Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

A festa ficou ainda mais animada com a presença da segunda banda. No momento, eu dançava agarrado com a Monalisa, essa que fez questão de ficar assim comigo para mostrar as garotas que estavam ali perto que agora eu tinha dona. Passei metade da festa rindo por esse seu comentário, mas logo ignorei. Quanto aos meninos, esses tinham sumido desde a hora que chegamos... Com certeza estavam aproveitando as novas pessoas das cidades vizinhas. Ri com esse pensamento e logo vi a Mona estranhar, arqueando a sobrancelha enquanto parecia me observar. Lhe dei um selinho rápido e quando já me preparava para lhe explicar o motivo do riso, avistamos o Miguel aproximando-se.

Miguel: Adivinha quem está aqui? - Perguntou animado, levantando um grande copo de cerveja - O Pietro e a Cristal, acreditam? - Riu logo em seguida. Senti a Mona ficar inquieta ao meu lado, e principalmente quando o Miguel prosseguiu com sua fala - Eles estão com uns amigos... Vamos lá? 
Bernardo: Outra hora... Eu e Mona já estávamos indo - Disse apressado, observando de relance a expressão medrosa da Monalisa. A mesma logo me encarou, percebendo que eu estava entendendo a sua angústia, e então assentiu.
Miguel: Qual é? É rápido - Disse, virando-se um pouco para o lado oposto - Aliás, eles já estão vindo aqui - Prosseguiu, acenando para os amigos. Antes mesmo que eu pudesse pensar em algo, senti a Mona soltar-se de mim e sair numa rapidez incrível, me deixando completamento surpreendido. Pensei em ir atrás, mas foi tarde, pois o Pietro e seus amigos já juntavam-se a nós.

Pietro: Quanto tempo, Bernardo! - Exclamou, vindo me cumprimentar com um leve tapa no ombro. Retribui, sorrindo sem jeito e passando o olhar por seus amigos - Ah, deixa eu te apresentar... Esse é o Rian e esse o Romeu - Apresentou, apontando para um moreno alto e o outro mais baixo, respectivamente - E esse é o Thiago - Disse por fim, me fazendo fixar o olhar no mesmo. "Esse seria o tal Thiago que fez a Monalisa chorar e até querer ir embora durante a viagem?", perguntava para mim mesmo enquanto lhe observava atentamente. Ele por sua vez pareceu ficar confuso.
Thiago: Algum problema? - Perguntou com a testa franzida, me encarando ainda com a expressão confusa. 
Bernardo: Seu rosto pareceu familiar - Respondi apressado, desviando o olhar para o Pietro, esse que logo manifestou-se.
Pietro: Você até me pediu o número dele, lembra? Mas a Mo... - Lhe interrompi de forma rápida.
Bernardo: A Mônica disse que não precisava mais, lembro sim - Disse, observando sua expressão agora ficar confusa com o tal nome. O Miguel me encarou com o mesmo semblante, mas ignorei - Mas enfim, cadê a Cristal? - Perguntei apressado, tentando mudar de assunto.

Finalmente consegui mudar de assunto, e felizmente ninguém falou mais nada quanto ao telefonema nem quanto a Monalisa. Poucos minutos depois resolvi sair dali e seguir para a casa, lugar onde provavelmente a Mona estaria. Antes, porém, chamei o Miguel para um canto mais afastado.

Bernardo: Olha aqui, não cita o nome da Monalisa na frente desses garotos, ouviu? - Seu semblante voltou então para um de completa confusão - E avisa para os meninos não citar o nome dela também. 
Miguel: Qual é, Bernardo? Primeiro você chama a Mona de Mônica, até na frente do Pietro, e agora nem o nome dela pode ser citado? - Perguntou confuso, ainda com a testa franzida. Já ia lhe responder quando o vi prosseguir - E aliás, por que ela saiu naquela rapidez quando viu os garotos? 
Bernardo: Então, Miguel... - Pausei, tentando respirar fundo - Não dá para contar agora... Tenho que ir atrás dela - Respondi, batendo de leve em seu ombro e me afastando - Não comenta nada, beleza? - Antes mesmo dele responder, saí dali, seguindo as pressas e com o pensamento preocupado para a república.

Com certeza minha expressão foi de fúria ao chegar em casa. A Monalisa encontrava-se cabisbaixa, com a cabeça entre as mãos e com o olhar no chão enquanto ao seu lado, o Vinicius lhe acariciava as costas e os cabelos. Esse logo afastou-se ao me ver na porta, e a Mona, parecendo estranhar sua reação, seguiu seu olhar, cruzando por fim com o meu. O silêncio se fez, mas não por muito tempo.

Bernardo: Já pode sair, Vinicius - Disse um pouco alterado, mantendo o olhar na Monalisa. A mesma logo me repreendeu, negando com a cabeça - Não ouviu o que eu disse? - Perguntei, desviando a atenção para o tal garoto.
Vinicius: Na boa? Não vou sair - Disse firme, me surpreendo. Fechei as mãos em punho, ficando ainda mais irritado - Olha o seu estado cara... Você acha mesmo que vou deixar a Monalisa sozinha com um cara como você? Se brincar, é capaz até de bater na menina, ou... - Não lhe deixei terminar, me aproximei rapidamente e lhe puxei pela gola da camisa, levantando-o. 
Bernardo: Cara, nunca seria capaz de fazer nenhum mal a garota que amo, beleza? Agora sai daqui - Disse firme, sentindo o mesmo me empurrar em seguida, soltando-se. Respirei fundo, tentando me controlar e já voltando a encarar a Monalisa - E aliás, por que danado não me esperou? Por que veio para casa com esse garoto? Caramba Monalisa, você sabe que eu odeio isso - Disse alterado, já gritando. Ela nada disse, apenas desviou os olhos, parecendo ter lágrimas nos mesmos.
Vinicius: Olha aí, é por isso que não quero deixá-la sozinha com você. Não percebe que a garota está mal? Ah claro que não... Você parece estar mais preocupado porque eu estou aqui - Disse, me fazendo ferver ainda mais de raiva e partir com tudo para cima do mesmo.

A confusão então começou. Depois de lhe dar alguns socos e também receber alguns, senti a Monalisa tentando me puxar. Suas mãos frágeis puxavam com uma certa força meus braços, e aquilo me fez amolecer, e receber um último soco. Cambaleei para trás, quase caindo por cima da Mona enquanto levava também a mão a boca, percebendo por fim o sangue. Já ia partir novamente para cima do babaca quando senti aquelas mãos em meus braços novamente.

Monalisa: Parem com isso, por favor - Pediu nervosa e com uma voz estranha, parecia chorar. Respirei fundo, amolecendo mais uma vez - Vinicius, acho melhor você ir - Disse baixo, ainda me segurando. Ele nada disse, apenas negou com a cabeça e partiu porta a fora emburrado. Foi então que virei-me para a Mona e a vi me repreender com o olhar, enquanto também negava com a cabeça e já me soltava.
Bernardo: Não me olha dessa forma, beleza? Você quem causou tudo isso - Voltei a me alterar, voltando também a passar a mão no canto da minha boca, limpando a mesma - Era para eu acabar com aquele desgraçado - Disse alterado, mas logo relaxei ao sentir seu corpo junto ao meu. Seu abraço foi firme e apertado, e seu choro agora se encontrava maior.

Monalisa: Não precisa jogar na minha cara que eu sou a culpada disso - Disse entre os soluços, afastando-se um pouco e desviando o olhar para o meu sangramento. Depois de passar o dedo levemente pelo mesmo, encarou meus olhos - Me desculpa.
Bernardo: Não, Mona... Acho que sou eu quem devo te pedir desculpa - Disse apressado, limpando rapidamente algumas lágrimas que borravam seu rosto devido a maquiagem - Desculpa por ter sido grosso e por ter te jogado a culpa... Você não teve culpa nenhuma, pelo contrário, eu é quem tive... Você aqui cheia de problemas e eu colocando mais um nas suas costas - Neguei com a cabeça, um tanto envergonhado - Desculpa por isso, tá? - Ela sorriu, aproximando-se um pouco e tocando meus lábios, não se importando com o sangue que havia ao lado. Depois de um demorado selinho, voltou a me encarar.
Monalisa: Eu sou tão fraca, Bê - Negou apressadamente com a cabeça, já voltando a derramar novas lágrimas - Sempre dou um jeito de fugir do meu passado, mas não tem como, não tem... As lembranças sempre voltam para me atormentar... E o pior é que não são só as lembranças - Pausou, soluçando alto. Tentei lhe puxar para um abraço, mas a mesma recuou - E quer saber? Eu sou culpada mesmo... Sou culpada por ser tão frágil, por me esconder por trás de máscaras, por querer fugir do meu passado, das pessoas e... - Interrompeu-se, soluçando ainda mais alto - Droga! Por que isso, Bê? Por que eu também não posso ser feliz? Por quê? - Perguntou, entregando-se por fim totalmente ao choro. A mesma chegou a quase cair no chão, mas impendi, segurando-lhe firme.