Fanfic: Era só pra ficar | Tema: Era só pra ficar

Acordei no dia seguinte com uma mão acariciando meu rosto. Abri os olhos lentamente e avistei o Bruno com uma expressão linda de sono e com o cabelo todo bagunçado.

Bruno: O que você está fazendo aqui? - Assim que eu ia responder, ele continuou - Será que o Math te viu aqui? - Perguntou nervoso e sentando na cama rapidamente. Logo ele pareceu sentir alguma coisa na cabeça, pois colocou as mãos na mesma - Ai, minha cabeça!
Luiza: É a ressaca - Ele me encarou meio sem jeito. Me levantei e segui até a porta. Antes de sair, me virei pra ele - Depois a gente conversa, ok? - Ele apenas assentiu e então me virei novamente e saí. 

Segui direto para o banheiro, fiz minhas higienes e tomei um banho demorado. Depois segui para o meu quarto. Assim que cheguei, não vi o Math, mas vi a cama toda desforrada. Revirei os olhos e logo tratei de me vestir. Ao seguir para a cozinha, acabei encontrando o meu querido irmão.

Matheus: Acordou cedo, hein? - Apenas assenti. Ficamos em silêncio por um bom tempo. Assim que me sentei a mesa com meu sanduíche nas mãos, o Bruno apareceu na cozinha. Ele pegou umas bolachas e sentou ao meu lado - Bom dia para você também - Falou meio que rindo - Como está a dor de cabeça? Muito forte? - O Bruno lhe encarou com uma expressão confusa e o Math riu ainda mais - Dor de cabeça por causa da bebedeira de ontem, né? 
Bruno: Ah, nem fale - Falou sem graça. Continuei em silêncio e tentei comer mais depressa. 
Matheus: Toma água gelada, dizem que é bom para curar ressaca - Disse e o Bruno logo assentiu.
Bruno: Nunca mais eu bebo... Que dor de cabeça chata, argh! 
Matheus: É assim mesmo - Ele sorriu e desviou o olhar pra mim - E você? Vai ficar calada aí mesmo?
Luiza: Vou - Falei, voltando a comer. Senti o olhar do Bruno sobre mim, mas não lhe olhei. 
Matheus: Hm - Ele se levantou - Vou dar uma saidinha, procurar um emprego - Disse aos risos enquanto se afastava. 

Acabei de comer e me levantei. O Bruno logo se levantou também e parou na minha frente.

Bruno: Qual foi? Vai ficar assim comigo só por que eu fui beber? Me divertir? Ué, você também não foi se divertir ontem? Não posso fazer o mesmo?
Luiza: Só estou assim porque o meu namorado me trocou por uma mesa de bar.
Bruno: Pode ter certeza, o meu caso é pior. Minha namorada me trocou pelo amiguinho de infância dela - Falou irônico.
Luiza: Eu não te troquei por ninguém, ok? Eu te chamei pra ir comigo e você não quis.
Bruno: E mesmo assim você foi, né? E pelo visto se divertiu muito lá.
Luiza: Claro, ou você acha que eu iria deixar de sair por sua causa? - Ele ia responder, mas eu continuei - E sim, me diverti muito mesmo. O Otávio é uma pessoa maravilhosa e adorei passar a tarde toda com ele - Ele ficou calado e pude perceber a tristeza surgir no seu rosto. "Droga, porque eu fui falar isso?"
Bruno: Que bom, hein Luiza? Aproveita e passa as suas outras tardes com ele também - Eu ia falar, mas ele continuou - Não passa só as tardes não, passa logo o dia todo. Quem sabe você aproveita mais.
Luiza: Ai, Bruno - Lhe abracei forte - Desculpa, eu não queria dizer aquilo - Ele ficou calado, então lhe encarei. Sua expressão ainda era de tristeza e ele não me olhava - Me desculpa? - Perguntei, segurando o seu rosto e fazendo com que ele me olhasse.

Bruno: Tudo bem - Ele segurou meu rosto - Mas pensa bem antes de falar qualquer coisa, você pode acabar machucando uma pessoa - Ele falou, soltando o meu rosto e se afastando. Senti um aperto no peito e lhe abracei novamente. Lhe apertei forte e fechei os olhos. Ele acariciou as minhas costas e voltou a falar - Ontem, quando você saiu, fiquei com bastante raiva, pensando que você preferia ficar com ele do que comigo - Abri os olhos e quando ia lhe olhar, ele me impediu, fez com que eu ficasse com a cabeça encostada no seu ombro - Por isso resolvi ir beber. Eu não iria aguentar ficar em casa pensando em como você estaria nesse almoço, em como você estaria com o seu amiguinho e tudo mais. E aí eu fui beber pra ver se esquecia um pouco disso tudo. 
Luiza: Bobo - Sussurrei. 
Bruno: Sou mesmo - Ele falou e logo depois soltou um suspiro pesado enquanto se afastava de mim e me olhava. Nesse mesmo instante, a campainha tocou. Ele desviou o olhar e seguiu para sala, partindo na direção da porta. Lhe segui e assim que ele abriu a porta, nos deparamos com a Bianca.
Luiza: O que você está fazendo aqui? - Perguntei, entrando na frente do Bruno.

Bianca: Eu vim falar com o meu primo lindo, ok? - Mostrou um sorriso cínico pra mim e olhou para o Bruno - Vim te devolver - Ela então estendeu e abriu a mão, nos revelando o celular do Bruno. Ele pareceu confuso, mas logo pegou o objeto - Será que podemos repetir o que fizemos ontem, priminho? - Ela deu um sorriso malicioso e então encarei o Bruno, esse que encarava a Bianca com a testa franzida.
Bruno: Repetir? O quê? Do que você está falando?
Bianca: Ué priminho, já esqueceu da sua passagem lá na sua antiga casa ontem? - Perguntou ainda com o sorriso no rosto - Depois que nós saímos daquele bar... Não lembra? - O Bruno ia responder, mas eu lhe interrompi.
Luiza: Que história é essa? - Perguntei enquanto olhava diretamente para o Bruno.
Bruno: Não sei. Não lembro de nada disso - Disse meio apreensivo - Você está inventando isso, não é Bianca? - Ele perguntou, voltando o olhar para ela.
Bianca: Claro que não, primo. Poxa, você não lembra mesmo? - Indagou com a voz dengosa. Assim que ele ia responder, ela me afastou para o lado e se aproximou dele - Se quiser, eu te faço relembrar - Completou, mordendo o lábio e passando a mão pelo corpo do Bruno.

Luiza: Sai daqui - Gritei e a puxei do Bruno. Ela me encarou com um grande sorriso - Sai da minha casa. Agora! - Ela desviou o olhar para o primo e sorriu. 
Bianca: Tchau, amorzinho. Se quiser repetir a dose, sabe onde me encontrar - Ela piscou e saiu. Bati a porta com força e encarei o Bruno.
Luiza: Idiota! - Parti para cima dele e comecei a lhe dar tapas fortes enquanto sentia meus olhos se encherem de lágrimas. Ele segurou meus braços e me encarou. 
Bruno: Eu juro que não fiz nada. 
Luiza: Como você pode dizer isso se nem se lembra? Você estava bêbado, Bruno. Estava fora de si! 
Bruno: Eu não estava tão bêbado assim a ponto de me esquecer do que eu fiz! - Ele falou, soltando meus braços. Me afastei um pouco e enxuguei as lágrimas que caíam. Respirei fundo e tentei segurar o choro - Você vai mesmo acreditar nela?

Luiza: E você quer que eu acredite em quem? Em você? - Ele ia falar, e então eu continuei - Você não sabe nem como chegou em casa, imagina se vai saber se aconteceu alguma coisa entre vocês. E outra, o seu celular estava com ela, e... - Me interrompeu.
Bruno: Caramba, cadê a sua confiança em mim, hein? - Fiquei calada, apenas lhe observando - Eu não faria isso com você, meu amor. Nunca - Falou, se aproximando um pouco. Continuei calada e me afastei - Você vai mesmo acreditar nela? Prefere acreditar nessa garota que nos quer ver separados do que acreditar em mim? - Engoli em seco e continuei lhe encarando. 
Luiza: Me diz uma coisa, você lembra de ter encontrado com a Bianca ontem? - Ele pareceu pensar, então continuei - Afinal, do que você lembra? - Perguntei, tentando soar calma.
Bruno: Bom, eu lembro que a encontrei no bar, assim que cheguei. Ela estava com umas amigas... E com uns amigos também! Começamos a beber e o Math até apareceu por lá, me chamou para vir pra casa e tudo, mas eu não quis - Ele abaixou o olhar - E aí eu comecei a me animar um pouco mais e tal. As vezes a Bianca soltava umas indiretas pra mim, mas eu nem dava muita trela - Ele falou, voltando a me olhar - E aí depois eu comecei a beber mais e mais, e não lembro mais de nada - Completou.

Luiza: Hm, então você não lembra do resto, né? 
Bruno: Lú... - Ele se aproximou de mim e segurou o meu rosto - Eu não lembro, mas isso não quer dizer que eu tenha feito alguma coisa com ela, ok? Ela pode ter inventado essas histórias e ter pego o meu celular, sei lá - Apenas assenti enquanto desviava o olhar - Ah meu amor, você sabe que eu te amo mais que tudo e que nunca faria uma coisa dessas com você - Disse enquanto me abraçava.
Luiza: É - Falei seca, voltando a me afastar - Eu... Vou dar uma volta - Disse, seguindo em direção da porta.
Bruno: Posso ir com você? - Perguntou com uma expressão tristonha.
Luiza: Não. Estou precisando ficar sozinha um pouco - Ele apenas assentiu, então me virei e saí.

Comecei a andar sem rumo. Só parei depois que as minhas pernas começaram a doer. Me sentei no primeiro banco que avistei e fiquei olhando para o nada. Logo algumas lágrimas começaram a surgir e a cair em meu rosto.