Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Chegamos em casa por volta das onze horas da manhã e para a nossa surpresa, a mesma estava de cabeça para baixo. Comidas, drogas e camisinhas espalhadas por um lado, e até pedaços de roupas espalhadas por outro. Era óbvio que os meninos haviam feito uma grande festa ali. Enquanto ainda reparava na bagunça, ouvi os passos da Monalisa pela escada, acabei seguindo junto por já saber onde ela iria. 

Monalisa: Está na hora de acordar - Comentou um pouco alto e risonha, abrindo todas as cortinas do imenso quarto geral. Normalmente dormíamos ali quando ocorria festas em nossa casa - Acordem, acordem!
Renato: Não acredito nisso - Choramingou, já escondendo o rosto por baixo do travesseiro - Hoje não, Mona!
Gabriel: Mona? - Perguntou enquanto esfregava os olhos, encarando-a em seguida. Nesse momento, ela já estava ao lado do Miguel, tacando-lhe uma almofada. Eu continuava ali parado perto de uma das janelas, rindo sozinho e vendo-a tão linda e distraída - Só podia ser mesmo!
Miguel: Qual é? Já chegaram da lua de mel? Que rápido! - Comentou, arrancando risadas de todos nós - Sai daqui Mona, vai atrás do teu macho - Resmungou em seguida enquanto tentava se proteger do ataque de almofadas da mesma.

Bernardo: Quem dera se fosse lua de mel de verdade - Comentei baixo, mas todos ouviram e desviaram o olhar para mim. O olhar da Monalisa foi o que me prendeu, pra variar. No mesmo havia uma mistura de timidez com confusão, além do mistério de sempre.
Gabriel: Claro que não ia ser - Respondeu, como se fosse óbvio - A Mona saiu daqui fugida, com certeza não teria cabeça para pensar em outra coisa - Comentou, dando de ombros. Dessa vez, todos os olhares foram parar nele e um enorme silêncio se fez. O Gabriel, ao perceber tamanha calmaria, voltou a falar - Só falei a verdade, apenas.
Monalisa: Não sai daqui fugida - Ela respondeu cabisbaixa, deixando as almofadas de lado e sentando-se ao lado do Miguel - Só fui dar uma volta com o Bernardo e como ficou tarde, acabamos dormindo no apartamento dele - Continuou, me encarando logo depois. Sorri, tentando lhe passar segurança. 
Renato: Relaxa, Mona. Sabíamos que você estava fugindo do Thiago - Comentou, também dando de ombros - Aliás, por que estava fugindo dele? 
Bernardo: Acho melhor vocês deixarem essa conversa para depois - Disse apressado ao perceber o olhar da Monalisa perdido. Me aproximei rapidamente da mesma e lhe puxei para meus braços - Vamos descansar um pouco!
Monalisa: Isso, vamos - Respondeu apressada, me apertando firme no abraço - E quantos aos mocinhos, podem arrumando aquela bagunça na sala, ouviram? - Perguntou com um jeito autoritário, fazendo-nos cair na risada novamente.

Saímos do quarto geral e seguimos para o meu. Lá, deitamos abraçados e ficamos trocando carícias. Meus pensamentos novamente voltaram para a minha conversa com o Charles durante a madrugada passada, e mais uma vez senti aquele aperto diante de tantas perguntas. Queria saber as respostas pela própria Monalisa, mas sabia que ela não contaria nada, e por isso ficava ali, imaginando e criando ideias até fora do comum. 

Monalisa: Bê... - Sussurrou meio retraída, me despertando novamente daqueles pensamentos - Eu não quero contar para os meninos. 
Bernardo: Eles são seus amigos, Mona - Iniciei, acariciando seus cabelos e mantendo o olhar fixo no teto - E precisam saber... Eles estão curiosos e também preocupados com você - Completei, ainda lhe acariciando. 
Monalisa: Mas sei lá... - Pausou, parecendo sem jeito - Eu tenho vergonha, e... - Lhe interrompi.
Bernardo: Você deveria ter vergonha de outras coisas e não disso - Deixei escapar um tanto seco, fazendo-a levantar um pouco a cabeça para me encarar completamente confusa.
Monalisa: Como assim, Bernardo? - Perguntou enquanto encarava meus olhos, parecendo querer descobrir algo. Respirei fundo e logo voltei com o olhar para o teto. 
Bernardo: Não é nada, Mona - Disse apreensivo, sem olhá-la - Esquece isso!
Monalisa: Não - Respondeu firme e um tanto alto, me chamando a atenção - Não vou esquecer - Continuou a falar enquanto já afastava-se e sentava na cama, ainda parecendo me encarar. Lhe encarei de volta e logo neguei com a cabeça, sentando-me ao seu lado em seguida - Você está me escondendo algo... - Disse, me surpreendendo um pouco - Eu não sou burra, caramba! O que é, hein? Me fala! - Pediu nervosa, já cruzando os braços e me lançando um olhar repreendedor.

Bernardo: Mona... Eu não estou te escondendo nada - Menti, coçando a nuca logo depois
Monalisa: Está escondendo sim... Eu te conheço - Comentou de volta, me fazendo negar apressado com a cabeça.
Bernardo: Não - Continuei negando, vendo-a arquear a sobrancelha em instantes - Ninguém conhece ninguém. Eu mesmo não te conheço - Disse, agora com a voz e o semblante frios - Não sei o que você fazia da vida, nem com quantos caras já dormiu... - Pausei, vendo-a arregalar os olhos um tanto surpresa. Em questão de segundos sua expressão ficou retraída e constrangida e seu olhar desviou-se para longe do meu. 
Monalisa: Não dormi com ninguém, Bernardo - Respondeu, me arrancando uma risada alta e irônica, fazendo-a ficar confusa. Soquei de leve a cama enquanto ia diminuindo com a risada e observando seu olhar novamente no meu. Agora, o seu apresentava uma intensidade fora do normal de medo misturado com vergonha, passando até uma sensação de fragilidade. E ela estava frágil, era óbvio que estava. 
Bernardo: E o Charles? Você não dormiu com ele? - Perguntei, engolindo em seco e socando levemente a cama. Nesse momento, minha risada irônica não estava mais lá, estava apenas a minha expressão perdida, assim como a dela. Seus olhos, que agora se encontravam cheio d`água, encontraram-se com os meus, revelando-me sua fragilidade junto com seu medo e vergonha - Por que não me fala a verdade? - Insisti, um tanto mais baixo por causa da minha voz abafada pela sensação de choro. Ela nada disse, apenas levantou-se deixando suas lágrimas caírem sob o rosto e correu dali.

Meu coração que antes parecia apertado e frágil, despedaçou-se de vez. Meu choro voltou junto com os soluços altos e umas sensações estranhas. Sentia-me cada vez mais perdido e fora de mim. Sentia vontade de correr ao quarto da frente, acalmar a minha pequena e dizê-la que estava tudo bem, que entendia tudo perfeitamente. Mas não. Sabia que na realidade não era tão simples assim. Por mais que buscasse entender o seu passado e os seus atos, sentia-me rebuscado para aquele pensamento de que ela havia dormido com vários, e isso me atormentava e me fazia querer ficar ali, distante. Esse pensamento era motivado pela minha bagagem tão carregada de meninice, confesso... E não podia ser diferente, afinal, era um cara considerado moleque, daquele que gostava de fazer birra e bater o pé dizendo que existia apenas um lado, uma visão certa. Nesse caso, em especial, insistia novamente em observar apenas esse lado, focando na visão machista de que ela havia sido uma mulher da vida, provocadora de vários amores. Por outro lado, sentia uma força motivadora que fazia-me observar os fatos, e até mais, fazia-me notar o quanto cruel estava sendo por colocá-la a culpa, por julgá-la antes mesmo de saber a sua versão e até de abandoná-la. Essa força, além disso, foi quem me pôs coragem para abandonar o orgulho e qualquer outro pensamento, e seguir atrás dela. Já era tarde, sua porta estava fechada e trancada, mas nem por isso desisti. 

Bernardo: Mona - Chamei-lhe, batendo de leve na porta - Abre aqui, meu amor - Pedi, fechando os olhos em seguida ao ouvir seus soluços tão altos - Por favor...