Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Assenti enquanto tentava respirar fundo, desviando o olhar para o Thiago novamente. Nesse mesmo instante o vi parar diante a escada e encarar o topo da mesma. Gelei, imaginando quem poderia estar ali em cima. Subi o olhar apreensivo e confirmei minha suspeita. Lá estava a minha Monalisa radiante num vestido delicado cor de rosa, observando distraída o movimento da grande festa.

Confesso que nunca fui tão rápido em atravessar um local com tanta gente. Passei em disparada pelas pessoas que dançavam e até se agarravam pela pista enquanto observava os movimentos da Monalisa. Ela agora descia as escadas calmamente e percorria com os olhos aquele lugar, talvez procurando alguém conhecido. E para o azar geral, seu olhar foi cruzar justamente com o conhecido que ela menos queria ver. Seu próprio irmão. Parei de correr por fim, chegando junto ao mesmo. Antes que pudesse dizer qualquer palavra, ouvi seu grito assustado, chamando a atenção de todos presentes, principalmente a minha. Ao lhe encarar, percebi sua pele pálida e seus olhos arregalados, esses que logo foram fechando-se vagarosamente. Aproximei-me o mais rápido que pude a fim de evitar sua queda, e pude então sentir seu corpo duro e frio cair sobre meus braços.

Bernardo: Mona... - Sussurrei nervoso, sentando-me um tanto apressado com ela em meu colo - Acorda, meu amor - Pedi, passando agora a mão pelo seu rosto, seguindo logo depois para o pescoço, onde pude sentir sua fraca pulsação - Por favor, Monalisa - Continuei e logo senti alguém se aproximar. Olhei rapidamente e vi o Thiago com o semblante preocupado. Apostaria com qualquer um que aquilo era puro fingimento. Ou não, talvez ele estivesse mesmo preocupado, mas consigo mesmo e com sua própria situação, essa que com certeza não era nada boa - Desgraçado! - Gritei firme, surpreendendo-o, assim como a todos que agora nos observavam.

Thiago: Qual é a sua, moleque? - Perguntou intrigado, aproximando-se ainda mais e tentando puxar a Monalisa dos meus braços. Apertei seu corpo contra o meu, não deixando.
Bernardo: Não encosta na Monalisa, ouviu? - Perguntei alto e irritado, sentindo a raiva me invadir. Minha vontade era de batê-lo ali mesmo, mas não poderia deixar a Mona sozinha, e ainda mais no estado que se encontrava. 
Thiago: Agora não posso mais tocar na minha irmã? - Perguntou no mesmo tom, surpreendendo ainda mais todos que nos observavam. 
Bernardo: Agora vai querer dar uma de irmãozinho bondoso? - Perguntei cínico enquanto arqueava a sobrancelha. Ele cerrou os olhos e fechou as mãos em punho. Rangi meus dentes como resposta enquanto ainda lhe encarava, agora fixamente. O Miguel logo parou ao meu lado, repreendendo-me.
Miguel: Fica quieto, Bernardo! Temos que cuidar da Monalisa agora - Disse apreensivo enquanto parecia encarar a mesma. Passei seu corpo com cuidado para o meu amigo, olhando-o sério agora.
Bernardo: Cuida dela. Eu preciso resolver uma coisa - Comentei, trincando os dentes e já me levantando, desviando agora o olhar para o pé da escada. Para o meu azar e decepção, não o vi mais lá - Cadê aquele idiota? - Gritei, assustando ainda mais os convidados, esses que agora não paravam com os cochichos.

Antes mesmo que alguém me respondesse, o vi correndo e saindo porta afora. Neguei apressado e logo corri atrás, deixando toda aquela adrenalina se transformar em velocidade. Já fora da república, lhe vi atravessando uma rua enquanto olhava desesperado para trás. Aumentei o impulso e corri ainda mais, tentando segui-lo. Logo consegui. Ou quase isso. Ele parou de correr ao entrar num beco sem saída, e eu, sentindo agora o cansaço me invadir, parei um pouco atrás. Ele fechou as mãos em punho e virou-se, me encarando por fim. 

Thiago: O que ela te disse? - Perguntou intrigado, ainda com os punhos fechados. Respirei fundo, deixando todas aquelas lembranças me invadirem, assim como a raiva.
Bernardo: Coisas horríveis ao seu respeito - Disse firme e com os olhos cerrados, agora me aproximando. 
Thiago: Tudo mentira... Invenção - Respondeu da mesma forma, tentando transparecer segurança, mas estava bem nítido o contrário. A cada passo que dava em sua direção, o via fazer o mesmo, mas para trás.
Bernardo: Se fosse realmente mentira você não ficaria com medo nem fugiria, não? - Perguntei, dando um novo impulso e lhe agarrando pela gola da camisa, já caminhando rumo a parede e jogando-o na mesma. Logo pude ouvir seu gemido de dor e em seguida seu olhar mais pesado - Você é um otário, Thiago! 
Thiago: Você vai mesmo acreditar na conversa daquela pirralha? - Perguntou alto e com o mesmo olhar, equilibrando-se na parede - Ela me odeia e por isso inventou essas mentiras - Disse firme, partindo para cima de mim. Agi mais rápido e lhe joguei contra a parede mais uma vez, prensando-o dessa vez com minhas mãos.

Bernardo: E por que ela te odiaria? - Perguntei aos gritos, deixando uma das mãos livres para lhe socar o tórax. Ele se contorceu um pouco, mas logo recuperou-se. Levou suas mãos para o meu corpo num movimento rápido e rude, empurrando-me firme para trás.
Thiago: Olha aqui... - Disse firme enquanto apontava um dedo na minha direção - Fica longe de mim, você não sabe do que sou capaz - Ri irônico, voltando a lhe jogar na parede num novo impulso, socando-lhe mais uma vez, com uma certa força agora. Ele, por sua vez, resistiu e me empurrou de volta com bem mais força, quase me fazendo cair - E fica longe da minha Monalisa, beleza? - Perguntou ainda irônico, dando ênfase na palavra "minha". Foi quando senti meu sangue ferver ainda mais, me fazendo partir para cima e socá-lo mais vezes e com uma força fora do normal. 
Bernardo: Você não tem medo de morrer, não? - Perguntei alto e irritado, lhe socando cada vez mais. Ele não respondeu, ficou apenas contorcendo-se ao sentir cada soco mais forte - Idiota! Cadê a sua força? Cadê? - Perguntei ao vê-lo quase cair no chão. Ele tentou resistir e equilibrar-se, mas foi em vão. Quando estava prestes a cair completamente, lhe puxei num novo impulso, jogando-o contra a parede mais uma vez, ouvindo seus novos gemidos de dor. 
Thiago: Acho que a Monalisa não te contou toda a história, não é mesmo? - Perguntou com dificuldade assim que lhe soltei. Ele novamente tentava equilibrar-se e me encarava furioso - Com certeza você não mexeria desse jeito comigo se soubesse realmente de tudo - Gritou, fechando as mãos em punho e partindo em minha direção.

Antes mesmo que pudesse me proteger ou mesmo voltar a lhe bater, o vi me acertar em cheio com um soco perto da boca. Desequilibrei um pouco enquanto sentia a raiva aumentar ainda mais e senti um novo soco, dessa vez em meu tórax, fazendo-me contorcer o corpo. Dessa vez meu sangue ferveu ao sentir toda a raiva e ódio do momento. Encarei-lhe com os olhos cerrados enquanto o via sorrir cínico para mim. 

Thiago: Quem está sem força agora? - Perguntou ofegante e provocativo, ainda com o mesmo sorriso. Sorri de volta, limpando rapidamente o sangue que sentia escorrer ao lado da minha boca.
Bernardo: Você não deveria ter feito isso - Disse calmo, aproximando um pouco. Ele pareceu assustar-se com o tom da minha voz, mas não largou o sorriso. Continuei a sorrir enquanto me aproximava calmamente. Ao vê-lo se armar, parti para cima, socando-lhe ainda mais forte. Simplesmente deixei com que toda a raiva do momento e de todas aquelas lembranças pesassem sobre minha mão, essa que socava-lhe sem piedade alguma - Esses socos são pelos estupros, por você ser tão canalha ao ponto de vender o corpo da própria irmã e também por todo sofrimento que causou a mesma - Gritava ofegante enquanto enchia-lhe de socos, tanto no corpo como no rosto. Ouvi seus gemidos maiores de dor, mas não me importei. Continuei a lhe socar até lhe ver totalmente caído ao chão, sem conseguir ao menos se mexer.
Thiago: Aposto que se soubesse toda a história não estaria aqui defendendo aquela vadia - Falou num tom baixo e entre gemidos de dores depois de um tempo, me fazendo aproximar e chutar seu corpo por diversas vezes. Ele ia se contraindo na medida que os chutes aumentavam, tentando proteger-se. Parei apenas quando ouvi meu celular tocando, era o Miguel. Encarei novamente o Thiago caído e agora desacordado, completamente machucado, e então sorri, cuspindo em seguida sobre seu corpo e virando-me por fim para sair dali.