Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Meus pés travaram no chão ao mesmo tempo que sentia um nó se formar em minha garganta. "Ela estava me abandonando? Era isso?". Perguntava-me perplexo, com o olhar perdido em algum ponto na minha frente. Sentia-me confuso, mas além disso, bastante irritado com aquela situação. Talvez por isso resolvi correr atrás dela... Por isso e por tantos outros motivos. Não podia deixá-la sumir assim pelo mundo, não podia deixá-la se afastar de mim.

E foram com esses pensamentos que desci apressadamente as escadas, chegando por fim na portaria. Perguntei ao porteiro informações sobre a garota que o mesmo havia visto comigo antes, e para a minha surpresa, ele disse que ela ainda estava no prédio. Espantei-me. Talvez ela tenha pedido para o porteiro mentir, ou então ela estaria mesmo ali. "Mas onde?", voltei a me perguntar, observando agora todos os lados ao meu redor. Sorri ao imaginar por fim o tal lugar, esse que parecia tão óbvio.

Segui em direção ao salão, local onde ocorria a festa, e logo pude lhe encontrar lá, um tanto afastada do resto das pessoas, parecendo discutir com o Charles. Senti uma raiva incontrolável naquele momento, não apenas pelo fato dela estar conversando com o Charles sobre sei lá o que, mas também por suas vestimentas. Minha camisa que ficava tão linda nela, agora parecia fazer o efeito contrário, pois todos ao redor pareciam lhe "comer com os olhos", e isso me deixava bem mais irritado. Me aproximei rapidamente, interrompendo a conversa dos dois, como também assustando-os. 

Bernardo: Você já reparou na roupa que está usando? Era assim que você queria fugir? - Perguntei nervoso, percebendo a mesma descer com o olhar, deparando-se apenas com a minha camiseta, assustando-se ainda mais - E outra, você não vai sair de perto de mim, ouviu? - Perguntei encarando seriamente sua expressão bagunçada, em seguida desviei o olhar para o Charles - E quanto a você, seja lá no que esteja envolvido no passado da Monalisa e até mesmo com o irmão dela, não me importa agora... Só peço que deixe a minha namorada em paz, e por favor, não conte nada para o Thiago, não conte que a viu!

Monalisa: Droga, eu pedi para você não vir atrás de mim - Disse receosa e demonstrando um certo medo. Apenas revirei os olhos e mantive o olhar no Charles, esse que continuava calado - Bernardo, por favor, vamos sair daqui.
Bernardo: Depois conversamos, beleza? O meu papo agora é com meu velho amigo - Insisti na conversa, ainda encarando o Charles. Ele pareceu engolir em seco, mas logo sorriu. 
Charles: Ela te fascinou mesmo, não é? - Perguntou, me fazendo revirar os olhos - Toma cuidado, Bernardo. Ah, e pode ficar tranquilo! Em nome da nossa amizade de tanto tempo, prometo não falar nada para o Thiago - Disse dando de ombros e voltando a fechar o sorriso - Olha que você vai ficar me devendo essa.
Bernardo: Pode ter certeza, conheço o suficiente da Mona para saber que não preciso tomar cuidado com nada em relação a ela - Disse firme, fazendo o mesmo soltar uma gargalhada alta.
Charles: Sinceramente? Acho que você não conhece muito dela, nem dos seus... 
Monalisa: E você me conhece? - Perguntou nervosa e aos gritos, interrompendo-o - Não, Charles! Você apenas tem uma imagem daquilo que não sou - Voltou a gritar, chamando ainda mais atenção das pessoas ao redor. Respirei fundo, lhe puxando para os meus braços.
Bernardo: Enfim, depois converso melhor com você... E obrigado - Agradeci, puxando a Monalisa dali em seguida.

Depois de tantos gritos durante o nosso caminho de volta para o meu apartamento, o silêncio reinou de uma forma incrível quando finalmente chegamos nele. No momento, ela estava sentada no sofá encarando o chão, enquanto eu andava de um lado para o outro, procurando uma forma calma de iniciar aquela conversa.

Bernardo: Mona... - Tentei iniciar, mas logo fui interrompido por seus novos gritos.
Monalisa: Eu disse para não vir atrás de mim, caramba. Qual é a sua? - Perguntou aos gritos, levantando-se do sofá. Revirei os olhos enquanto respirava fundo, tentando não esquentar muito - Você estragou tudo, Bernardo! 
Bernardo: Estraguei? - Perguntei perplexo, me alterando um pouco - O que estraguei, Monalisa? O seu momento com o Charles? Aliás, o que você foi falar com ele? - Voltei a perguntar, agora aos gritos.
Monalisa: Fui tentar impedi-lo de dizer ao Thiago que havia me encontrado - Respondeu com o mesmo tom, negando com a cabeça em seguida - Mas não, você tinha que aparecer para estragar tudo! 
Bernardo: Estragar tudo? Qual é, Monalisa? Eu te livrei daquele cara, além de... - Me interrompeu, já reclamando. 
Monalisa: Você acha que com aquela simples conversa ele vai ficar assim de boa? - Perguntou ainda aos gritos, negando com a cabeça - E não, não precisava me livrar daquilo, afinal eu mesma já estava me livrando... Estava resolvendo tudo até você chegar!

Bernardo: Ah, então você estava resolvendo tudo? Como, Monalisa? Resolvendo como? - Lhe enchi de perguntas, lhe deixando apreensiva - Estava resolvendo com uma troca de seus serviços pelo silêncio dele, é isso? - Perguntei irritado, fazendo-a arregalar os olhos e ficar calada, parecendo perplexa com o que acabara de ouvir - Me responde, Monalisa! Resolveu ressurgir com seus serviços para calar o garoto, foi isso? 
Monalisa: Você está pensando que eu sou quem? Que eu sou o quê? - Perguntou irritada, parecendo segurar o choro. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, a vi pegar um enfeite de vidro que estava sobre o centro e jogar em minha direção. Para a minha sorte, consegui desviar antes que me atingisse - Idiota!
Bernardo: Você está doida, Monalisa - Gritei nervoso, desviando o olhar para os cacos de vidro um pouco atrás de mim - Você ia me cortar, sua louca! - Voltei a gritar enquanto me aproximava e já lhe segurava pelos braços.
Monalisa: Você não me conhece - Disse firme com os olhos marejados, tentando soltar-se.
Bernardo: Concordo, acho que não te conheço mesmo - Apertei-lhe os braços, fazendo-a resmungar de dor - Você nem se importa comigo, cara. Já imaginou o estrago que esse vidro poderia fazer em mim? - Perguntei irritado, apertando ainda mais forte seus braços - Você simplesmente perde a cabeça, Monalisa! Você... - Me interrompeu.

Monalisa: E você tem noção do que essas lembranças fazem comigo, Bernardo? Você tem noção do que é ser estrupada pelo seu pai e seu irmão e ter que aguentar isso por anos calada? Você sabe o que é presenciar a morte da sua mãe e saber que a culpa era toda sua? - Perguntou irritada, deixando as lágrimas virem à tona - Pode ter certeza, isso dói mais do que um corte de vidro ou outra qualquer coisa... Dói até mais do que essas suas palavras me chamando indiretamente de uma mulher da vida. Caramba, você não sabe nem do meu passado todo para falar uma coisa dessas - Voltou a gritar, me fazendo amolecer com as mãos em seus braços. Numa puxada rápida e rude, ela afastou suas mãos.
Bernardo: Isso não te dá o direito de querer machucar os outros, Mona - Disse baixo, vendo-a limpar rudemente algumas lágrimas que insistiam em cair - E você queria que eu pensasse o que em relação a esses serviços que o Charles falou, hein? - Perguntei e logo lhe vi manifestar-se, porém continuei - E outra, não sou eu quem faz com que essas suas lembranças ressurjam... São essas pessoas que fizeram parte do seu passado, e que você luta tanto para fugir - Respirei fundo, tentando controlar a voz que já subia um pouco do tom - Mas não tem jeito, Monalisa. Quanto mais você tentar fugir do seu passado, mais ele correrá atrás de você.
Monalisa: E você quer que eu faça o que, Bernardo? Quer que eu me mate de vez e leve comigo esse passado? - Gritou entre os soluços altos, enquanto tentava também limpar o rosto - Só assim mesmo para... - Lhe interrompi, voltando a segurar seus braços, dessa vez de forma mais leve.

Bernardo: É essa a sua solução, Monalisa? - Perguntei perplexo e irritado, vendo-a assentir em seguida, parecendo não conseguir falar por conta dos soluços - Você está louca, Mona. Louca - Repeti, puxando-a para um abraço apertado e ouvindo seus soluços ainda maiores enquanto também sentia minha vista embaçar, talvez devido aos meus olhos marejados - Está na hora de você reagir, pequena. Está na hora de juntar toda essa sua força retraída e lutar, enfrentar essas pessoas e o seu passado - Disse baixo, fazendo-a se afastar um pouco para encarar os meus olhos. 
Monalisa: Não, Bê. Eu... - Pausou, limpando seus olhos e reparando melhor nos meus - Você... - Pausou novamente, me fazendo limpar rapidamente algumas lágrimas que caiam - Por que... Por que você está chorando? - Perguntou quase num sussurro, passando os dedos sob meu rosto. De início não disse nada, apenas sorri sem jeito, respirando fundo em seguida.
Bernardo: Porque odeio te ver assim, caramba! Odeio te ver tão desmotivada, tão centrada nesses pensamentos negativos, e odeio também o fato de não conseguir te ajudar nisso - Pausei, respirando fundo mais uma vez - Pode ter certeza, isso não dói só em você, também dói em mim, e muito - Completei, observando nascer um pequeno sorriso em seus lábios, o que também me fez sorrir - Isso, Mona... É isso que eu quero ver no seu rosto - Voltei a falar, contornando levemente seus lábios com meus dedos - Eu quero muito te ajudar, mas para isso você tem deixar... E ainda mais, tem também que se ajudar.

Monalisa: Você é a melhor pessoa que conheço, sabia? - Perguntou num sussurro, me fazendo sorrir sem jeito. Antes que pudesse lhe responder, senti seu corpo no meu, me apertando em um novo abraço, me deixando meio sem palavras - E é por isso que tenho tanto medo de te contar as coisas... Por que sei que posso te perder, e eu não quero isso. 
Bernardo: Mona... Eu não vou te abandonar pelo seu passado, seja lá o que tenha nele - Disse, tentando lhe passar segurança. Ela nada disse, apenas continuou com o abraço por mais um longo tempo. Quando finalmente senti seu corpo relaxar, lhe peguei no colo num movimento rápido, despertando-a um pouco - Já estava dormindo em pé? - Perguntei risonho, levando-a para a cama enquanto ouvia sua risada baixa e gostosa ao meu pé do ouvido. 
Monalisa: Bobo, é o cansaço - Respondeu num sussurro, fechando os olhos em seguida. Apenas sorri, lhe coloquei na cama e então deitei ao seu lado, puxando-a para mim - Obrigada por me acalmar... E por tudo, né? - Voltou a sussurrar, beijando em seguida o meu rosto, me fazendo abrir ainda mais o sorriso - Eu amo você.
Bernardo: Também amo você, meu amor - Sussurrei, seguindo com os lábios para os seus. Depois de um longo selinho, voltei a sussurrar - Ah, e só para ressaltar... Você ficou linda na minha camiseta, sabia? - Perguntei sorridente e ainda aos sussurros, recebendo o seu beijo apaixonado como resposta.