, limpando-o de forma delicada.

Bernardo: Ainda não está preparada... É isso? - Perguntei, ainda lhe acariciando. Ela desviou o olhar rapidamente, parecendo sem graça - Tudo bem, meu amor. Não precisa se preocupar... Eu vou te esperar - Disse, tentando tranquilizá-la. Percebi então novas lágrimas caindo em seu rosto, voltando a me inquietar - Não precisa chorar, meu amor... Isso é normal. 
Monalisa: Bê... - Sussurrou, voltando a me encarar enquanto também limpava o rosto - Eu não sou mais virgem - Disse no mesmo tom de antes, me deixando completamente inquieto. 
Bernardo: Ah... - Foi a única coisa que consegui dizer de início. Ela limpou novamente o rosto e os olhos, parecendo ainda mais sem graça - Por que tanto medo então? - Perguntei preocupado e um pouco baixo, observando seus olhos - Tudo bem se não quiser me contar, vou te entender - Disse baixo, voltando a lhe acariciar o rosto. Ela ficou em pleno silêncio, e logo se aproximou, voltando a me abraçar apertado, parecendo também voltar a chorar. 
Monalisa: Estou com tanta vergonha - Falou baixo, entre soluços. Lhe apertei firme, enquanto também lhe beijava a cabeça - Me desculpa, Bê. 
Bernardo: Ei boba, não precisa ter vergonha, nem pedir desculpas - Comentei, lhe acariciando o corpo e afastando um pouco para lhe encarar - Quer me contar? Quem sabe assim eu posso te ajudar... - Disse baixo, observando atentamente sua expressão triste e sem graça.

Monalisa: Tudo bem, vou te contar... - Sussurrou, desviando o olhar para baixo - Eu... - Pausou, parecendo pegar fôlego e também segurar o choro. Segurei suas mãos e apertei, tentando passar segurança. Ela me olhou, mordendo o lábio inferior, nitidamente apreensiva - Então... Tive minha infância e minha adolescência tomadas por um desejo incontrolado de um louco... - Pausou novamente, respirando fundo e limpando rapidamente suas novas lágrimas - Eu fui... - Interrompeu-se, abaixando o olhar. Depois de soltar um suspiro pesado, confessou - Eu fui abusada - Disse baixo, se entregando novamente ao choro. Fiquei totalmente sem reação, mas ao vê-la chorar descontrolavelmente, lhe puxei novamente para os meus braços - Eu era uma criança de oito anos, Bê. De oito anos - Repetiu, apertando-me ainda mais e deixando seus soluços ainda maiores. Mantive o abraço firme e apertado, até sentir ela folgar entre meus braços, parecendo querer observar meu rosto. Lhe soltei um pouco e logo vi seus olhos voltando-se para mim - Eu era como toda criança, Bernardo... Era boba, ingênua, aquela que acreditava nas maravilhas do mundo, sabe? Eu era tão... Tão feliz - Riu sem graça entre o choro, desviando novamente o olhar - Era tão espontânea, tão cheia de amigos... - Suspirou triste - É... Eu realmente tinha a infância perfeita, até chegar aquele dia... Aquele maldito dia - E então seus soluços voltaram mais altos e suas lágrimas caíram de forma incontrolável.

Bernardo: Não precisa mais contar nada, meu amor... - Disse enquanto lhe puxava para os meus braços e sentia seu corpo inteiro tremer. Me preocupei ainda mais e logo me afastei, voltando a lhe encarar - Eu vou pegar um copo de água com açúcar... Fica aqui quietinha - Pedi, afastando-me um pouco. Ela negou com a cabeça no mesmo instante, enquanto segurava meus braços e tentava me puxar. Suspirei e logo voltei a lhe aconchegar - Tenta ficar calma, Mona... Por favor - Pedi, lhe apertando. Ela não conseguiu falar nada, pois seu choro não deixou. E assim ficamos por longos minutos até finalmente ela acalmar um pouco.
Monalisa: Ele era como um herói pra mim, Bê - Voltou a falar com um tom baixo, me apertando firme - Eu confiava tanto nele e gostava tanto quando sentava em seu colo e dormia ouvindo suas histórias. Nossa, aquilo era a minha diversão - Comentou, já com uma certa voz de choro - Mas naquele dia foi tudo tão diferente... Ele me colocou no colo, e eu ingenuamente, pensei que a partir dali viria o carinho ou a história de sempre... Mas não, Bê... Ele me tocou e logo depois... - Pausou, sendo interrompida por seus soluços altos novamente, e agora de forma mais persistente. Lhe apertei mais uma vez, tentando tranquilizá-la.

Bernardo: Agora está tudo bem, pequena - Sussurrei, apertando-a ainda mais forte. Confesso que não sabia muito bem o que fazer, estava completamente perdido, assim como ela. Além disso, sentia um enorme aperto ao ouvir seus soluços pesados, esses que me faziam querer matar a pessoa que fizera isso. Minha raiva estava grande demais naquele momento, mas fazia de tudo para não transparecer e controlá-la.
Monalisa: Ele é um monstro, Bê... É sim - Disse chorona, ainda me apertando. Fiz o mesmo, acariciando-lhe agora os cabelos.
Bernardo: Quem é ele, Mona? - Perguntei, tentando não soar tão irritado. Ela ficou um tempo em silêncio, apenas me apertando. Cheguei até a pensar que ela não me responderia, mas logo sua voz soou triste. 
Monalisa: Ele... O cara dos meus pesadelos - Sussurrou, voltando a soluçar alto - Ele va-va-vai voltar a me atormentar nos pesadelos... Va-vai sim - Disse com um pouco de dificuldade, se entregando ao choro - E pior... E se ele vier aqui me buscar? E se ele fizer tudo de novo? - Perguntou alterada, chorando ainda mais alto. Respirei fundo, afastei um pouco para lhe encarar e então segurei seu rosto de forma delicada, fazendo-a me olhar nos olhos.
Bernardo: Esse monstro não vai te atormentar mais, ouviu? - Comentei calmo, tentando não transparecer minha raiva, tentando também lhe passar tranquilidade - Eu não vou deixar, Mona. Vou cuidar de você, meu anjo... Vou te proteger sempre, prometo! - Sussurrei, observando um pequeno sorriso sem jeito surgir em seus lábios. Sorri de volta e lhe puxei para um novo abraço.

Ficamos assim por longos minutos, e quando finalmente voltou a se acalmar, me encarou. Abri um sorriso, tentando lhe tranquilizar. Ela retribuiu e se aconchegou novamente em meus braços. Logo o sono chegou.