Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Meu coração apertou demais ao vê-la naquele estado, e mais uma vez, me sentia perdido em relação ao que fazer. Lhe peguei nos braços e segui para o sofá, sentando-a no meu colo. Ela não desgrudou de mim, agarrou-me e apertou-me ainda mais enquanto encharcava toda a minha blusa, chorando agora de maneira incontrolável. As dores que sentia em meu rosto e meu corpo por conta dos socos pareciam ser reduzidos diante do sofrimento que se escancarava na minha frente. O seu choro estava alto e quanto ao seu corpo, esse tremia em meus braços. Lhe apertei ainda mais e fiquei assim por longo tempo, até finalmente ela se acalmar.

Bernardo: Me desculpa por não cuidar direito de você, meu amor. Eu não sei muito bem como fazer isso... Aliás, se eu soubesse, juro que você não estaria nesse estado - Sussurrei ainda envergonhado. Senti seu aperto ainda mais forte e logo em seguida seus olhos vermelhos voltando-se para os meus. Nos encaramos um pouco até por fim seu olhar seguir para o meu ferimento novamente. Depois de passar levemente o dedo no canto da minha boca, limpando um pouco do sangue, voltou a cruzar nossos olhares. Suspirei ao sentir tamanha intensidade do olhar junto com o toque de seus dedos em minha pele, e então continuei, quase num sussurro - Você ficou assim por conta dele, do Thiago, não foi? - Perguntei com um certo receio e logo a vi morder o lábio de forma apreensiva, desviando o olhar para longe do meu - Aliás, quem é esse Thiago?

Ela não me respondeu, tentou levantar-se do meu colo, mas logo lhe puxei, segurando firmemente em sua cintura. Ela enxugou algumas lágrimas e então encarou meus olhos, tentando passar toda sua insegurança e apreensão.

Bernardo: Não vai me contar? - E mais uma vez o silêncio se fez. Depois de soltar um suspiro pesado, lhe observei baixar o olhar - Beleza, vou lá então perguntar a esse tal de Thiago se ele te conhece - Disse firme enquanto me preparava para levantar. Ela me abraçou no mesmo instante, me impedindo de sair dali.
Monalisa: Para, Bernardo... Você disse que não ia se meter na minha vida - Comentou baixo, me apertando em seu abraço. Suspirei, afastando um pouco seu corpo, já cruzando nossos olhares.
Bernardo: Então quer dizer que ele faz parte da sua vida? - Ela negou apressada, parecendo perdida - Não? Então por que você pediu para vir embora na viagem depois de encontrá-lo? Por que ficou tão furiosa comigo a ponto de jogar o meu celular na parede por conta apenas de uma ligação que fiz atrás desse garoto? Aliás, por que também fugiu daquele jeito na festa quando o viu se aproximando? - Perguntei em sequência, não lhe deixando tempo de responder - Será mesmo que ele não faz parte?

Monalisa: Bê... - Sussurrou, desviando o olhar mais uma vez - Não faz isso comigo, por favor.
Bernardo: E o que estou fazendo? - Perguntei apressado, levando as mãos para o seu rosto, virando-o para mim. 
Monalisa: Você ainda pergunta? - Perguntou de volta, negando com a cabeça. Suspirei novamente enquanto assentia. Ela nada disse, apenas tentou levantar-se do meu colo mais uma vez - Vou pegar alguma coisa para limpar esse seu ferimento - Disse com a voz de choro, tentando sair do meu colo. Assenti cabisbaixo, soltando-a por fim. Poucos minutos passaram até ela voltar com um paninho molhado e com o rosto mais vermelho do que antes. Lhe puxei novamente para o meu colo e logo senti suas mãos macias percorrendo meu rosto, parando por fim no ferimento. Soltei um suspiro logo que senti o pano tocar no mesmo enquanto também analisava sua expressão.
Bernardo: Chega um momento que não dá para guardar as coisas só para si... E eu acho que esse é o seu momento - Disse baixo, sem tirar os olhos da sua expressão, essa que ficou bastante apreensiva - Não falo isso por minha curiosidade, que é muita, confesso... Mas por você mesma, Mona... Imagino que você guarda coisa demais para si, e isso faz um mal danado, sabia? Sei disso porque sempre me sinto angustiado quando guardo algo só para mim... Imagine você que guarda todo o seu passado? - Seu olhar então voltou-se para o meu, com a grande intensidade de sempre.

Monalisa: Eu não posso contar, Bernardo - Falou com a voz retraída, parecendo querer chorar. Lhe acariciei o rosto e sorri, tentando lhe passar segurança - Eu realmente guardo muita coisa para mim... Todo o meu passado, minhas angústias, meus sofrimentos... - Pausou, soltando um breve suspiro - Mas não faço isso por escolha, e sim por instinto, sabe? Me acostumei a guardar sempre tudo, não desabafar... Até porque, na última vez que desabafei, causei um grande dano - Pausou novamente, abaixando a cabeça. Logo percebi seu rosto encher de lágrimas, e então levantei o mesmo, já enxugando algumas. 
Bernardo: E você acha que vai causar um grande dano me contando? - Perguntei, ainda enxugando e também acariciando seu rosto. Ela assentiu apressada, voltando a cruzar nossos olhares.
Monalisa: Tenho medo de você ficar com vergonha de mim e não me querer mais - Confessou envergonhada, me fazendo negar rapidamente enquanto também já me preparava para falar, porém, a mesma logo prosseguiu - Enfim, depois de desabafar pela última vez e de não ter também mais em quem confiar, comecei a segurar tudo, e isso me tornou essa pessoa.
Bernardo: Primeiro... Seja lá o que tenha acontecido no seu passado, eu nunca irei ter vergonha de você, muitos menos vou querer te deixar, entendeu? Eu te amo demais, pequena.... Entende isso - Disse, lhe dando um breve selinho - E segundo... Você pode desabafar comigo, meu amor. Ou não confia em mim?

Monalisa: Claro que confio, Bê. Mas... - Pausou, respirou fundo, e então continuou - Esse assunto me tormenta muito, e não me sinto preparada para contar - Disse baixo, voltando a me abraçar - Eu prometo que um dia te explico tudo... Prometo!
Bernardo: Mona... 
Monalisa: Por favor, Bê. Não fala mais nada, não agora - Pediu quase num sussurro, me apertando ainda mais no abraço. Lhe apertei de volta enquanto começava a acariciar suas costas.
Bernardo: Tudo bem meu amor, vou respeitar o seu momento - Lhe apertei ainda mais, ficando em completo silêncio em seguida. Em poucos minutos pude sentir minha camisa voltar a ficar molhada enquanto ouvia também seus pequenos soluços - Acho que o meu ferimento ainda está precisando de tratamento - Disse divertido, tentando descontrair. Ela afastou um pouco o rosto, limpou algumas lágrimas e então sorriu enquanto voltava a passar o paninho delicadamente no canto da minha boca.