Fanfic: Era só pra ficar | Tema: Era só pra ficar

Depois de um banho e um almoço rápido, segui para o quarto do Matheus com a intenção de avisar que sairia. Em meio de tanta bagunça, pude avistar a Betina dormindo quieta na pequena cama, então acabei dando meia volta e logo segui para a sala. Em poucos minutos o Bruno chegou.

Bruno: Vamos? - Assenti de imediato. Ele estava de carro e em um gesto de cavalheirismo, abriu a porta pra mim, me provocando uma breve risada. 
Luiza: Sabe que não pode ficar dirigindo assim, né? - Comentei assim que ele entrou - Nem carteira de motorista você tem - Ele me ignorou. 
Bruno: Não trouxe nenhuma comida para o nosso piquenique?

Luiza: Era sério? - Lhe encarei espantada. Ele assentiu e riu. 
Bruno: Olha para trás - Olhei para o banco traseiro e vi uma cestinha. Eu ri e desviei o olhar para o Bruno. 
Luiza: Mentira isso, né? - Ele revirou os olhos e ligou o carro, dando partida logo em seguida. Ficamos um tempo em silêncio, mas logo a curiosidade surgiu - Então, falou com seu pai? - Ele apenas assentiu - E aí? O que ele achou da ideia?
Bruno: Ele até gostou, disse que eu precisava trabalhar mesmo, me virar sozinho e tal.
Luiza: Então quer dizer que você vai ficar? - Indaguei animada.
Bruno: Se eu conseguir arrumar um lugar para alugar, sim, eu vou. 
Luiza: Oba - Quase gritei e então o vi me encarar aos risos. 
Bruno: Nossa, que alegria, hein? - Fiquei sem graça e desviei o olhar.

Não demorou muito para chegarmos. O lugar era lindo. Era uma praça bem parecida com um jardim, completamente florido. Assim que chegamos, demos uma volta e sentamos na grama de baixo de uma das árvores. 

Luiza: Vamos ver o que você trouxe - Comentei enquanto abria a cesta. Tinha alguns doces, frutas, bolo e latinhas de guaraná. Eu ri.
Bruno: O que foi? Não gostou? - Lhe encarei e ri ainda mais. 
Luiza: Que gracinha - Ele revirou os olhos e pegou a cesta de mim.
Bruno: Se não quer, eu quero - Falou, pegando uma maçã. Peguei da sua mão e comecei a comer. Ele fez careta e pegou outra coisa.
Luiza: De onde você tirou essa invenção, hein?
Bruno: Da minha cabeça - Ele piscou - Gostou do programinha? 
Luiza: Programinha de namorados, né? Não, não gostei.
Bruno: Não é de namorados. Se bem que... - Ele se aproximou um pouco e eu me afastei. 
Luiza: Nem vem, ainda estou com raiva de você.

Bruno: Ainda? Caramba, você é um caso sério, sabia? 
Luiza: Eu sou um caso, sério? Não, Bruno. Você que é.
Bruno: Por que eu sou? - Revirei os olhos e fiquei calada. Ele se aproximou mais e me abraçou forte. Tentei me afastar, mas ele não deixou. 
Luiza: Me solta!
Bruno: Não quero.
Luiza: Estou mandando - Ele riu e beijou meu rosto. 
Bruno: Coitada, nem manda em mim.
Luiza: Chato, chato, chato! - Ele riu ainda mais e me soltou. 
Bruno: Para de me amar tanto, Lú. 
Luiza: Eu não te amo - Voltei a comer a maçã.
Bruno: Mentir é feio, sabia? - Ignorei e me encostei no tronco da árvore.
Luiza: Quando você vai procurar um emprego, hein? 
Bruno: Ah, não sei - Ele falou e fez careta - Pra falar a verdade, não queria nem começar a trabalhar agora.
Luiza: Por que não?

Bruno: Porque eu queria me dedicar mais aos estudos, passar logo numa faculdade e tal, sabe?
Luiza: Hm, entendo - Falei desanimada - Mas você vai ter que trabalhar pra poder pagar o aluguel, né? - Ele assentiu e ficou calado. Fiquei calada por um momento também, mas depois voltei a falar - Eu acho que você quer ir com seus pais.
Bruno: Por que você acha isso? - Ele me encarou. 
Luiza: Porque você está criando várias dificuldades, parece até que não quer ficar.
Bruno: Claro que não - Revirei os olhos e fiquei calada - Poxa Luiza, você acha mesmo que eu quero ficar longe de você? - Perguntou enquanto sentava do meu lado.
Luiza: Sim, eu acho - Respondi seca.
Bruno: Boba - Ele riu - Eu não quero ficar longe de você nunca - Fiquei calada - Ei, olha pra mim - Não olhei, então ele segurou meu rosto e virou pra ele - Deixa de coisa, você sabe que... - Lhe interrompi. 
Luiza: Não sei de nada.

Bruno: Ah, é assim? - Assenti e o vi revirar os olhos - Tudo bem, falo nada.
Luiza: É melhor mesmo - Ele soltou meu rosto e desviou o olhar pra frente.
Bruno: Que menina mais complicada essa que eu fui me apaixonar. 
Luiza: Se apaixonar... - Repeti de forma irônica enquanto revirava os olhos. 
Bruno: Não acredita? - Lhe encarei.
Luiza: Não - Ele voltou o olhar pra mim, mas não falou nada. Ficou uns longos segundos me olhando até que resolveu pegar a cesta e se levantar - Para onde vai?
Bruno: Para casa. Você conseguiu estragar a minha tarde.
Luiza: Ah, Bruno - Me levantei - Desculpa poxa - Ele não falou nada, apenas se virou e começou a andar em direção ao carro. Lhe segui, mas sem falar nada.

Entramos no carro em silêncio e ficamos assim até chegar na minha casa. Assim que chegamos, quebrei o silêncio.

Luiza: Desculpa por ter estragado nosso passeio.
Bruno: Relaxa - Falou frio. Me aproximei para dar um beijo no seu rosto, mas ele virou a cabeça pra janela e então eu me afastei. 
Luiza: Nossa - Ele ficou calado - É bom que vá embora mesmo e não volte nunca mais - Ele me encarou.
Bruno: Vou fazer isso mesmo para sua alegria. 
Luiza: Isso Bruno, vai lá. Não era o que você queria? Então, vai em frente - Falei e me virei pra sair do carro. Ele puxou meu braço e voltou a me encarar - O que você quer? - Ele não disse nada, se aproximou e me beijou. Foi um beijo bom, mas rápido. Logo me afastei dele e o encarei - Quer saber mais? Não vou sentir nem um pouco a sua falta.
Bruno: Que seja, também não vou sentir a sua - Revirei os olhos, me virei e saí do carro.

Assim que entrei em casa me deu uma vontade de chorar, segui para o meu quarto e desabei. Fiquei um bom tempo apenas chorando e pensando no Bruno, apenas saí para jantar e tomar banho, e logo já estava trancada no meu quarto novamente chorando. Logo o sono me dominou. No dia seguinte, quinta-feira, mesmo sem vontade alguma, segui para o colégio. Sentei em um dos bancos e fiquei observando as pessoas em volta. Logo avistei o Fernando. Ele me viu e então se aproximou. 

Fernando: Tudo bem? - Assenti.

Ele ficou tentando puxar assunto, mas eu não estava muito no clima e então fiquei calada. Minutos depois vi o Bruno chegar, ele me olhou e logo depois virou o rosto. Nem liguei e tentei prestar mais atenção no que o Fernando dizia. Aquela manhã passou devagar e um tanto desanimada. Aproveitei o intervalo para ficar sozinha e estudar um pouco, e acbou dando certo. Já na saída, corri o mais rápido que pude para não ter que encontrar o Bruno. Assim que estava perto de casa, avistei o Matheus saindo da mesma. 

Matheus: Nem te vi ontem - Me abraçou apertado assim que me aproximei mais - Estava com saudades da minha maninha - Não respondi e então ele me encarou - O que foi?
Luiza: Nada -Respondi e tentei dar um passo, mas ele me impediu. 
Matheus: Aconteceu alguma coisa com você.
Luiza: Não aconteceu nada, Math - Respondi enquanto me soltava - E com licença.
Matheus: Quando eu chegar a gente conversa - Ignorei e entrei em casa.

A tarde foi tranquila. Depois de almoçarmos juntas, eu e a Betina conversamos um pouco, mas logo ela acabou indo dormir. Quanto a mim, resolvi passar o restante da tarde estudando, só parei quando o Matheus apareceu em meu quarto. 

Matheus: Pode começar... O que você tem? - Perguntou, já sentando ao meu lado na cama.
Luiza: Nada.
Matheus: E por que está assim?
Luiza: Nada - Repeti. 
Matheus: Luiza, me conta! O que houve?
Luiza: Não aconteceu nada, caramba! Me deixa, quero estudar.
Matheus: Foi o Bruno?
Luiza: Math - Lhe encarei - Vai cuidar da sua vida, ok?
Matheus: Que estresse! A pessoa vem ajudar e é tratada assim, nossa.
Luiza: Ué, quando eu queria te ajudar, você também me tratou assim. 
Matheus: Não dá pra conversar com você - Ele se levantou e saiu. Dei de ombros e voltei a estudar.

Minutos depois segui para a cozinha com a intenção de jantar. Estava cheia de fome. O Matheus e a Betina estavam lá, já comendo. 

Betina: Aconteceu alguma coisa? - Lhe encarei e balancei a cabeça em sinal de negativo.
Matheus: Aconteceu, mas ela não quer contar - Revirei os olhos e continuei a comer, em silêncio. Eles pareceram se entreolhar, mas logo entraram no clima do silêncio também.