Fanfic: Monalisa, deusa com ar de menina | Tema: Monalisa

Monalisa: Sim, eu mesma lhe contei em um dos nossos encontros... Ela ficou em choque mais uma vez, e também desesperada por não saber como me ajudar - Comentou, me fazendo assentir - E naquele mesmo dia, ela brigou com o Thiago e o Aleff por fazerem isso comigo. Eles ficaram super revoltados, principalmente comigo por ter contado. E sabe, Bê? Me arrependi bastante por mais uma vez contar algo - Concluiu, parecendo recordar-se de uma cena.

Thiago: Você estraga tudo, pirralha - Disse aos gritos, jogando-me no chão de forma rude - Quer mesmo ver nossa mãezinha morta, não é mesmo? - Perguntou, me fazendo negar apressada enquanto também chorava. Meu choro era alto e desesperado. Sentia cada vez mais o medo me domar - Engole esse choro, vadia - Voltou a gritar, me puxando agora para ficar de pé. Mesmo não conseguindo muito me equilibrar, tentei me manter firme para não cair. 
Aleff: Ela não tem medo do perigo mesmo, Thiago - Gritou ao lado da minha mãe - Espero que agora aprenda - Nesse momento, a mamãe estava sendo acorrentada pelo mesmo, o que fazia-me tremer por dentro ao imaginar o que poderia acontecer. 
Monalisa: Por favor... Não faz nada com ela, por favor! Podem me matar, mas a ela não... Por favor - Tentava gritava entre o choro, provocando resmungos do Thiago. O mesmo me puxou rapidamente para perto da porta e ficou me segurando ali. Nesse mesmo instante, pude avistar o Aleff aproximando-se da minha mãe com um chicote - Não - Gritei firme, mas já era tarde demais. O mesmo começou a chicoteá-la sem dor nem piedade, fazendo-a remexer-se. Senti meu mundo cair naquele momento. Minhas pernas simplesmente bambearam de forma assustadora, fazendo-me desequilibrar e cair de forma brusca no chão.

Bernardo: Que desgraçado - Gritei raivoso ao imaginar a suposta cena, lhe puxando em seguida para um novo abraço apertado, fazendo-a se derramar em novas lágrimas.

Monalisa: Ela ainda apanhou muitas outras vezes... E tudo por minha culpa - Disse depois de um tempo em silêncio, quando pareceu finalmente controlar o choro. Depois de afastar-se um pouco, me encarou cabisbaixa - Tinha alguns garotos que também eram rudes, me agarravam de forma violenta e eu sempre recuava, sabe? Esses sempre reclamavam com o Thiago, e o mesmo junto com o Aleff sempre descontavam a raiva na minha mãe. Eles batiam nela e me obrigavam a ver tudo... Era horrível, Bernardo - Comentou, voltando a soluçar. 
Bernardo: Como podem ser tão frios e cruéis? - Perguntei num tom baixo, mais para mim mesmo, enquanto enxugava rapidamente algumas de suas lágrimas - Eles são verdadeiros psicopatas!
Monalisa: E são mesmo - Assentiu, controlando mais uma vez o choro - São rudes, cruéis, sem corações - Disse alto, quase aos gritos - E ainda mais, eles gostavam disso tudo, dessa crueldade toda, de ver o sofrimento estampado nos nossos rostos... E gostavam também de... - Pausou, parecendo recordar-se de algo. Imediatamente seus olhos ficaram ainda mais assustados, assim como a sua expressão - De sangue - Completou, abaixando a cabeça em seguida e sendo invadida mais uma vez pelo choro. Fiquei completamente sem saber o que falar, e então lhe puxei para os meus braços mais uma vez, tentando assim lhe acalmar. Alguns minutos passaram-se até ela finalmente se acalmar, e assim que aconteceu, a vi me encarar sem graça. 
Bernardo: Se quiser, você pode me contar o resto depois - Disse preocupado ao ver seu estado, recebendo logo depois sua resposta em sinal de negativo com a cabeça.

Monalisa: É difícil para mim ter que lembrar de tudo depois de tanto tempo e ainda falar sobre, sabe? - Perguntou enquanto limpava o rosto, me fazendo assentir apressado - Mas eu preciso continuar, preciso desabafar... Pelo menos isso está me ajudando, me tirando um pouco aquela angústia toda que carrego - Completou sem jeito, desviando o olhar para longe do meu em seguida. Pensei em falar algo, mas ela voltou para a história, me deixando ainda mais atento - Como no começo o Thiago e o Aleff percebiam que não falávamos nada nos encontros, eles deixaram de nos vigiar durante esses cinco minutos. E então, num certo dia, eu e a mamãe passamos a fazer planos para fugir daquele lugar. Era difícil encontrar alternativas, afinal, todas pareciam deixar pistas. Mas não desistimos - Sorriu fraco, voltando agora a me encarar - Passamos cerca de um mês armando a nossa fuga para o dia do meu aniversário de quatorze anos, esse que já se aproximava. Decidimos envenená-los com uma erva fraca, apenas para fazê-los dormir por algumas horas, entende?
Bernardo: E como vocês iriam dar essa tal erva? - Perguntei curioso, arqueando a sobrancelha - Aliás, onde conseguiram?
Monalisa: Planejamos fazer algo diferente naquele dia, afinal era o meu aniversário. Eu iria falar com o Aleff e o Thiago, alegando que aceitaria numa boa todos os abusos, a venda do meu corpo e tudo mais, com uma condição - Pausou, me fazendo assentir apressado e curioso - Eles teriam que liberar minha mãe daquele quarto por pelo menos aquela noite para uma festinha particular em "família". A partir daí tentaríamos forçá-los a comer qualquer petisco que tivesse a erva, e depois fugiríamos - Pausou, parecendo agora lembrar-se da minha outra pergunta - Ah, e consegui com uma colega da escola - Arquei a sobrancelha novamente, um tanto confuso - Na verdade, ela era minha colega antes dos abusos... Depois dos mesmos, acabamos perdendo um pouco da amizade por conta do meu isolamento. Acontece que sabia que a mãe dela cuidava de ervas, e então voltei a me aproximar - Entortou os lábios, um pouco apreensiva.
Bernardo: O que foi?